ABSORÇÃO DE ZINCO PELA CULTURA DO SORGO CULTIVADA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FONTES E DOSES DE FÓSFORO Lima, I.M.A 1* ; Nascimento, B.L.M 2 ; Braz, R.S 3 ; Silva, T.C 4 ; Iwata, B.F 5 ; Aquino, B.F 6 1 Universidade Federal do Ceará 2 E-mail: brunoimpma@hotmail.com Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental /Laboratório de Saneamento Ambiental/ Universidade Federal do Ceará, CEP: 60451-970, Fortaleza, Ceará, Brasil; +55 (85) 3366 9624. 3 E-mail: regismta@bol.com.br Departamento de Ciências do Solo Campus do Pici/Bloco 807, Universidade Federal do Ceará, CEP: 60440-554, Fortaleza, Ceará, Brasil; + 55 (85) 3366 9688. 4 E-mail: tcsg3@hotmail.com Departamento de Ciências do Solo Campus do Pici/Bloco 807, Universidade Federal do Ceará, CEP: 60440-554, Fortaleza, Ceará, Brasil; + 55 (85) 3366 9688. 5 E-mail:brunaiwata@gmail.com Departamento de Ciências do Solo Campus do Pici/Bloco 807, Universidade Federal do Ceará, CEP: 60440-554, Fortaleza, Ceará, Brasil; + 55 (85) 3366 9688. 6 E-mail: aquino@ufc.br Departamento de Ciências do Solo Campus do Pici/Bloco 807, Universidade Federal do Ceará, CEP: 60440-554, Fortaleza, Ceará, Brasil; + 55 (85) 3366 9688. * Autor de contato: E-mail: izabel.agro@yahoo.com.br Departamento de Ciências do Solo Campus do Pici/Bloco 807, Universidade Federal do Ceará, CEP: 60440-554, Fortaleza, Ceará, Brasil; +55 (85) 3366 9688. RESUMO O solo é importante para o crescimento vegetativo pois supre as necessidades das plantas por nutrientes. Dentre eles, está o grupo dos micronutrientes. Apesar da pequena necessidade dos mesmos, suas deficiências podem causar sérias restrições ao desenvolvimento das culturas, como é o caso do zinco. Além do déficit natural de zinco nos diversos solos, ocorre também as interações com os macronutirentes, em especial com o fósforo. No Brasil, o fósforo possui pouca disponibilidade para as plantas, o que faz com que o solo necessite de constantes aplicações de fontes contendo esse nutriente. Diante disso,o objetivo deste trabalho foi estudar o efeito das diferentes doses e fontes de fósforo no teor de zinco absorvido pela cultura do Sorghum bicolor (L.) Moench (sorgo) sob condições de casa de vegetação. Foi utilizado o delineamento em blocos inteiramente casualizados, em esquema fatorial 4x4 (doses e fontes de P, respectivamente), sendo os tratamentos composto pela combinação de quatro doses de fósforo (0, 100, 200 e 300 mg de P kg -1 solo) e quatro fontes de P (SFT, FNB, FNT e FNR) com 4 repetições. Foi feito análise de variância para a variável (teor de zinco encontrado na planta) em função das fontes,
doses e interação entre doses e fontes. A maior absorção de zinco por vaso foi observada quando utilizou as fontes FNB, FNR, seguida do ST na dose 300 mg P kg -1 solo. PALAVRAS CHAVES Interação P x Zn; Adubação Fosfatada; Sorghum bicolor L. Moench. INTRODUÇÃO Os micronutrientes tem sua importância conhecida há várias décadas, recebem a devida atenção, com destaque para o zinco, cuja importância é indiscutível, em razão das frequentes situações de deficiência (ABREU et al., 2001). As funções mais conhecidas do zinco nas plantas são: participação na síntese do AIA (ácido indolacético); importante para o RNA, pois inibe a RNAse que hidrolisa o RNA; redução de nitrato a nitrito, oxidases e outras (MALAVOLTA et al, 1997). A descrição na literatura da deficiência de zinco induzida pelas altas concentrações de fósforo no solo causam diminuição de Zn, podendo ocorrer a insolubilização do zinco na superfície das raízes diminuindo sua absorção (MALAVOLTA et al., 1997). Apesar de muito utilizado na agricultura, o zinco requer atenção especial, quando se estuda sua interação com os demais nutrientes. Problemas nutricionais com zinco têm sido constatados em decorrência de crescentes adubações fosfatadas, fazendo com que a interação P x Zn seja objeto de vários estudos (FAGERIA et al., 2002). Altas doses de P parecem diminuir os teores de zinco na parte aérea. Porém a ação depressiva da adubação fosfatada sobre a disponibilidade de Zn é pouco conhecida, visto não se conhecerem os compostos minerais que controlam a solubilidade do Zn no solo. As sugestões sobre sua precipitação na forma de ZnCO 3, Zn(OH) 2, Zn 3(PO 4) 2, ZnSiO 3 e ZnSO 4 parecem ser inconsistentes, uma vez que a concentração de equilíbrio do Zn2 + no solo é mais baixa que a fornecida por esses compostos, considerados boas fontes de Zn para o vegetal (ELRASHIDI & O CONNOR, 1982). O presente trabalho, objetivou-se avaliar o efeito de diferentes doses e fontes de fósforo sobre o acúmulo de zinco na fase inicial de crescimento do sorgo. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado em casa de vegetação do Departamento de Ciências do Solo, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus do Pici, na cidade de Fortaleza-CE. O solo utilizado foi coletado na profundidade de 0 a 25 cm em uma área de mata nativa na Chapada do Apodi. Os estudos pedológicos identificaram os solos dessa área como sendo Cambissolos Háplico Eutrófico, de textura franco argilo arenosa (EMBRAPA, 1999). As fontes de fósforo usadas no experimento foram: superfosfato triplo (ST), fosfato natural da Bahia (FNB), fosfato natural de Tocantins (FNT) e fosfato natural reativo - Gafsa (FNR). Na tabela 1, apresenta os teores de fósforo encontrados nos fosfatos naturais e no superfosfato triplo utilizados usados no estudo. As sementes do sorgo forrageiro foi adquiridas junto à Secretaria do Desenvolvimento Agrário- DAS do Estado do Ceará. Depois do processo de secagem, destorroamento e peneiramento, foi realizado o preenchimento de 4 kg de solo em cada vaso. Logo após o preenchimento dos vasos, o solo recebeu uma adubação básica (Sulfato de Amônio - 1000 mg de N/ vaso -1, Cloreto de Potássio - 250 mg de K vaso -1, Sulfato Manganoso Hidratado - 25 mg de Mn vaso -1, Fe-EDTA - 12 mg de Fe vaso -1, Sulfato Cúprico Hidratado 5 mg de Cu vaso -1, Tetraborato de Sódio Hidratado - 8 mg de B vaso -1, Molibdato de Amônio 1 mg de Mo vaso -1 e Sulfato de Zinco Hidratado - 16 mg de Zn vaso -1 ). Foram plantadas oito sementes por vaso e após sete dias do plantio foi realizado o desbaste, deixando três plantas por vaso. A irrigação dos vasos foi realizada diariamente com base no peso dos vasos, procurando-se manter o teor de umidade constante.
O delineamento experimental foi o blocos inteiramente casualizados dispostos em um esquema fatorial 4x4 (doses de P - 0, 100, 200 e 300 mg de P kg -1 solo, fontes de P - SFT, FNB, FNT e FNR, respectivamente), com 4 repetições. Aos 45 dias após o plantio, em ocasião da colheita, as plantas de sorgo foram submetidas à secagem em estufa de circulação forçada de numa temperatura de 65 C por 48 horas. Passado esse tempo, o material vegetal foi triturado em moinho tipo Wiley. A determinação do fósforo na parte aérea do sorgo foi realizada por espectrofotometria com azulde-molibdênio, sendo que o extrator utilizado foi a solução nitro pérclorica na proporção 3:1; e a quantidade de zinco absorvida pela planta foi determinada com base na extração nitroperclórica (1:3) e quantificada com Absorção Atômica em Chamas, conforme metodologia Embrapa (2009). As quantidades de zinco absorvida pelo sorgo foram submetidas à análise de variância (ANOVA), relacionando as fontes, doses e interação de fontes e doses. Sendo as médias avaliadas pelo teste de Tukey, a 1 e a 5 % de probabilidade, utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.6 Beta (SILVA & AZEVEDO, 2002). Além disso, foi feita análise de regressão da quantidade de zinco absorvida em função das doses crescentes de fósforo. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância mostrada na tabela 2 revelou efeitos significativos das fontes, doses e interação entre fontes e doses na quantidade de zinco absorvida pelo sorgo. O teste de Tukey a 5% de probabilidade (Tabela 3) revelou diferenças significativas para o zinco absorvido entre todas as doses e todas as fontes avaliadas, sendo que a maior dose da fonte FNB foi a que proporcionou a maior absorção de zinco pelo sorgo. O aumento percentual do zinco absorvido pelo sorgo adubado com a fonte ST, nas doses 100, 200 e 300 mg kg -1 solo, em relação à dose 0 mg P kg -1 foram de 426, 354 e 454%, respectivamente. Fernandes et al., (2007) observaram aumento no acúmulo de Zn na planta em função da adubação fosfatada, e atribuíram este resultado ao maior crescimento das plantas e produção de matéria seca Embora a fonte FNT tenha contribuído para aumentar a remoção de zinco pelo sorgo, verificou-se que, ao comparar todas as fontes avaliadas neste trabalho, foi a fonte que proporcionou os menores valores de absorção de zinco, o que pode ser justificado pela sua mais baixa solubilidade. Pacheco et al., (2012) estudando plantas adubadas com fosfato natural de baixa reatividade constataram que esse tipo de fonte não supre a demanda de P da planta, podendo comprometer o potencial das plantas de ciclo curto na absorção de outros nutrientes. De modo geral, o aumento no fornecimento de fósforo proporciona aumentos na remoção de zinco devido a aumentos na atividade metabólica, porém os baixos teores de Zn nas folhas, pode ser explicado pelas raízes, que exigem serem atendidas primeiro e posteriormente ocorre um significativo transporte para a parte aérea (OLSEN, 1972). Essa hipótese, aliada a uma possível insolubilização do Zn pelo fosfato na superfície das raízes (reduzindo a absorção), ou inibição não competitiva da absorção de Zn pelo P (MALAVOLTA et al., 1997). A análise de regressão para o teor de zinco absorvido pelo sorgo em função de doses crescentes e de fontes diferentes de fósforo está apresentada na figura 1. Os teores de zinco absorvido pelas plantas, obtidos com as fontes ST, FNB, FNT e FNB, melhor se adequaram ao modelo quadrático e as equações de regressão encontra-se na figura 2. Pode ser observado que as melhores respostas foram obtidas com as fontes FNB e FNR na dose 300 mg kg -1 solo. As menores respostas foram observadas na fonte FNT (em todas as doses avaliadas).
Tabela 1. Teor de P Total encontrado nos fosfatos naturais e no superfosfato triplo. Fonte Fósforo (%) ST 18,0 FNB 9,5 FNT 6,1 FNR 10,9 ST - Superfosfato triplo; FNB - Fosfato natural da Bahia; FNT - Fosfato natural do Tocantins; FNR - Fosfato natural reativo; Tabela 2. Resumo da análise de Variância (ANOVA) para a quantidade de zinco absorvido pelas plantas de sorgo. Teste F Fonte de Zinco absorvido Variação (mg vaso -1 ) Fontes 366.1** Doses 1636.0** Fontes x Doses 139.1**. F = Estatística do teste F; ** significativo ao nível de 1% de probabilidade Tabela 3. Comparação dos teores de zinco (mg vaso -1 ) absorvido pela parte aérea do sorgo em função de diferentes doses e fontes de fósforo. Doses (mg P kg -1 ) Fontes 0 100 200 300 ST 0,03 ac 0,17 ab 0,20 aa 0,21 ba FNB 0,03 ac 0,16 bb 0,16 cb 0,27 aa FNT 0,03 ac 0,08 db 0,11 da 0,11 ca FNR 0,03 ad 0,14 cc 0,18 bb 0,26 aa CV% 5,26 Médias seguidas por letras distintas dentro de cada dose diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; Colunas= letras minúsculas; Linhas=letras maiúsculas; C.V= Coeficiente de Variação; ST= Superfosfato triplo; FNB= Fosfato Natural da Bahia; FNT= Fosfato Natural do Tocantins; FNR= Fosfato Natural Reativo.
Figura 1. Efeitos das doses de fósforo de diferentes fontes sobre a quantidade de zinco (mg vaso -1 ) pelas plantas de sorgo. y (SFT) = -0,000002x 2 + 0,000946x + 0,042550 R² = 0,974 y (FNB) = -0,000000x 2 + 0,000824x + 0,050350 R² = 0,907 y (FNT) = -0,000001x 2 + 0,000558x + 0,038750 R 2 = 0,999 y (FNR) = -0,000001x 2 + 0,000875x + 0,044000 R² = 0,980 Figura 2. Equações de regressão relacionando a quantidade de zinco absorvido (mg vaso -1 ) pela parte aérea das plantas de sorgo com as doses de fósforo de cada fonte. CONCLUSÕES As doses de fósforo afetam a absorção de zinco pelas plantas de sorgo. A ordem decrescente de remoção de zinco em função das fontes foi: FNB> FNR> Superfosfato triplo > FNT. O maior acúmulo de zinco por vaso foi observada quando utilizou as fontes FNB, FNR, seguida do ST na dose 300 mg P Kg -1 solo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FUNCAP pela concessão da bolsa de mestrado ao autor principal deste trabalho. REFERENCIAS Abreu, C. A.; Ferreira, M. E.; Borkert, C. M. 2001. Disponibilidade à avaliação de elementos catiônicos: zinco e cobre. In: FERREIRA, M. E. et al. (Eds.). Micronutrientes tóxicos na agricultura. Jaboticabal: CNPq/Fapesp/Potafos, p. 125-150. Elrashidi, M. A.; O connor, G. A. 1982. Influence of solution composition on sorption of zinc by soils. Soil Science Society of America Journal, v.46, p.1153-1158. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. 1999. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio de Janeiro: Embrapa, 412 p.
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