A ANÁLISE DOS EFEITOS PRÁTICOS DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

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A ANÁLISE DOS EFEITOS PRÁTICOS DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA Kelly Laskavski* Mayra de Souza Scremin** RESUMO Muitos associam a insolvência à desonestidade, acreditando que todo aquele que não consegue quitar suas obrigações agiu de má-fé; no entanto, essa não é a realidade, pelo menos não na maioria dos casos. Isso porque se deve levar em conta os riscos do mercado. Todos aqueles que assumem ou estipulam obrigações têm conhecimento de que existe uma margem de risco de não adimplir ou ver seus créditos inadimplidos. Quando se trata de sociedades empresárias ou de empresários, a insolvência, e possível quebra, gera consequências não apenas para o investidor, mas para todo o mercado, pois referidas sociedades e empresários geram empregos, recolhem tributos, possuem consumidores e fornecedores que contam com sua existência para suas próprias manutenções. Cientes desses reflexos, os legisladores instituíram a Lei nº 11.101/2005, conhecida como Lei de Recuperação de Empresas, a qual traz como grande novidade em relação à antiga Lei de Falências e Concordata a possibilidade de a sociedade empresária ou o empresário renegociarem suas dívidas quando se tornam insolventes, visando, assim, à sua manutenção no mercado e consequente manutenção de um mercado correlato. Este artigo visa apresentar o instituto da recuperação de empresas trazido pela Lei nº 11.101/2005, apresentando estatísticas levantadas junto às varas responsáveis pelo trâmite dos processos e Junta Comercial do Paraná, com o objetivo de análise dos resultados práticos na Região Metropolitana de Curitiba. Palavras-chave: recuperação de empresas; manutenção; plano de recuperação; credores; credores signatários; prazo; crédito; insolvência. * Aluna do 4º ano do curso de Direito. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2010-2011) da FAE Centro Universitário. E-mail: kellylaskavski@yahoo.com.br. ** Mestre em Direito (UFPR). Professora da FAE Centro Universitário. E-mail: mayra.scremin@fae.edu. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 557

INTRODUÇÃO Quando o patrimônio positivo ou ativo 1 da pessoa é capaz de suportar as obrigações assumidas, diz-se que a pessoa é solvente. No entanto, quando é possível pressupor que o patrimônio ativo não é suficiente para fazer frente às obrigações, fala-se em insolvência, e a ela se aplicam a falência e a recuperação de empresas 2. Geralmente, nos casos de insolvência, sobre o mesmo devedor e seu respectivo patrimônio concorrem as pretensões de vários credores, sem que haja patrimônio suficiente para satisfazer a todos, não cabendo, portanto, a execução individual da dívida, pois isto acarretaria na satisfação de alguns credores em detrimento de outros, restando, como solução, uma execução coletiva, por meio da estipulação de um concurso de credores, no qual são apurados os patrimônios ativo e passivo do insolvente, fazendose uma distribuição dos valores obtidos com a venda dos ativos, atendidos os critérios do interesse público determinadas obrigações, por sua natureza, devem ser satisfeitas preferencialmente, e a igualdade no tratamento de credores de obrigações da mesma natureza tratamento dos credores com igualdade de condições. Nesse concurso de credores há a disputa de interesses dos credores versus devedor, e dos credores entre si, pois todos objetivam receber a totalidade de seus créditos, o que nem sempre é possível. Ressalta-se que para que possa ser realizada a execução coletiva é imprescindível a declaração de insolvência, caso contrário, cada credor poderá executar seus créditos individualmente. No Brasil 3, o instituto da falência passou por algumas fases, a saber: a publicação do Código Comercial de 1850, o qual apresentava um processo de execução lento demais; a edição do Decreto 917 de 1980, e alterações subsequentes, que trazia autonomia excessiva aos credores; a edição do Decreto-Lei nº 7.661/1945, que reforçou o poder do magistrado, diminuindo o poder dos credores, e transformou a concordata num benefício, em lugar de um acordo de vontades; e a Lei nº 11.101/2005 que traz a possibilidade de recuperação das empresas e outras novidades e alterações a falência. 1 MAMEDE, 2009. 2 A prática de apropriar-se do futuro, adquirindo de imediato determinada prestação e obrigando-se a satisfazê-la posteriormente. Originou-se na Idade Média, quando as moedas divergiam de feudo para feudo, e a negociação entre eles era feita por meio de créditos que os comerciantes de um feudo possuíam com o outro, evitando, assim, o perigoso transporte de valores, os quais eram substituídos por títulos. As relações creditícias foram evoluindo e se popularizando, e hoje são dominantes no meio empresarial. Todavia, nem sempre a obrigação tem o destino que dela se espera, ou seja, a satisfação do crédito, fazendo-se necessária a intervenção estatal na relação, a fim de aplicar as consequências jurídicas previstas pelo seu descumprimento. 3 Historicamente, mais precisamente na Roma Antiga, o devedor garantia o pagamento de suas dívidas com sua vida ou liberdade, podendo o credor usar ou vender o inadimplente como escravo, ou, caso preferisse, matá-lo. 558 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

1 REFERENCIAL TEÓRICO A Lei nº 11.101/2005, dita Lei de Falências e Recuperação de Empresas, foi publicada em 09 de fevereiro de 2005, com vigência 120 dias após. Ela adveio com o propósito de permitir o soerguimento das empresas em crise, reconhecendo o importante papel da empresa na sociedade por ser geradora de empregos, pagadora de tributos, responsável pela movimentação da economia e pelo desenvolvimento tecnológico e de gestão do país, entre outros fatores. O legislador reconheceu a importância da atividade empresarial, entendendo que a falência só deve ocorrer quando a empresa realmente não tenha condições de se restabelecer, devendo ser declarada falida para que os reflexos dessa empresa em crise não recaiam nas demais, como o pagamento de juros mais altos diante da inadimplência perante os bancos. A nova lei contém 201 artigos. Neste estudo trataremos apenas do contido nos artigos 1º ao 167. Nessa lei está estipulado quem está ou não sujeito a ela, ou seja, empresários e sociedades empresárias (sociedades em nome coletivo, em comandita por ações, anônimas, em comanditas simples e por cotas de responsabilidade limitada), estando em conformidade com o conceito de empresa e empresário instituídos pelo Novo Código Civil, que passaremos a tratar pela sigla CC 4. Logo, a nova lei baseada no moderno Direito Empresarial Brasileiro, instituído pelo CC de 2002 concede a recuperação judicial e a falência a todos aqueles que exercem regularmente atividade profissional e econômica com habitualidade e organização capital, insumo, mãos de obra e tecnologia, visando à produção ou à circulação de bens ou serviços, pois a empresa ou atividade empresária não atende única e exclusivamente aos interesses dos empresários, ou sócios, sendo também de interesse social a sua manutenção no mercado devido à existência de funcionários, consumidores, fisco, etc. Os produtores rurais que possuem registro também são considerados empresários. O objetivo de toda empresa é o lucro, e com esse objetivo a empresa ou empresário assume riscos, podendo, ainda, sofrer os reflexos da variação de mercado ou governo e outras inúmeras dificuldades que podem levar à insolvência, razão pela qual existe o direito falimentar. Mas não são todas as atividades que estão sujeitas à lei fali- 4 A antiga lei de falências (Decreto-Lei nº 7.661/45) aplicava-se aos comerciantes, definidos pela Teoria dos Atos de Comércio (que marcou a segunda fase do Direito Comercial Nacional) e, portanto, abrangia apenas aqueles estipulados em referida teoria, deixando de fora muitos dos que hoje são enquadrados pela nova lei. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 559

mentar. As atividades civis, prestadas por pessoas físicas ou jurídicas, não estão sujeitas a essa lei, mas sim à execução concursal prevista no Código de Processo Civil 5. Quando se trata de sociedades não personificadas (irregulares ou de fato), aplica- -se em partes o contido na Lei nº 11.101/2005, pois é possível que lhe seja requerida a falência. Porém não cabe às sociedades não personificadas solicitar a falência de um devedor, tampouco é possível o requerimento da recuperação judicial, da mesma forma que ocorria a concordata preventiva quando o passivo era superior a cem salários mínimos. Outras consequências são a impossibilidade de participar de licitações públicas, falta de eficácia probatória dos livros contábeis, responsabilidade ilimitada e solidária dos sócios, impossibilidade de cadastro junto ao INSS, responsabilização fiscal, etc. Ou seja, os sócios ou empresário irregular arcam com todos os ônus, mas não possuem qualquer bônus por não terem constituído regularmente a empresa/sociedade empresária. A falência é um procedimento liquidatário no qual, em um único processo, são reunidos os bens do devedor e feita uma listagem de credores, os quais são separados em categorias que formam uma ordem de preferência conforme previsão legal. Dessa forma, aqueles que ocupam a mesma categoria terão os mesmos privilégios entre si e poderão possuir, mais ou menos, privilégios que aqueles que ocupam as demais categorias. Assim, busca-se a máxima justiça na distribuição do patrimônio do devedor entre os credores. A lei de recuperação de empresas busca extirpar os entes prejudiciais ao mercado que são aqueles que geram apenas débitos enquanto busca recuperar bons agentes econômicos que passam por uma situação de crise, buscando oferecer-lhes oportunidades para que se recuperem. Algumas empresas devem falir pelo simples fato de que não são mais viáveis ao mercado. A lei anterior não previa essa hipótese de recuperação, bem como era demasiado lenta para retirar agentes econômicos que não traziam quaisquer benefícios. O artigo 192 da nova lei determina que ela não se aplica a processos com origem anterior a sua vigência, não podendo ser requerida a concordata suspensiva nos processos de falência em curso, podendo ser promovida a alienação dos bens da massa falida assim que concluída sua arrecadação, independentemente da formação do quadro-geral de credores e da conclusão do inquérito judicial 6. 5 A antiga lei de falências (Decreto-Lei nº 7.661/45) aplicava-se aos comerciantes, definidos pela Teoria dos Atos de Comércio (que marcou a segunda fase do Direito Comercial Nacional) e, portanto, abrangia apenas aqueles estipulados em referida teoria, deixando de fora muitos dos que hoje são enquadrados pela nova lei. 6 GONÇALVES; GONÇALVES, 2007, p. 13. 560 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

É possível requerer a recuperação judicial quando em dia com as obrigações da concordata. Aplica-se a nova lei quando a falência for decretada após sua vigência, desde que decorrente de concordata convolada ou pedidos de falência previamente protocolados 7. No procedimento falimentar o juízo é indivisível 8, sendo competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do devedor, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e outras não reguladas na lei em que o devedor figure como litisconsorte ativo ou autor. Nas questões trabalhistas e fiscais, quando obtida a liquidez do crédito, este será habilitado no juízo falimentar para pagamento. O projeto de lei que resultou na Lei nº 11.101/2005 previa a participação obrigatória do representante do Ministério Público em todos os processos de recuperação judicial e falências, o que foi vetado pelo Presidente da República, em virtude da desnecessidade de participação em muitos dos casos, mantendo-se, conforme prescrito na Constituição da República e no Código de Processo Civil Brasileiro, a possibilidade de o Ministério intervir sempre que julgar conveniente, exercendo sua função de fiscal da lei. Além disso, a Lei nº 11.101/2005 amplia a participação do Ministério Público por meios dos artigos 8º, 19, 22, 30, 52, 59, 99, 104, 132, 142, 143, 154 e 187 9. Segundo Ulhoa Coelho 10, o administrador judicial, escolhido pelo juiz, funciona como um intermediador entre este e o devedor, bem como entre o devedor e os credores. O administrador judicial pode tanto ser designado para tomar as decisões pela empresa ou empresário em processo de recuperação durante determinado tempo como pode ser designado apenas para fiscalizar as decisões tomadas pelos gestores da empresa ou empresário em processo de recuperação 11. 7 GONÇALVES; GONÇALVES, 2007, p. 13. 8 O juízo responsável para processar e julgar falências e recuperação de empresas é aquele do foro do principal estabelecimento do devedor, considerando-se principal estabelecimento aquele onde se concentram as atividades economicamente mais importantes para a empresa. O fato de o principal estabelecimento não ser obrigatoriamente aquele que consta no documento de constituição da empresa visa à proteção dos credores, pois poderiam ocorrer fraudes e complicações quando de sua escolha, podendo-se escolher, por exemplo, um local de difícil acesso, ou ficar alterando o endereço para, sucessivamente, modificar a competência. Quando se trata de empresa estrangeira com filial no Brasil, o foro competente é o da filial economicamente mais importante. 9 Ulhoa Coelho, no livro Curso de direito comercial - direito de empresa, v. 2, observa, da mesma forma que Gladston Mamede, que foi sábia a decisão de retirar do texto da lei a participação obrigatória do Ministério Público, pois assim o órgão atende a função para a qual foi criado que é de garantir os direitos e interesses coletivos. 10 COELHO, 2009; 11 Sua remuneração é de, no máximo, 5% sobre o patrimônio do devedor e recebe por meio de duas parcelas: uma no início dos trabalhos e outra, a posteriori. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 561

Apenas o administrador judicial tem sua remuneração previamente estipulada e reservada. Sempre que se fizer necessária a contratação de especialista, sua respectiva remuneração deverá ser arcada pelos credores eles é que decidem se querem ou não que o especialista seja contratado; caso optem que sim, devem estar conscientes de qual valor será pago e que referido valor sairá de suas respectivas quotas partes 12. A formação do comitê de credores na falência e recuperação de empresas é facultativa, e, geralmente, só ocorre quando se trata de grandes falências, posto que, embora seus membros não recebam remuneração, o gasto para sua mantença é alto, devendo ser custeado pela massa ou pelo devedor, conforme determina o artigo 29 da LRE. Com formação deliberada em Assembleia Geral, o comitê é composto por três classes de credores: trabalhista, com direito real de garantia ou privilégio especial, e com privilégios gerais. Embora essa seja a formatação ideal do comitê, não há impedimentos para a formação de comitê com menos classes 13. O Comitê de credores possui as seguintes atribuições comuns à recuperação judicial e a falência: fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; requerer ao juiz a convocação da Assembleia Geral de credores; e manifestar-se nas hipóteses previstas nesta lei. Especificamente na recuperação judicial, são atribuições do comitê de credores: fiscalizar a administração das atividades do credor, apresentando relatório mensal; fiscalizar a execução do plano de recuperação; e, em caso de afastamento do devedor, submeter à autorização do juiz a alienação dos bens do ativo permanente, os ônus reais e outras garantias, e o endividamento necessário à continuação da atividade empresarial anteriormente à aprovação do plano de recuperação judicial. A Assembleia Geral de credores consiste num colegiado formado para deliberar sobre matérias que afetam os interesses diretos dos credores, conforme estabelece o artigo 35, da LRE. Sua convocação não é obrigatória na falência, porém é obrigatória na recuperação judicial, vez que o plano de recuperação apresentado pelo devedor deve ser aprovado por ela. 12 O administrador judicial não pode ser parente, amigo, credor ou de qualquer forma beneficiário ou dependente do devedor. Deve ser pessoa idônea não tendo falido ou ter sido destituído do cargo de administrador por incompetência ou fraude nos últimos cinco anos. 13 Cada classe indicará um presidente, bem como dois suplentes, os quais estarão sujeitos à substituição e destituição, assim como os administradores judiciais. 562 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

Paulo Cezar Aragão e Laura Bumachar 14 dizem ser inegável que a Assembleia Geral de Credores, tal como posta na LRE, irá evitar a assimetria de informações em detrimento desses mesmos credores na medida em que sua realização propiciará o acesso de todos os credores, em igualdade de condições, às informações. Deliberado o assunto de interesse dos credores, é realizada a votação e registrada em ata a decisão tomada, a qual, de acordo com o artigo 39 da Lei, não poderá ser alterada por decisão judicial. 1.1 Da Recuperação Judicial Conforme mencionado anteriormente, a Lei nº 11.101/2005 busca o soerguimento das empresas em crise por meio de planos de recuperação empresarial. A recuperação pode ocorrer pela via judicial, consistindo num plano de reestruturação, com medidas de ordem financeira, jurídica, econômica e comercial, devendo atender aos requisitos constantes do artigo 48 da LRE, quais sejam: exercer atividade regularmente há mais de dois anos; não ser falido ou, se foi, estar com suas responsabilidades declaradas extintas; não ter se beneficiado com o instituto da recuperação de empresas nos últimos cinco anos; não ter obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial previsto para microempresas e empresas de pequeno porte nos últimos oito anos; e não ter condenação pelos crimes previstos na LRE. Possuindo legitimidade e atendendo aos requisitos necessários 15, poderá ser requerida a recuperação judicial referente às obrigações existentes até o momento do pedido, salvo as obrigações a título gratuito, assim como as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial. 14 ARAGÃO; BUMACHAR, 2006, p.109-129. 15 O artigo 50 da LRE descrimina os meios pelo qual pode ocorrer a recuperação judicial. São eles: I concessão de prazos e condições especiais para pagamento das obrigações vencidas ou vincendas; II cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente; III alteração do controle societário; IV substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos; V concessão aos credores de direito de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar; VI aumento de capital social; VII trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados; VIII redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva; IX dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro; X constituição de sociedade de credores; XI venda parcial dos bens; XII equalização de encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica; XIII usufruto da empresa; XIV administração compartilhada; XV emissão de valores mobiliários; XVI constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 563

Assim sendo, uma vez deferido o processamento, o devedor terá o prazo improrrogável de 60 dias a contar da publicação da decisão para apresentar ao juízo o plano de recuperação, sob pena de convolação em falência. O plano apresentado pelo devedor deverá conter: a discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados; a demonstração de sua viabilidade econômica; laudo econômico-financeiro; e laudo de avaliação dos bens e ativos da empresa devidamente assinados por profissional habilitado ou por empresa especializada. Outro requisito obrigatório ao plano consiste na previsão do prazo para pagamento dos créditos, o qual não poderá ser superior a um ano quando se tratar de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Quando o crédito for referente ao pagamento de até cinco salários mínimo por trabalhador o prazo é ainda menor, não podendo ultrapassar 30 dias. Deferido o pedido de recuperação judicial, os credores terão um prazo de 15 dias para apresentar divergência quanto à relação publicada, ou para habilitarem seus créditos. Passado esse prazo, o administrador judicial terá o prazo de 45 dias para decidir e apresentar nova relação de credores. Não sendo apresentada nenhuma objeção no prazo de 30 dias, o juiz concederá a recuperação, desde que o restante da documentação exigida esteja em ordem. Havendo alguma objeção, o juiz deverá convocar a Assembleia Geral de credores para deliberar sobre o plano. A data designada para a realização da Assembleia Geral não excederá 150 dias, contados do deferimento do processamento da recuperação judicial 16. Além da aprovação do plano de recuperação, a concessão de recuperação judicial depende da apresentação de prova de quitação dos tributos devidos, ou mediante a apresentação de comprovantes de parcelamento dos débitos tributários, sob pena de indeferimento da recuperação judicial. Apresentada as certidões negativas e tendo havido aprovação do plano na Assembleia, o juiz proferirá decisão concedendo a recuperação, constituindo a referida decisão, em título executivo judicial, nos termos do artigo 475-N, do Código de Processo Civil. Concedida a recuperação, consideram-se alterados os contratos existentes entre o devedor e seus credores, ou seja, ocorre a novação das obrigações do devedor. No entanto, havendo a convolação em falência, os créditos retornarão as condições originalmente contratadas, como se o plano nunca tivesse existido. 16 O artigo 45 da LRE regulamenta a forma de deliberação para a aprovação do plano que deve ter votação favorável nas três classes: titulares de créditos derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidente de trabalho; titulares de crédito com garantia real; e titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinado. 564 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

Visando atender ao princípio da publicidade, as empresas que estiverem em processo de recuperação judicial terão essa condição devidamente anotada por determinação judicial - junto ao Registro Público das Empresas. Ademais, todos os atos, contratos e documentos firmados pelo devedor deverão conter a expressão em Recuperação Judicial, de modo que ninguém alegue desconhecimento do fato. Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na condução da atividade empresarial, sob fiscalização do comitê, se houver, e do administrador judicial, salvo as hipóteses previstas no artigo 64, da LRE 17. Concedida a recuperação judicial, o devedor permanece nessa situação até que se cumpram todas as obrigações previstas no plano a vencerem nos dois anos seguintes. Havendo o descumprimento de qualquer dessas obrigações, haverá convolação da recuperação em falência. As hipóteses em que o juiz deve determinar sua convolação em falência estão mencionadas no artigo 73 da LRE, porém nada impede que haja pedido autônomo de falência por inadimplemento da obrigação. Decretada a falência os créditos voltam ao status quo anterior, retomando suas condições originais 18. O encerramento da recuperação judicial é dado por sentença. 1.2 Da recuperação judicial para microempresas e empresas de pequeno porte O artigo 70 da LRE prevê a possibilidade de microempresários e empresários de pequeno porte apresentar plano especial de recuperação, embora também possam optar pelo plano normal. O plano especial previsto na LRE atinge apenas os créditos quirografários. Sua escolha implica na menção expressa quando da petição inicial, limitando-se às seguintes condições: abrangerá créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais e os previstos nos 3º e 4º do artigo 49; preverá parcelamento em até 17 Ocorrendo uma das hipóteses do artigo 64, o juiz destituirá o devedor ou administrador e convocará Assembleia Geral de credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração das atividades do devedor. 18 Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial serão pagos antes de todos os outros que integram o quadro geral elaborado, tendo em vista a confiança depositada na recuperação e fornecimento de auxílio na execução do plano. Já os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial, pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial, serão reclassificados para a classe dos credores com privilégio geral. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 565

36 vezes iguais e sucessivas, corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de 12% ao ano; preverá o pagamento da primeira parcela no prazo máximo de 180 dias da distribuição do pedido de recuperação; e estabelecerá a necessidade de autorização do juiz, ouvido o administrador judicial e o comitê de credores, para o devedor aumentar despesas ou contratar empregados. Outrossim, o plano especial não acarreta a suspensão do curso da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano, os quais não terão seus créditos habilitados na recuperação judicial. Por fim, diferentemente do que ocorre no plano de recuperação judicial normal, a concessão do plano especial de recuperação independe de convocação de Assembleia Geral de credores para sua deliberação. 1.3 Da Recuperação Extrajudicial A recuperação extrajudicial é a grande novidade da Lei nº 11.101/2005. A partir dela, o devedor pode reunir-se com seus credores e acordar a alteração dos créditos envolvidos. afirma que: Quanto à essência do instituto da recuperação de empresas, Fazzio Júnior O pensamento que percorre toda a LRE estima que, quanto menor a interferência estatal via Administração Pública ou Poder Judiciário, maiores serão as chances de obter bons resultados. Legislação mínima, fiscalização construtiva e adoção responsável de mecanismos de mercado constituem o trinômio do sucesso na recuperação de empresas. Por isso mesmo a LRF admite a recuperação extrajudicial. (FAZZIO JUNIOR, 2010, p. 88) Ainda segundo Fazzio Júnior: O adjetivo extrajudicial está relacionado não com a recuperação, mas com a composição de interesses preliminar da recuperação, cujo desenvolvimento não prescinde da homologação judicial.( FAZZIO JUNIOR, 2010, p. 103) Essa reunião do devedor com seus credores visando à negociação das dívidas, diferentemente do que dispunha a antiga lei falimentar, não implica a prática de ato de falência, conferindo ao devedor a oportunidade de acordar novos planos de pagamento de suas dívidas, visando sua manutenção no mercado. Para conferir credibilidade e eficácia ao acordo firmado entre credores e devedor, 566 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

a lei prevê a necessidade de homologação judicial, a qual lhe dará força de título executivo, nos termos do artigo 475-N, III, do CPC 19. Não cabe ao juiz analisar o plano de recuperação em si, verificando se ele é bom ou ruim, vez que independentemente da opinião do juiz o plano foi aceito pelos credores em reunião com o devedor, cabendo ao magistrado tão somente analisar se foram cumpridas as formalidades exigidas pela LRE. O plano de recuperação extrajudicial somente produzirá efeitos após a sua homologação. 1.4 Da Falência A falência é decretada nos casos em que se denota a insolvência do empresário ou da sociedade empresária. Instalado o procedimento falimentar, são vendidos todos os bens da empresa falida e listados os seus credores, que deverão ser pagos de acordo com uma ordem de preferência prevista em lei. Considerando que para ser considerado falido o patrimônio do devedor deve ser menor do que as suas dívidas, nem todos os credores terão seus créditos integralmente satisfeitos. Pode ocorrer de os credores com preferência receberem totalmente seus créditos, e o restante a ser dividido pelas classes inferiores, ser insuficiente, devendo ser repartido proporcionalmente 20. Decretada a falência, deve ser organizado o quadro-geral de credores, no qual serão listados todos os que possuem algum valor a receber da empresa falida. O artigo 83 classifica os créditos falimentares em ordem de preferência, dividindo- -os em oito classes, a saber: 1. Créditos trabalhistas ou decorrentes de acidente do trabalho, limitados ao montante de 150 salários mínimos, sendo que o excedente será considerado crédito quirografário. É oportuno salientar que o artigo 151 prevê a antecipação do pagamento dos créditos trabalhistas de natureza estritamente 19 O devedor não poderá requerer a homologação do acordo se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de dois anos. 20 As situações que justificam a decretação da falência estão expressamente elencadas no artigo 94 da LRE. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 567

salarial (não engloba indenizações como 13º salário e férias), vencidos nos três meses anteriores à decretação da falência, até o limite de cinco salários mínimos por trabalhador, desde que haja dinheiro em caixa. Em suma, por terem natureza alimentar, esses valores serão pagos antes mesmo da formação do quadro-geral de credores, desde que haja dinheiro em caixa e dentro dos limites estabelecidos. Os créditos decorrentes de acidente do trabalho dividem-se em duas categorias: a) ocorridos após a decretação da quebra são considerados extraconcursais; e b) os anteriores à decretação da falência não são extraconcursais, mas estão inseridos na primeira categoria de créditos a serem pagos após aqueles. 2. Créditos com garantia real decorrem de contratos de empréstimo (mútuo) ou financiamento garantidos por hipoteca, penhor ou anticrese, ou de debêntures com garantia real, ou, ainda, de cédulas de crédito rural, comercial ou industrial. 3. Créditos tributários que abrangem os créditos fiscais, assegurado o privilégio independentemente da data de constituição do crédito, desde que já inscritos na dívida ativa. Caso não inscritos, serão tratados como quirografários. 4. Créditos com privilégio especial são estabelecidos pela própria lei, seja no artigo 964 do CC, definidos em outras leis comerciais ou civis, ou, ainda, aqueles cujos titulares à lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia. 5. Créditos com privilégio geral, tais como os créditos previstos no artigo 965 do CC, aqueles previstos no artigo 67, parágrafo único da LRE, e outros assim definidos em lei, salvo disposição em contrário da própria LRE. Deve-se notar, porém, que alguns desses créditos possuem outras classificações da LRE, como aqueles referentes a despesas com arrecadação e liquidação da massa, que são os extraconcursais e os fiscais. Existem, ainda, leis especiais conferindo privilégio geral, por exemplo, o Estatuto da OAB, quanto aos honorários advocatícios fixados judicialmente ou em contrato escrito. 6. Quirografários. Essa classe contém o maior numero de credores, já que, por exclusão, alcança os créditos não abrangidos em categoria superior ou inferior. Também são considerados quirografários os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados a seu pagamento, e os créditos trabalhistas que excederem ao limite de 150 salários mínimos. 7. Decorrentes de multas contratuais e penas pecuniárias. Trata-se de uma categoria inferior à dos créditos quirografários, sendo chamadas de subquirografárias. As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas vencerem em virtude da falência. Assim, apenas o inadimple- 568 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

mento gera a obrigação de pagar a multa contratual. As multas decorrentes de condenações criminais por crimes ou contravenções cometidos pelo falido com sentença transitada em julgado, ou multas administrativas. Aqui estão incluídas também as aplicadas pelo atraso ou inadimplemento tributário. 8. Créditos subordinados, que são aqueles representados por debêntures sem garantia real, na falência da companhia, bem como os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. Apesar de ser essa a ordem de preferência, a própria lei dispõe que os créditos extraconcursais serão pagos antes de todos os outros. Tais créditos estão previstos no artigo 84 da LRE e consistem no pagamento de honorários ao administrador judicial, leiloeiro, perito, etc., ou seja, agentes indispensáveis ao bom andamento do procedimento falimentar 21. Após a realização do ativo e a distribuição do produto entre os credores, restarão algumas providências finais antes do encerramento da falência 22. Cabe ressaltar que a sentença de encerramento da falência não extingue as obrigações do devedor se ainda existirem créditos remanescentes, pois nesse caso os credores poderão executar individualmente o devedor, utilizando como título executivo a certidão do juízo falimentar. 2 METODOLOGIA A pesquisa tem caráter exploratório e descritivo. Exploratório porque se fez necessária a pesquisa bibliográfica a fim de trazer elucidações a respeito da lei, seus reflexos sociais e dificuldades apontadas pela doutrina para sua aplicação. Descritivo porque traz dados estatísticos obtidos por meio da consecução de relatórios junto às Varas da Fazenda Pública, Falências e Recuperação de Empresas de Curitiba e Junta Comercial do Paraná. 21 Efetuados os pagamentos devidos, o administrador deverá verificar se existe saldo remanescente. Se houver, deverá pagar os juros aos credores referentes ao período entre a quebra e a efetivação do pagamento. Se ainda houver saldo remanescente, este deverá ser entregue ao falido. 22 Primeiro, o administrador judicial deverá apresentar suas contas, acompanhadas dos respectivos documentos comprobatórios, ao juiz em um prazo de 30 dias. O juiz ordenará a publicação de aviso de que os documentos se encontram à disposição dos interessados, que poderão impugná-las no prazo de dez dias. Decorrido o prazo, o juiz intimará o Ministério Público para manifestar-se no prazo de cinco dias. Por fim, julgará as contas por sentença, fixando as responsabilidades do administrador judicial caso as contas sejam rejeitadas. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 569

A princípio esperava-se obter referidos relatórios nas quatro varas de falência e recuperação de empresas existentes na capital mencionada anteriormente, no entanto, apenas três atenderam às solicitações, portanto, trabalhou-se com uma amostra correspondente a 75% do esperado. As demais análises feitas com dados obtidos na Junta Comercial do Paraná estão completas. Também foram realizados questionamentos aos profissionais envolvidos no processo a fim de localizar pontos favoráveis e falhos na aplicabilidade da legislação. Todos os profissionais selecionados responderam satisfatoriamente o questionário. Logo, somando-se todas as amostras utilizadas chega-se a um número consideravelmente razoável, capaz de fornecer resultados compatíveis com a realidade. 3 RESULTADOS Na tabela a seguir, são apresentados os dados referentes à quantidade de empresas da Região Metropolitana de Curitiba 23 que foram declaradas falidas, no período de 2005 a 2010. A referida tabela foi criada a partir de dados obtidos no sítio eletrônico da Junta Comercial do Paraná. Observa-se que existem cidades que não apresentaram nenhum caso de falência TABELA 1 - QUANTIDADE DE EMPRESAS E EMPRESÁRIOS FALIDOS DE 2005 A 2010 CIDADE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL MÉDIA Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde ALMIRANTE TAMANDARÉ 0 0 2 1 2 1 6 1 ARAUCÁRIA 1 1 1 0 1 1 5 0,833333333 BOCAIUVA DO SUL 0 0 0 0 0 0 0 0 CAMPINA GRANDE DO SUL 1 4 2 1 1 1 10 1,666666667 CAMPO LARGO 1 2 0 0 1 1 5 0,833333333 COLOMBO 3 5 12 12 10 5 47 7,833333333 CURITIBA 73 43 49 51 48 63 327 54,5 FAZENDA RIO GRANDE 2 0 0 0 0 0 2 0,333333333 PINHAIS 6 2 9 4 3 1 25 4,166666667 PIRAQUARA 0 1 1 0 1 0 3 0,5 RIO BRANCO DO SUL 0 0 0 0 0 0 0 0 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 9 10 4 4 3 7 37 6,166666667 TOTAL 97 68 81 73 70 80 467 78,16666667 FONTE: Junta Comercial do Paraná 23 A RMC encontra-se definida na Lei Estadual nº 14.277 (CODJ - Código de Organização e Divisão Judiciária) de 30 dez. 2003, artigo 236. Disponível em: <http://www.tjpr.jus.br/codj> 570 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

nos cinco anos utilizados como amostra. Observa-se, ainda, que apenas quatro cidades apresentam um número considerável de falências no período: Curitiba, Colombo, São José dos Pinhais e Pinhais. Ainda assim, o número total de falências do período é de apenas 467. Transformando os dados da Tabela 1 em percentual, se obtém a Tabela 2, na qual é possível perceber que, sozinha, Curitiba sedia 70,02% das empresas declaradas falidas no período de 2005 a 2010. Se somado o percentual referente à Curitiba, Colombo, São José dos Pinhais e Pinhais, chega-se ao montante de 93,36%. TABELA 2 - PERCENTUAL DE FALÊNCIAS DE 2005 A 2010. CIDADE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL MÉDIA Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde ALMIRANTE TAMANDARÉ 0 0 2 1 2 1 6 1,284796574 ARAUCÁRIA 1 1 1 0 1 1 5 1,070663812 BOCAIUVA DO SUL 0 0 0 0 0 0 0 0 CAMPINA GRANDE DO SUL 1 4 2 1 1 1 10 2,141327623 CAMPO LARGO 1 2 0 0 1 1 5 1,070663812 COLOMBO 3 5 12 12 10 5 47 10,06423983 CURITIBA 73 43 49 51 48 63 327 70,02141328 FAZENDA RIO GRANDE 2 0 0 0 0 0 2 0,428265525 PINHAIS 6 2 9 4 3 1 25 5,353319058 PIRAQUARA 0 1 1 0 1 0 3 0,642398287 RIO BRANCO DO SUL 0 0 0 0 0 0 0 0 SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 9 10 4 4 3 7 37 7,922912206 TOTAL 97 68 81 73 70 80 467 100 FONTE: Junta Comercial do Paraná Os números levantados são relativamente baixos. Desta feita, é possível concluir que as falências ocorridas não causaram grande impacto no mercado, posto que as novas empresas criadas no período possivelmente preencheram as lacunas deixadas pelas falidas. Esclarece-se que a maioria dos processos ainda está em trâmite, consistindo os dados acima na informação de quantos processos falimentares foram abertos já sob a égide da LRE. No que tange à quantidade de devedores que solicitaram o procedimento de recuperação, os números são ainda menores. De acordo com os dados obtidos nas três Varas da Fazenda Pública, Falências e Recuperação de Empresas que se propuseram a fornecer os dados, no período de 2005 a 2010, foram ajuizados 15 processos de recuperação. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 571

TABELA 3 - QUANTIDADE DE PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO INSTAURADOS 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL VARA Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde % 1ª VFPFRE 0 1 0 1 2 0 4 26,66 2ª VFPFRE 0 0 3 0 1 0 4 26,66 3ª VFPFRE DADOS NÃO FORNECIDOS 4ª VFPFRE 0 2 0 2 3 0 7 46,68 TOTAL 0 3 3 3 6 0 15 100 FONTE: Varas da Fazenda Pub., Falência e Rec. de Empresas Já os dados obtidos no sítio eletrônico da Junta Comercial do Paraná mostram que 21 devedores tiveram averbado aos seus respectivos registros constitutivos a informação de que estão passando pelo processo de recuperação judicial. Observase que o número não corresponde aos dados obtidos nas Varas da Fazenda Pública, Falências e Recuperação de Empresas. TABELA 4 - QUANTIDADE DE ANOTAÇÕES EM RECUPERAÇÃO 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL TOTAL Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde Qtde % 0 0 0 6 6 7 21 4 26,66 FONTE: Junta Comercial do Paraná A tabela e o gráfico a seguir apresentam um comparativo entre a quantidade de empresas que solicitaram recuperação e a quantidade de empresas falidas no período. As empresas falidas abarcam mais de 90% do total, atingindo os 100% nos primeiros anos de vigência da LRE. TABELA 5 - COMPARATIVO ENTRE RECUPERAÇÕES E FALÊNCIAS Ano Rec. Falência % Rec % Falência 2005 0,00 96 0,00 100,00 2006 0,00 68 0,00 100,00 2007 0,00 80 0,00 100,00 2008 6,00 73 7,59 92,41 2009 6,00 70 7,89 92,11 2010 9,00 80 10,11 89,89 FONTE: Junta Comercial do Paraná 572 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

GRÁFICO 1- COMPARATIVO ENTRE RECUPERAÇÕES E FALÊNCIAS FONTE: Junta Comercial do Paraná CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerrada a coleta e exposição de dados, é preciso tecer as conclusões acerca da aplicabilidade da Lei nº 11.101/2005 da RMC no período de 2005 a 2010. No que tange aos processos falimentares, conclui-se que o número de empresas/ empresários falidos no período é baixo se comparado ao número de empresas/ empresários que iniciaram suas atividades entre 2005 e 2010. Isto posto, os mercados colaterais às falidas não restaram prejudicados, posto que as novas empresas absorveram o impacto. Pelo fato de a maioria dos processos mesmo que iniciados em 2005, logo no início da vigência da LRE ainda estarem em trâmite juntos às Varas da Fazenda Pública, Falência e Recuperação de Empresas, conclui-se que LRE não trouxe agilidade às falências, cujos processos continuam tão morosos quanto eram os processos falimentares regidos pelo Decreto-Lei nº 7.661/1945. Em entrevistas realizadas com os agentes ligados ao procedimento falimentar, foram obtidas informações de que ainda existem muitos processos antigos em trâmite regidos pelo Decreto-Lei nº 7.661/1945, os quais atravancam o andamento dos novos processos falimentares. Outrossim, tais agentes apontam a tentativa de adaptação da LRE a velhos costumes como causa da morosidade dos processos falimentares regidos pela Lei nº 11.101/2005; uma vez que, embora a LRE tenha excluído a possibilidade de habilitação judicial de créditos, inúmeras habilitações são ajuizadas todos os anos. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 573

Quanto às recuperações, conclui-se que poucas empresas/empresários requerem o procedimento e que as possibilidades de obtenção de um bom resultado (efetiva recuperação da empresa/empresário) são extremamente baixas. Os agentes ligados ao procedimento de recuperação apontam como possíveis causas: a demora em buscar a recuperação; a incredulidade dos credores no cumprimento do plano; as falhas administrativas cometidas durante a execução do plano de recuperação; e a demora no trâmite do processo. Dessa forma, conclui-se que a Lei nº 11.101/2005 não atendeu às expectativas dos legisladores e interessados, posto que não foram verificados resultados práticos significativos na Região Metropolitana de Curitiba desde sua implantação. O ligeiro aumento de pedidos de recuperação, em 2010, traz esperanças de que a Lei nº 11.101/2005, principalmente no que tange à recuperação de empresas, venha a ser conhecida e aplicada com maior frequência. 574 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Amador Paes de. Curso de falência e recuperação de empresa: de acordo com a Lei nº 11.101/2005. 25 ed. São Paulo: Saraiva, 2009; BALTAZAR, Jose Paulo. Falências e recuperação de empresas. Revista Jurídica,, Porto Alegre. v. 54, n. 342, p. 41-52, abr. 2006; BEZERRA Filho, Manoel Justino. Lei de recuperação de empresas e falências comentada: Lei 11.101/2005, comentarios artigo por artigo. 6 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009; Santos, Paulo Penalva (Coord.). A nova lei de falências e de recuperação de empresas. Rio de Janeiro: Forense, 2006. COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito de empresa. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 2 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Lei de falência e recuperação de empresas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. GONÇALVES, Maria Gabriela Venturoti Perrotta Rios; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito falimentar: Lei 11.101, de 9-2-2005. São Paulo: Saraiva, 2007. (Coleção Sinopses Jurídicas, v.23) JUNTA Comercial do Paraná. Disponível em:< www.juntacomercial.pr.gov.br>. Acesso em: 19 jan. 2011. JUS Navigandi. Disponível em:< http://jus.uol.com.br/>. Acesso em: 01 set. 2010. MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas.3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. v. 4 SILVA, José Pacheco. Processo de recuperação judicial, extrajudicial e falência. Rio de Janeiro: Forense, 2009. TRIBUNAL de Justiça do Paraná. Disponível em: <www.tjpr.jus.br>. Acesso em: 27 maio 2011. UNIVERSIA Brasil. Disponível em: <www.universia.com.br>. Acesso em: 13 set. 2010. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2010-2011 575