Figura 1: (A) representação de uma condição de alta acurácia e alta precisão, (B) representação de uma condição de baixa acurácia e alta precisão.



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE TRÊS RECEPTORES GPS PARA USO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO EM DOIS PERÍODOS DE COLETA DE DADOS ALDIE TRABACHINI 1, EDEMILSON JOSÉ MANTOAM 2, FRANZ ARTHUR PAVLU 3, JOSE PAULO MOLIN 4. 1 Engenheiro de Produção Mecânica, Prof. do Curso de Eletrônica Automação Industrial - FATEC Tatuí SP atrabachini@fatectatui.edu.br 2 Gestor de Produção Industrial, Case IH, Piracicaba SP edemilson.mantoam@cnh.com 3 Engenheiro Agrônomo, Verion Óleo hidráulica, São Paulo SP franzpavlu@hotmail.com 4 PHD Professor da ESALQ USP, docente da disciplina de AP SP - jpmolin@esalq.usp.br RESUMO São inúmeras as atividades que fazem o uso do Global Navigation Satellite System (GNSS), sendo o Global Positioning System (GPS), desenvolvido pelos Estados Unidos, o mais utilizado atualmente. No ramo agrícola, há várias atividades envolvidas no processo produtivo que podem fazer uso dessa tecnologia, e dentre elas podemos citar o ciclo que envolve a agricultura de precisão e as várias atividades que necessitam de posicionamento estático e cinemático, demandando distintos níveis de acurácia e precisão para diferentes aplicações. O ensaio foi conduzido em modo estático com três receptores de GPS, e as determinações foram realizadas em termos de acurácia (IA) e precisão (CEP) em dois períodos de amostragem diferentes. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar os três receptores de GPS para aplicação em agricultura de precisão em relação à acurácia e precisão em diferentes épocas de amostragem. Os ensaios demonstraram que ocorrem variações quanto à acurácia e precisão entre os receptores e entre os diferentes períodos avaliados. PALAVRAS-CHAVE: GPS, Acurácia, Precisão. INTRODUÇÃO Existem vários componentes do Global Navigation Satellite System (GNSS), sendo que podemos destacar dentre eles o Navigation Satellite Time and Ranging (NAVSTAR) ou Global Positioning System (GPS) dos EUA. O desenvolvimento do Sistema de Posicionamento Global (GPS) teve início na década de sessenta com finalidade de uso exclusivamente militar (CAPPELLI et al., 2004). O principal objetivo de sua criação era para que as tropas do governo dos Estados Unidos pudessem ser localizadas em qualquer ponto da terra (MORGAN, 1997). O sistema é constituído de 24 satélites, dos quais 21 são de uso corrente e três em stand-by. Eles orbitam a uma altura de 20.200 km em seis órbitas distintas, igualmente espaçadas de 60 graus, com quatro satélites por órbita. Os sinais são emitidos em duas bandas (L1 e L2) com dois códigos diferentes: o Y (Precision code) e o C/A (Coarse Acquisition code); assim sendo, o sistema, segundo CASTRO (Apud STABILE & BALASTREIRE, 2006), teoricamente permite uma visão de cinco a oito satélites constantemente, em qualquer lugar do globo. De acordo com SEARCY (Apud STABILE & BALASTREIRE, 2006), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DOD) restringiu o uso do código de precisão (Y) aos militares, que é criptografado, e até maio de 2000 utilizava um sistema de disponibilidade seletiva (S/A) para reduzir a acurácia dos sinais, deixando-a em torno de 60 a 100 m. Dessa inacurácia, 60% provêm do S/A (não

existe mais), 20% são erros atmosféricos, 10% são erros de relógio e erros efêmeros, 5% de multicaminhamento e 5% de ruído no receptor. Visando a contornar alguns desses problemas relacionadas à inacurácia do sistema, incluindo o do S/A, foi desenvolvido o sistema de posicionamento diferencial e relativo (DGPS). Segundo PFOST et al. ( 2001), o DGPS utiliza um sinal de correção emitido por uma estação fixa, uma antena fixa na terra ou um satélite estacionário. Por sua posição no globo terrestre ser conhecida, a estação determina o erro de posição e envia a correção para os receptores. GOERING & HAN (1993) afirmaram que um dos problemas para a execução das atividades relacionadas com a Agricultura de Precisão referia-se às limitações dos sistemas terrestres de navegação. Um sistema de navegação via satélite, denominado Sistema de Posicionamento Global ( Global Positioning System - GPS ), representava a mais promissora solução para o problema da navegação, à época. Há inúmeras atividades viabilizadas e ou auxiliadas pelo GPS, especialmente para o segmento agrícola brasileiro que começou a usar esse serviço com maior intensidade, a partir de Maio de 2000, após o desligamento feito pelo USA do Selective Avaiability (Disponibilidade Seletiva). O uso de GPS na agricultura possibilita uma abordagem localizada dos problemas dentro da propriedade rural. O alto custo de aquisição e o uso dessas ferramentas têm detido um pleno avanço da Agricultura de Precisão no Brasil. Para que se possa usar um GPS para fins de Agricultura de Precisão, é necessário que esse tenha acurácia de, no mínimo, 2 m, sendo essa suficiente para a maioria das aplicações; mas em algumas pode ser necessária acurácia maior. A grande variabilidade de solos e condições num mesmo talhão da fazenda é tratada diferentemente e, para tanto, é necessário que o GPS produza dados confiáveis e consistentes (BALASTREIRE, 2001). Devido à diversidade de atividades onde o GPS pode ser utilizado, é muito importante distinguir acurácia de precisão. O termo precisão relaciona-se com a variação do valor medido repentinamente sob mesmas condições experimentais em torno do valor médio observado, enquanto que a acurácia refere-se à exatidão da medida, ou seja, o quanto próximo está o valor medido do valor real (figura 1). A precisão é afetada somente pelos erros aleatórios no processo de medição, enquanto a acurácia é afetada pela precisão, bem como pela existência de erros desconhecidos ou erros sistemáticos. As medidas podem ser precisas e não acuradas, mas só podem ser acuradas se forem precisas (CAPPELI, 2004). (A) (B) Figura 1: (A) representação de uma condição de alta acurácia e alta precisão, (B) representação de uma condição de baixa acurácia e alta precisão. A disponibilidade de GPS no mercado é bastante diversificada. Segundo REID (1998 apud STABILE & BALASTREIRE, 2006), há modelos que são propícios para navegação e outros que são utilizados para levantamentos topográficos e que chegam a ter precisão de 2 a 20 cm, como receptores geodésicos, utilizando o posicionamento diferencial. O presente trabalho teve como objetivo comparar três receptores disponíveis comercialmente em termos de acurácia e precisão, em dois períodos diferentes.

MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi realizado em Piracicaba-SP, no Departamento de Engenharia Rural da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ESALQ/USP. Os receptores foram posicionados em pontos previamente georreferenciados marcos - (como indica a figura 2) sobre um reservatório de água situado no prédio da Hidráulica. O reservatório possui aproximadamente 20 metros de altura e está livre de impedimentos físicos que pudessem comprometer a comunicação com a constelação de satélites. (Ver figura 2). Figura 2: Disposição dos equipamentos. (A) Receptor Garmim Vista sobre o marco 5; (B) Receptor StarFire sobre o marco 1; (C) PDA para aquisição dos dados do Star Fire; (D) Receptor Garmim Legend sobre o marco 3. Para a obtenção dos dados, os receptores foram fixados em uma estrutura metálica em formato de cruz existente no local, o ponto onde foi afixado cada receptor possui as coordenadas conhecidas (Tabela 1). Tabela 1: Coordenada pontos (marco) utilizados Ponto Latitude Longitude E N Torre marco 1 22 42'41,07431"s 47 37'50,04585"O 229778,562 7486030,389 Torre marco 3 22 42'41,07234"s 47 37'50,01084"O 229779,561 7486030,468 Torre marco 5 22 42'41,07592"s 47 37'50,08226"O 229777,524 7486030,321 Os três receptores de GPS utilizados operaram de maneira estática e possuem as seguintes especificações: - C/A Garmin Legend (L) com 12 canais e freqüência de 0,5 Hz; - Garmin Vista (V), com 12 canais e freqüência de 0,5 Hz; - John Deere L1 com correção diferencial StarFire1 com 12 canais e freqüência de 5 Hz. Os dados foram coletados em duas datas diferentes (07 e 15 de abril de 2009) no mesmo horário entre 15h e 16h (uma hora de aquisição de dados), visando utilizar a constelação de satélites no mesmo posicionamento. As coletas foram programadas para ocorrer com freqüência de aquisição de

um ponto a cada dez segundos. Os dados dos receptores Garmim foram salvos no próprio receptor que possui uma memória interna, através da configuração do menu trajeto; os dados do receptor StarFire foram salvos no PDA, com uma interface serial, utilizando o software Field Rover II. Para coletar os dados foi utilizado o sistema de coordenadas geodésicas (latitude e longitude) tomando como referência o sistema DATUM WGS-84. Posteriormente as informações foram transferidas para uma planilha eletrônica com o auxílio do programa computacional Microsoft Excel 2007, onde se procedeu a transformação para coordenadas planas no sistema de projeção Universal Transverso de Mercator (UTM), que apresenta resolução na ordem de milímetros, sendo mantido o referencial WGS-84 para possibilitar a representação gráfica dos pontos experimentais. Para comparação dos receptores em relação à acurácia e precisão, utilizou-se a metodologia proposta por CAPELLI et al. (2004) sendo efetuados cálculos do Índice de Acurácia (IA) e Índice de Precisão (σ c ). Além disso, foi realizada uma breve análise estatística para determinar as médias dos erros e desvio padrão. Índice de Acurácia: relaciona o quão bem às coordenadas medidas de um ponto se comparam ao seu valor real, calculado através da equação 1. IA= ( X X) + ( Y Y) (1) r 2 2 r IA Índice de Acurácia; X Valor Este da coordenada de referência, m; X n - número de dados coletados; Y n X i 1 i = (2) n n Y i 1 i = (3) n Y - valor Norte da coordenada de referência, m. Índices de Precisão: são medidas da dispersão dos erros em uma distribuição e representam o erro que é improvável de ser excedido em um determinado nível de probabilidade. Os erros de precisão calculados foram: Erro Circular Padrão (σ c ) σ 0,5( σ + σ ) (4) c x y σ c Erro Circular Padrão; σ x - desvio padrão do valor da coordenada Este, m; σ y - desvio padrão do valor da coordenada Norte, m. Erro Circular Provável (CEP). CEP = 1,177. σ c (5) CEP Erro Circular Provável. Resultados e Discussão Resultados e Discussão RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 2, estão apresentados os dados referentes aos índices de acurácia e precisão. Tabela 2 Análise dos dados adquiridos com os três receptores em duas datas diferentes: Índice de acurácia (IA), [m]; Erro circular padrão (σc), [m]; e o Erro circular provável (CEP), [m]. Receptor 07/04/2009 15/04/2009 IA σc CEP IA σc CEP Legend 1,15 1,11 1,31 2,00 1,10 1,29 Vista 0,63 0,58 0,69 1,67 1,04 1,22 Starfire 1,59 0,11 0,13 1,08 0,17 0,20 No primeiro dia de amostragem, o receptor que apresentou o melhor índice de acurácia foi o Vista, porém o StarFire apresentou um melhor desempenho em relação ao erro circular padrão e erro circular provável (índices de precisão) com 0,11 e 0,13 m, respectivamente. Já no segundo dia, o StarFire apresentou melhor resultado em todos os parâmetros avaliados. Essa vantagem do StarFire, em relação aos demais, possivelmente está relacionada ao fato de ele estar sendo operado com sinal diferencial proporcionado por um satélite estacionário. Deve-se ressaltar que o erro circular provável (CEP) indica o valor para o qual 50% de todos os erros em uma distribuição circular não deverão exceder tal valor, no caso do StarFire o pior resultado foi 0,20 m, mostrando que, mesmo assim, seu desempenho é bem melhor que os demais equipamentos ensaiados. Os gráficos da Figura 3 ilustram as posições dos pontos obtidos experimentalmente, em coordenadas planas no sistema UTM. Observando os gráficos, fica evidente o efeito do multicaminhamento dos pontos registrados, fato que interfere diretamente nos índices de acurácia e de precisão. Além disso, percebe-se que os receptores Garmim apresentaram um baixo número de pontos nos gráficos. Esse fato ocorreu devido à aquisição de várias coordenadas repetidas. Já no StarFire, isso não ocorreu devido, principalmente, à melhor estrutura de hardware do receptor. 7486033 7486031 N (m) 7486029 7486027 7486025 7486023 7486021 229772 229774 229776 229778 229780 229782 E (m) (A) Aquisição 07/04/2009 Aquisição 15/04/2009 Marco

7486034 N (m) 7486032 7486030 7486028 (B) 7486026 229776 229777 229778 229779 229780 229781 229782 E (m) Aquisição 07/04/2009 Aquisição 15/4/2009 Marco 7486032 N (m) 7486031 7486030 (C) 7486029 229778 229778,5 229779 229779,5 229780 E (m) Aquisição 07/04/2009 Aquisição 15/07/2009 Marco Figura 3: Representação gráfica dos pontos obtidos no ensaio com três receptores diferentes e duas épocas de amostragem; (A) Receptor Legend, (B) Receptor Vista, (C) Receptor StarFire. Nota-se o melhor desempenho do StarFire em relação à precisão, quando comparado com os demais receptores. Esse fato fica evidenciado pelo agrupamento dos dados, principalmente, na aquisição do dia 07/04/2009. Assim como sugere BALASTREIRE (2001), todos os receptores se mostraram aptos a produzirem dados consistentes e confiáveis para utilização no ambiente agrícola, pois apresentaram índice de acurácia menor ou igual a 2,00 metros. Deve-se atentar para o nível de acurácia e precisão que a operação irá demandar, para que assim realize a escolha correta do receptor. CONCLUSÕES Conclui-se que há diferenças em relação à precisão e à acurácia tanto em períodos de amostragens diferentes, como entre os diversos receptores. Apesar das variações em relação à acurácia e à precisão, todos os receptores se mostraram aptos para serem empregados em diversas atividades que envolvem a agricultura de precisão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALASTREIRE, L.A. Avaliação do desempenho de um sistema de georreferenciamento portátil de baixo custo para Agricultura de Precisão. In: AVANÇOS NA AGRICULTURA DE PRECISÃO NO BRASIL NO PERÍODO DE 1999-2001, 2001, Piracicaba. Anais Piracicaba: L.A. Balastreire, 2001. p.282-284. CAPPELI, N.L.; UMEZU, C.K.; SILVEIRA, A.C. Desempenho comparativo dos aparelhos GPS E- TREX, III Plus e AgGPS132 quanto a acurácia e precisão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO, 2004, Piracicaba. Anais... Piracicaba: ESALQ/USP, 2004. CD 1. GOERING, C.E.; HAN, S. A field information system for SSCM. Warrendale: SAE International, 1993. 13 p. (SAE Technical Paper Series, 932422) MORGAN, M. The precision-farming guide for agriculturists. Moline: Deere & Company, 1997. PFOST, D.; CASADY, W.; SHANNON, K. Site-specific management guidelines 6: Global Positioning System Receivers, 2001. Disponível em: <www.ppi-far.org/ssmg>. Acesso em: 15 mar. 2008. STABILE, M.C.C.; BALASTREIRE, L.A. Comparação de três receptores GPS para uso na agricultura de precisão. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.26, n.1, p.215-233, jan./abr. 2006.