DINÂMICA POPULACIONAL DE ADULTOS DE Leptopharsa heveae (HEMIPTERA: TINGIDAE) EM CLONE DE SERINGUEIRA, EM ITIQUIRA, MT

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DINÂMICA POPULACIONAL DE ADULTOS DE Leptopharsa heveae (HEMIPTERA: TINGIDAE) EM CLONE DE SERINGUEIRA, EM ITIQUIRA, MT 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 RESUMO: O percevejo-de-renda Leptopharsa heveae Drake e Poor (Hemiptera: Tingidae) é uma das mais importantes pragas da heveicultura no Brasil, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Devido ao seu hábito sugador, esta praga leva a reduções na produção de látex em até 30%. O objetivo deste estudo foi verificar a dinâmica populacional de adultos de L. heveae, em talhão de seringueira do clone RRIM 600, no município de Itiquira, MT. Semanalmente eram vistoriadas três folhas maduras, no terço inferior da copa de quatro árvores, no período de julho de 2003 a dezembro de 2005, verificando o número de insetos adultos nas mesmas. Os picos populacionais de L. heveae ocorreram nos meses de outubro nos anos de 2003 e 2004 e, em novembro, no ano de 2005. Palavras chave: HEVEICULTURA, FLUTUAÇÃO POPULACIONAL, MOSCA-DE- RENDA. POPULATION DYNAMIC OF ADULTS OF Leptopharsa heveae (HEMIPTERA: TINGIDAE) IN RUBBER TREE CLONE IN ITIQUIRA, MATO GROSSO STATE, BRAZIL ABSTRACT: The lace bug Leptopharsa heveae Drake and Poor (Hemiptera: Tingidae) is one of the most important heveiculture pests in Brazil, mainly in southeast and central-west regions. Due to its sucking habit, this pest leads to reduction in latex production in up to 30% of them. This study aimed to determine the population dynamics of L. heveae s adults in plot of the RRIM 600 rubber tree clone, in Itiquira, MT, Brazil. Three mature leaves in the lower third of the canopy of four trees were weekly inspected, from July 2003 to December 2005, checking the number of adult insects in them. The population peaks of L. heveae occurred in October, in 2003 and 2004 respectively, and in November 2005. KEYWORDS: HEVEICULTURE, POPULATION FLUCTUATION, RUBBER TREE LACE BUG. INTRODUÇÃO A seringueira, da qual se extrai a borracha natural, é uma planta originária da região Amazônica e pertence ao gênero Hevea, da família Euphorbiaceae. Gênero este que reúne atualmente 39 espécies, sendo 11 encontradas no Brasil (GONÇALVES et al., 1997; TROPICOS, 2015). Dentre as espécies deste gênero, se destaca Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg. por possuir maior capacidade reprodutiva, maior variabilidade genética e a maior produtividade de látex (FRANCISCO et al., 2004). X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 1

35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 A seringueira possui como centro de origem a região Amazônica, nas margens de rios e lugares inundáveis de mata de terra firme, ocorrendo preferencialmente em solos argilosos e férteis (SANTOS, 2011). A partir da retirada de sementes de seu hábitat natural, passou a ser cultivada em sistema de monocultivo em várias partes do mundo, inclusive em muitos Estados brasileiros. É sabido que o monocultivo simplifica a biodiversidade e favorece a adaptação e manutenção de insetos herbívoros e fitófagos na área (ALTIERI, 1994). Estes, em altos níveis populacionais, podem interferir na fisiologia das plantas e, consequentemente, na produção de látex. Assim, com o aumento da área plantada e a adoção da monocultura em áreas extensivas, a incidência de ataque de pragas se tornou mais comum. Dentre as pragas associadas à cultura, destaca-se o percevejo-de-renda, Leptopharsa heveae Drake e Poor (Hemiptera: Tingidae) (Figura 1). Este inseto foi registrado pela primeira vez em 1935 no município de Boa Vista, RR e Rio Tapajós, PA, por Charles H. T. Townsend (DRAKE e POOR, 1935). No ano de 1977, este inseto tornou-se praga dos seringais no município de Mosqueiro, PA, ocorrendo em viveiros e seringais jovens de cinco anos de idade e, em 1981 foi detectado no município de Itiquira, MT (FONSECA, 2001). Figura 1. Adulto de Leptopharsa heveae em face abaxial de folíolo de seringueira. (Crédito da imagem: Fernando da Silva Fonseca). As ninfas e adultos sugam a seiva das folhas, o que diminui sua atividade fotossintética e debilita as plantas. O ataque em altas infestações pode provocar redução de até X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 2

74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 28% no crescimento em altura e de até 44,5% no diâmetro do colo das plantas, em mudas de seringueira em viveiros (MOREIRA, 1986) ou, ainda, queda na produção de látex em até 30% (TANZINI e LARA, 1998). Estudos de dinâmica populacional de insetos-praga e de seus inimigos naturais são fundamentais para o conhecimento da época de maior ocorrência de ambos, proporcionando, assim, o estabelecimento de programas de controle eficientes e racionais e viabilizando o planejamento das estratégias de manejo mais eficazes (RONCHI-TELES e SILVA, 2005; SANTOS e SILVA, 2013). Nesse sentido, este estudo objetivou conhecer a dinâmica populacional de adultos de L. heveae, em plantio comercial de seringueira do clone RRIM 600 na fazenda da empresa Plantações Edouard Michelin Ltda., no município de Itiquira, MT. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido entre julho de 2003 a dezembro de 2005 na fazenda da empresa Plantações Edouard Michelin Ltda., localizada no município de Itiquira, MT (17 22 23 S, 54 44 23 W), em talhão de seringueira, cultivado em sistema policlonal. Para o estudo da dinâmica populacional de L. heveae foi escolhido o clone RRIM 600, por ser um dos clones preferencialmente cultivados na região, por apresentar boa produtividade de látex e pela homogeneidade fenológica das árvores no talhão. Foram realizadas 131 amostragens durante o período de estudo, que correspondeu a três anos agrícolas (do enfolhamento até a senescência natural das árvores). Todas as árvores foram cultivadas em regime tradicional de monocultivo, com espaçamento de 2,5 m entre árvores e 8 m entre linhas, altura aproximada de 12 m e idade entre 11 e 12 anos. As árvores não receberam nenhum tipo de tratamento fitossanitário durante a realização do estudo. Semanalmente, eram vistoriadas em campo três folhas maduras (completamente expandidas) em quatro árvores, escolhidas de forma aleatória (12 folhas/amostragem = 36 folíolos/amostragem), as quais tinham as faces abaxial e adaxial observadas, à procura de adultos de L. heveae. O número de insetos era anotado em planilha de campo. As folhas estavam em galhos localizados no terço inferior da copa das árvores, pois ninfas e adultos de L. heveae se distribuem uniformemente nos diferentes estrados da planta, não comprometendo a amostragem vertical (CIVIDANES et al., 2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 4.716 folíolos analisados, foram contabilizados 3.004 adultos de L. heveae, uma média de aproximadamente 0,64 adulto por folíolo. No ano de 2003 foram realizadas 27 amostragens e foram verificados 1.244 adultos de L. heveae (média de 46,1 insetos/amostragem) e nos anos de 2004 e 2005 foram realizadas 52 amostragens/ano, sendo registrados 1.138 (média de 22 insetos/amostragem) e 622 insetos X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 3

113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 (média de 12 insetos/amostragem) adultos, respectivamente. Características físicas e/ou químicas presentes nos diferentes clones podem influenciar, positiva ou negativamente, a alimentação e oviposição de L. heveae (SANTOS, 2014). No entanto, como se trata do mesmo clone em três anos distintos, as condições meteorológicas (pluviosidade, temperatura, insolação e umidade relativa) podem ter sido a principal causa da variação populacional do inseto na área, assim como exercem influência na população de seu inimigo natural, o parasitoide de ovos Erythmelus tingitiphagus (Soares) (Hymenoptera: Mymaridae) (SANTOS e SILVA, 2013). O aumento da população de E. tingitiphagus na área também pode acarretar numa diminuição da população de adultos e ninfas, visto que mata o hospedeiro na fase de ovo (SANTOS e FREITAS, 2008), diminuindo a população de ninfas e adultos. Os picos populacionais de L. heveae ocorreram no mês de outubro, nos anos de 2003 e 2004 e, no mês de novembro, em 2005 (Figura 1). Santos e Freitas (2008), constataram o pico populacional de ovos de L. heveae para o clone RRIM 600, em novembro de 2005, em Itiquira, MT. Em outro estudo, desenvolvido na a mesma área por Santos (2014), foi verificado o pico populacional de ninfas de L. heveae no período de setembro a outubro. Estes resultados se correlacionam, visto que as ninfas de L. heveae atingem o estádio adulto em meados de outubro, o que aumenta a população de adultos entre os meses de outubro e novembro na região. Desta forma, a reprodução e oviposições de L. heveae, ocorrendo entre outubro e novembro, aumentaria consideravelmente o número de ovos período de novembro. Os estudos de dinâmica populacional de L. heveae, desenvolvidos e Itiquira, MT demonstram que a época para uma intervenção (geralmente aplicação de produtos fitossanitários ou o fungo Sporothrix insectorum Hoog e Evans) contra o percevejo-de-renda, deva ser realizada entre agosto e setembro na região, período que anteciparia ao aumento populacional de ninfas e adultos, diminuindo a população do inseto nos talhões de seringueira. X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 4

152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 Figura 1. Dinâmica populacional de adultos de Leptopharsa heveae em clone de seringueira RRIM 600, no período de julho de 2003 a dezembro de 2005, em Itiquira, MT. CONCLUSÕES Há variação na dinâmica populacional de Leptopharsa heveae no clone de seringueira RRIM 600. Os picos populacionais do inseto se deram nos meses de outubro em 2003 e 2004 e, no mês de novembro em 2005. O controle do inseto deve ser realizado entre agosto e setembro, antecipando o pico populacional de ninfas e adultos na região. REFERÊNCIAS ALTIERI, M. A. Biodiversity and pest management in agroecosystems. New York: Haworth Press, 1994. 185p. CIVIDANES, F. J.; FONSECA, F. S.; SANTOS, T. M. Distribuição de Leptopharsa heveae em seringal do Estado de São Paulo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n. 10, p.1053-1056, 2004. DRAKE, C. J.; POOR, M. E. An undescribed rubber tingitid from Brazil (Hemiptera), Journal of the Washington Academic Science, Washington, v. 25, n. 6, p. 283-284, 1935. FRANCISCO, V. L. F. S.; BUENO, C. R. F.; BAPTISTELLA, C. S. L. A cultura da seringueira no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo, v. 34, n. 9, p. 31-42, 2004. FONSECA, F. S. Exigências térmicas e distribuição vertical de Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Heteroptera: Tingidae) em seringueira. 2001, 89f. Dissertação (Mestrado em Agronomia, Entomologia Agrícola) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2001. X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 5

191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 GONÇALVES, P. S.; ORTOLANI, A. A.; CARDOSO, M. Melhoramento genético da seringueira: uma revisão. Campinas: InstitutoAgronômico de Campinas (IAC), 1997. 55p. (Documentos IAC, 54). MOREIRA, I. P. S. Biologia da Leptopharsa heveae (Drake & Poor, 1935) e seus danos nas mudas de Heveae brasiliensis (Müell, 1932). Silvicultura, São Paulo, v. 11, p. 47, 1986. RONCHI-TELES, B.; SILVA, N. M. Flutuação populacional de espécies de Anastrepha Schiner (Diptera: Tephritidae) na região de Manaus, AM. Neotropical Entomology, Londrina, v. 34, n. 5, p. 733-741, 2005. SANTOS, R. S.; FREITAS, S. de. Parasitismo de Erythmelus tingitiphagus (Soares) (Hymenoptera: Mymaridae) em ovos de Leptopharsa heveae Drake & Poor (Hemiptear: Tingidae), em plantios de seringueira (Hevea brasiliensis Müell. Arg.). Neotropical Entomology, Londrina, v. 37, n. 5, p. 571-576, 2008. SANTOS, R. S. A seringueira e a importância da borracha natural no Brasil e no mundo. Revista Eletrônica de Ciências, São Carlos, n. 49, p. 1-5, 2011. Disponível em: <http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_49/seringueiras.html> Acesso em: 15 ago. 2015. SANTOS, R. S. Parasitismo de ovos de Leptopharsa heveae Drake & Poor por Erythmelus tingitiphagus (Soares) em plantios de seringueira com aplicação de produtos fitossanitários. Revista Ceres, Viçosa, v. 61, n. 3, p. 350-355, 2014. SANTOS, R. S.; SILVA, J. M. da. Dinâmica populacional de nifas de Leptopharsa heveae (Hemiptera: Tingidae) em oito clones de seringueira, em Itiquira, MT. In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 66, 2014, Rio Branco, AC. Anais... Rio Branco: SBPC. SANTOS, R. S.; SILVA, J. M. da. Dinâmica populacional do parasitoid de ovos Erythmelus tingitiphagus (Hymenoptera: Mymaridae) em clone de seringueira, em Itiquira, MT. Revista Árvores, Viçosa, v. 37, n. 2, p. 237-244, 2013. X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 6

230 231 232 233 234 235 236 237 238 TANZINI, M. R.; LARA, F. M. Biologia do percevejo-de-renda-da-seringueira Leptopharsa heveae Drake & Poor (Heteroptera: Tingidae). Ecossistema, Espírito Santo do Pinhal, v. 23, p. 65-67, 1998. TROPICOS MISSOURI BOTANICAL GARDEN. 2015. Disponível em: <http://tropicos.org> Acesso em: 15 ago. 2015. X Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2015 Página 7