DANIELE RIBEIRO DA SILVA MARIA SIMONE FIDELES DA CUNHA O USO DA ISOFLAVONA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO.

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Transcrição:

DANIELE RIBEIRO DA SILVA MARIA SIMONE FIDELES DA CUNHA O USO DA ISOFLAVONA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO. Pindamonhangaba-SP 2015

DANIELE RIBEIRO DA SILVA MARIA SIMONE FIDELES DA CUNHA O USO DE ISOFLAVONA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO. Trabalho de Conclusão de Curso a ser apresentado como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel pelo Curso de Farmácia da Faculdade de Pindamonhangaba Orientador: Profª. Msc. Helineide Cristina Campos Brum Pindamonhangaba-SP 2015,,,

Cunha, Maria Simone Fideles da; Silva, Daniele Ribeiro. O Uso de Isoflavona no Tratamento do Climatério / Daniele Ribeiro Silva ; Maria Simone Fidelis da Cunha / Pindamonhangaba-SP : FUNVIC Fundação Universitária Vida Cristã, 2015. 22f. : il. Monografia Graduação em Farmácia FUNVIC-SP. Orientador: Msc. Helineide Cristina Campos Brum. 1. Isoflavona 2. Soja. 3. Fitoestrógenos. 4. Climatério I O Uso da Soja no Tratamento do Climatério. II Daniele Ribeiro da Silva; Maria Simone Fideles da Cunha

DANIELE RIBEIRO DA SILVA MARIA SIMONE FIDELES DA CUNHA O USO DE ISOFLAVONA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO Monografia apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel pelo Curso de Farmácia da Faculdade de Pindamonhangaba Data: Resultado: BANCA EXAMINADORA Profª. Msc. Helineide Cristina Campos Brum - Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura Profª.Dra. Luciane V. Garcia - Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura Prof. Dr. Matheus Diniz G. Coelho Faculdade de Pindamonhangaba Assinatura

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me dar a oportunidade de concluir esse curso. É uma alegria imensa chegar aonde cheguei. Agradeço aos meus pais e minha família, a cada um de maneira especial como minha mãe com o seu jeito simples de ser, mas me acolhendo sempre que precisei, pela dedicação e carinho do meu pai. Agradeço meu noivo Fernando, que está sempre ao meu lado correndo atrás dos nossos objetivos. Agradeço aos meus irmãos Daiane e Romulo e minha afilhada Ana Alice que amo muito. Agradeço a uma amiga em especial, Rafaela, que está sempre comigo me ajudando em palavras, na prática da faculdade e em minha vida. Agradeço a Orientadora Prof. Helineide pela paciência e dedicação. Daniele Ribeiro da Silva Agradeço a Deus por nunca me desamparar e sempre se fazer presente em minha vida, me dando coragem, força para nunca desistir dos meus objetivos. Ao meu esposo Antonio, que esteve ao meu lado em todos os momentos, me orientando à nunca desistir. Ao meu filho, que soube compreender a minha falta em casa para a construção dos nossos sonhos. As minhas cunhadas Gislene e Rosilene que me ajudaram a chegar até aqui. A minha sogra Sueli e meu sogro Toninho que foram muito importantes nessa etapa da minha vida. A orientadora Helineide, que com muita calma e dedicação me ajudou na conclusão desse trabalho. Não mediu esforços para nos orientar. Maria Simone Fideles da Cunha

RESUMO O climatério é o período da vida da mulher caracterizado pela diminuição da função ovariana e da produção de hormônios estrógenos, consequentemente, nesse período modificações em vários tecidos ocorrem como resultado desse processo. A faixa etária média de início do climatério é em torno dos 50 anos de idade. A carência de estrógenos irá determinar alterações fisiopatológicas em diferentes sistemas, manifestando-se por meio de sintomatologia precoce e tardia. Atualmente existem duas opções para o tratamento farmacológico dos sintomas do climatério, a terapia de reposição hormonal (TRH) sintética e a (TRH) natural com fitoestrógenos. Os fitoestrógenos são substâncias encontradas nas plantas, principalmente na soja, e que possuem um efeito similar ao dos estrogênios, com maior capacidade de interagir diretamente com os receptores beta estrogênicos, conferindo melhor relação risco benefício no seu uso terapêutico. A isoflavona é um composto de estrutura similar aos hormônios estrogênicos e, por isso, tem a capacidade de atuar como estes hormônios sem causar efeitos colaterais. Mesmo quando consideradas as vantagens da TRH sintética, muitas mulheres cessam o tratamento após o primeiro ano de uso, em razão de sangramentos irregulares, náuseas, ganho de peso, além do temor do desenvolvimento de tumores de mama. Entre as principais plantas medicinais cujos efeitos têm sido estudados no tratamento de sintomas do climatério, encontram-se a soja (Glycine max), auxiliando assim na diminuição de sinais e sintomas do climatério. Estudos relatam melhoras nos sintomas do climatério com a utilização de alimentos ricos em isoflavonas, com ausência de efeitos colaterais, proporcionando melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Isoflavona. Soja. Fitoestrógenos. Climatério.

ABSTRACT The climacteric woman is the period of life characterized by decreased ovarian function and estrogen production hormones, consequently, this period changes in various tissues occur as a result of this process. The average age of onset of menopause is around 50 years old. The lack of estrogens will determine pathophysiological changes on different systems, manifesting itself through early and late symptoms. Currently there are two options for the pharmacological treatment of symptoms of menopause, hormone replacement therapy (HRT) and synthetic (HRT) with natural phytoestrogens. Phytoestrogens are substances found in plants, especially in soybeans, which have a similar effect to that of estrogens, with greater ability to interact directly with the betaestrogênicos receptors, providing better risk-benefit balance in its therapeutic use. The isoflavone is a compound of structure similar to estrogen hormones and therefore has the power to act as these hormones without causing side effects. Even when considering the advantages of synthetic HRT, many women cease treatment after the first year of use, because of irregular bleeding, nausea, weight gain, beyond the fear of the development of breast tumors. The main medicinal plants whose effects have been studied in the treatment of climacteric symptoms, soybeans are (Glycine max). Studies have reported improvements in symptoms of menopause with the use of foods rich in isoflavones, with no side effects, providing better quality of life. Key-works: Isoflavones. Soy. Phytoestrogens. Climacteric.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 8 2 METODOLOGIA... 10 3 REVISÃO DE LITERATURA... 11 3.1 Menopausa ou Climatério...11 3.2 Sintomatologia do Climatério...14 3.2.1 Sintomatologia Precoce do Climatério...14 3.2.2 Sintomatologia Tardia do Climatério...15 3.3 Estrogenioterapia...15 3.4 Glycine max...17 3.4.1 Isoflavonas de Soja: Benefícios para a saúde...18 4. DISCUSSÃO...19 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...21 REFERÊNCIAS...22

8 1 INTRODUÇÃO Com a melhora das condições de saúde pública, a expectativa de vida aumentou, sendo assim, o número de mulheres que chegam ao climatério é cada vez maior. Esse período varia entre 40 a 65 anos de idade e é caracterizado por transformações endócrinas. Em razão da deficiência hormonal, neste caso, do hormônio estrogênio, 60% a 80% das mulheres neste período relatam sentir alguns sintomas, como fortes ondas de calor e em especial os vasomotores, que acabam interferindo na sua vida habitual. 1 Diante desses relatos, é aplicada a terapia de reposição hormonal (TRH), porém, após um ano de tratamento muitas mulheres interrompem a terapia por receios em relação às neoplasias, além das intolerâncias medicamentosas e outras. Por conta desses fatos, cresceu muito o interesse pelo tratamento da menopausa por meio de terapias alternativas, entre elas o uso de isoflavonas, que são fitoestrógenos com estrutura molecular semelhante ao hormônio endógeno, tendo assim o mesmo efeito de medicamentos alopáticos, porém com maior segurança. A soja está em grande destaque, por apresentar substâncias como a isoflavona, que se evidenciam como agentes de prevenção e promoção da saúde, é um alimento com muito destaque na nutrição, pois tem um grande papel como prevenção de doenças crônicas. 1 Estudos clínicos e epidemiológicos mostram que as populações asiáticas, principalmente China e Japão, que consomem uma alimentação rica em soja apresentam menos sintomas da síndrome do climatério (SC), sofrem menos de osteoporose, de afecções cardiovasculares e alguns tipos de câncer como mama, próstata e cólon. Observou-se que estes povos consomem de 30 a 50 vezes mais produtos de soja do que as ocidentais. Isso foi motivo para diversas pesquisas no mecanismo de ação de compostos naturais que são encontrados em alimentos, principalmente na soja. As isoflavonas (também chamadas de isoflavonóides) pertencem à família dos polifenóis. Uma propriedade comum dos polifenóis é a sua atividade antioxidante. Contudo as isoflavonas apresentam estruturas químicas semelhante aos estrógenos humanos, como o 17 b-estradiol, e por apresentar atividade estrogênica, essas substâncias são comumentes referenciadas como fitoestrógenos. Esses compostos se encontram de forma natural em leguminosas e são especialmente abundantes nos grãos de soja. Quando consumimos a soja e seus produtos, as isoflavonas presentes são hidrolizadas no intestino por glicosidases intestinais, liberando as agliconas, daidzeínas, a genisteína

9 e a gliciteína, que são as formas biológicamente ativas, que irão atuar beneficamente no organismo humano. 2 Esse trabalho teve por objetivo analisar o uso de alimentos ricos em soja, como um dos tratamentos não medicamentosos na fase do climatério.

10 2 METODOLOGIA Este trabalho consiste em uma revisão de literatura onde realizou busca nas principais bases de dados como Pubmed, Medline, Scielo, Google acadêmico utilizando como palavras-chaves: Isoflavonas, Soja, Fitoestrógenos e Climatério.

11 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Menopausa ou Climatério A mulher, diferentemente do homem, vivencia evento fisiológico importante na meia-idade: a menopausa. A partir de certa idade, a mulher sofre uma transição, que indica o fim de sua fase reprodutiva e o início da velhice. Esta transição, por sua vez, recebe o nome de climatério. 1 Conforme é descrito o climatério é caracterizado como sendo um evento natural que ocorre em mulheres em torno dos 50 anos, decorrente da falência gonodal e caracterizada por deficiência de hormônios esteróides, resultando no hipoestrogênismo que pode causar diversos distúrbios como sintomas vasomotores, doenças cardiovasculares, osteoporose, alterações urogenitais e distúrbios cognitivos. 3 O período climatérico pode ser definido por três fases: pré-menopausa em que o ciclo menstrual é regular, ou seja, padrão ao ciclo de vida reprodutivo; perimenopausa mudanças no padrão menstrual anterior, ciclo irregular; e pós-menopausa caracterizado pela cessação do ciclo menstrual nos últimos 12 meses. 1 A perimenopausa é o processo pelo qual encerra o período reprodutivo da mulher se tornando mais lento e causando uma turbulência nessa fase, um período muito estressante. Por conta do baixo estrogênio circulante as mulheres podem começar a sentir os sintomas dez anos antes da ultima menstruação. Isso acontece quando há redução do estrogênio, causando um distúrbio nesse ciclo, fazendo com que a ovulação diminua em 50% em relação à fase reprodutiva. 4 Jerelyn Prior, pesquisadora da divisão de endocrinologia do Canadá, analisou dezenas de estudos em relação às mulheres nesse período e desenvolveu uma classificação para melhor entender essa fase da vida. 4 Primeira fase do início do climatério: Apresenta regularidade no ciclo menstrual manifestando retenção hídrica, inchaço nas mamas e alterações de humor, o aumento de peso e cefaléia, com alteração nos níveis hormonais pode-se notar diminuição do ciclo menstrual nesta fase e os primeiros sintomas vasomotores. 4

12 Segunda fase: ciclos com e sem ovulação O encurtamento do ciclo fica mais proeminente seguido da falta de ovulação, pode ocorrer aumento do fluxo menstrual e os sintomas pré- menstruais e vaso motores também se manifestam. 4 Terceira fase: irregularidades menstruais É caracterizada pela irregularidade dos ciclos, tornando imprevisíveis. Os níveis de hormônios FSH e LH estão em geral ligeiramente elevados nessa fase. Os níveis de estradiol oscilam podendo estar em grande concentração ou em níveis muito baixos. Os sintomas vasomotores ocorrem com maior frequência. Apresentam cansaço e fadiga e normalmente tem o sono conturbado. 4 Quarta fase: menorragia O fluxo menstrual aumenta muito de intensidade (menorragia) e a ovulação reduz para 50%. Ocorre alterações nos níveis de estrogênio (aumento), progesterona, FSH e LH. 4 Quinta fase: confirmação da menopausa Marcada pela ultima menstruação devendo ser confirmada pela ausência de fluxo, por 12 meses consecutivos. Esta fase caracteriza-se pelos intensos sintomas vasomotores. Algumas mulheres passam por essa fase sem manifestar estes sintomas. 4 Para melhor entendimento do climatério, se faz necessário entender também o papel desenvolvido pelos hormônios sexuais no organismo feminino. O ciclo é desencadeado a partir do hipotálamo, que envia mensagem à hipófise, a qual é responsável por enviar os hormônios FSH (hormônio estimulante de folículo) e o LH (luteinizante) aos ovários por meio da corrente sanguínea. O primeiro hormônio a atingir o ovário é o FSH, desenvolvendo alguns folículos. Logo, estes já desenvolvidos liberam para a corrente sanguínea seu hormônio, o estrogênio. No momento em que a quantidade deste hormônio atinge certo nível no sangue, a hipófise cessa o envio de FSH e começa a liberar o LH, que seleciona um folículo e migra até a parede do ovário depositando seu óvulo, ocorrendo, então, a ovulação e a formação do corpus luteum, e a partir daí outro hormônio além do estrogênio passa a ser produzido, a progesterona. Pode-se perceber aumento significativo de progesterona na segunda metade do ciclo, em que o hormônio protetor da gravidez ganha mais evidência. Caso não ocorra a gravidez, todo este preparo sai em forma de menstruação, com consequente queda nos níveis de estrogênio e progesterona. 1

13 Fisiologicamente falando, o climatério ocorre quando há mudanças no ciclo ovariano, visto que nesta fase este está liberando seus últimos óvulos e, passado algum tempo, cessará completamente sua liberação. Portanto, a última menstruação recebe o nome de menopausa, o que indica que o ovário já não exerce sua função no organismo. 1 O período do climatério é caracterizado por alguns sintomas como mãos e pés frios, palpitação e tontura (sintomas vasomotores), cefaléia, esquecimento e depressão (sintomas psicológicos), vaginite atrófica, infecções no trato urinário, e mais adiante ocorre atrofia da pele, alterações urogenitais e osteoarticulares (sintomas urológicos), e entre eles se evidenciam os fogachos, sendo sintoma vasomotor. No que diz respeito a alterações urogenitais, além do hipoestrogenismo, ocorre processo de envelhecimento na região pélvica com consequente enfraquecimento do assoalho pélvico, levando à diminuição da força e da massa muscular. Portanto, a menopausa pode ser entendida como um processo fisiológico normal, porém sua manifestação pode ser antecipada ou adiada por causa de alguns fatores físicos, psíquicos e fisiológicos. 1 O primeiro método sistemático dos sintomas da menopausa foi desenvolvido pelos médicos alemães H. S. Kupperman e M. H. G. Blatt, com base de informações e observações clínicas de pacientes. Foi divulgado em 1.953, O Índice da Menopausa com 11 sintomas, que passou a ser usado como referência pelos ginecologistas para diagnosticar o período do climatério. A tabela ajuda a identificar a aproximação da menopausa em mulheres bastante sintomáticas. 4,25 Os sintomas são considerados leves se a soma deste for até 19; são moderados de 20 a 35 e finalmente fortes acima de 35, conforme Figura 1: 5

14 Fonte: www.moreirajr.com.br 3.2 Sintomatologia do Climatério 3.2.1 Sintomatologia Precoce do Climatério Ocorre nesse período algumas perturbações vasomotoras, causando ondas de calor, suor excessivo, palpitações, calafrios e rubor, 6 isso acontece com aproximadamente 80% de mulheres menopáusicas, devido às alterações em níveis de neurotransmissores cerebrais, isso é provocado pela redução do hormônio estrógeno, fazendo com que o corpo perca o equilíbrio térmico. Geralmente estão associadas ao aumento do fluxo periférico e aumento de freqüência cardíaca. 7,8 Algumas perturbações psicológicas, conhecidas, são dificuldade de ter um sono saudável, insônia, dores de cabeça com freqüência, nervosismo, irritabilidade. 6,7,8 Há relatos também em relação aos sintomas genitores como a atrofia da mucosa vaginal, diminuindo os lábios da vagina, causando secura vaginal. Isso ocorre pela atrofia de glândulas que produzem o muco da parede vaginal diminuindo a secreção vaginal, pode ocorrer também incontinência urinária e aumento de ph. 6,7,8

15 3.2.2 Sintomatologia Tardia do Climatério Diminui a tonicidade da pele, pela perda progressiva de colágeno, podendo ocorrer o aparecimento de rugas. 7 Com a diminuição de hormônio estrogênio na circulação, acarreta o aumento do LDL- colesterol. A pressão arterial também é um dos fatores que interferem nesse período, pois tende a aumentar. Sendo assim as mulheres em período do climatério tornam-se um grupo de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial e a hipercolesterolemia, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. 9 Com a diminuição de estrógenos há perda de massa óssea em cerca de 1% ao ano, podendo chegar ao fim de 5 anos com perda superior a 25%. Essa perda de massa óssea pode acompanhar a mulher até a 80 anos de idade, ou seja, 40 anos após o início da menopausa. 10 3.3 Estrogenioterapia A estrogenioterapia é considerada o tratamento de escolha para o alívio dos sintomas relacionados ao hipoestrogenismo da mulher climatérica. Entretanto, estudos recentes têm atribuído à terapia estrogênica ou estroprogestativa aumento no risco de câncer de mama e tromboembolismo e, desta forma, seu uso tem sido limitado. Por essa razão, acrescida ao fato da crescente demanda por alternativas terapêuticas naturais, um número significativo de mulheres climatéricas tem utilizado os fitoestrógenos, particularmente a isoflavona, como alternativa terapêutica para o alívio dos sintomas climatéricos. 11 As isoflavonas são compostos não esteróides, estruturalmente similares ao estrogênio natural, apresentam um anel fenólico com um radical hidroxila no carbono 3, estrutura que lhe confere a capacidade de ligação seletiva, de alta afinidade aos receptores estrogênicos. Possuem efeito estrogênico ou antiestrogênico, dependendo da concentração dos mesmos, da concentração dos esteróides sexuais endógenos e do órgão-alvo específico envolvido na interação com os receptores estrogênicos. A existência de dois tipos de receptores estrogênicos, alfa e beta, confere especificidade dos diferentes órgãos-alvo aos fitoestrogênios. 11 As isoflavonas que podem agir de três diferentes formas: como estrógenos e antiestrógenos, como inibidores de enzimas ligadas ao desenvolvimento do câncer e

16 como antioxidantes. Quando consumimos a soja e seus produtos, as isoflavonas presentes são hidrolizadas no intestino por glicosidases intestinais, liberando as agliconas, daidzeína, a genisteína e a gliciteína (figura 2) 12, que são as formas biologicamente ativas, que irão atuar beneficamente no organismo humano, as quais apresentam-se como várias formas de conjugados glicosídicos, dependendo da extensão do processamento ou fermentação. 13,14 Do total de isoflavonas, dois terços são de glicosídeos conjugados de genisteína, sendo o restante composto de conjugados de daidzeína e pequenas quantidades de gliciteína. Sendo assim, a maior parte da proteína de soja que é utilizada pela indústria de alimentos contém isoflavonas em concentrações variadas. 13,14 Figura 2 : Estrutura química das principais isoflavonas da soja. Os efeitos das isoflavonas variam de tecido para tecido e em cada tipo, estas apresentam afinidade por receptores específicos. Tais efeitos ainda não são suficientemente elucidados a nível molecular. Entretanto, os estudos tem demonstrado que as isoflavonas possuem mecanismos gerais de ação que podem interferir no metabolismo de muitos nutrientes. Um possível mecanismo de ação geral das isoflavonas inclui efeitos estrogênicos e anti-estrogênicos, regulação da atividade de proteínas (especialmente das tirosina quinases), regulação do ciclo celular e efeitos antioxidantes. 14 Os níveis das proporções de isoflavonas em alimentos a base de soja variam dependendo da variedade que se utiliza, das condições de cultivo, assim como da forma pela qual são processadas. Sendo assim, a maior parte da proteína de soja que é utilizada pela indústria de alimentos contém isoflavonas em concentrações variadas. Alguns dos produtos processados à base de soja são: leite, tofu, miso, tempeh, molho, dentre outros.

17 Assim, de acordo com o panorama apresentado, estudos relacionados com as isoflavonas são de extrema importância pelo potencial que têm de contribuir para o controle, não medicamentoso, de uma série de doenças. 15 O conhecimento das quantidades dessas substâncias nos derivados de soja é importante para fins de elaboração de recomendações nutricionais. Para isso deve-se realizar análises químicas e a técnica mais utilizada para a separação e quantificação das isoflavonas é a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). 2 Em estudos controlados, tem mostrado que a soja quando utilizada na forma de extrato na dose de 50mg a 100mg, aparenta ser seguro em tratamento para mulheres na pós menopausa com sintomas moderados. 7 Mas a variedade de composto a base de isoflavonas, utilizadas em diversos estudos, tem dificultado a dose adequada para um tratamento terapêutico, sendo necessário assim mais estudos em relação aos compostos e ajuste de dose. 16 3.4 Soja: Glycine Max A soja (Glycine Max), da família Fabaceae, é nativa região Sul da Ásia. Distribuída em diversos países de climas temperados quentes. É conhecido como nomes populares Soja, Fava da Manchúria, Feijão Chinês dentre outros nomes. 17,18 A Soja é uma leguminosa cultivada pelos chineses, chegou ao Brasil por imigrantes japoneses em 1.908, mas se expandiu nos anos 70 com interesse crescente em indústrias alimentícias. No Brasil é utilizado em grande escala em forma de grão em indústrias de alimentos e como base de proteína para rações de animais. 17,18 Seu uso terapêutico está relacionado com diminuição nos sintomas da menopausa, uma forma alternativa de terapia de reposição natural para alívio dos sintomas, eleva os níveis de colesterol bom (HDL) e diminui os níveis de colesterol ruim (LDL), reduz também a probabilidade de osteoporose e também ajuda na redução de risco de determinados tipos de câncer. Seu princípio ativo é Isoflavona de soja e seus marcadores com 13% a 17% de genisteína, contendo no mínimo 10mg de isoflavonas por 100mg de extrato de soja. Suas propriedades farmacológicas implicam em tecidos alvos como hipófise anterior e hipotálamo, auxiliando em seus efeitos e sintomas do climatério. Por esses relatos a soja é muito estudada para fins protéicos e alívio de sintomas para determinadas patologias que ainda estão em estudos. 17,18

18 3.4.1 Isoflavonas de soja: Benefícios para a saúde Devido ao crescimento da população em consumir alimentos cada vez mais saudáveis, a indústria alimentícia vem a cada dia desenvolvendo produtos novos que satisfaçam o paladar do consumidor, conhecidos como alimentos funcionais. Muitos desses alimentos são lançados no mercado alegando benefícios a saúde, dentre eles encontram-se alimentos derivados de soja e a base de soja, que apresentam propriedades funcionais. 19,20,21 A efetividade de proteínas a base de soja foi reconhecida em 1.990, pelo FDA, órgão de controle de alimentos dos Estados Unidos da América, foi permitido informar a população na forma de rotulagem, que Dietas com baixo teor de gorduras saturadas e colesterol, incluindo em sua dieta 25mg de proteína de soja, podem reduzir os riscos de doenças cardiovasculares. A Associação Americana do coração recomenda à utilização de alimentos a base de soja em pacientes com elevados níveis de colesterol, podendo substituir, sem prejuízo, a proteína animal em até 30%. 22 A ANVISA, no Brasil, atualizou em Janeiro de 2.005, uma lista de produtos com benefícios a saúde, sendo eles substâncias bioativas e probióticos. Sendo que para a proteína de soja pode constar a seguinte frase o consumo diário de no mínimo 25g pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado com uma dieta equilibrada e hábitos de vida saudáveis. (ANVISA 2.007). 23 Estudos em relação as isoflavonas de soja e o tecido ósseo, estão sendo relatados a pouco menos de dez anos, através de diversos estudos com animais foram demonstrados que as isoflavonas de soja possuem efeitos de conservação óssea. Os alimentos a base de isoflavonas atenuam a perda óssea na pós menopausa e pré menopausa. 13,20

19 4 DISCUSSÃ0 Carmagini, 24 realizou um estudos com 60 mulheres, com a idade entre 40 e 60anos. Após seleção, foram divididas em três grupos, sendo que o primeiro grupo recebeu um suplemento alimentar à base de soja (isoflavona 90mg/dia); o segundo recebeu uma baixa dosagem de terapia hormonal (estradiol/1mg e acetato de noretisterona 0,5mg) e o terceiro grupo foi o grupo controle que recebeu placebo, em um período de 4 meses. Foram avaliados, a glicemia, índices lipídicos, índice de massa corpórea e pressão arterial. No final dos 4 meses houve uma melhora significativa dos sintomas como fogachos, queixas articulares/musculares, melhorou a secura vaginal no grupo que usou a TH e o suplemento a base de soja. Em questões psicológicas não houve diferença entre os grupos, todos apresentaram melhoras. O colesterol total diminuiu em 11,3%; o LDL- colesterol diminuiu 18,6% somente no grupo que usou TH. Os demais não se alteraram nos três grupos, como colesterol HDL, pressão arterial, massa corpórea e glicemia. 24 Em uma pesquisa realizada em Botucatu, foi utilizados o índice de Kupperman, 25 e a introdução alimento a base de soja na quantidade de 60 mg/dia, na forma glicolisada natural (isoflavona), para avaliação da diminuição das ondas de calor no período climatério. Foram analisadas 50 mulheres, sendo que em 25 mulheres foram administradas a soja e outras 25 mulheres placebo. Observou-se que houve diferença entre os dois grupos. Ao final do estudo, encontrou-se que entre as usuárias de isoflavona (44%) ocorreu o desaparecimento completo dos fogachos, em 36% houve a melhora parcial e em 20% não houve alterações. 26 Já em outro estudo realizado pela Escola Paulista de Medicina, foram avaliadas 80 mulheres no período de menopausa, recebendo cerca de 100mg/dia de soja (isoflavona) e aplicando o índice de Kupperman, 25 durante um período de 4 meses. Observou-se que 80% dos sintomas da menopausa foram minimizados devido ao consumo da soja diária e houve melhora de 87,5% nos níveis de colesterol sanguíneo. 27 As ondas de calor são sintomas frequentes encontrados neste período de transição para menopausa. Todas as mulheres pesquisadas apresentaram diminuições neste sintoma, embora no estudo de Botucatu a diferença entre as mulheres que fizeram

20 uso da TH obteve pouca diferença entre as mulheres que utilizaram a soja, provavelmente a dosagem pode ter interferido nos resultados. Em outro estudo com 78 mulheres com diagnóstico de menopausa sintomática (presença de ondas de calor, nervosismo, insônia, fraqueza, melancolia, artomialgia, cefaleia, palpitação dentre outros). Foram divididos em dois grupos, sendo que um deles ultilizaram duas porções do suplemento Previna R ao dia (60g), o outro grupo fez uso de terapia hormonal convencional. Após 4 meses de avaliação o grupo que fez uso do alimento obteve diminuição nos sintomas da menopausa na mesma proporção que o hormônio sintético utilizado para comparação. O grupo que fez uso do alimento não obteve nenhum efeito colateral, tendo o mesmo resultado do grupo que realizou o TRH convencional, mostrando a eficácia do alimento com concentração de soja. 28 Em estudo apontado pela Sociedade Brasileira do climatério (SOBRAC, 2.003), menciona que 20% das mulheres japonesas apresentam ondas de calor, comparando com 80% das mulheres ocidentais, atribuindo essa diferença à dieta rica em soja das orientais. 29 Estudos de Carmagini, 24 demonstraram que a reposição hormonal com isoflavonas de soja tem sido eficaz no tratamento de muitos sintomas do climatério, como a diminuição da ocorrência das ondas de calor e sintomas psíquicos, melhora na lubrificação vaginal, proteção óssea, cardiovascular e neural, principalmente em relação à intensidade destes. Ao final concluiu-se que o tratamento resultou na transição entre sintomas moderados para leves em um contexto geral, induzindo uma melhor qualidade de vida. Cabe ressaltar que a baixa ocorrência de efeitos colaterais, assim como o rápido aparecimento dos efeitos desejados, traduz em maior aceitação e entusiasmo pela continuidade do tratamento por parte das integrantes do estudo.

21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com os dados levantados conclui-se que, devem ser conduzidos novos ensaios clínicos com grande número de participantes, permitindo uma avaliação crítica e prática, que demonstre com segurança que essa terapêutica traz mais benefícios à mulher climatérica, em comparação à terapia de reposição hormonal sintética. Também se mostra urgente um consenso a respeito da terapia de reposição hormonal sintética, baseado em uma reavaliação quanto aos seus reais riscos e benefícios; somente assim será possível garantir amplos benefícios terapêuticos na prevenção e tratamento dos sintomas do climatério e pós-menopausa, proporcionando às mulheres no climatério uma melhor qualidade de vida e um tratamento seguro, eficaz e com o mínimo de efeitos adversos.

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