BIPOLOS NÃO ÔHMICOS INTRODUÇÃO TEÓRICA

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Transcrição:

BIPOLOS NÃO ÔHMICOS OBJETIVOS: a) verificar o comportamento de bipolos que não obedecem a lei de ohm; b) construir experimentalmente as características de bipolos não ôhmicos; c) distinguir a diferença entre bipolos ôhmicos e não ôhmicos; d) associar elementos não ôhmicos e prever resultados. INTRODUÇÃO TEÓRICA Os bipolos ôhmicos, também denominados bipolos lineares, são aqueles que obedecem a lei de Ohm, isto é, para esses elementos é possível calcular a corrente que por eles circula, ou mesmo a resistência total ou equivalente de uma associação, através dos valores individuais e com as relações 1/R t = 1/R 1 + 1/R 2 +...1/R n quando se tratar de uma associação em paralelo ou, R t = R 1 + R 2 +...R n quando se tratar de uma associação em série. Esse cálculo é possível uma vez que, a resistência dos condutores ôhmicos é sempre constante, qualquer que seja a tensão aplicada. Na associação de bipolos não ôhmicos ou não lineares, não existe uma relação matemática simples; essas relações são mais complexas. Ao associarmos bipolos não ôhmicos, o cálculo da resistência total ou equivalente, ou mesmo da corrente que circula pelo circuito bem como da distribuição das tensões pelo circuito. Geralmente é feito com o auxílio de gráficos, com a utilização de curvas características I x E. As figuras abaixo ilustram as curvas características de um bipolo ôhmico e de um bipolo não ôhmico: Tomemos como exemplo o circuito abaixo, composto de um bipolo ôhmico (resistor de 400Ω) e de um bipolo não ôhmico (NTC). O NTC é um resistor não linear, de coeficiente negativo, cuja resistência varia sob a ação da temperatura. Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 1

Como se trata de um circuito em série, sabemos que a corrente é igual nos dois bipolos, mas não podemos aplicar a fórmula do circuito série (no caso para calculo do divisor de tensão), pois não sabemos qual é a resistência do elemento não linear. Devemos então, traçar a reta de carga do sistema e localizar o ponto quiescente (Q), para obtermos a corrente e as tensões nos componentes. Como a corrente é a mesma em um circuito série, a soma das tensões nos bipolos é igual a tensão da bateria, assim: E = V R + V B ( I ) ou: E = RI + V ( II ) A fórmula ( II ) representa a equação de uma reta num sistema I x V, com inclinação -1/R, como segue: I = -1/R. V + E/R ( III ) Como já conhecemos a característica I x V do bipolo e para traçarmos a reta (equação III), necessitamos de dois pontos, que são: CONDIÇÃO I: Quando a corrente for nula, da fórmula ( II ) temos: V = E ( para I = 0 ) CONDIÇÃO II: Quando a tensão V for nula, da fórmula ( III ) temos: I CC = E/R ( para V = 0 ) Dessa forma, marcando os dois pontos dados pelas condições I e II, obtemos a reta de carga. A intersecção de reta de carga com a curva característica do bipolo nos fornece o ponto quiescente (Q), conforme ilustram as figuras abaixo: Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 2

Dando prosseguimento ao nosso exemplo, podemos definir a reta de carga a partir das duas condições: Para I = 0, teremos: V = 20V Para V = 0, teremos: I CC = E/R ===> I CC = 20/400 = 50mA Pressupondo que a curva característica do bipolo seja a mostrada a seguir, poderemos então, definir através da reta de carga a corrente no circuito e as tensões nos bipolos: Do gráfico acima, podemos concluir para o nosso exemplo: I Q 26mA V Q 9,4V V R1 10,6V onde: V Q é a tensão no bipolo não ôhmico Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 3

I Q é a corrente no circuito V R1 é a tensão no resistor ( V R1 = E - V Q ) 1 - Monte o circuito a seguir (circuito 1). PARTE PRÁTICA MATERIAIS NECESSÁRIOS 1 - Multímetro analógico ou digital 1 - Módulo de ensaios ETT-1 Circuito 1 2 - Com S W1 aberta, meça a resistência no NTC e no resistor. R NTC = R 34 = 3 - Tomando como base os valores medidos, calcule as tensões no NTC e no resistor e a corrente total no circuito, para cada valor de tensão listado na tabela 1 abaixo, procedendo as devidas anotações. Tabela 1: valores calculados Tensão E V NTC V R34 I T 2V 4V 6V 8V 10V 12V 14V 4 - Utilize o quadro 1 e construa a característica I x E para os valores calculados na tabela 1. 5 - Ligue o módulo à rede e ligue S W1. Meça as tensões nos extremos do NTC e do resistor, para cada valor de tensão de entrada listada na tabela 2 a seguir e meça também a corrente total no circuito. Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 4

Anote esses valores na referida tabela. Tabela 2: valores medidos Tensão E V NTC V R34 I T 2V 4V 6V 8V 10V 12V 14V OBS: Para medir a corrente total, abra S W1 e conecte o multímetro selecionado para medir corrente nos terminais ao lado da chave. Espere pelo menos 60 segundos para anotar os valores medidos. Este tempo será suficiente para que a corrente se estabilize no circuito, em virtude das características no NTC. 6 - Utilize o quadro 2 e construa as características I x E, para os valores medidos na tabela 2. Quadro 1: característica I x E (valores calculados - tabela 1) Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 5

Quadro 2: característica I x E (valores medidos - tabela 2) 7 - Compare os quadros 1 e 2 e apresente suas conclusões. 8 - Monte o circuito da figura abaixo. Circuito 2 9 - Com S W1 aberta, meça a resistência da lâmpada piloto. R LP = 10 - Calcule a corrente que circula pelo circuito, para cada valor de tensão de entrada listado na tabela 3. Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 6

Tabela 3: correntes calculadas no circuito Tensão (V) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Corrente (A) 11 - Ligue o módulo de ensaios à rede, feche S W1 e meça a corrente que circula pelo circuito, para cada valor de tensão listado na tabela 4. OBS: Para medir a corrente que circula pelo circuito, abra S W1 e conecte o multímetro selecionado para medir corrente nos terminais ao lado da chave. Espere pelo menos 20 segundos para anotar os valores medidos. Este tempo será suficiente para que a corrente se estabilize no circuito. Tabela 4: correntes medidas no circuito Tensão (V) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Corrente (A) 12 - Compare as tabelas 3 e 4 e apresente suas conclusões. 13 - Utilize o quadro 3 e construa a característica I x E da lâmpada piloto (bipolo não ôhmico), utilizando os valores medidos na tabela 4 Quadro 3: característica I x E da lâmpada piloto Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 7

14 - Monte o circuito a seguir. Circuito 3 15 - Ajuste a tensão E para 10V, meça as tensões e correntes em cada um dos bipolos, anotando na tabela 5. Tabela 5: tensões nos bipolos ( E = 10V) Resistor L. piloto Corrente (ma) Tensão (V) 16 - Trace a reta de carga do circuito 3. Utilize para isso, a curva característica do bipolo não ôhmico (lâmpada piloto), já desenhada no quadro 3. Responda: qual foi o ponto de trabalho encontrado para o bipolo não ôhmico? QUESTÕES: 1 - Analisando a curva característica de um bipolo não ôhmico, qual trecho pode ser considerado linear? Por quê? 2 - Como varia a resistência de um NTC com a variação da tensão nos seus terminais? 3 - O que é resistência dinâmica e resistência estática? Quais as diferenças entre esses dois conceitos? Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 8

4 - Determine para o circuito da figura a seguir, o ponto de trabalho do bipolo não ôhmico (BÑH), dada sua curva característica mostrada ao lado. Determine também, a tensão em cada um dos bipolos, a corrente no circuito e a potência dissipada em cada bipolo. Parâmetros Resistor BÑH Tensão Corrente Potência dissipada OBS: Para obter melhores resultados ao traçar as curvas características dos bipolos não ôhmicos e retas de carga, para obter o ponto de trabalho, substitua os quadros 1, 2 e 3 por folhas de papel milimetrado A-4. Eletricidade Básica Bipolos não Ôhmicos Prof. Edgar Zuim Página 9