DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPEIS PÚBLICOS. SUJEITO ATIVO: trata-se de CRIME COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa.

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Transcrição:

DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPEIS PÚBLICOS 1. Falsificação de papeis públicos ATENÇÃO: haverá causa de aumento de pena para o FUNCIONÁRIO PÚBLICO que cometer o crime prevalecendo-se do cargo (+1/6). Note que, para que incida a causa de aumento, é necessário que o funcionário público não apenas ostente essa condição, mas que se prevaleça do cargo para praticar a conduta. Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: As condutas típicas possíveis são FABRICAR e ALTERAR. Fabricar: é criação imitando o verdadeiro (contrafação); Alterar: pressupõe a existência de um papel verdadeiro, que é falsamente modificado. OBJETOS MATERIAIS: I selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; São sinais que devem ser inseridos ou afixados em produtos, com a finalidade de demonstrar o pagamento de tributos. II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; Refere-se a apólices e títulos da dívida pública. III - vale postal; REVOGADO IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; Cautela de penhor é o papel com o qual alguém pode retirar o bem empenhado das mãos do credor; já a caderneta de depósito era utilizada no passado para a anotação de aplicações financeiras. V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Bilhete e passe são papeis que autorizam o transporte de pessoas em veículos coletivos; já o conhecimento autoriza o transporte de mercadorias.

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. FORMAS EQUIPARADAS 1º Incorre na mesma pena quem: I usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papeis falsificados a que se refere este artigo; II importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Atividade comercial ( 5º): qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. FORMAS PRIVILEGIADAS 2º - Suprimir, em qualquer desses papeis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: Pressupõe a existência de papeis e sinais verdadeiros, que são falsamente alterados para poderem ser novamente utilizados. 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papeis a que se refere o parágrafo anterior. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papeis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Esta modalidade pune aquele que, sem saber da falsificação (de boa-fé), recebe o papel falsificado ou alterado, e, após tomar conhecimento do falso, assim mesmo faz uso dele. 2. Petrechos de falsificação SUJEITO ATIVO: trata-se de CRIME COMUM; pode ser praticado por qualquer pessoa. Haverá causa de aumento de pena para o FUNCIONÁRIO PÚBLICO que cometer o crime prevalecendo-se do cargo (+1/6).

Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papeis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. O crime de petrechos de falsificação é conhecido como TIPO SUBSIDIÁRIO, ficando absorvido quando o agente utiliza-se dos materiais para efetivamente praticar a falsificação prevista no art. 293. DA FALSIDADE DOCUMENTAL 1. Falsificação do selo ou sinal público Haverá causa de aumento de pena para o FUNCIONÁRIO PÚBLICO que cometer o crime prevalecendo-se do cargo (+1/6). Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: As condutas típicas possíveis são FABRICAR e ALTERAR. OBJETOS MATERIAIS: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. FORMAS EQUIPARADAS 1º - Incorre nas mesmas penas: I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado; II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. 2. Falsificação de documento público Haverá causa de aumento de pena para o FUNCIONÁRIO PÚBLICO que cometer o crime prevalecendo-se do cargo (+1/6).

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: As condutas típicas possíveis são FALSIFICAR e ALTERAR; trata-se de falsidade MATERIAL (sobre o OBJETO do documento). Falsificar: é criar, materialmente, um documento falso (contrafação); Alterar: é a falsa modificação de um documento verdadeiro. Para configurar o crime, a falsificação deve ser apta a enganar o homem médio. Caso seja grosseira, a conduta será atípica. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Documento público é aquele elaborado por funcionário público, de acordo com as formalidades legais, no desempenho de suas funções. O particular cometerá o crime ao fabricar um documento que deveria ser emitido por funcionário público, ou alterar documento verdadeiro por ele emitido. Já o funcionário público cometerá o crime quando emitir o documento sem a obediência das formalidades legais. Equiparação: para fins penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal (autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista), o título ao portador ou transmissível por endosso (cheques, notas promissórias), as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. ( 2º) Os escritos apócrifos (anônimos) não são considerados documentos. FORMAS EQUIPARADAS 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: ATENÇÃO: apesar de estarem alocadas como formas equiparadas da falsidade material, as condutas a seguir constituem falso IDEOLÓGICO, pois é falsa a ideia, a informação contida nos documentos descritos, sendo que, materialmente, eles são verdadeiros. I na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; III em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no 3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

3. Falsificação de documento particular ATENÇÃO: na falsificação de documento particular NÃO HÁ causa de aumento de pena para o funcionário púbico. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro. As condutas típicas possíveis são FALSIFICAR e ALTERAR. Equiparação: equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito (lembrando que o cheque é equiparado a documento público). O documento particular registrado em cartório não tem sua natureza alterada. O registro serve apenas para dar visibilidade ao documento, anotando sua existência em determinada data, mas não altera seu caráter particular. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 4. Falsidade ideológica Haverá causa de aumento de pena para o FUNCIONÁRIO PÚBLICO que cometer o crime prevalecendo-se do cargo (+1/6). Será ainda considerada causa de aumento de pena a alteração sobre assentamento de registro civil (nascimento, casamento, óbito, interdição, emancipação, etc.) (+1/6). Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. A falsidade ideológica também e conhecida como falso intelectual, ideal ou moral. Neste caso, o documento será materialmente autêntico, porém as informações nele inseridas serão falsas. Se a informação for omitida ou inserida falsamente por aquele que confecciona o documento (o funcionário público) a pedido de outrem, conhecendo da fraude, haverá a chamada falsidade imediata, punindo-se ambos. Caso o particular faça inserir a informação sem o conhecimento do funcionário público, que confecciona o documento de boa-fé, estaremos diante da falsidade mediata, punindo-se somente o particular.

Existe ainda o elemento subjetivo do tipo (dolo específico), ou seja, a falsificação deve ter a finalidade de: a) prejudicar direito; b) criar obrigação; c) alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. 5. Falso reconhecimento de firma ou letra SUJEITO ATIVO: só pode cometer o crime aquele que tem atribuição legal para reconhecer firma ou letra (tabelião, oficial de cartório, etc.). Trata-se, portanto, de CRIME PRÓPRIO. O particular que colaborar com o delito responderá como partícipe. Se o particular praticar sozinho a falsificação da assinatura de um tabelião para reconhecer uma firma, estará diante dos tipos previstos nos arts. 297 ou 298 (falsificação de documento público ou particular). Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. Firma é a assinatura de alguém, e letra o manuscrito de uma pessoa. 6. Certidão ou atestado ideologicamente falso SUJEITO ATIVO: é o funcionário público, no exercício de suas funções. Trata-se de CRIME PRÓPRIO. O particular que recebe e utiliza o falso atestado responde na forma do art. 304, CP (uso de documento falso), com a pena correspondente ao art. 301. Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano. O tipo não se confunde com a falsidade ideológica do art. 299. Aqui, especialmente, o objeto do crime é o atestado ou a certidão, papeis aptos a testemunhar um fato ou circunstância. O funcionário público, por sua vez, deve ter conhecimento da falsidade. Além disso, exige-se que o delito tenha por finalidade (dolo específico): a) habilitar alguém a obter cargo público; b) isentar alguém de ônus ou de serviço de caráter público;

c) obter qualquer outra vantagem (de caráter público). 7. Falsidade material de atestado ou certidão SUJEITO ATIVO: apesar de algumas divergências, tem sido mais aceita na doutrina a tese de que trata-se de CRIME COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Trata-se da modalidade material do tipo anterior. Enquanto naquele era falsa somente a declaração, a ideia inserida no atestado ou certidão, aqui eles são confeccionados de forma falsa, ou alterados quando verdadeiros. Pena - detenção, de três meses a dois anos. APLICAÇÃO CUMULATIVA 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. 8. Falsidade de atestado médico SUJEITO ATIVO: trata-se de CRIME PRÓPRIO, somente podendo ser cometido pelo médico. Se o autor do falso atestado é dentista, veterinário, ou qualquer outro profissional que não seja da área médica, praticará o crime do art. 299 (falsidade ideológica). O particular que usa o falso atestado incide na forma do art. 304, CP, com a pena do art. 302. Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de um mês a um ano. APLICAÇÃO CUMULATIVA Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 9. Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. REVOGADO pelo art. 39 da Lei 6.538/78.

10. Uso de documento falso SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa, exceto o autor da falsificação. Se aquele que praticou a falsificação também utiliza o documento, responderá somente pelo primeiro crime, tratandose o uso de post factum impunível. O crime será reconhecido quando alguém utilizar documento falsificado por outrem. Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papeis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. Trata-se de CRIME REMETIDO, pois sua descrição faz menção a outros tipos penais, quais sejam, os crimes de falso previstos nos arts. 297 a 302. Enquadra-se ainda no conceito de CRIME ACESSÓRIO, pois sua existência pressupõe a ocorrência de um crime anterior (a falsificação do documento em si). Usar o documento falso deve estar relacionado a fazer prova sobre fato juridicamente relevante. A posse e o porte são atípicos, exceto quando tratar-se de Carteira Nacional de Habilitação (CNH), uma vez que o art. 159, 1º do CTB determina ser obrigatório seu porte quando na direção de veículo automotor, equiparando-se, assim, ao uso. 11. Supressão de documento SUJEITO ATIVO: é CRIME COMUM, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: As condutas possíveis são DESTRUIR, SUPRIMIR e OCULTAR. Destruir: queimar, rasgar, dilacerar, etc.; Suprimir: fazer desaparecer; Ocultar: esconder em local onde não possa ser encontrado. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. Os objetos materiais do crime são o documento público ou particular. O tipo exige ainda dolo específico, ou seja, a conduta de destruir, suprimir ou ocultar o documento deve ter a finalidade de: a) obter vantagem para si ou para outrem; b) causar prejuízo alheio.