Considerações da Parashat Shofetim Por Sha ul Bensiyon. 1) Resumo da Parashá

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Transcrição:

Considerações da Parashat Shofetim Por Sha ul Bensiyon 1) Resumo da Parashá Esta parashá continua o tema dos mandamentos com leis que se referem ao governo de Israel, a saber: juízes, a monarquia, os profetas e o sacerdócio. Este é o princípio da seção de mishpatim (juízos). Capítulo 16: Apontamento do Judiciário Ao final do capítulo 16, Moshé instrui o povo a apontar juízes que sejam íntegros, e adverte contra plantar árvores ao lado do altar ou erguer monumentos de pedra. Capítulo 17: Sanhedrin e Monarquia O capítulo começa com a punição do idólatra, em seguida fala sobre o Sanhedrin (Suprema Corte Mosaica) e a obrigação de obedecer à sua sua deliberação, bem como do mandamento de apontar um rei. A Torá estabelece limites sobre a conduta do rei e o instrui a escrever um rolo de Torá e mantê-lo consigo sempre. 1

Capítulo 18: Sacerdotes e Profetas O capítulo afirma que os sacerdotes não receberão herança em Israel por causa de suas tarefas religiosas especiais, mas, ao contrário, serão sustentados por doações obrigatórias das demais tribos. O capítulo adverte contra idolatria e adivinhação, instruindo o povo a dar ouvidos somente aos verdadeiros profetas. Capítulo 19: Procedimentos Jurídicos O capítulo fala sobre o homicida culposo e as cidades de refúgio. A isso se seguem as leis referentes ao homicida doloso, e leis adicionais associadas a testemunhas, e o processo judicial. Capítulo 20; Leis de Guerras O capítulo traz várias leis referentes a batalhas, o que inclui isenção do serviço militar em alguns casos específicos, o mandamento de oferecer paz antes de atacar uma cidade distante, e a proibição de cortar árvores frutíferas quando capturar uma cidade. Capítulo 21: Assassinato Sem Solução O capítulo prescreve uma cerimônia realizada pelos sacerdotes e anciãos da cidade em caso de assassinato não solucionado. 2

2) A Transição do Sistema de Governo Pequenos grupos nômades tinham por base de autoridade os cabeças dos clãs patriarcais, chamados de anciãos. A Torá gradativamente promoveu a mudança desse sistema para uma autoridade nacional mais oficializada: Moisés faz uma introdução à seção dos mishpatim. Nela, transmite regras e regulamentos que governam os quatro ramos básicos da liderança nacional: os juízes (juntamente com detalhes acerca do sistema judicial), o rei, os sacerdotes, e o profeta. Anciãos, apesar de serem parte da liderança e às vezes chamados para se envolverem em certas questões (vide. Dt. 19:12; 21:3-6; 21:19-20; 22:15-19 e 25:7-9), são omitidos. Seu status proeminente era uma função de suas posições como cabeças dos clãs familiares com responsabilidade a seus constituintes, e sua influência e compromisso não poderia, portanto, ser contado de maneira confiável. 3

De qualquer forma, a autoridade de uma burocracia organizada e em desenvolvimento aumentava, progressivamente diminuindo o poder dos anciãos; a maior parte das funções dos últimos sendo substituídas por juízes e finalmente por oficiais de um tipo ou de outro. (R. Moshe Shamah - Parashat Shofetim - Part 1) 3) Requisitos de um Juiz Nossos sábios relatam: Para o Grande Sanhedrin, eles enviavam emissários por toda a terra de Israel para buscarem juízes. Aquele que eles achassem ser sábio, temente a Elohim, humilde, dotado de discernimento, maduro, amigável, eles o faziam juiz na sua cidade. E de lá, eles o promoviam à corte que se reunia na entrada do Monte do Templo, e de lá eles o promoviam à corte que se reunia à entrada do Pátio do Templo, e de lá, ao Grande Sanhedrin (Mishnê Torá Sefer Shofetim Hilkot Sanhedrin 2:8)! 4

4) A Torá e a Escolha de Sha ul Intenção é tudo: Uma vez que é uma miswa apontar um rei, por que Adonay se desagradou com a solicitação do povo para Shemu'el? Porque eles fizeram sua solicitação em espírito de reclamação. Ao invés de buscarem cumprir a miswá de apontar um rei, eles simplesmente tinham a intenção de rejeitar o profeta Shemu'el conforme inferimos da resposta de Adonay a ele: pois não é a ti que têm rejeitado, porém a mim. [1 Sm. 8:7] (Mishnê Torá - Sefer Shofetim - Hilkhot Melakhim umilhamot 1:3) 5) Critérios para Reis e Juízes Um rei não deve ser apontado dentre os prosélitos. Isso se aplica mesmo se os ancestrais do prosélito foram de Israel por muitas gerações, exceto se sua mãe é nativa de Israel, conforme é dito: Porás um dentre teus irmãos como rei sobre ti; não poderás pôr sobre ti um estrangeiro, homem que não seja de teus irmãos. [Dt. 17:15] 5

Isso não se aplica somente à monarquia, mas a todas as posições de autoridade dentro de Israel. Um prosélito não pode servir como comandante do exército, como líder de cinquenta, ou líder de dez. Ele não pode sequer supervisionar a alocação de água de um rio para vários campos. Evidentemente, um juiz ou príncipe só pode ser um israelita nativo, conforme é dito: Porás um dentre teus irmãos como rei sobre ti. Isso implica que todos os apontamentos devem ser somente dentre teus irmãos. (Mishnê Torá - Sefer Shofetim - Hilkhot Melakhim umilhamot 1:4) 6) O Perfil Ideal do Rei Assim como a Torá o concedeu grande reverência e obrigou a todos a honrá-lo, assim também, ele é ordenado a ser humilde e vazio de coração, conforme é dito: Meu coração é nulo dentro de mim." [Sl. 109:22] Nem ele deve tratar Israel com altivez arrogante. Pois é dito: "para que seu coração não se exalte sobre seus irmãos." [Dt. 17:20] 6

Ele deve ser gracioso e misericordioso com os pequenos e com os grandes, e se envolver no benefício e bem estar deles. Ele deve proteger a honra até mesmo do homem mais humilde. Quando ele fala ao povo como uma comunidade, deve falar gentilmente, conforme é dito: "Ouvi-me, irmãos meus e povo meu " [1 Cr. 28:2] Semelhantemente, é dito: "Se hoje te tornares servo deste povo." [1 Rs. 12:7] Ele deve sempre se conduzir com grande humildade. Não há maior do que Moshe, nosso mestre. Contudo, ele disse: E quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós." [Ex. 16:8] Ele deve suportar as dificuldades das nações, os jugos, reclamações e ira, como uma ama suporta uma criança. É dito que o rei é como um pastor: 'para apascentar a Ya aqov, seu povo.' [Sl. 78:71] Os profetas descreveram o comportamento de um pastor: 'Como pastor ele apascentará o seu rebanho; entre os seus braços ajuntará os cordeirinhos, e os levará no seu seio.' [Sl. 78:71] (Mishnê Torá - Sefer Shofetim - Hilkhot Melakhim umilhamot 2:6) 7

4) Isenções na Guerra Os sábios qualificaram essa isenções como somente aplicáveis a uma guerra que não envolvesse uma ameaça para a sobrevivência nacional ou às fronteiras da terra É notável que essas exceções são igualitárias no sentido de que presumia-se que a maioria dos homens em algum momento construiriam uma casa, plantariam um pomar ou se casariam. Não haveria exceções para aqueles que desejassem e pudessem fazer uma contribuição monetária no lugar de seu serviço pessoal (ou enviarem um escravo capaz), como era a prática em muitas sociedades. Essa é uma afirmação de repercussão, que ensina que a substância material não pode ser igualada à vida e que a vida do rico e do pobre são igualmente preciosas. (R. Moshe Shamah - Parashat Shofetim - Part II) 5) Destruição Total Por que a Torá manda destruir a todos, inclusive mulheres e crianças? Um padrão muito mais duro do que o que se refere aos povos distantes se aplica aos habitantes locais: Porém, das cidades destas nações, que o ETERNO 8

teu Elohim te dá em herança, a lei é: לא ת ח יּ ה, כּ ל-נ שׁ מ ה כּ י-ה ח ר ם תּ ח ר ימ ם (Dt. 20:16-17). Em tradução simples: Não deixarás viver uma alma, pois certamente os afastarás. A razão é dada: Para que não vos ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses. (v. 18) Tomado literalmente, estaria dizendo que devido ao medo de que as nações locais influenciassem Israel a emular sua idolatria e rituais abomináveis, e assim impedisse o desenvolvimento moral da nação que tinha aliança com o Eterno, a Torá determinou a aniquilação de todo homem, mulher e criança deles. Tal comportamento com um inimigo derrotado - não pela razão dada pela Torá - era uma prática comum no mundo antigo. Na ausência da habilidade de educar e reorientar um inimigo, inclusive crianças pequenas, era esperado que eles aspirariam um dia vingar a derrota de sua nação e de todo modo continuar na cultura de sua nação. Mulheres, com a morte de seus maridos, poderiam se voltar à prostituição e apresentar outro tipo de perigo religioso. Contudo, apesar de consistente com as normas da época, e mesmo considerando o fato de Deuteronômio falar de idolatria local como algo que envolve os atos mais abomináveis, inclusive sacrifício de criança (12:31; 18:9-10), é pouco 9

provável que a matança não-qualificada e indiscriminada de todos os homens, mulheres e crianças locais era a intenção. Primeiro, muitas outras afirmações bíblicas acerca de Israel tomar posse da terra das nações locais falava de perseguir, enviar ou expulsar os locais da terra (Ex. 23:28-31; 33:2; 34:11; Lv. 18:24-28; 20:23; Dt. 33:27; Js. 24:12,18; Jz. 2:3; 6:9). Esses processos são incompatíveis com uma campanha de aniquilação Além disso, essas mesmas considerações se aplicam ao único outro atestado na Torá daquilo que é traduzido como aniquilação das sete nações certamente os afastarás de Deuteronômio 7:2 Nesse contexto, diversas proibições são mencionadas, a saber, fazer um acordo com as nações locais, demonstrando favor a elas e casando-se com elas: não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos. Isso implica que a lei parte da premissa de que os membros das nações locais estariam vivendo em boa proximidade dos israelitas e, até certo ponto, interagindo com eles pacificamente (R. Moshe Shamah - Parashat Shofetim - Part II) 10

6) Aniquilação de Cidades "[O rabino Solomon D. Sassoon] exibe indício de que as `a re ha`amim (Dt. 20:16) que devem ser destruídas devem ser melhor traduzidas como cidades dos reis, uma vez que um dos sentidos da palavra ע ם (`am) é líder. Essa interpretação é apoiada pela - e de fato emerge da - passagem no livro de Josué que enfatiza que form as cidades dos reis que Israel aniquilou e que isso foi Como ordenara ADONAY a Moshé, seu servo, assim Moshé ordenou a Yehoshua`; e assim Yehoshua` o fez; [nem uma só palavra tirou de tudo o que ADONAY ordenara a Moshé.] (Js. 11:10-15) Não há afirmação no livro de Josué que aplica aniquilação à população em geral, mas somente às cidades reais Assim, podemos presumir que os israelitas compreendiam a lei da aniquilação como irrelevante às massas iletradas que geralmente não sabem a diferença entre um governante e outro. Parte-se da premissa de que eles aceitaram as regras de submissão de Israel e portanto não foram sujeitas ao Herem [banimento]. (R. Moshe Shamah - Parashat Shofetim - Part II) 11

Em suma, para R. Sassoon temos: Assim farás a todas as cidades que estiverem mui longe de ti, que não forem das cidades dos reis. Porém, das cidades dos reis, que ADONAY teu Elohim te der em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes as banirás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos perizeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou ADONAY teu Elohim. Para que não vos ensinem a fazer conforme a todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra ADONAY vosso Elohim. (Debharim/Deuteronômio 20:16-18) Compare com: "E Yehoshua` tomou todas as cidades destes reis, e todos os seus reis, e os feriu ao fio da espada, destruindo-os totalmente, como ordenara Moshé servo de ADONAY. (Yehoshua`/Josué 11:12) 7) A Proibição de Derrubar Árvores 12

7) A Proibição de Destruir Recursos A proibição de derrubar árvores é considerada como o exemplo de uma categoria, tal como olho por olho, dente por dente tipifica toda uma categoria de situações onde a restituição deve ser proporcional ao dano. Sobre isso, Rambam (Maimônides) afirma: Essa proibição não se aplica somente a árvores. Ao invés disso, qualquer pessoa que quebra utensílios, rasga vestimentas, destrói prédios, faz cessar uma fonte, ou estraga alimentos com intenção destrutiva transgride o mandamento Não destruirás. (Mishnê Torá - Sefer Shofetim - Hilkhot Melakhim umilhamot 6:10) 8) `Eglá `Arufá (A Novilha Decapitada) O caráter benéfico da lei acerca de quebrar o pescoço de uma novilha (Dt. 21:1-9) é evidente. Pois é a cidade mais próxima ao morto que traz a novilha, e na maioria dos casos o assassino vem daquele lugar. Os anciãos do lugar 13

invocam o Eterno como sua testemunha, segundo a interpretação dos nossos sábios, que eles sempre mantiveram as estradas em boa condição, e a protegeram, e direcionaram todos os que perguntaram por seu caminho; de modo que aquela pessoa não foi morta porque eles foram descuidados nessas provisões gerais, e não sabem quem o matou. Como regra de investigação, a procissão dos anciãos, a medição e a tomada da novilha fazem as pessoas falarem sobre isso, e ao tornar o evento público, o assassino possa ser descoberto, e aquele que o conhece, ou ouviu dele, ou tenha o descoberto de alguma forma, agora nomeará a pessoa que é o assassino. E assim que um homem, ou mesmo uma mulher ou serva se levanta e nomeia uma certa pessoa como tendo cometido o crime, a novilha não é morta Força é acrescentada à lei pela regra de que o lugar no qual o pescoço da novilha é quebrado jamais deve ser cultivado ou semeado. O dono da terra portanto utilizará todos os recursos dentro de sua possibilidade para buscar e encontrar o assassino, de modo que a novilha não seja morta e sua terra não se torne inútil para ele. (Moré Nebhukhim/O Guia dos Perplexos 3:40) 14