RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO : MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO DE DECISÃO COLEGIADA. RECURSO MANIFESTAMENTE INCABÍVEL. ERRO GROSSEIRO. AGRAVO NÃO CONHECIDO. 1. Nos termos dos arts. 258 do RISTJ e 557, 1º, do CPC, não cabe agravo interno contra decisão colegiada, sendo inaplicável o princípio da fungibilidade, para recebê-lo como embargos de declaração, por caracterizar a iniciativa erro grosseiro, conforme assentado na jurisprudência deste Tribunal. 2. Agravo regimental não conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro João Otávio de Noronha. Brasília (DF), 10 de março de 2015 (data do julgamento). MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Relator Documento: 1389736 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2015 Página 1 de 5
RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE: Cuida-se de agravo regimental interposto por José Carlos Rosa contra o acórdão de fls. 524-533 (e-stj), assim ementado: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE APENAS QUANTO AOS DANOS MORAIS. 1. INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO PELO RÉU E RECURSO ADESIVO DA VÍTIMA. CONCESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL DETERMINANDO O PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL À AUTORA. FORMULAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA DO RECURSO PRINCIPAL PELO RÉU. INDEFERIMENTO PELO RELATOR NO TRIBUNAL DE ORIGEM. APLICAÇÃO DOS ARTS. 500, III, E 501 DO CPC. MITIGAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Como regra, o recurso adesivo fica subordinado à sorte do principal e não será conhecido se houver desistência quanto ao primeiro ou se for ele declarado inadmissível ou deserto (CPC, art. 500, III), dispondo ainda a lei processual que "o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso" (CPC, art. 501). A justificativa para a desistência do recurso como direito subjetivo individual da parte, o qual pode ser exercido a partir da data de sua interposição, até o momento imediatamente anterior ao seu julgamento, decorre do fato de que, sendo ato de disposição de direito processual, em nada afeta o direito material posto em juízo. Ocorre que, na hipótese, a apresentação da petição de desistência logo após a concessão dos efeitos da tutela recursal, reconhecendo à autora o direito de receber 2/3 de um salário mínimo a título de pensão mensal, teve a nítida intenção de esvaziar o cumprimento da determinação judicial, no momento em que o réu anteviu que o julgamento final da apelação lhe seria desfavorável, sendo a pretensão, portanto, incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a própria regra que lhe faculta não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como forma de obstaculizar a efetiva proteção ao direito lesionado. Embora, tecnicamente, não se possa afirmar que a concessão da antecipação da tutela tenha representado o início do julgamento da apelação, é iniludível que a decisão proferida pelo relator, ao satisfazer o direito material reclamado, destinado a prover os meios de subsistência da autora, passou a produzir efeitos de imediato na esfera jurídica das partes, evidenciada a presença dos seus requisitos (prova Documento: 1389736 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2015 Página 2 de 5
inequívoca e verosimilhança da alegação), a qual veio a ser confirmada no julgamento final do recurso pelo Tribunal estadual. Releva considerar que os arts. 500, III, e 501 do CPC, que permitem a desistência do recurso sem a anuência da parte contrária, foram inseridos no Código de 1973, razão pela qual, em caso como o dos autos, a sua interpretação não pode prescindir de uma análise conjunta com o referido art. 273, que introduziu a antecipação da tutela no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei n. 8.952, apenas no ano de 1994, como forma de propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e justa, bem como com o princípio da boa-fé processual, que deve nortear o comportamento das partes em juízo, de que são exemplos, entre outros, os arts. 14, II, e 600 do CPC, introduzidos, respectivamente, pelas Leis n. 10.358/2001 e 11.382/2006. 2. Recurso especial a que se nega provimento. O agravante reitera a alegação deduzida nas razões do especial de ofensa aos arts. 501, III, e 502 do CPC, ao argumento de que a concessão liminar da antecipação da tutela recursal não dá início ao julgamento da apelação, na medida em que pode ser revogada a qualquer tempo, por provocação da parte ou até mesmo de ofício, até a decisão final, razão pela qual estando o recurso adesivo condicionado ao conhecimento do principal, não poderia o primeiro subsistir após a desistência em relação ao segundo. A recorrida apresentou impugnação às fls. 566-567 (e-stj). É o breve relatório. Documento: 1389736 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2015 Página 3 de 5
VOTO O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE(RELATOR): O recurso não deve ser conhecido. Em consonância com os arts. 258 do RISTJ e 557, 1º, do CPC, não cabe agravo interno contra decisão colegiada, sendo inaplicável o princípio da fungibilidade, para recebê-lo como embargos de declaração, por caracterizar a iniciativa erro grosseiro, conforme assentado na jurisprudência deste Tribunal. No mesmo sentido, os seguintes precedentes: AgRg no ARE no RE nos EDcl no AgRg no AREsp n. 350.669/AL, Relator o Ministro Gilson Dipp, Corte Especial, DJe de 28/8/2014; AgRg nos EDcl no REsp n. 1.225.166/RS, Relator o Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe de 17/2/2014; AgRg no REsp n. 1.168.757/RS, Relator o Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe de 17/9/2014; AgRg nos EDcl no AgRg nos EDcl no CC n. 103.731/RJ, Relator o Ministro Vasco Della Giustina (Desembargador Convocado do TJ/RS), Segunda Seção, DJe de 3/3/2010; AgRg no AgRg no REsp n. 1.104.343/RJ, Relator o Ministro Haroldo Rodrigues (Desembargador Convocado do TJ/CE), Sexta Turma, DJe de 19/10/2009; AgRg nos EDcl no AgRg no Ag n. 1.071.826/RJ, Relator o Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 3/9/2009; AgRg nos EREsp n. 1.066.385/SP, Relator o Ministro Og Fernandes, Terceira Seção, DJe de 1/7/2009; AgRg no CC n. 100.513/SC, Relator o Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, DJe de 4/5/2009, entre outros. Ante o exposto, não conheço do agravo regimental. É o voto. Documento: 1389736 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2015 Página 4 de 5
CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2011/0234079-0 AgRg no OfPet no REsp 1.285.405 / SP Números Origem: 00259953420088260196 2008299500 259953420088260196 990101167786 EM MESA JULGADO: 10/03/2015 Relator Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS Secretária Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA RECORRENTE RECORRIDO AUTUAÇÃO ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Responsabilidade Civil - Indenização por Dano Moral - Acidente de Trânsito AGRAVANTE AGRAVADO AGRAVO REGIMENTAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do Sr Ministro Relator. Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Bôas Cueva (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro João Otávio de Noronha. Documento: 1389736 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/03/2015 Página 5 de 5