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ESTUDO DA CORRENTE GALVÂNICA E DO ÁCIDO GLICÓLICO NO TRATAMENTO DAS ESTRIAS Dayane Michelette de Matos¹, Patrícia Novo² 1. Acadêmica do Curso de Tecnólogo em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) 2. Fisioterapeuta Mestre (UFPR) - Professora e Orientadora, Doutoranda UTP, Coordenadora pós graduação UTP, Docente pós graduação e graduação UTP. Endereço para correspondência: dayane.matos@ymail.com RESUMO: Estrias caracterizam-se por uma atrofia da pele causada pelo rompimento das fibras elásticas presentes na derme. A corrente galvânica promove um aumento dos fibroblastos jovens, neovascularização, retorno da sensibilidade e nivelamento da pele. O uso do ácido glicólico promove esfoliação, maior flexibilidade, hidratação, melhorando a capacidade de renovação dos tecidos e a qualidade da pele, porém para uma melhor resposta no tecido estriado deve ser utilizado em concentrações maiores do que autorizado pela ANVISA. O presente trabalho teve como objetivo analisar através de pesquisas já realizadas o resultado obtido pela utilização de tratamentos por Corrente Galvânica e do Ácido Glicólico usados isoladamente e associados no tratamento das estrias. Após análises dos resultados encontrados percebeu-se que ambos os tratamentos mostraram melhoramento no aspecto e diminuição das estrias, porém a associação dos mesmos é mais eficaz, pois promove um processo inflamatório maior com mais rapidez, obtendo assim uma melhor resposta no nivelamento, aspecto e textura da pele tornando-a mais hidratada e com coloração mais uniforme. Palavras chave: ácido glicólico, corrente galvânica, estrias, resultados. ABSTRACT: Streaks are characterized by an atrophy of the skin caused by the rupture of elastic fibers present in the dermis. The galvanic current promotes a rising young fibroblasts, neovascularization, return of skin sensitivity and leveling. The use of glycolic acid promotes exfoliation, flexibility, hydration, improving the ability of tissue renewal and skin quality, but for a better response in the striated al tissue should be used in concentrations greater than authorized by ANVISA. The present work aims to capture through research already carried out the result obtained by the use of galvanic current treatments and glycolic acid used alone and associated in the treatment of stretch marks. After analyzing the results it was found that both treatments showed improvement in the appearance and reduction of stretch marks, but the association of these is more effective because it promotes a greater inflammatory process faster, thus getting a better response in the leveling aspect and texture of the skin making it more hydrated and more even skin tone. Key-words: galvanic current, glycolic acid, result, streaks.

2 Introdução A incidência das estrias é cada vez maior na sociedade moderna por conta de diversos fatores que incluem: hábitos de vida, deficiência hereditária do tecido conjuntivo e fatores genéticos que acometem cerca de 60% das mulheres, o que justifica cada vez mais a procura por recursos estéticos específicos e eficazes 2,4,5. Estrias, estriações atróficas ou striae distensae, são definidas como processo degenerativo cutâneo benigno, com lesões atróficas de trajeto linear, que variam de coloração de acordo com a sua evolução. Considerado um processo de natureza estética, não gera incapacitação física ou alteração na função cutânea, porém provoca uma sensação de desagrado em alguns indivíduos, chegando a tornar-se motivo de depressão psíquica e autoestima 5,1. O tratamento para estrias sempre gerou muitas discussões e questionamentos, pois acreditou-se que o tecido elástico não se regenera, porém com base no melhor entendimento processado, pesquisas recentes mostram respostas deste tecido a partir de recursos como: ácidos, dermoabrasão, corrente galvânica, entre outros tornando este tema bastante explorado pelo Tecnólogo em Estética atualmente, não buscando a cura da estria, mas sim a melhora do aspecto visual e da composição do tecido 1,2. O presente trabalho tem como objetivo analisar através de pesquisas já realizadas (periódicos, bibliografias e revistas) o resultado obtido através da utilização dos tratamentos por Corrente Galvânica e Ácido Glicólico usados isoladamente e associados no tratamento das estrias. Estrias Caracterizam-se por uma atrofia da pele causada pelo rompimento das fibras elásticas presentes na derme, nela estão presentes os fibroblastos (células produtoras de colágeno e elastina), que são responsáveis pela tonicidade e elasticidade da pele 1,3. Histologicamente, a estria apresenta uma epiderme fina, aplainada derme com redução da espessura e perda de contorno papilar, desgaste e separação das bandas de colágeno, as quais aparecem horizontalizadas e com aspecto turvo, dilatação dos vasos sanguíneos, separação ou total falta de fibras elásticas e ausência de plexo subepidermal. A atividade dos fibroblastos parece estruturalmente inalterada, porém está diminuída, núcleos estão escassos, as glândulas sudoríparas e os folículos pilosos estão ausentes 2.

3 Inicialmente as estrias são rosadas, devido a uma resposta inflamatória associada a uma vasodilação, sem depressão significativa, denominada estria rubra (striae rubrae), com o tempo maturam-se e se tornam brancas (nacaradas), em depressão e enrugadas 2. As estrias ocorrem associadas ao aumento da produção dos glicocorticóides das glândulas adrenais. Geralmente são observadas em obesos; durante a gravidez (especialmente no último trimestre); na adolescência; na síndrome de Cushing; pela atividade física vigorosa (musculação) e durante o uso prolongado de corticoesteróides, pois atuam na diminuição da síntese de colágeno, inibindo a formação de proteínas precursoras, que por agregação, dariam lugar a fibras colágenas e elásticas 2,3. Pode-se afirmar que as estrias surgem perpendicularmente ao eixo de maior tensão da pele acompanhando as linhas de clivagem e pele, tendendo à simetria e à bilateralidade 4. O comprimento varia de alguns milímetros até 30 cm e a largura de 2 a 5 mm podendo chegar a 3 cm e em alguns casos até 6 cm 4. Corrente Galvânica É uma corrente de baixa freqüência, polar, com fluxo constante de elétrons em uma só direção. O fluxo da corrente não sofre interrupção e não varia sua intensidade na unidade de tempo. Pode ser chamado de corrente constante, corrente contínua (CC), corrente direta, unidirecional ou ainda corrente galvânica 1. O uso da corrente galvânica no combate das estrias tem como objetivo provocar um processo inflamatório agudo no tecido acometido pela estria, para que haja uma regeneração do mesmo. O trauma aumenta a atividade local, levando a formação do tecido de colágeno, preenchendo a área degenerada, com retorno da sensibilidade fina. A inflamação provocada pela corrente não possui nenhum efeito sistêmico 1. Galvanopuntura A técnica a ser realizada é com o eletrodo do tipo agulha, podendo ser descartável ou esterilizável, acopladas a um porta agulhas em forma de caneta, ligado ao pólo negativo da corrente a ele associada 7. Trata-se de uma técnica que utiliza os benefícios da corrente galvânica associado aos efeitos do processo inflamatório, induzidos pela

4 puntura da agulha, que será também o local pelo qual a corrente penetrará pela pele no local da estria. A galvanopuntura provoca um estímulo elétrico, ocasionado pela corrente galvânica, tendo ação sobre as proteínas que se encontram dispersas na substância fundamental do tecido conjuntivo da derme. Na liberação da corrente, são provocadas modificações eletroquímicas ao redor da agulha (pólo ativo), alcançando o ponto isoelétrico de algumas proteínas orgânicas, fazendo com que as mesmas venham a se precipitar, levando a uma estabilização e incrementação protéica à medida que as sessões sejam efetuadas, reorganizando dessa forma o tecido conjuntivo da derme local 2. Poucos minutos após a lesão surgem a hiperemia e o edema, e são estimuladas por substâncias locais liberadas pela lesão, responsáveis pelo aumento da permeabilidade dos vasos e da vasodilatação. Toda região é preenchida por um exsudato inflamatório composto de leucócitos, eritrócitos, proteínas plasmáticas e fáscias de fibrina. O processo de epitelização acontece simultaneamente, permitindo que as células epidérmicas penetrem no interior das fendas formadas pela agulha e estimuladas pela formação de fibrina originada pela hemorragia da microlesão 6. Em resposta à agressão, no caso específico da perfuração pela agulha, pode finalizar com a recuperação da estria, restituindo a sua arquitetura original. O edema produzido durante o tratamento não deverá sofrer nenhuma interferência de agentes inflamatórios. As estimulações subseqüentes só deverão ser realizadas quando o processo inflamatório cessar por completo, evitando assim, o risco de desenvolver uma inflamação crônica desencadeada pela persistência do estímulo inflamatório agudo 6. O processo de reparação pelo estímulo físico da agulha é muito complexo e tem como objetivo restabelecer de forma satisfatória a integridade dos tecidos 6. As técnicas para a execução da galvanopuntura são; deslizamento da agulha dentro da estria; penetração da agulha em pontos adjacentes e no interior da estria e escarificação um método de deslizamento da agulha na estria que diferencia-se pelo fato da agulha ser posicionada a noventa graus 7. O procedimento de punturação deve ocorrer introduzindo-se a agulha na pele da cliente, com a agulha inserida na pele, levantando-a, produzindo suave deslocamento, aguardando de 3 a 5 segundos, até que a pele comece a esbranquiçar. Abaixe a agulha, deixando

5 a pele em sua posição natural, e por fim retira-a 7. A punturação deverá ser feita de maneira precisa e rápida, e a sensação deve ser um pouco desagradável 7. Cada penetração da agulha deverá ser feita sem deixar espaços entre as punturações na pele. Ao final de cada estria, deve-se avaliar se todo espaço entre as microlesões está suavemente hiperêmico como um todo. Caso não esteja, é necessário retoque 7. A intensidade da corrente nas estrias é de 70 a 100 microampéres, variando de acordo com a sensibilidade de cada paciente, sendo diferente em regiões distintas, portanto é importante testar a corrente cada vez que mudar a região da estimulação 7. Alguns fatores devem ser observados na prática clínica; quando a resposta inflamatória for mais persistente, entre 3 e 4 dias, o resultado tende a ser melhor; pacientes com dificuldades de cicatrização normalmente não obtêm o resultado esperado; a coloração de estrias; a princípio, interfere nos resultados, pois as róseas tendem a responder melhor ao estímulo que as branco-nacaradas; a cor da pele tem importância para os resultados do tratamento, pois, nos pacientes com pele escura, a regeneração tende a ser mais rápida que os de pele clara, entretanto devemos atentar para o risco de quelóides nos pacientes de pele negra 7. As contra-indicações são; pacientes com níveis elevados de glicocorticóides, endógenos ou exógenos, como por exemplo, na síndrome de Cushing, gravidez, puberdade (devido a grandes alterações hormonais), portadores de diabetes, hemofilia, propenção a cicatriz hipertrófica e quelóides, alergia e irritação a corrente elétrica 7,2. Resultados relevantes na bibliografia pesquisada utilizando a Corrente Galvânica A eficácia do tratamento com a corrente galvânica é grande, desde que controlada as variáveis, diferenciando o número de sessões de acordo com as características de cada indivíduo, sendo os melhores resultados obtidos a longo prazo 1. Em um trabalho realizado por Mondo e Rosas (2005) na busca de avaliar a eficiência da corrente galvânica nas estrias atróficas, foi realizado um estudo utilizando registro fotográfico e um questionário de satisfação. Os resultados foram poucos satisfatórios quanto à aparência da estria, mesmo tendo casos de sintomas de regeneração distintos. Autores acreditam que não obtiveram a resposta desejada pela baixa

6 freqüência utilizada e pelo pouco número de sessões, ressaltam que os resultados seriam mais significativos se houvesse a continuidade do tratamento ou a modificação da metodologia 1. Após aplicação de corrente em 102 pacientes, foi realizada uma pesquisa por White e Gomes apud Silva (1999) mostrando que a cor e a pele são de extrema significância, observando a regeneração mais rápida e evidente nos pacientes com pele negra em relação aos de pele branca. Verificou-se, também, que a coloração da estria interferiu no resultado, uma vez que as estrias de coloração vermelha responderam melhor à estimulação em relação às de coloração branca 2. Em estudos de casos, realizados por Medina (2005) e Pena (2009) foram observadas estrias obtendo sinais de epitelização e nivelamento da pele caracterizando aumento de fibroblastos e adequação de colágeno na derme. Todos apresentaram uma melhora significativa no fechamento das estrias e nivelamento da pele 3, 10. Através da análise microscópica das amostras obtidas por uma biópsia pós-tratamento, White e Gomes (2008) observaram diversos aspectos morfológicos diferenciais da pele delgada: a epiderme mostrou-se mais espessa, e a derme apresentou uma grande quantidade de fibroblastos e fibras elásticas e colágenas, principalmente na parte mais superficial da derme, onde elas foram observadas aglomeradas. O número de vasos sanguíneos também aumentou nas áreas tratadas. Conseqüentemente houve uma melhora da sensibilidade local, refletindo-se numa melhor qualidade do tecido e aparência estética da região tratada 2. Ácido Glicólico O ácido glicólico é uma estrutura química da família dos alfa-hidroxiácidos (AHA), que constitui um grupo de substâncias normalmente encontradas em frutas e alimentos ácidos. Derivado da cana-de-açúcar possui a menor molélula e por isso grande emprego na indústria cosmética 11. O ácido glicólico pode ser utilizado com função querato-reguladora, inibindo a coesão dos corneócitos, promovendo maior flexibilidade, hidratação, aumento das fibras de elastina e colágeno, melhorando a capacidade de renovação dos tecidos, a qualidade da pele e a espessura da estria. Quando usado regularmente, age como esfoliante, promovendo uma remoção de corneócitos (células mortas) da camada superior da epiderme, permitindo a

7 penetração de outros ativos associados a ele 8. Adicionalmente o ácido glicólico vem sendo utilizado no tratamento de rugas superficiais, médias e profundas, lentigos solares, flacidez de pele, pele seca, estrias, manchas, entre outros. O ácido glicólico é uma molécula hidrofílica, se difunde livremente no fluido intercelular, sem necessitar de proteínas plasmáticas como os retinóides 9. O peeling com ácido glicólico em comparação a outros peelings tornase bastante seguro, não requer afastamento do indivíduo de suas atividades, pois, não provoca fotossensibilidade; apresenta excelente resultado acumulativo e progressivamente; mínimo risco de complicações além do mínimo risco de pigmentação 8, 9. Clinicamente, pode-se interpretar a intensidade e profundidade dos peelings com ácido glicólico pelo nível de irritação na pele que desenvolve uma vasodilatação dérmica, promovendo o desenvolvimento de eritema que varia de róseo a intenso vermelho. Quanto maior a intensidade do eritema, maior é a estimulação promovida pelo ácido. Em decorrência da irregularidade da integridade na superfície da pele ou da camada córnea, nem sempre os eritemas se apresentam uniformes. Deve-se estar atento a determinadas áreas frágeis da pele como: pregas e sulcos naturais do corpo, sulco submamário. Em tais regiões, a penetração do ácido mais precoce e, se mal controlado, o peeling pode levar a hiperpenetração nestas regiões 11. Em baixas concentrações (5% a 15%), o ácido glicólico diminui a força de coesão dos corneócitos, especialmente nas porções mais inferiores do estrato córneo. Em altas concentrações (50% a 70%), possui efeitos menos específicos e mais profundos, tais como a diminuição da força de coesão dos queratinócitos, a produção da epidermólise total e alterações, como impacto na derme papilar e reticular, podendo conduzir a alterações dérmicas, incluindo neoformação de colágeno 9. Cabe ao Tecnólogo em Estética informar ao paciente o que significa peeling com ácido glicólico, como ele age na pele, o que pode produzir de limites e benefícios do método. Procurase informar os efeitos do ácido glicólico no nível superficial da camada cutânea (com a possibilidade de removê-la de forma delicada e sem produzir nenhum dano visível à pele), também mostrar que é um peeling com características de revitalização da pele por causar vasodilatação dérmica e trazer nutrientes

8 para o sistema de fibroblastos, o que pode promover a reestruturação da camada epidérmica da pele 9. Se há a necessidade de estimulação profunda da pele, em caso de rugas, flacidez da pele, estrias e se a pele for clara, classificada dentro dos tipos I e II da classificação de Fitzpatrick, é possível estimular até obter eritemas de diversas tonalidades. Nesse caso, estimulação da pele é a produção da vasodilatação na camada dérmica e com isso, consegue-se ativar a nutrição da pele e, conseqüentemente, melhorar sua textura, volume e elasticidade. Lembrando que as reações e estimulações com o ácido glicólico são individuais e obedecem a algumas variáveis: idade, estado nutricional, gravidade das lesões, assiduidade dos pacientes aos procedimentos e o cumprimento do programa de tratamento são fatores determinantes dos resultados 11. Existem contra-indicações absolutas relativas ao peeling de ácido glicólico. As absolutas são; pele com algum tipo de ferimento (cicatrizes recentes, período pós-operatório imediato de peelings profundos, lesões ativas de herpes, zoster, etc. As contra-indicações relativas são as condições clínicas pela pele altamente sensível, peles com presença de eritemas (provocadas pelo uso de medicações agressivas como o ácido retinóico em grandes concentrações, hidroquinona em formulações agressivas, pacientes com uso de formulações contendo esfoliantes como resorcina, ácido salicílico e outros. Pacientes que apresentam eritema solar ou realizaram depilação com uso de cera quente ou qualquer outro método agressivo, devem ter contra-indicação ao peeling com ácido glicólico até que recupere suas condições de integridade. É desaconselhável a exposição solar ou o uso de medicações irritantes na pele nas 72 horas que sucedem o tratamento 9. Com base na legislação vigente regulamentada pela ANVISA, através do parecer técnico n 7, de 28 de setembro de 2001 (atualizado em 16/02/2006), orienta quanto ao modo de utilização dos peelings, se referindo aos cuidados na aplicação diária, os quais são chamados de adaptação ou climatização 12. Segundo a ANVISA E CATEC, a utilização de alfa-hidroxiácidos (AHA) deverá ter em produtos cosméticos sua concentração máxima permitida limitada a 10%, calculada de forma ácida, em ph maior ou igual a 3,5. Entre as orientações da ANVISA recomenda-se a aplicação de pequenas quantidades do produto, durante a primeira semana de uso, em dias alternados 12.

9 Resultados Relevantes na bibliografia pesquisada utilizado o Ácido Glicólico O mecanismo pelo qual o ácido glicólico exerce sua influência sobre o tratamento das estrias é similar ao mecanismo de ação do ácido ascórbico que é outro derivado dos AHA e tem ação comprovada com estimulador na produção de colágeno 11. O ácido glicólico atua pelo fato de aumentar a síntese de glicosaminoglicana, uma proteína multiramificada que possui propriedade de fixar a molécula H2O em suas ramificações. Por esse fato é possível reter água no interior da derme o que contribui para aumentar o turgor e com isso conseguir uma diminuição das estrias 9. Segundo Schoeder apud Fandos (2004) uma pesquisa realizada em laboratório nos Estados Unidos mostrou que fibroblastos humanos incubados na presença do ácido glicólico foram estimulados a produzir colágeno 9, 11. Com um número pequeno de sessões,em um estudo realizado por Medina (2005) com ácido glicólico gel 50% observou-se que houve uma redução dos traços lineares da estrias, porém macroscopicamente foram observados traços leves das estrias. O autor acredita que a resposta poderia ser mais positiva se houvesse continuidade ao tratamento 3. Segundo Schoeder (2007), no que diz respeito às alterações histológicas, foi apresentado em um Congresso de Viena, em junho de 1993, um tratamento para estrias com ácido glicólico, revelando que ocorreu de 30% a 50% o aumento da espessura da epiderme, e 20% a 50% o aumento da espessura da derme. Encontraram-se fibras elásticas fragmentadas e aparentemente alinhadas na derme reticular, houve também um aumento das bandas de colágeno 9. Resultados relevantes da bibliografia pesquisada utilizando a associação da Corrente Galvânica com o Ácido Glicólico Em estudo de caso feito por Schoeder (2007) observou-se que a associação da corrente galvânica com o ácido glicólico a 30% obteve resultados satisfatórios na textura e coloração das estrias 9. Em estudo de caso realizado por Murara (2009) foi observado que os dois tratamentos associados, sendo o ácido glicólico a 70%, obtiveram uma melhora significativa no aspecto da aparência da estria. Devido a um processo inflamatório local mais eficiente, pois ao se estimular a estria com maior

10 intensidade, há um aumento na irritação do local da aplicação, estimulando uma maior vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, propiciando um aumento da permeabilidade à passagem de células que facilitam a regeneração da pele estriada 8. Considerações Finais A corrente galvânica comprovadamente interfere no aspecto das estrias, através da regeneração tecidual. Sendo que o fibroblasto possui baixa capacidade para replicação das células que pode ser modificada através de estímulos controlados. Na estria, o estímulo elétrico pode estimular a duplicação dos fibroblastos bem como as fibras e substâncias produzidas pela mesma, as fibras colágenas sofrem algum tipo de reorientação. A técnica de galvanopuntura provoca a perfuração na pele causada pela agulha e pode finalizar com recuperação da estria, restituindo sua arquitetura original 8,9. Pode-se afirmar que o ácido possui uma marcada ação superficial, (em baixas concentrações até 15%) e uma ação profunda (altas concentrações até 70%) que é caracterizada pela produção da epidermólise total e alterações que podem ser chamadas de impacto da derme reticular e papilar, podendo ocorrer alterações dérmicas, incluindo a formação de colágeno 9. Com base em estudos, o peeling corporal com ácido glicólico é de fácil aplicação, pois a estrutura superficial da pele do corpo (tronco e membros), em geral, é resistente ao ácido glicólico por longo tempo, mesmo em altas concentrações 9. De acordo com a ANVISA o Tecnólogo em Estética é autorizado a usar cosméticos em concentrações de 10% 12. O ácido glicólico em concentrações a 10% não apresenta os resultados favoráveis utilizado como tratamento isolado nas estrias, age somente como esfoliante, promove uma remoção de corneócitos (células mortas) da camada superior da epiderme permitindo que as células mais jovens migrem para a superfície. Fator que auxilia na renovação epitelial, melhorando o aspecto e a qualidade da pele, porém o aspecto da estria não muda significativamente 8. A formação do Tecnólogo em Estética através das matérias como: Aspectos Histológicos em Dermatologia Cosmética, Farmacologia Cosmética, Cosmetologia e Estética, Tecnologia Avançada em Cosméticos possibilita maior conhecimento técnico e preparação embasada para utilização desses recursos

11 com segurança e em concentrações cosméticas superiores as autorizadas, aumentando assim confiabilidade e qualidade na aplicação. Os estudos envolvendo a condensação e confrontando as respostas destes estímulos também visam melhor qualificação profissional. Após análises dos resultados encontrados percebeu-se que ambos os tratamentos mostraram melhoramento no aspecto e diminuição das estrias, porém a associação dos mesmos é mais eficaz, pois promove um processo inflamatório maior com mais rapidez, obtendo assim uma melhora no nivelamento, aspecto e textura da pele tornando-a mais hidratada e com coloração mais uniforme. Nesta pesquisa deixamos a reflexão para novos trabalhos justificando a necessidade de maior concentração e respaldo técnico que o Tecnólogo em Estética recebe gerando maior credibilidade e confiabilidade para utilização desses recursos.

12 Referências 1- MONDO, P. K. S.; ROSAS, R. F. Efeitos da Corrente Galvânica no tratamento de estrias atróficas. Disponível em: http://www.fisiotb.unisul.br/tccs/04b/pat ricia/artigopatriciakochsavimondo.pdf. Acesso: 22/03/ 2010. 2- WHITE, P. A. S.; GOMES R. C. Efeitos da galvanopuntura no tratamento das estrias atróficas. Relato de Caso. Disponível em Fisioterapia Brasil, vol.9, 53-57, fev. 2008. 3- MEDINA, A. C. P.; GIUSTI, H. H. K. D. Estudo comparativo da galvanopuntura e do ácido glicólico em estrias albinas. Disponível em: http://nourau.uniararas.br/pt_br/docume nt/?code=1043 Acesso: 03/06/2010 4- KEDE, M. P. V. SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. Editora Atheneu, São Paulo, 2004. 5- MAIO, M. de Organizador- Tratado de Medicina Estética, 2ª edição, vol. III Capítulo 106 Edição Roca, São Paulo, 2011. 6- YABIKU, F. N. Tratamento de estrias através de microgalvanopuntura, revisão da literatura (monografia). Universidade Estadual do Norte do Paraná. Disponível no Institito Brasileiro de Therapias e Ensino (IBRATE) Curitiba, 2010. 7- BORGES, F. dos S. Dermato-Funcional, Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. Editora Phorte, 2006. 8- MURARA, G. M. de A. G. Aplicação do ácido glicólico a 70% em estrias abdominais associadas ou não a microgalvanopuntura (monografia). Faculdade Estadual de Educação Física e Fisioterapia de Jacarezinho. Disponível no Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino (IBRATE). Curitiba, 2007. 9- SHROEDER, F. Estudo comparativo entre a aplicação de microgalvanopuntura associada ao ácido glicólico com o uso de microgalvanopuntura isolada no tratamento de estrias atróficas (monografia). Disponível em Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino. Curitiba 2007. 10- PENA, D. DE P. O Uso da microgalvanopuntura no tratamento das estrias atróficas (monografia). Revisão da Literatura. Disponível no Instituto Brasileiro de Therapias de Ensino, Londrina, 2009. 11- MAIO, M. de Organizador- Tratado de Medicina Estética, 2ª edição, vol. II. Capítulo 42, Editora Roca, São Paulo, 2011.

13 12- GOMES, R. K; GABRIEL, M. Cosmetologia: descomplicando princípios ativos. 3ª Edição. São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2009.