Erlei Melo Reis, Mateus Zanatta e Carlos Alberto Forcelini OR Melhoramento de Sementes e Universidade de Passo Fundo

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Adição de mancozebe às misturas de fungicidas (triazóis + estrobilurinas e estrobilurinas + carboxamidas) e melhora do controle das manchas foliares do trigo 0 0 0 Erlei Melo Reis, Mateus Zanatta e Carlos Alberto Forcelini OR Melhoramento de Sementes e Universidade de Passo Fundo RESUMO Reis, E. M.; Zanatta, M.; Forcelini, C.A. Adição de mancozebe às misturas de fungicidas (triazóis + estrobilurinas e estrobilurinas + carboxamidas) e melhora do controle das manchas foliares do trigo. As manchas foliares do trigo, causadas por Drechslera siccans, D. tritici-repentis, principalmente, são de difícil controle pelas misturas de fungicidas. Em experimento conduzido no campo com a cultivar de trigo Jadeíte, parcelas de x m, avaliou-se o efeito da adição de fungicida protetor às misturas de fungicidas no controle das manchas foliares. Foi avaliado o efeito das misturas picoxistrobina + ciproconazol, cresoxim metílico + epoxiconazol, azoxistrobina + ciproconazol, piraclostrobina + epoxiconazol, piraclostrobina + fluxapiroxada, trifloxistrobina + protioconazol e azoxistrobina + propiconazol adicionadas de cinco doses de mancozebe, 0;,;,0;, e,0 kg/ha. Os fungicidas foram aplicados em três estádios fenológicos sendo a primeira com 0% de incidência folhar, com um pulverizador costal pressão gerada CO e vasão de 0 L/ha. Foi quantificada a severidade foliar das manchas, calculado o controle, determinado o percentual de clorofila nas folhas-bandeiras e o rendimento de grãos. A média do controle das manchas foliares pelas misturas sem adição do fungicida protetor foi de 0% ( a %). O controle foi melhorado em função da adição das doses de mancozebe em todos os tratamentos. Controle superior a 0% foi obtido com os fungicidas cresoxim metílico + epoxiconazol e piraclostrobina + epoxiconazol, ambas adicionadas de, kg/ha mancozebe. Houve reflexo positivo da melhora do controle no aumento do rendimento de grãos do trigo. Palavras-chave Drechslera siccans, D. tritici-repentis, etilenobisditiocarbamato de manganês, falha de controle, IDM, IQe, ISDH.

0 0 0 ABSTRACT Reis, E. M.; Zanatta, M. Improving control efficiency of wheat leaf blights by adding the protectant fungicide mancozebe to DMI + QoI and QoI + SDHI co-formulations. Wheat leaf blight caused by Drechslera siccans, D. tritici-repentis, especially, difficult to be controlled. In an experiment conducted in the field with wheat cultivar Jadeite, in x m plots, the effect of adding protectant fungicide to strobilurin + triazole mixtures and strobilurins + carboxamides in improving the control of leaf spot was evaluated. The performance of strobilurins + triazoles or carboxamides mixtures (picoxystrobin + cyproconazole, epoxiconazole + kresoxim methyl, azoxystrobin + cyproconazole, pyraclostrobin + epoxyconazole, fluxapyroxade + pyraclostrobin, trifloxystrobin + prothioconazole and azoxystrobin + propiconazole) added by five rates of mancozeb, 0;.;.0;. and.0 kg/ha were evaluated. Fungicides were applied in three growth stages, the first with 0% leaf incidence, with a knapsack sprayer pressurized by CO, delivering 0 L/ha. Leaf blights severity, control, chlorophyll content, and yield grain of wheat were assessed. The mean control of leaf blights mixtures without the addition of protectant fungicide was 0%. The blights control was improved by the addition of mancozeb rates for all treatments. Controls over 0% was obtained with kresoxim methyl + epoxiconazole, pyraclostrobin + epoxiconazole both added at least of.0 kg mancozeb. The control improvement had also effect on increasing wheat grain yield. Key words control failure, Drechslera siccans, D. tritici-repentis, manganese O consumo anual de trigo (Triticum aestivum L.) no Brasil está estimado em milhões de toneladas. A produção nacional, na safra 0, foi de. milhões de toneladas. A diferença entre o consumo e a demanda é coberta por importações (Conab, 0). As doenças causadas por fungos mais comuns em trigo são o oídio, a ferrugem da folha, as manchas foliares, a giberela e a brusone (Reis e Casa, ). As manchas foliares são causadas por fungos necrotróficos Bipolaris sorokiniana (Ito & Kurib.) Drechsler ex Dastur, Drechslera siccans (Died.) Schoem., D. tritici-

0 0 0 repentis (Died.) Schoem. e Stagonospora nodorum (Berk) Berk. Destes, predominam na Região Sul, Drechslera spp. (Reis e Casa, ; Tonin et al., 0). Os sintomas da mancha amarela iniciam com uma pontuação parda-escura, de aproximadamente mm de diâmetro, logo evolui apresentando um proeminente halo amarelo de forma elítica que aumenta de tamanho atingindo até,0 cm de comprimento. O ponto central pardo-escuro evolui pouco de tamanho e permanece distinto até a senescência das folhas. Quando a área foliar verde é completamente morta pela doença, os pontos escuros, quer marcaram o sítio de infecção, ainda são identificáveis. Em plantas com a totalidade das folhas mortas os sintomas de ponto central escuro no centro da mancha e halo elítico amarelecido são visíveis nas bainhas foliares ainda verdes. Os agentes causais das manchas foliares tem como característica comum serem transmitidos por sementes, e após a colheita, sobreviverem saprofiticamente nos restos culturais, no Sul do Brasil, por até meses (Reis et al, ). Os danos das manchas causadas por Drechslera spp. chegam até % e podem ser estimados pelo função y = 000, IF, onde y é o rendimento de grãos normalizado para 000 kg/ha e IF a incidência foliar (Casa et al., ). As medidas de controle das manchas foliares incluem a produção de sementes em lavouras com rotação de culturas, tratamento de sementes com fungicidas e doses eficientes e a aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos. O indicador da primeira aplicação é o limiar de dano econômico e as demais devem ser feitas a intervalos de 0 a dias (Indicações ou Reunião, 0.). A partir da safra 00, produtores e técnicos tem reclamado da dificuldade de controle das manchas foliares do trigo por fungicidas (Stolte, 00). Tonin (0) demonstrou que a redução da sensibilidade de Drechslera spp. as estrobilurinas e triazóis com exceção da piraclostrobina podem explicar a dificuldade de controle. A média de controle das manchas foliares do trigo tem sido inferior a 0%. Certamente que com essa baixa eficiência não cobre da aplicação de fungicidas com reflexo negativo no rendimento de grãos de trigo (Tonin et al., 0). Formulou-se a hipótese de que devido a redução da sensibilidade dos fungos aos fungicidas, a adição de fungicida protetor, não penetrante, multissítio, pode contribuir para melhorar o controle das manchas foliares do trigo atualmente com 0% de controle (...)

0 0 0 Este trabalho teve como objetivo quantificar os efeitos da adição de fungicida protetor/multissítio às misturas atualmente utilizadas pelos produtores no controle de manchas foliares do trigo. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no campo experimental da Faculdade de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (latitude o S, longitude o W e altitude m a.n.m.) entre os meses de junho a dezembro de 0. Utilizou-se a cultivar de trigo Jadeíte, suscetível às manchas foliares, em plantio direto em área com rotação de cultura com aveia preta (Avenas trigosa Schreb.) cultivada no inverno anterior. Tratamento de sementes: As sementes foram tratadas com os inseticidas imidacloprido (Gaucho) e fipronil + piraclostrobina (Standak Top) na dose de 0, L + 0, L para 00 Kg de sementes, respectivamente. A semeadura foi realizada no dia de junho de 0. O redutor de crescimento, Modus, na dose de 00 ml/ha, foi aplicado no estádio (Zadoks). Os demais tratos culturais observados foram de acordo com as Indicações da pesquisa (0). Adubação na linha de semeadura: Utilizou-se 00 kg/ha do adubo formulado 0-0-0 (N-P O-KO). Adubação de cobertura: Procedeu-se uma aplicação de nitrogênio usando como fonte o Super N, 0 kg/ha (%N e %S), no estádio fenológico primeiro nó visível (Zadoks et al., ). Em virtude da estiagem ocorrida neste período não foi possível fazer o parcelamento da dose de nitrogênio em duas aplicações, atrasando assim a aplicação de adubação de cobertura. Fungicidas. Os fungicidas testados foram: epoxiconazol (%) + piraclostrobina (%) (Abacus SC 00 ml/ha), ciproconazol (%) + picoxistrobina (0%) (Aproach Prima 00 ml/ha), azoxistrobina (0%) + benzovindiflupir (%) (Elatus 00 ml/ha), protioconazol (,%) + trifloxistrobina (%) (Fox SC - 00 ml/ha), epoxiconazol (.%) + cresoxim metílico (,%) (Guapo SC 00 ml/ha), fluxapiraxada (,%) + piraclostrobina (,%) (Orkestra SC 00 ml/ha), ciproconazol (%) + azoxistrobina (0%) (Priori Xtra SC 00 ml/ha), azoxistrobina

0 0 0 (%) + propiconazol (%) (Priori + Tino 00 ml/ha), adicionados a mancozebe nas doses de 0,,,,0,,, e,0 kg/ha) (Unizeb Gold WG). Foram programadas três aplicações, sendo a primeira realizada no estádio de elongação do colmo (: Terceiro nó visível) a segunda aplicação no estádio de emborrachamento (: bainha da folha bandeira se expandindo) e a terceira aplicação realizada no estádio de antese (: início de antese). O intervalo foi de dias entre a primeira e a segunda aplicação, dias entre a segunda e a terceira aplicação e dias entre a terceira e a quarta aplicação. Tecnologia e aplicação: As aplicações foram realizadas utilizando um pulverizador costal de precisão com pressão constante gerada por gás CO provido de tanque com capacidade de um litro (garrafas descartáveis pets). A barra foi equipada com quatro pontas modelo DG TeeJet 00 espaçadas a 0, m. O volume de calda aplicado foi de 0 L/ha. Nas pulverizações a barra foi posicionada a uma altura de 0 cm acima do dossel das plantas, de forma a proporcionar cobertura completa e uniforme Unidades experimentais e repetições. Parcelas de, x,0 m, quatro repetições. Delineamento experimental: O experimento foi implantado em parcelas segundo esquema fatorial (com e sem mancozebe x sete misturas) no delineamento em blocos casualizados (DBC). Avalições das mancas foliares. Etiologia. Foram coletadas folhas contendo manchas foliares e levadas ao laboratório onde foi preparada câmara úmida de segmentos foliares contendo uma mancha. Esse material foi acondicionado em caixas de acrílico ( x x, cm de altura) contendo uma camada de espuma de náilon de mm coberta com um lâmina de papel de filtro Whatman n o. e mantidas a o C e fotoperíodo de h. Foram analisadas 00 manchas, pós horas de incubação, sob microscópio estereoscópico a 0 x de magnitude. Severidade das manchas foliares. Foram destacadas as três folhas superiores, do colmo principal de 0 plantas/parcela. No laboratório foi avaliada a severidade estimada de 0 a 00% da área foliar necrosada.

0 0 Teor de clorofila. O teor relativo de clorofila foi obtido com um clorofilômetro (SPAD-0, Minolta, Osaka, Japão) (Minolta ), que estima a percentagem de clorofila na lâmina foliar. Foram feitas leituras em 0 folhas bandeiras por parcela. Rendimento de grãos. O rendimento grãos foi obtido pela colheita mecânica com colhedora das parcelas Wintersteiger colhendo-se a área da parcela de, m em de novembro. Análise dos dados: Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a % para a variável doença e pelo teste de Duncan a % para o rendimento de grãos. RESULTADOS E DISCUSSÃO As manchas foliares ocorreram naturalmente na área experimental. As parcelas que não receberam tratamento fungicidas apresentaram % de severidade. A incidência dos fungos causadores de manchas foliares foram 0% de D. tritici-repentis e % de B. sorokiniana. Severidade das manchas foliares. A severidade nas parcelas tratadas com as misturas sem adição de mancozebe, foi de % para o epoxiconazol + piraclostrobina, % para o fluxapiraxada + piraclostrobina, % para o epoxiconazol + cresoxim metílico, % para o protioconazol + trifloxistrobina, % para o azoxistrobina + propiconazol, % para o ciproconazol + picoxistrobina a e % para o azoxistrobina + benzovindiflupir (Tabela ). A alta severidade nos tratamentos é uma evidência da dificuldade de controle das manchas por essas misturas (Tonin,.0). Por outro lado, na média marginal do efeito de doses do mancozebe, a severidade foi reduzida pela adição de doses do protetor a todas as misturas. A severidade média das misturas foi de,,, e % para as doses de mancozebe respectivamente de 0,0,,,,0,, e,0 kg/ha (Tabela ). A menor severidade das manchas foliares foi quantificada nas parcelas de trigo tratadas com epoxiconazol + piraclostrobina adicionadas de, e,0 kg/ha de mancozebe com e % de severidade respectivamente (Tabela ). 0

Tabela. Efeito da adição de mancozebe às misturas de triazóis com estrobilurinas na severidade de manchas foliares do trigo cultivar Jadeíte. UPF, 0 Tratamentos Severidade (%) Adição de mancozebe (kg/ha) 0,0,,0,,0 Média Mancozebe A * a B a B C a C 0 a D a Picox+cipro A c B b B cd B b B Cresoxi+epo A de B bc B C de B C cd C Azoxi+cripro A b B a C b C a C a Pira+epoxi A e B c C e C d C d Pira+fluxa A de A bc B cd B bc B B Azoxi+benzo A b B a B 0 ab B a B a Triflo+protio A de B bc B cd b B bc B e c Azoxi+propi A cd B b B c B b B 0 b Média C.V.(%), Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a %. Letras minúsculas comparam as médias nas linhas e as maiúsculas nas colunas. *Testemunha sem aplicação de fungicida. b c c d b c 0 Controle das manchas foliares. Na média marginal de controle houve uma aumento crescente de 0,,, até 0% para as doses de mancozebe de 0,,,,0,, e,0 kg/ha, respectivamente (Tabela ). Aumentos no controle superiores a 0% foram obtidos pela adição de,,,0,, e,0 kg/ha, de mancozebe ao epoxiconazol + piraclostrobina, de,0,, a,0 kg/ha ao epoxiconazol + cresoxim metílico e de, a,0 kg/ha ao protioconazol (,%) + trifloxistrobina (%) (Tabela ). As misturas que menos responderam a adição do mancozebe foram o ciproconazol (%) + azoxistrobina (0%) com um máximo de % de controle e do azoxistrobina + benzovindiflupir com % de controle (Tabela ).

0 0 Tabela. Efeito da adição de mancozebe às misturas de triazóis com estrobilurinas no controle da severidade de manchas foliares do trigo cultivar Jadeíte. UPF, 0 Controle (%) Tratamentos Adição de mancozebe (kg/ha) 0,, Média Mancozebe - Picox+cipro Cresoxi+epo Azoxi+cripro Pira+epoxi Pira+fluxa Azoxi+benzo 0 Triflo+protio Azoxi+propi Média 0 0 Testemunha sem aplicação de fungicida % de severidade. Teor de clorofila. Tem sido frequentemente observado que a aplicação de alguns fungicidas como a piraclostrobina e o mancozebe resultam numa cor verde mais intensa das folhas das plantas tratadas (Fagan et al., 00). Reis e Floss (0) demonstram que o efeito de fungicidas carbamatos (manebe e mancozebe) em aumentar a cor verde no trigo foi atribuído ao efeito do manganês. Quanto ao efeito das misturas aplicadas sem adição de mancozebe o menor teor de clorofila foi determinado no tratamento com ciproconazol (%) + azoxistrobina (0%) e com 0% o maior para o epoxiconazol + piraclostrobina com %. Por outro lado, a mistura que apresentou maior resposta da adição do mancozebe no aumento do teor de clorofila nas folhas de trigo foi o cresoxim metílico + epoxiconazol com,, e 0% de clorofila para as doses de,,,0,, e,0 kg/ha de mancozebe respectivamente (Tabela ). Comparando o teor de clorofila nas parcelas com ciproconazol + azoxistrobina (sem mancozebe) de 0% e no epoxiconazol + cresoxim metílico de 0% (,0 kg/ha de mancozebe), houve um aumento de 0% no teor de clorofila nas folhas de trigo (Tabela ).

0 Observa-se que algumas misturas contendo estrobilurinas, e sem a adição de mancozebe, como o cresoxim metílico (%) ou a piraclostrobina (%), aumentaram o teor de clorofila nas folhas de trigo (Tabela ). O aumento no teor de clorofila pode ter influência no rendimento de grãos independentemente do controle das manchas pelos fungicidas. Tabela. Efeito de Unizeb Gold no teor de clorofila em trigo cultivar Jadeíte. UPF, 0 Clorofila (%) Tratamentos Adição de mancozebe (kg/ha) 0,, Média Mancozebe, d Picox+cipro 0 0 0 bc Cresoxi+epo 0 a Azoxi+cripro 0 0 cd Pira+epoxi a Pira+fluxa a Azoxi+benzo 0 cd Triflo+protio 0 b Azoxi+propi 0 b Média C B AB AB AB C.V. (%), Médias de quatro repetições, determinação em 0 folhas por parcela, médias seguida pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem pelo teste de Tukey a %. Efeito de doses do fungicida protetor no rendimento de grãos. Quanto ao efeito marginal das doses de mancozebe, o rendimento de grãos foi de,,, 0 e kg/ha para as doses de 0,,,,0,,, e,0 kg, respectivamente. Em relação ao fungicida, o menor rendimento foi obtido com a aplicação de mancozebe isolado com kg/ha e maior foi obtido com a aplicação de epoxiconazol + cresoxim metílico de kg/ha (Tabela ). Comparando o rendimento de grãos na testemunha com o de cresoxim + epoxiconazol o aumento foi de,% 0

0 Tabela. Respostas da adição de mancozebe às misturas de fungicidas no rendimento de grãos na cultura do trigo, safra 0, UPF Passo Fundo, RS Rendimento de grãos (Kg/ha) Tratamentos Adição de Unizeb Gold kg/ha. 0,, Média Mancozebe B 0 c A c A d A d A 0 d Picox+cipro A ab A bc A cd A cd A 0 cd 0 Cresoxi+epo C a BC a AB a AB a A 00 a Azoxi+cripro A b A abc A bcd A cd A cd Pira+epoxi B 00 ab AB a AB 0 ab A ab A 0 ab 0 Pira+fluxa A ab A 0 abc A abc A 0 bc A bc 0 Azoxi+benzo A 0 ab A bc A 0 bcd A 0 cd A bc Triflo+protio B ab AB 0 ab AB ab AB abc A ab Azoxi+propi A ab A abc A abc A c A 0 bc Média C BC AB A 0 A C.V. (%):. Médias de quatro repetições, médias seguida pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem pelo teste de Tukey a %. 0 0 As chuvas foram mal distribuídas havendo um excesso no mês de julho, quando a cultura foi estabelecida e déficit em agosto, impedindo a aplicação correta da segunda dose de nitrogênio em cobertura. A precipitação pluvial acumulada durante o ciclo do trigo (semeadura em de junho e colheita em de novembro de 0) foi de.00 mm. Considerando o controle obtido das manchas foliares, verifica-se que com esse montante de chuva não houve evidência da remoção do fungicida protetor. REFERÊNCIAS. Conab. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, V. Safra 0/. N.. Décimo Segundo Levantamento, setembro. 0. Disponível em: http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/_0 0 0_bol etim_graos_setembro_0.pdf. <. Acesso em 0 de novembro de 0.. Fagan, E.B.; Dourado Neto, D.; Vivian, R,; Franco, R.B.; Yeda, M.P. Massignam, L.F.; Oliveira, R. F.; Martins, K.V. Efeito da aplicação de piraclostrobina na taxa fotossintética, respiração, atividade da enzima nitrato redutase e produtividade de

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