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Transcrição:

CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO RECOMENDADAS PARA OS CERRADOS DO MEIO- NORTE DO BRASIL José Lopes Ribeiro (1), Eleusio Curvelo Freire 2), Francisco José Correia Farias 2), Francisco Pereira de Andrade (2), Joaquim Nunes da Costa (2), José da Cunha Medeiros (2), João Cecílio Farias de Santana (2). (1) Embrapa Meio-Norte, Caixa Postal 01, 64006-220, Teresina, PI, jlopes@cpamn.embrapa.br; (2) Embrapa Algodão, Caixa Postal 174, 58107-720, Campina Grande, PB. RESUMO As cultivares CNPA ITA 90, BRS Aroeira, BRS Sucupira e BRS Ipê foram desenvolvidas pela Embrapa Algodão e testadas pela Embrapa Meio-Norte nos municípios de Palmeira do Piauí, Bom Jesus e Baixa Grande do Ribeiro, no Piauí, e em Tasso Fragoso, Sambaíba, São Raimundo das Mangabeiras e Brejo, no Maranhão. Em quinze ensaios a cultivar CNPA ITA 90 iniciou o florescimento aos 61 dias, os primeiros capulhos apareceram aos 115 dias e apresentou uma produtividade de 3.251 kg/ha de algodão em caroço. A cultivar BRS Aroeira foi avaliada em dez ensaios e iniciou florescimento aos 60 dias, primeiros capulhos aos 112 dias e produtividade de 3.583 kg/ha de algodão em caroço. A cultivar BRS Sucupira iniciou florescimento aos 60 dias, os primeiros capulhos apareceram aos 112 dias e produtividade média de 3.126 kg/ha de algodão em caroço. Em nove ensaios a cultivar BRS Ipê iniciou florescimento em média aos 59 dias, os primeiros capulhos apareceram aos 114 dias e produtividade média de 3.138 kg/ha de algodão em caroço. As cultivares CNPA ITA 90, BRS Aroeira, BRS Sucupira e BRS Ipê apresentam potencial para cultivo em escala comercial nos cerrados do Meio- Norte do Brasil. INTRODUÇÃO O processo de indicação de cultivares é dinâmico e contínuo. Segundo Costa et al. (1997), periodicamente, a pesquisa recomenda novas cultivares em substituição àquelas que estão sendo utilizadas pelos agricultores. Vieira et al. (1997) relatam que vários fatores devem ser levados em consideração no processo de seleção de cultivares para plantio numa determinada região, dentre outros, o ciclo reprodutivo da cultivar deve estar entre os fatores mais relevantes. No entanto, para Carvalho et al. (1995), a importância de se conduzir em ensaios de avaliação de cultivares em diferentes ambientes se deve ao fato de que existem cultivares que respondem mais ou menos à melhoria do ambiente e outras são mais estáveis em ambientes desfavoráveis. Com o objetivo de avaliar genótipos de algodoeiro herbáceo na região dos cerrados do Meio- Norte do Brasil, a Embrapa realizou trabalhos de pesquisas no período de 1999 a 2002 para selecionar cultivares adaptadas às condições da região. MATERIAL E MÉTODOS Avaliaram-se as cultivares CNPA ITA 90, BRS Aroeira, BRS Sucupira e BRS Ipê, desenvolvidas pela Embrapa Algodão e testadas pela Embrapa Meio-Norte, nos cerrados do sudoeste piauiense, sul e leste maranhense. Os ensaios foram conduzidos nos municípios de Palmeira do Piauí, Bom Jesus e Baixa Grande do Ribeiro, no Piauí, e em Tasso Fragoso, Sambaíba, São Raimundo das Mangabeiras e Brejo, no Maranhão, nos anos de 1999, 2000, 2001 e 2002. O delineamento adotado foi o de blocos ao acaso, quatro repetições, parcela experimental formada por quatro linhas de 5,0 m de comprimento no espaçamento de 0,80 m entre linhas, com

sete plantas por metro linear, sendo a área útil formada por duas linhas centrais (8,00 m 2 ). Usaramse em fundação 20 kg/ha de N, 120 kg/ha de P 2 O 5, 60 kg/ha de K 2 O e 30 kg/ha de FTE BR 12, complementados por duas adubações de cobertura 50 kg/ha de N e 30 kg/ha de K 2 O, aos 30 e 50 dias após a semeadura. Foram avaliadas as características floração inicial, aparecimento dos primeiros capulhos, peso médio de capulho, altura de planta e produtividade de algodão em caroço em kg/ha. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos mostraram que as cultivares abaixo foram as mais promissoras para cultivo na região Meio-Norte do Brasil. CNPA ITA 90: Em quinze ensaios de avaliação de genótipos esta cultivar apresentou uma produtividade média de 3.251 kg/ha de algodão em caroço, o que corresponde a acréscimos de rendimento da ordem de 25% e 30%, respectivamente, em relação às cultivares BRS 187 8H e BRS 186 Precoce 3 (Tabela 1). As plantas dessa cultivar iniciam o florescimento em média aos 61 dias, os primeiros capulhos aparecem em média aos 115 dias. Segundo Freire & Farias (1998), a cultivar CNPA ITA 90 é originária do composto formado pela mistura de treze plantas selecionadas na cultivar Deltapine Acala 90, submetidas a três ciclos de seleção massal para resistência a virose (Mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito). Possui hábito de crescimento indeterminado, apresenta resistência ao acamamento e deve ser cultivadas com uma densidade populacional entre 70 e 90 mil plantas por hectare. É adaptada à colheita mecanizada, tolerante à seca e percentagem de fibra de 38%. Na região Meio-Norte do Brasil, a cultivar CNPA ITA 90 possui ciclo, em média, de 150 a 160 dias. É altamente suscetível à virose, moderadamente suscetível à bacteriose, murcha de fusarium e mancha angular. Possui resistência à mancha-de-stemphyllium e moderadamente resistente à mancha-de-alternária, a nematóides e a ramulose. O controle do pulgão deve ser iniciado antes que o nível de dano chegue a 10% de plantas com presença dos insetos. Nas demais pragas, recomenda-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa cultivar é recomendada para produtores altamente tecnificados. BRS Aroeira: A cultivar BRS Aroeira é originária da linhagem BRS 96-1202, possui hábito de crescimento indeterminado, resistência ao acamamento e a densidade populacional recomendada é de 110 mil plantas por hectare. Adaptada à colheita mecanizada, apresenta suscetibilidade à seca e sua porcentagem de fibra é de 37,5%, comprimento de fibra de 29,4 mm e finura de fibra de 4,1 µg/in. Em dez ensaios de avaliação de genótipos a cultivar BRS Aroeira apresentou uma produtividade média de 3.583 kg/ha de algodão em caroço, o que corresponde a acréscimos de rendimento da ordem de 38% e 43%, respectivamente, sobre as cultivares BRS 187 8H e BRS 186 Precoce 3. As plantas dessa cultivar iniciam o florescimento em média aos 60 dias, os primeiros capulhos aparecem em média aos 112 dias, a altura média de plantas é 107 cm e o peso médio de capulho 5,5 g (Tabela 1). No Meio- Norte do Brasil, a cultivar BRS Aroeira possui ciclo em média de 150 a 160 dias. É resistente a virose, bacteriose, doença azul e à ramulose. É moderadamente resistente à mancha-de-alternaria, manchade-stemphyllium e a nematóides. Suscetível à murcha de fusarium e à murcha de verticillium. Deve-se fazer o controle de pulgão no nível de 60% das plantas com colônias. Nas demais pragas recomendase o Manejo Integrado de Pragas - MIP. Essa cultivar é recomendada para produtores que utilizam nível tecnológico de médio a alto. BRS Sucupira: Em dez ensaios de avaliação de genótipos a cultivar BRS Sucupira apresentou uma produtividade média de 3.126 kg/ha de algodão em caroço, o que corresponde a acréscimos de rendimento da ordem de 20% e 25%, respectivamente, em relação às cultivares BRS 187 8H e BRS 186 Precoce 3. As plantas dessa cultivar iniciam o florescimento em média aos 60 dias, os primeiros capulhos aparecem em média aos 112 dias, apresenta altura média de plantas de 109 cm e peso médio de capulho de 5,3 g (Tabela 1). Essa cultivar é originária da linhagem BRS 97-700, possui hábito de crescimento indeterminado e apresenta resistência ao acamamento. A densidade populacional é de 110 mil plantas por hectare, adaptando-se à colheita mecanizada. Possui percentagem de fibra de

39%, comprimento de fibra de 30,4 mm e finura de fibra de 3,9 µg/in. No Meio-Norte do Brasil, a cultivar BRS Sucupira possui ciclo em média de 150 a 160 dias. É resistente a viroses, bacteriose, doença azul e a ramulose. É moderadamente resistente à mancha-de-alternaria e a mancha-destemphyllium. Suscetível à murcha-de-fusarium, murcha-de-verticillium e a nematóides. Deve-se fazer o controle de pulgão no nível de 60% das plantas com colônias. Nas demais pragas recomenda-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A cultivar BRS Sucupira é recomendada para produtores que adotam nível tecnológico de médio a alto. BRS Ipê: Em nove ensaios de avaliação de genótipos, esta cultivar apresentou uma produtividade média de 3.138 kg/ha de algodão em caroço, o que corresponde a acréscimos de rendimento da ordem de 21% e 26%, respectivamente, em relação às cultivares BRS 187 8H e BRS 186 Precoce 3. As plantas desta cultivar iniciam o florescimento em média aos 59 dias, os primeiros capulhos aparecem em média aos 114 dias, a altura média de plantas é de 111 cm e o peso médio de capulho de 5,4 g (Tabela 1). A cultivar BRS Ipê é originária da linhagem BRS 97-2046, possui hábito de crescimento indeterminado, apresenta resistência ao acamamento e recomenda-se uma densidade populacional de 110 mil plantas por hectare. É adaptada à colheita mecanizada, apresentando tolerância à seca, percentagem de fibra de 38,5%, comprimento de fibra de 29,7 mm e finura de fibra de 4,2 µg/in. No Meio-Norte do Brasil, a cultivar BRS Ipê possui ciclo em média de 150 a 160 dias. É suscetível a viroses, nematóides, murcha-de-verticillium, murcha de fusarium e à doença azul. Apresenta resistência à ramulose e à mancha-de-stemphyllium. O controle do pulgão deve ser iniciado antes que o nível de dano chegue a 10% de plantas com presença dos insetos. Nas demais pragas recomenda-se o Manejo Integrado de Pragas (MIP). A cultivar BRS Ipê é recomendada para produtores que adotam alto nível tecnológico. CONCLUSÃO As cultivares CNPA ITA 90, BRS Aroeira, BRS Sucupira e BRS Ipê apresentam potencial para cultivo em escala comercial nos cerrados da região Meio-Norte do Brasil.

Tabela - 1. Características agronômicas e tecnológicas de quatro cultivares de algodoeiro herbáceo recomendadas para o Meio-Norte do Brasil. Cultivar recomendada Cultivar testemunha Característica CNPA ITA BRS BRS BRS BRS 186 BRS 187 90 Aroeira Sucupira Ipê Precoce 3 8H Rendimento (kg/ha) 1 3.251 3.518 3.126 3.138 2.491 2.599 Rendimento (%) 1 125 138 120 120 95 100 Prod. de fibra (kg/ha) 1 1.235 1.358 1.219 1.219 947 1.006 Floração inicial (dia) 1 61 60 60 59 57 59 Primeiros capulhos (dia) 1 115 112 112 114 110 114 Altura média (cm) 1 104 107 109 111 92 105 Peso de capulho (g) 1 5,4 5,5 5,3 5,4 5,9 6,3 Percentagem de fibra (%) 2 38 37,9 39 38,5 38 38,7 Finura HVI 3 3,8 4,1 3,9 4,2 4,1 4,5 Resistência HVI-gf/tex 3 30,2 27,9 30,3 28,8 22,0 24,2 Comprimento HVI mm 3 29,3 29,4 30,4 29,7 29,9 28,1 Fiabilidade HVI 3 2.199 2.136 2.167 2.078 2.308 2.212 Hábito de crescimento 2 Indeterm. Indeterm. Indeterm. Indeterm. Determinado Indeterm. População mil/plantas/ha 2 75 a 90 110 110 110 75 a 100 50 Ciclo 2 Tardio Tardio Tardio Tardio Precoce Médio Nível tecnológico 2 Alto Médio/Alto Médio/Alto Alto Médio Médio Tolerância à seca 2 Tolerante Suscetível Tolerante Tolerante Tolerante Tolerante Adaptação à colheita mecanizada 2 Sim Sim Sim Sim Sim Não Resistência ao acamaneento 2 Resistente Resistente Resistente Resistente Tolerante Tolerante Manejo de pulgão (%) 4-10 60 60-10 60 60 Resistência a Doenças 2 Bacteriose MS Resistente Resistente MR Resistente MR Doença Azul (MNFRB) - Resistente Resistente Suscetível - Resistente Murcha de Fusarium MS Suscetível Suscetível Suscetível Suscetível Suscetível Mancha angular MS - - - Resistente - Mancha de alternária MR MR MR - Suscetível - Mancha de Stemphyllium Resistente MR MR Resistente Resistente MR Murcha de Verticillium - Suscetível Suscetível Suscetível - Suscetível Nematóides MR MR Suscetível Suscetível - - Ramulose MR Resistente Resistente Resistente MR MS Viroses AS Resistente Resistente Suscetível Resistente Resistente Doença Vermelha - - - MR - - 1 Dados obtidos na região Meio-Norte do Brasil 2 Dados do MAPA Portaria nº 110 de 30 de setembro de 2002 3 Freire, et al (2001) 4 Embrapa (2000) MS = moderadamente suscetível; MR = moderadamente resistente; AS = altamente suscetível REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria Nº 110. de 30 set. 2002. Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 out. 2002. Seção 1. Disponível em: http: www.apps.agr.br/files/cultivaresø2/algodão_port_110_br.htm CARVALHO, L. P.; COSTA, J. N. da.; SANTOS, J. W. dos; ANDRADE, F. P. de; Adaptabilidade e estabilidade em cultivares de algodoeiro herbáceo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 30, p. 207-213, 1995.

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