OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DA ICTIOFAUNA DE ÁGUA-DOCE NO ESTADO DE SANTA CATARINA

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Transcrição:

OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DA ICTIOFAUNA DE ÁGUA-DOCE NO ESTADO DE SANTA CATARINA Autores : Luana Bolsoni BORGES 1 ; Hiago William PETRIS 2 ; Daniel Meneguello LIMEIRA 3 ; Paulo de Almeida CORREIA JR. 4 Identificação autores: 1. Estudante do curso técnico em informática, IFC, Campus Araquari, Bolsista PIBIC- EM/CNPq. 2. Aluno de Ciências Biológicas da UFPR. 3. Professor EBTT de Biologia, IFPR, Campus Telêmaco Borba; 4. Orientador/Professor EBTT de Geografia, IFC, Campus Araquari Introdução Conhecer de forma ampla a biodiversidade de uma determinada região é tarefa difícil, sobretudo em se tratando da fauna de peixes de água doce. Entre as dificuldades para isso, estão o número de bacias hidrográficas jamais inventariadas; a insuficiência no número de pesquisadores e na infraestrutura necessária para amostragens; o reduzido número de inventários efetuados; a dispersão das informações que frequentemente são de difícil acesso e a necessidade de revisão taxonômica para vários grupos (Agostinho et al., 2005). No Estado de Santa Catarina encontra-se semelhante situação. Uma breve busca em bases de dados ou em periódico científicos especializados, mostra como são escassos os trabalhos de levantamento de ictiofauna em corpos d água presentes no estado, tanto costeiros quanto continentais. No entanto, uma metodologia alternativa pode ser usada, que consiste no acesso aos dados de coletas de exemplares. Na ocasião da coleta desse material, diversos dados são gerados, tais como dados de georeferenciamento, climáticos, ambientais, além de informações sobre o próprio exemplar. Nos últimos anos um esforço em informatizar esses dados tem surgido. Como exemplo temos a plataforma do Centro de Referência em Informação Ambiental, Species Link (http://splink.cria.org.br/), que compila dados de coleções biológicas de todo o Brasil. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento de dados de coletas de peixes de água-doce tombados em museus de ictiologia através da ferramenta Species Link do Centro de referência em informação ambiental. Uma vez realizado esse levantamento, os dados foram sistematizados, a fim de que se pudesse obter informações de padrões de diversidade ictiológica, principalmente no interior de unidades de conservação.

Material e Métodos Inicialmente foi elaborada uma lista de espécies de peixes de água-doce que já foram registradas no estado de Santa Catarina, com o auxílio da base de dados Species Link (http://splink.cria.org.br/). Para isso, utilizou-se os descritores Santa Catarina e Actinopterygii. Todos os registros levantados foram analisados um a um e excluídos aqueles que não representavam peixes de água-doce, utilizando como referências Nelson (2006) e Reis et al. (2003). Utilizando dessa lista, foi possível fazer o cálculo do número de ordens, famílias e espécies diferentes de peixes de água-doce que se tem registro de coleta no estado. Os dados de identificação das espécies usam, frequentemente, as siglas aff (usado para quando o identificador sabe que o exemplar não é da referida espécie, mas é a espécie mais próxima que ele encontrou), cf (usada quando o identificador suspeita que o exemplar pertence à determinada espécie, mas há de se conferir), gr (usado quando se identifica o exemplar como de uma espécie pertencente a um grupo de espécies) e sp (usado quando se sabe o gênero, mas se desconhece a espécie). Junto aos dados de identificação dos exemplares, foram obtidos dados acerca dos pontos de coleta, tais como a bacia de drenagem, o nome do corpo d água, a localidade e as coordenadas geográficas. Estas últimas foram usadas para análises no programa de Sistema de Informações Geográficas - SIG - de código livre e gratuito, o Qgis. Antes de começar a utilizar o programa foi necessária uma pesquisa no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para obter as camadas vetoriais em formato shapefile usados no projeto. O shapefile é um formato popular de arquivo contendo dados geoespaciais em forma de vetor usado pelo SIG, que descrevem geometrias - pontos, linhas e polígonos - bem como possibilitam guardar dados em tabelas de atributos, o que mostra sua grande eficácia na inter-relação de dados de diferentes fontes, mas de áreas em comum. Foram utilizados shapefiles de vegetação, clima, bioma e revelo de Santa Catarina, além das unidades de conservação. Os dados de museus de ictiologia dispostos em planilha eletrônica foram convertidos em uma camada de pontos georreferenciados e inseridos no contexto do

projeto do SIG com todas as camadas supracitadas, permitindo assim a análise espacial das ocorrências das espécies estudadas com os diferentes fatores ambientais. Por fim, foram elaborados os leiautes dos mapas feitos no programa Qgis, onde foi relacionada a ictiofauna de água-doce de Santa Catarina com vegetação, clima, relevo e com as unidades de conservação (Fig. 01). Fig. 01: Relação entre ocorrência da ictiofauna de água doce com fatores naturais e unidades de conservação. Resultados e discussão Ao final das análises, foram identificadas 798 registros correspondentes a peixe de água doce, pertencentes a 13 ordens e 41 famílias diferentes. Esse montante de registros, no entanto, relevou a presença de 202 espécies diferentes confirmadas, pertencentes à 13 ordens e 41 famílias. Também verificou-se a presença de 440 registros com a sigla sp, 71 com a sigla cf, 45 com a sigla aff e 15 com a sigla gr. o

elevado número de registros cujas as espécies não foram confirmadas, dificulta a obtenção de dados que revelem, com mais confiabilidade, o número de real de espécies diferentes coletadas em Santa Catarina. Um recente estudo semelhante realizado na Bacia do Rio Ivaí, tributário da bacia do Rio Paraná, revelou a presença de 118 espécies, de oito ordens e 29 famílias (Frota et al., 2016). O Rio Ivaí possui cerca de 37,6% da área territorial do estado de Santa Catarina enquanto o número de espécies atingiu 58,4% do total aqui encontrado. O Rio Ivaí, no entanto, pertence ao segundo maior sistema de drenagem da região neotropical, o que pode explicar o grande número de espécies em relação ao número encontrado em Santa Catarina. Langeani et al. (2007) identificaram um total de 310 espécies diferentes de 11 ordens e 38 famílias pertencentes à Bacia do Alto Rio Paraná. Quando comparadas as áreas nota-se que o estado de Santa Catarina corresponde somente à cerca de 10% da área total dessa bacia, enquanto o número de espécies chega a 65%. Quando comparado aos dois trabalhos supracitados, o número de ordens e famílias aqui encontrados é superior. O que pode explicar isso é o fato de que o estado de Santa Catarina tem um litoral cerca de 5 vezes maior que o litoral do estado do Paraná. Sendo assim, o número de rios costeiros também é maior, o que torna difícil a classificação de habitats (dulcícolas ou marinhos) de peixes coletados nesses ambientes. Conclusão O presente trabalho proporcionou melhor conhecimento sobre a ocorrência da ictiofauna de água doce no estado de Santa Catarina e durante a vigência da bolsa foi possível ter acesso a esse importante conhecimento, inclusive para a região onde se encontra o IFC Câmpus Araquari, este com tradição na aquicultura, no qual diversos professores se dedicam ao tema, inclusive na pós-graduação. No caso da taxonomia, o trabalho com os registros de museus mostrou-se de extrema importância e o mesmo pode ser objeto de sistematização em aplicativos por novos projetos envolvendo o curso de técnico em informática e bacharelado em sistemas de informação.

A análise espacial correlacionando a ictiofauna e as características diversas dos ambientes pode sinalizar para uma melhor compreensão sobre essas ocorrências e também a importância das áreas protegidas para a preservação de determinadas espécies. Referências AGOSTINHO, A. A.; THOMAZ, S. M.; GOMES, L. C. Conservação da biodiversidade em águas continentais do Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, Jul. 2005. BUCKUP, P. A.; MENEZES, N. A.; GHAZZI, M. S. (eds.), Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de Janeiro, 2007, 195 p. FROTA, A.; DEPRÁ, G.C.; PETENUCCI, L.M.; Da GRAÇA, W.J. Inventory of the fish fauna from Ivaí River basin, Paraná State, Brazil. Biota Neotropica. Campinas, v. 16, n. 3, 2016. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=s1676-06032016000300302&lng=en&nrm=iso. Acesso em 02/10/2016. LANGEANI, F.; CASTRO, R.M.C., OYAKAWA, O.T.; SHIBATTA, O.A.; PAVANELLI, C.S.; CASATTI, L. Diversidade da ictiofauna do Alto Rio Paraná: composição atual e perspectivas futuras. Biota Neotropica, v. 7, n. 3, 2007. Disponível em http://www.biotaneotropica.org.br/v7n3/pt/abstract?article+bn03407032007. Acesso em 02/10/2016. NELSON, J.S. Fishes of the world. 4ª edição. New York: John Wiley & Sons. 601p, 2006. Quantum GIS Development Team (YEAR). Quantum GIS Geographic Information System. Open Source Geospatial Foundation Project. http://qgis.osgeo.org REIS, R.R.; KULLANDER, S.O.; FERRARIS JR, C.J. (Eds.). Check list of the freshwater fishes of South and Central America. Porto Alegre, Edipucrs, 2003. Fonseca et al., 1991; Ferreira et al., 2001 ou (Fonseca et al., 1991; Ferreira et al., 2001).