Alguns erros frequentes em cálculos de circuitos BT



Documentos relacionados
Quedas de tensão: Qual é a condutividade do cobre? Quando se considera a reactância? Porquê?

DIMENSIONAMENTO OS SEIS CRITÉRIOS TÉCNICOS DE DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES ELÉTRICOS:

Tipos de linhas. Sumário Linhas Elétricas Dimensionamento. Aspectos Gerais Características Tipos de Linhas

BAIXA TENSÃO Uso Geral

BAIXA TENSÃO Uso Geral

Tabelas de Dimensionamento

Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Dimensionamento de Condutores e Eletrodutos

Disciplina: Eletrificação Rural

Classificação dos locais das instalações eléctricas

Secção económica e amortização ecológica Eficiência energética nas linhas O cabo de baixo consumo Exemplo em Baixa Tensão. Lisardo Recio Maíllo

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS

TABELA 1 Os métodos de referência são os de instalação indicados na NBR

CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE 1/40

Superintendência de Desenvolvimento e Engenharia da Distribuição TD ND TABELAS

MÉTODO DE INSTALAÇÃO (Tabela 33 da NBR5410/2004)

Instalações Elétricas BT I. Odailson Cavalcante de Oliveira

INDICE. Catálogo de cabos industriais e energia CAPÍTULOS

Dimensionamento de Colunas

CABOS ELÉTRICOS PARA APLICAÇÃO EM OFFSHORE 1/2013

Aula 08 Instalações Elétricas de Distribuição. Professor Jorge Alexandre A. Fotius

Informações e Tabelas Técnicas

4 LINHAS ELÉTRICAS. Figura 5: Exemplos de fios e cabos.

CONDUTORES ELÉTRICOS

Condutores e cabos eléctricos

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES

Informações e Tabelas Técnicas

Seminário Online DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES ELÉTRICOS

PROJETO DE UMA INSTALAÇÃO DE UTILIZAÇÃO

Cabos Navais. Introdução

Instalações Elétricas Industriais. Prof. Carlos T. Matsumi

Fabricação de um cabo elétrico

ENE065 Instalações Elétricas I


Fio e Cabo Inbranil Antichama - 750V

Os eletrodutos são as canalizações que contém os condutores (item ). Os eletrodutos podem ser de aço ou de PVC 70 o C.

Proteção de cabos. o valor da relação Uo/U, que representa o quanto o cabo suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U).

Capítulo 5. Linhas elétricas. 5.1 Aspectos gerais 26/04/2010

Manual Técnico. Aplicações recomendadas para os fios e cabos de BT e MT

13 - INSTALAÇÕES DE FORÇA MOTRIZ

LEI DE OHM. Professor João Luiz Cesarino Ferreira. Conceitos fundamentais


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

DIMENSIONAMENTO DE CIRCUITOS

COMISSÃO TÉCNICA DE NORMALIZAÇÃO ELETROTÉCNICA CTE 64 Instalações Elétricas em Edifícios

CONDUTORES ELÉTRICOS DE BAIXA TENSÃO

Í N D I C E D E R E V I S Õ E S D E S C R I Ç Ã O E / O U F O L H A S A T I N G I D A S

ENGENHEIRO ELETRICISTA

Uma viagem pelas instalações elétricas. Conceitos & aplicações

Eficiência Energética Fundação Santo André - Professor Mario Pagliaricci

CABOS ELÉCTRICOS MARÇO / 2005 A FORÇA DE UM FORNECEDOR GLOBAL LISTA DE CABOS EM STOCK

Eletrotécnica Geral. Lista de Exercícios 2

X X -70

TABELA DE PREÇOS CABOS ELÉTRICOS

Secção económica e amortização ecológica. Eficiência energética nas linhas. O cabo de baixo consumo. Exemplo em BT.

Eletrodutos de PVC Rígido Tipo Rosqueável

Barramento Elétrico Blindado KSL70

Catálogo de. Produtos

Capacidade de corrente de cabos. Fábio Brunheroto Forner

CANALIZAÇÕES ELÉCTRICAS

Capítulo 02. Resistores. 1. Conceito. 2. Resistência Elétrica

Soluções inovadoras em fios e cabos elétricos.

INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS

CABOS DE ENERGIA. J. Neves dos Santos. DE1 / 4º Ano LEEC. 2. Constituição dos Condutores Isolados e Cabos de Energia.

Dimensionamento de disjuntores adequados para inversores sob influências específicas das instalações fotovoltaicas

atron cabos, sa CABOS PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Proteção contra sobrecorrentes e dimensionamento dos condutores

Instala es El tricas. Curso Completo

Auto - Transformador Monofásico

Eletricidade Aula 1. Profª Heloise Assis Fazzolari

Critérios para selecção e Instalação de Equipamentos Eléctricos. Apresentado por Eng.º José Barão

Dados técnicos. Polaridade de saída Intervalo seguro de comutação s a mm Dados característicos Condições de montagem B. 5 mm C.

CLASSES DE ISOLAMENTO EM QUADROS ELÉTRICOS

Prof. Cecil M. Fragoso Março de 1993

Contatos em AgNi, para comutação de cargas resistivas ou levemente indutivas, como cargas de motores fluorescente compacta (CFL) W

PRAÇA DOS ESPORTES E DA CULTURA MEMORIAL DESCRITIVO E ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Fios e cabos elétricos

Calhas em cor cinzento RAL 7035

Catalogo Técnico. Disjuntor Motor BDM-NG

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

-Transformadores Corrente de energização - inrush

Transformador Monofásico [de Isolamento]

projecto de postos de transformação

Dimensionamento dos Condutores e Cabos Eléctricos. C apítulo

COMUNICADO TÉCNICO Nº 02

FAST-LAN ETHERNET INDUSTRIAL CAT.6 F/UTP 23AWGx4P

A CERTIEL EM Redes particulares de distribuição de energia elétrica e iluminação exterior. Urgeiriça, 13 de Abril. Jornadas CERTIEL 2012 P 1

Aterramento. 1 Fundamentos

xxx.1xx xxx.4xx0. Contatos em AgNi, para comutação de cargas resistivas ou levemente indutivas, como cargas de motores

Questão 3: Três capacitores são associados em paralelo. Sabendo-se que suas capacitâncias são 50μF,100μF e 200μF, o resultado da associação é:

Geração, Transmissão e Distribuição de EE

Sumário ORIENTAÇÃO TÉCNICA - DISTRIBUIÇÃO OTD REDE CONVENCIONAL TRANSFORMADORES

Dissuasor e Detetor de Intrusos. Sistema Seguro, Protegido. A Última Resposta de Segurança. wwww.aps-perimeter-security.com

Cabo Cofivinil HEPR (1 Condutor) 0,6/1kV 90 o C

CABO GIGALAN AUGMENTED 23AWG x 4 P CAT. 6 F/UTP

PARALELO DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES

Disjuntores-Motor BDM-G. Dados Técnicos Características Gerais. Posições das teclas

Capacitores Correção do Fator de Potência. Motores Automação Energia Transmissão & Distribuição Tintas

CABOS ESPECIAIS CABO INVERSOR DE FREQUÊNCIA CABO INVERSOR DE FREQUÊNCIA SIMÉTRICO SOLUÇÕES ESPECIAIS SINAL GARANTIDO DE PONTA A PONTA

Módulo de Alimentação de Controlo do Motor LQSE-4M-D Controlador de Motor CA 4 saídas. Unidade do. Painel de parede seetouch QSR.

Transcrição:

Alguns erros frequentes em cálculos de circuitos B Lisardo Recio Maíllo www.prysmian.es

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE ou EPR)

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE o EPR)

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE ou EPR)

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE o EPR) Cabos termoplásticos (PVC) Cabos termoestáveis (XLPE o EPR) máx. regime permanente máx curto circuito 70 ºC 160 ºC 90 ºC 250 ºC Um cabo é termoplástico ou termoestável em função da temperatura que pode suportar o seu isolamento e não em função da composição do seu isolamento. e um cabo suporta 70 ºC será termoplástico e procurar-se-á a sua intensidade máxima na tabela correspondente

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE o EPR) Os cabos termoplásticos (PVC) caracterizam-se pela temperatura máxima que podem alcançar os seus condutores (70 ºC) e não pela sua composição (não tem que ser necessariamente PVC). Por exemplo, os cabos Afumex Plus (H07Z1-K (A)) devem-se procurar como PVC nas tabelas mas, como sabemos, não têm PVC no seu isolamento AFUMEX PLU (A) H07Z1-K

Cabos termoplásticos (PVC) e cabos termoestáveis (XLPE o EPR) Isolamento ermoplástico (tipo PVC) ermoestavel (tipo XLPE ou EPR) máx. em regime permanente 70 ºC 90 ºC máx. em curtocircuito 160 ºC 250 ºC Exemplos mais comuns PVC XLPE Poliolefinas Z1 EPR ilicone Cabos mais usuais H07V-K (Wirepol flexible) RZ1-K (Afumex 1000 V (A)) H05VV-F (Wirepol Gas) XV (Retenax Flam) H07Z1-K (Afumex 750 V (A)) RV-K (Retenax Flex) XAV (Retenax Flam F (armado) LXV (Al Voltalene) LX (Al Polirret) X (Polirret Feriex) Z1-K, RZ1-K mica (Afumex Firs (A+))* * em isolamento de silicone até 25 mm², para secções superiores, o isolamento é de XLPE com fita de vidro-mica

Que intensidade suporta um cabo?

Que intensidade suporta um cabo? Depende sempre do tipo de cabo e das condições de instalação: Cabo termoplástico ou termoestável PVC XLPE ou EPR? Monofásica ou trifásica o istema de instalação Agrupamento com outros circuitos emperatura ambiente Profundidade de soterramento (cabos enterrados) Resistividade térmica do terreno (cabos enterrados)

Que intensidade suporta um cabo? Cabo Afumex 1000 V (A) de 3G16 mm² em condições standard Em calha perfurada Afumex 1000 V (A) I máx. = 115 A

Que intensidade suporta um cabo? Cabo Afumex 1000 V (A) de 3G16 mm² em condições standard Entubado em parede Afumex 1000 V (A) I máx. = 91 A

Aplicação dos coeficientes de correcção (tendências incorrectas)

Aplicação de coeficientes de correcção 1.- Não aplicar nenhum coeficiente 2.- Aplicar sempre um 0,8 3.- Fazer cálculos e utilizar a secção superior à obtida

Aplicação de coeficientes de correcção Algumas tendencias incorrectas: 3.- Aplicar o coeficiente mais baixo quando a instalação é afectada por varios coeficientes Cabo multipolar XV (Retenax Flam) 5G10 fixado na parede rodeado de outros 2 circuitos e num ambiente De 40 ºC 40 º C

Aplicação de coeficientes de correcção istema de instalação tipo C

Aplicação de coeficientes de correcção XV 5G10 (cobre) I = 71 A O cabo XV (Retenax Flam) de 5G10 suporta 71 A fixado na parede quando não tem circuitos à volta e a amb = 30 ºC

Aplicação de coeficientes de correcção Coeficiente por agrupamento K agrup = 0,79

Aplicação de coeficientes de correcção Coeficiente por temperatura ambiente 40 º C K amb = 0,91

Aplicação de coeficientes de correcção Portanto, ao tratar-se de dois efeitos conjuntos (agrupação e temperatura ambiente) é necessário aplicar ambos os coeficientes e não apenas o mais baixo I = I K agrup K amb = 71 x 0,79 x 0,91 = 51 A 40 º C O cabo XV (Retenax Flam) de 5G10 suporta 51 A fixado à parede com dois circuitos em contacto e a amb = 40 ºC

Aplicação de coeficientes de correcção 5.- Não aplicar coeficiente por agrupamentos em circuitos com vários condutores por fase R R R R Um único circuito (as fases estão ligadas a extremos comuns) Quatro ternos de condutores afectando-se termicamente Portanto precisam de coeficiente de correcção por agrupamento

Aplicação de coeficientes de correcção e tivessemos um circuito com 4 cabos por fase tipo LXV 1x240 em calha não perfurada com os ternos em contacto 30 ºC R R R R

Aplicação de coeficientes de correcção Um terno de cables LXV 1x240 em calha não perfurada A 30 ºC pode suportar 382 A

Aplicação de coeficientes de correcção

Aplicação de coeficientes de correcção A intensidade máxima admissivel que pode recorrer cada um dos condutores do circuito é I = 382 x 0,75 = 286,5 A R R R R 25 % inferior ao que suportariam os condutores se se tratasse de um só terno E a intensidade total máxima admissivel do circuito será I total = 286,5 x 4 = 1146 A

Aplicação de coeficientes de correcção 6.- Juntar cabos em canalização existentes e não ter em conta as novas condições térmicas Novos circuitos Circuitos preexistentes na canalização É necessário ter em conta o novo agrupamento para os novos circuitos e para os já existentes e aplicar o factor de correcção por agrupamento adequado

Aplicação de coeficientes de correcção 7.- Não considerar a variação do sistema de instalação ao longo da linha Aplicar-se-ão logicamente as condições do sistema de instalação mais restritivo

A condutividade nos cálculos de queda de tensão

A condutividade nos cálculos de queda de tensão A condutividade do cobre (γ) a 20 ºC tem um valor de 56 m/(ω mm²) mas varia com a temperatura do condutor. γ γ θ = 1 / ρ θ ρ θ = ρ 20 [1 + α (θ - 20)] ρ θ resistividade do condutor à temperatura θ en Ω mm²/m. ρ 20 resistividade do condutor a 20 oc en Ω mm²/m (= 1/56 para Cu e 1/35 para Al). α coeficiente de variação de resistencia específica por temperatura do condutor em ºC -1 (0,00392 para Cu e 0,00403 para Al).

A condutividade nos cálculos de queda de tensão ermoplásticos ermoestáveis

A condutividade nos cálculos de queda de tensão Exemplo de cálculo de secção por queda de tensão Cabo Afumex 1000 V Monofásica com U = 230 V Intensidade de corrente: I = 70 A cosφ = 0,9 Comprimento da linha: 48 m Máxima queda de tensão admitida: 5 % 11,5 V 2 L I cosϕ 2x48x70x0,9 = = = γ ΔU 56x11,5 9,39mm 2 10 mm² 2x48x70x0,9 = = 11,95mm 44x11,5 2 16 mm²

A reactância nos cálculos de queda de tensão

A reactância nos cálculos de queda de tensão Norma francesa UE C 15-105 Com carácter geral para cabos de B sem blindagem: Para todas as secções Para Cu ou Al Para todas as disposições de instalação Para todos os sistemas de instalação X 0,08 Ω/km

A reactância nos cálculos de queda de tensão e observarmos a fórmula geral de cálculo da queda de tensão veremos que tendo em conta que em geral o cos φ é elevado se R é elevado o efeito de X é desprezível ΔU = I (R cosφ + X senφ) [V] R X desprezível ΔU I R cosφ Esta aproximação pode ser válida para cabos até 95 mm²

A reactância nos cálculos de queda de tensão R (95 mm ² cobre a 90 ºC) = 0,264 Ω/km R (95 mm² aluminio a 90 ºC) = 0,411 Ω/km e tivessemos um cosφ relativamente baixo de 0,8 senφ = 0,6 na fórmula ΔU 95 Cu = I (R cosφ + X senφ) = I (0,264 x 0,8 + 0,08 x 0,6) = I (0,2112 + 0,048) 0,2112 I [V/km] ΔU 95 Al = I (R cosφ + X senφ) = I (0,411 x 0,8 + 0,08 x 0,6) = I (0,3288 + 0,048) 0,3288 I [V/km]

A reactância nos cálculos de queda de tensão As fórmulas gerais para cálculo de queda de tensão em B são portanto: γ ( ΔU 2 L I cosϕ = 3 2 10 x L I senϕ) Monofásica γ ( ΔU 3 L I cosϕ = 3 1,732 10 x L I senϕ) rifásica x: reactância do condutor em Ω/km ΔU: máxima queda de tensão em V NOA: e x se iguala a zero obtemos as expressões gerais sem influência da reactância (secções 95 mm²

Colocação de condutores quando são necessários vários por fase

Colocação de condutores quando são necessários vários por fase e necessitamos utilizar mais que um condutor por fase, nunca se devem agrupar os condutores da mesma fase R R R R

Colocação de condutores quando são necessários vários por fase Colocação em trevo R R R R Colocação na horizontal R R R R

Colocação de condutores quando são necessários vários por fase Colocação vários niveis Em trevo Colocação vários niveis Na horizontal R R R R R R R

Colocação de condutores quando são necessários varios por fase Colocação de neutros Em trevo N R R N N R R N Na horizontal N R R N N R R N

Grato pela sua atenção