DISCIPLINA: CAB Ecologia II. DOCENTE: Mônica Maria Pereira Tognella. TÍTULO: Organismos, Ciclo de Vida, Estratégias. SEMESTRE: Primeiro

Documentos relacionados
Ecologia de Populações

Fitogeografia de São Paulo

Adaptação e Dispersão dos Seres Vivos

ECOLOGIA DE POPULAÇÕES AULA 3: HISTÓRIAS DE VIDA

Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Disciplina: BI62A - Biologia 2. Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Vamos utilizar o exemplo da angiosperma da família Poaceae (o capim).

USO DA ESCALA BBCH MODIFICADA PARA DESCRIÇÃO DOS ESTÁDIOS DE CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS DANINHAS MONO- E DICOTILEDÔNEAS

História de vida. História de vida. Estratégia r vs. estratégia K. História de vida 06/09/2013. Investimento reprodutivo vs. sobrevivência de adultos

Disciplina: BI63 B - ECOSSISTEMAS Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Agricultura geral. de plantas. UFCG Campus Pombal

Genótipo e Fenótipo ECOLOGIA IBB-057. Como ocorre o processo de Seleção Natural? Como ocorre o processo de Seleção Natural?

Carl Von Linné (Lineu) séc XVIII. Seria este o conceito mais apropriado?

Tipos de propagação de plantas. Propagação de plantas. Propagação sexuada ou seminífera. Agricultura geral. Vantagens da propagação sexuada

ECOLOGIA DEFINIÇÃO: ESTUDO DAS RELAÇÕES DOS SERES VIVOS ENTRE SI E COM O MEIO AMBIENTE. IMPORTÂNCIA DA ECOLOGIA

Apesar da diversidade, muitas semelhanças! CAPÍTULO II SISTEMA DE ENSINO POLIEDRO PROFESSORA VANESSA GRANOVSKI

LISTA DE EXERCÍCIOS 3º ANO

Populações. Prof. Dr. Francisco Soares Santos Filho

Estrutura e Desenvolvimento da Raiz e Caule

Características dos seres vivos

TRABALHO DE CAMPO DE BIOGEOGRAFIA

Material didático do Prof. Leonardo Bianco de Carvalho UNESP - Câmpus de Jaboticabal MATOLOGIA. Disseminação e Sobrevivência

REINO VEGETAL. (Briófitas, pteridófitas, angiospermas e gimnospermas)

domingo, 1 de setembro de 2013 REPRODUÇÃO

Autoecologia S C R R C S

Princípios de propagação de fruteiras

BIOLOGIA - 3 o ANO MÓDULO 44 REPRODUÇÃO SEXUADA

I3N / Universidad Nacional del Sur / Instituto Hórus ANÁLISE DE RISCO PARA PLANTAS - Versão 1.0 (Julho 2008)

HISTÓRIA DE VIDA E ECOLOGIA EVOLUTIVA

ORGANOLOGIA VEGETAL VEGETATIVOS: Raízes, caules e folhas. REPRODUTIVOS: Flores, sementes e frutos.

BV581 - Fisiologia Vegetal Básica - Desenvolvimento. Aula 12b: Propagação Vegetativa

Dispersão. Biogeografia. Maratona de Biogeografia Fundamentos de Ecologia e Modelagem Ambiental Aplicados à Conservação da Biodiversidade

Disciplinas Obrigatórias

Características dos seres vivos

BIOLOGIA - 3 o ANO MÓDULO 43 REPRODUÇÃO ASSEXUADA

Evolução Def. usual Biologicamente frequências gênicas populações

Prof. Roberth Fagundes

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Estrutura e dinâmica de populações

I3N / Universidad Nacional del Sur / Instituto Hórus ANÁLISE DE RISCO PARA PLANTAS - Versão 1.0 (Julho 2008)

Ecologia Decomposição

PROGRAMA DE DISCIPLINA

plants/ipimovies.html

Curso de graduação em ENGENHARIA AGRONÔMICA MATOLOGIA. Origem e evolução de plantas daninhas

ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (MODALIDADE BACHARELADO - CURRÍCULO 2706 B INTEGRAL)

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS (CONT.)

Aula 5: Histórias de Vida & Demandas Conflitantes

Propagação da Videira. Profª. Paula Iaschitzki Ferreira Instituto Federal de Santa Catarina

I3N / Universidad Nacional del Sur / Instituto Hórus ANÁLISE DE RISCO PARA PLANTAS - Versão 1.0 (Julho 2008)

Cadeia Alimentar. Prof. lucasmarqui

TIPOS DE REPRODUÇÃO Assexuada único progenitor Dois progenitores são únicos, geneticamente diferentes geneticamente idênticos

Origem, genética e evolução das plantas daninhas

Ecossitemas e saúde Ambiental:: Prof MSc. Dulce Amélia Santos

MORFOLOGIA E ANATOMIA DO CAULE

MORFOLOGIA E ANATOMIA DO CAULE

I3N / Universidad Nacional del Sur / Instituto Hórus ANÁLISE DE RISCO PARA PLANTAS - Versão 1.0 (Julho 2008)

Priscila Bezerra de Souza

Questão 03) O porte geralmente reduzido das algas e das briófitas pode ser atribuído:

Questão 01 A figura abaixo ilustra uma célula eucariota. Analise-a e responda:

Seleção Natural. Fundamentos de Ecologia e Modelagem Ambiental Aplicados à Conservação da Biodiversidade

AS PARTES DE UMA ANGIOSPERMA

Termo em uso após o I Simpósio Nacional de Herbologia, em 1971.

Moisés Myra de Araújo. Por Bioloja.com

ECOLOGIA IBB-057. Intervalo ótimo de condições. A variação no Ambiente Físico. A variação no Ambiente Físico. A variação no Ambiente Físico

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Comunidades II

A palavra angiosperma vem do grego angeios, que significa 'bolsa', e sperma, 'semente'. Essas plantas representam o grupo mais variado em número de

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E ZOOTECNIA FRUTICULTURA. Prof. Daniel M. Tapia T. Eng.

15/10/2016. Especiação. Taxonomia. Espécie. Espécie. Especiação. Especiação

REINO PLANTAE BIOLOGIA DAS BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS. Profa. Ms. Lilian Orvatti

Devido à abundância e à diversidade de seres vivos, foi necessário ordená-los e organizá-los. Foi necessário criar um sistema de classificação.

11/09/2014 PTERIDÓFITAS. Samambaias e avencas; Cerca de 13 mil espécies;

Ecologia BIE210. Populações: Padrões espaciais e temporais I

I3N / Universidad Nacional del Sur / Instituto Hórus ANÁLISE DE RISCO PARA PLANTAS - Versão 1.0 (Julho 2008)

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SERES VIVOS PROF. PANTHERA

AULA Nº 4. Neste tópico começamos a falar dos aspectos quantitativos da coleta, uma vez

Iniciando a Biologia. Profº Fernando Belan

Aluno(a): Código: 2 Rua T-53 Qd. 92 Lt. 10/11 nº 1356 Setor Bueno

Cuidado parental. Louise Alissa Sala 243 Dpto. Ecologia

Classificação dos fungos

Reino Plantae ou Metaphyta Cap. 5 Briófitas, Pteridófitas e Gimnospermas. P R O F a. L U C I N H A

Estudo para o Exame Final-2012 Disciplina: Ciências Naturais Professor: Ana Elisa Lopes

Ficha de Trabalho Reprodução Assexuada nos Seres Vivos

LISTA DE EXERCÍCIOS CIÊNCIAS

Teste de avaliação Teste de avaliação Teste de avaliação 3 26

Unidade 6 Reprodução 1 reprodução assexuada. Tipos de reprodução. assexuada. sexuada

Multiplicação de plantas. Aspectos teóricos da propagação de plantas PARTE 1. Multiplicação de plantas. Ciclo sexuado. Composição da semente

Aula 4 Sistemas Reprodutivos das Plantas Cultivadas e suas Relações com o Melhoramento

Reprodução. Assexuada. Unidade 6. Aula nº 14 20/Out/08 Prof. Ana Reis. Reprodução

O sucesso de uma espécie e ponto evolutivo são: capacidade de se reproduzir e gerar descendentes férteis; variabilidade genética dos indivíduos;

Abril Educação Plantas/Algas Aluno(a): Número: Ano: Professor(a): Data: Nota:

10. Sobrevivência. Sementes e Órgãos de Propagação Vegetativa. - Característica de sobrevivência das pl. daninhas anuais.

Trufa Negra. Líquen Crustoso

BI63B - ECOSSISTEMAS. Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Ecologia Geral MEAmb Nome: Nº

Morfologia Vegetal. O corpo da planta

CARACTERIZAÇÃO, ESTRUTURA FUNGOS AULA TEÓRICA 3

GENÉTICA DE POPULAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DOS SERES VIVOS

Transcrição:

DISCIPLINA: CAB 07297 Ecologia II DOCENTE: Mônica Maria Pereira Tognella TÍTULO: Organismos, Ciclo de Vida, Estratégias SEMESTRE: Primeiro São Mateus 2015

ECOLOGIA II Organismos unitários versus modulares Organismos unitários: a morfologia geral e o desenvolvimento ontogenético são previsíveis e determinados Ex.: Aves, insetos, mamíferos. Um coelho tem 4 patas, 2 orelhas, 2 olhos. Mesmo que viva bastante não desenvolverá um terceiro olho.

ECOLOGIA II Organismos unitários versus modulares Nos organismos unitários todas as linhagens celulares são irreversivelmente determinadas na sua ontogênese e mutações somáticas não devem ser herdadas pelos descendentes.

ECOLOGIA II Organismos unitários versus modulares Organismos modulares: a estrutura e o desenvolvimento não são previsíveis, mas indeterminados crescem pela produção repetida de módulos (folhas, pólipos...). Ex.: corais, briozoários, fungos, esponjas, macroalgas, árvores, gramíneas... Módulos vegetativos: folha, entrenó, raízes; conjunto nó com gema Módulos reprodutivos: flores Adição de módulos pode ser vertical ou lateral

ECOLOGIA II Organismos unitários versus modulares Organismos modulares: Não necessariamente um obstáculo para propagação de variações somáticas, assexuadas ou sexuadas. GENET X Módulo (Harper, 1977) Módulo Qualquer parte maleável de um indivíduo genético. Genet Um indivíduo que descende de um zigoto. Genet X Ramet Ramet Organismo separado por fragmentação (vegetativa) de um Genet.

ECOLOGIA II Lemma Lentilha d água Cada unidade é um Ramet Organismos unitários versus modulares Caulerpa Zoantídeo

ECOLOGIA II Organismos unitários versus modulares

Reprodução Portanto, a reprodução vegetativa diminui a probabilidade de morte ou extinção de um genet. De acordo com Cook (1989), a inclinação do decréscimo será proporcional a taxa na qual a probabilidade de mortalidade independente de cada ramet aumenta. Isto depende, portanto, da independência fisiológica entre os ramets. Geneticamente isto é vantajoso? Ou uma propriedade evolutiva?

Genets Indivíduos Funcionais Superorganis mos Organismos Unitários Organismos Modulares Clones Populações Indivíduos Estruturais Populações Vuorisalo e Tuomi, 1986.

É resposta evolutiva que inclui todas as combinações de reprodução, ciclo de vida e estágios de vida. Vai do nascimento do indivíduo até sua morte. História de vida compreende fatores intrínseco do indivíduo e fatores extrínsecos. Relações entre os genes, traços fisiológicos, comportamentais e demográficos.

Ciclos de vida Crescimento Estratégias de energia Reprodução Sobrevivência

Ciclos de vida Para entender as forças que governam a abundância dos indivíduos na população é necessário conhecer as fases de vida desses organismos. Alguns organismos apresentam muitas gerações ao longo de um ano, outros possuem somente uma geração por ano (anuais) e outros possuem um ciclo de vida que se estende por vários anos.

Estratégias Reprodutivas De acordo com o ciclo de vida e dos eventos reprodutivos, os organismos podem ser classificados em semélparos ou iteróparos (em ecologia vegetal, monocárpicos e policárpicos). Espécies semélparas ocorrem em habitats altamente imprevisíveis como desertos e áreas pioneiras.

Estratégias Reprodutivas Semelparição: do latim, semel: uma vez ; pario: procriar. Um único episódio reprodutivo na vida, antes do qual o crescimento cessa e depois do qual o indivíduo morre. Geralmente apresenta morte programada que maximiza a reprodução, o que resulta em degeneração do tecido e morte. Pode ocorrer em organismos de vida curta ou longa, ou seja, podem ser anuais (1 geração por ano), bienais ou perenes. E.g.: Salmão (2 a 5 anos de idade), bambu e agáveas (décadas), ervas daninhas, plantas de desertos, muitos insetos.

Estratégias Reprodutivas Iteroparição: do latim, itero: repetir ; pario: procriar. Vários episódios reprodutivos na vida, ao longo dos quais o organismo continua a investir em sobrevivência futura e crescimento, e depois de cada evento há chances razoáveis de sobrevivência e posteriores eventos reprodutivos. Espécies iteróparas podem ser anuais ou perenes, assim como as semélparas.

Esforço reprodutivo de espécies iteróparas Offspring = descendente, prole, rebento. Benefícios Custos Esforço reprodutivo de espécies semélparas. Benefícios Custos Paradoxo de Cole (1954)

Lembrar que: A sobrevivência é uma relação de custo X benefício. Isto é, o quanto de energia estamos alocando para sobreviver no ambiente, para o crescimento e para a geração de descendentes. A seleção por um ou outro tipo de estratégias reprodutivas está relacionada aos tensores que o meio irá impor sobre a espécie. Maior ou menor número de proles por evento reprodutivo. Menor ou maior tamanho da prole.

Resumindo: História de vida tem muitos componentes, os mais importantes são: Maturidade, isto é, idade da primeira reprodução; Parição, isto é, número de episódios de reprodução; e Fecundidade, isto é, número de proles produzida por evento de reprodução.

Charnov and Schaffer 1973 Idade Reprodutiva

Semélpara anual Iterópara anual Estratégias Reprodutivas Iterópara perene, reprodução sazonal Iterópara perene, reprodução contínua Semélpara perene

Agáveas

Comparando duas espécies do gênero Lobelia, uma semélpara e outra iterópara

Salmão

Salmão

Semélpara vida longa. Semélpara vida curta (anual ou bianual).

Sobrevivência do adulto é pequena em relação ao juvenil. Reprodução Incerta Semelparidade

Sobrevivência do adulto é variável em relação ao juvenil. Não há risco para se colocar todo esforço reprodutivo num único evento Itereoparidade

Padrões não lineares de custo benefício da reprodução Quando os benefícios da reprodução ocorrem mais rapidamente, mesmo com todo esforço reprodutivo. Semelparidade

Alta mortalidade juvenil implica em ciclo de vida reprodutivo mais longo. Baixa mortalidade juvenil favorece a evolução de maturidade reprodutiva rápida.

Formas de Vida (Raunkiers 1934) Fanerófitas Phanero (visível) Brotos e sementes situadas no topo ou na copa das árvores. Megafanerófitas árvores com mais de 30 metros. Mesofanerófitas de 8 a 30 metros. Microfanerófitas de 2 a 8 metros. Nanofanerófitas Arbustos menores que 2 metros mas maiores que 25 cm. Caméfitas Brotos e sementes situadas próximas ao solo ou no máximo até 25 cm de altura.

Formas de Vida (Raunkiers 1934) Hemicriptófitas Brotos e sementes situadas sob o solo, mas não em profundidade. Forma típica de ervas anuais ou bianuais. Criptófitas ou Geófitas Brotos permanecem enterrados sob o solo na forma de bulbos ou rizomas. Geófitas plantas enterradas no solo com brotos perenes ou não. Hidrófitas plantas aquáticas com brotos dentro da água. Halófitas plantas crescendo em solos pantanosos com alta concentração salina.

Formas de Vida (Raunkiers 1934) Terófitas Efêmeras ou sazonais. Passam sob dormência o período do ano desfavorável ao crescimento. Epífitas Efêmeras ou sazonais. Passam sob dormência o período do ano desfavorável ao crescimento.

Formas de Vida Gemas expostas Gemas na superfície do solo Gemas no subsolo Gemas acima do solo