ESTUDOS SOBRE A LINGUA INGLESA E A NOÇÃO DE LÍNGUA INTERNACIONAL. Palavras-chave: Língua inglesa.; Língua internacional; Práticas pedagógicas.

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Transcrição:

ESTUDOS SOBRE A LINGUA INGLESA E A NOÇÃO DE LÍNGUA INTERNACIONAL Marcia Regina Pawlas Carazzai Stefanie Yumi Batista Morimitsu RESUMO: O uso da língua inglesa vem crescendo cada vez mais pelo mundo todo. Desse modo, novas correntes teóricas sobre o uso e o ensino da língua Inglesa surgem a todo o momento, e o English as an International Language (EIL) se tornou uma das principais correntes estudadas atualmente. O presente artigo mostra uma pesquisa teórico-bibliográfica sobre o EIL e suas características, buscando explicar a teoria do EIL, suas divisões e sua pedagogia. Palavras-chave: Língua inglesa.; Língua internacional; Práticas pedagógicas. ABSTACT: The use of English has been increasingly growing all around the world. Thereby, new theoretical perspectives about the use and teaching English appear all the time, and English as an International Language (EIL) has become one of the main perspectives currently studied. This article shows a theoretical and bibliographic research about EIL and it s features and it seeks to explain the EIL theory, it s divisions and it s pedagogy. Keywords: English language; International language; Pedagogical practices. Introdução O uso da língua inglesa vem crescendo cada vez mais pelo mundo todo. Desse modo, novas correntes teóricas sobre o uso e o ensino da língua Inglesa surgem a todo o momento, e o English as an International Language se tornou uma das principais correntes estudadas atualmente. O EIL permite uma comunicação mais ampla pelo mundo todo e, desse modo, o ensino da língua Inglesa vem crescendo mais e mais em diferentes regiões (KUBOTA, 2012, p. 55). A corrente do EIL, segundo Kubota (2012, p. 55), sugere um ensino com um foco maior nas ideologias e na pluralidade. Visando esse fator, o EIL se divide em algumas perspectivas pedagógicas, tais como: World Englishes, English as a Língua Franca, Linguistic Imperialism, Multicompetence and Non-Native Speakers e também o hybridity. Com base nessas questões, o presente artigo mostra um levantamento bibliográfico sobre a corrente teórica EIL, apontando uma breve explicação de seus objetivos e de algumas de suas perspectivas, e também uma apresentação dos argumentos prós e contras da corrente e de suas divisões. 69

Esse artigo se apresenta dividido em seis sessões, a saber: a segunda sessão proporciona uma breve explicação do EIL e seus objetivos, a terceira mostra a primeira divisão pedagógica do EIL discutida no presente artigo, o World Englishes, a quarta sessão conta com a explicação da segunda divisão pedagógica, o English as a Língua Franca, a quinta sessão apresenta uma pequena revisão sobre as práticas pedagógicas utilizadas no EIL e em suas divisões, e, por fim, a última sessão oferece as considerações finais. English as an International Language (EIL) A língua Inglesa vem sendo vista, ultimamente, como uma língua internacional e que possibilita a comunicação entre diversos falantes, e, desse modo, o ensino dessa língua vem crescendo cada vez mais em diferentes países (KUBOTA, 2012, p. 55). Kubota (2012, p. 55) afirma que essa noção de Inglês como Língua Internacional vem levantando várias questões controvérsias sobre as variações nativas da língua Inglesa, como a Britânica e a Americana. Desse modo, alguns estudos recentes começaram a propor o ensino da língua com conceitos mais heterogêneos e críticos, que focassem mais nas ideologias e na pluralidade. A autora, porém, assume que essa noção é um pouco errônea, uma vez que nos países participantes dos círculos de Expansão, adquirir proficiência na língua Inglesa é mais fácil para as pessoas privilegiadas socioeconomicamente do que as pessoas com menos condições; ou seja, a distribuição da Língua Inglesa pelo mundo não é proporcional. Podemos ver também, pelas movimentações demográficas, que nem sempre a Língua Inglesa é predominante. Os imigrantes do Japão, por exemplo, geralmente são de países que não tem o Inglês como língua materna, como o Brasil, o Peru, as Filipinas e a China, e poucos desses imigrantes são fluentes na língua Inglesa (KUBOTA, 2012, p. 62). Pelo ponto de vista pedagógico, Kubota (2012, p.56) divide e discute o EIL em cinco perspectivas: World Englishes, English as a Língua Franca, Linguistic Imperialism, Multicompetence and Non-Native Speakers e por último hybridity. Dessas, duas são discutidas a seguir: World Englishes e English as a Língua Franca. Além desses dois tópicos, o presente artigo também menciona as práticas pedagógicas utilizadas no EIL 70

World Englishes O termo World Englishes se refere ao estudo dos processos linguísticos que resultaram nas múltiplas variações de Inglês que surgiram no mundo durante os anos. Kachru e Nelson (1996, p. 77-78) dividem essas variações em três grupos: o InnerCircle (Círculo Interno), onde se encontram os países que tem a Língua Inglesa como língua nativa; o OuterCircle (Círculo Externo), onde estão os países que tem a língua Inglesa como segunda língua, e nos quais esta tem papéis importantes na educação, no governo, na cultura e outros; e o ExpandingCircle (Círculo em expansão), que inclui países nos quais a língua inglesa tem importantes funções e é muito estudada, porém seus propósitos são mais específicos que os do OuterCircle. Conforme os autores, essas variedades se difundiram no mundo com a ajuda da colonização dos países, uma vez que muitos cidadãos foram transportados para as colônias de seus países e tiveram contato com idiomas diferentes e também com os moradores desses lugares, como os indígenas. Há também o fato da globalização econômica estar progredindo cada vez mais. Mufwene (2010, p. 50) afirma que a globalização ajudou a propagar a língua Inglesa, porém afirma que atribuir esse processo de propagação à colonização, a qual tem conexão com a globalização, faz mais sentido. Segundo Kubota (2012, p. 56), processos históricos, econômicos e políticos também influenciaram no desenvolvimento de tais variações, as quais o entendimento é necessário para um aluno de língua Inglesa. Apesar da grande disseminação da língua inglesa no mundo, alcançar o nível de quem fala o Inglês nativo vem deixando de ser o objetivo de alguns professores de língua Inglesa, e conseguir comunicar-se está sendo considerado o objetivo principal dos mesmos. Kachru (2005, p. 159) mostra que a maioria dos especialistas do InnerCircle, e também alguns do OuterCircle e ExpandingCircle, ainda consideram o Inglês Britânico e o Americano como o padrão de ensino, porém existem membros do OuterCircle que começaram a repensar o ensino da língua Inglesa e os padrões estabelecidos. O mesmo autor explica que a questão levantada por esses especialistas, os quais ainda preferem os padrões, é a de que se cada região ensina a sua própria variação da língua, não haverá a possibilidade de comunicação entre essas regiões. Porém, o que está claro é que até mesmo no grupo do InnerCircle há algumas diferenças entre o Inglês falado em cada região, e isso 71

não muda o entendimento entre os usuários, fato este que mostra que há sim modos de comunicação entre essas outras variações. Outro argumento levantado pelos especialistas contrários ao WE é de que a língua Inglesa não está sequer distribuída homogeneamente pelo mundo todo, o que torna a mesma elitizada. Segundo Mufwene (2010, p. 46), a expansão do idioma nos países ExpandingCircle se dá conforme o grau de integração de tal país na globalização econômica. Ou seja, países que ainda encontramse às margens da globalização e que, geralmente, tem uma população rural maior que uma população urbana, têm pouca influência da língua Inglesa em sua cultura, ensino, negócios e etc. Esse fato é uma base forte para quem não aceita o WE justificar a afirmativa de que a diáspora é comandada pela mídia e não beneficia a todos, mas sim apenas às pessoas que são de interesse à essa. Rajagopalan (2003, p. 113) defende a diáspora do WE assumindo que todos os idiomas se encontram ligados às suas histórias coloniais, e que todas as linguagens foram desigualmente espalhadas pelo mundo. O autor também põe em vista que quanto mais estudado é o WE, mais fácil será conseguirmos entender o funcionamento de outras línguas Além de todos os argumentos contra a diáspora do WE vinda de especialistas, há também o preconceito vindo de falantes nativos do InnerCircle, que não aceitam a existência de outras variações do Inglês se não o Inglês padrão. Kubota (2001, p. 57) afirma que esses falantes nativos mantêm a ideia de que a aquisição da língua nativa fica mais fácil uma vez que o aluno se encontra em um ambiente dito nativo, o que não é realidade. A pesquisa da mesma mostra esse preconceito ao apresentar um diálogo entre um professor e uma turma de estudantes. Nesse diálogo, os alunos afirmaram que o mundo inteiro deveria falar a língua Inglesa, pois assim facilitaria a comunicação com os nativos quando visitassem países fluentes no Inglês, e quando esses nativos visitassem seus países, não precisariam aprender o idioma do local. A autora afirma que esse diálogo mostra não só o preconceito, mas também a xenofobia dos nativos, uma atitude etnocêntrica, uma vez que eles acham que não precisam aprender outra língua, porém habitantes de outros países precisam aprender a língua Inglesa, e também evitam contato com falantes não nativos. Acabar com esse preconceito seria um passo para a aceitação da diáspora do WE como um modo de comunicação mundial que aceita as diferenças de todos e que permite a aproximação das nações culturalmente, economicamente e também na educação. 72

English as a Lingua Franca O termo English as a Lingua Franca (Inglês como Língua Franca, ou ELF) se refere ao Inglês usado entre pessoas que têm diferentes línguas maternas para a comunicação entre si (SEIDLHOFER, 2012, p. 339). Seidlhofer (2012, p. 339) afirma que mesmo que não seja proibido o uso do ELF pelos falantes nativos de língua Inglesa, é mais comum pessoas que não têm a mesma língua materna usá-lo para comunicarem-se. A mesma autora afirma que mesmo que o termo ELF seja o mais usado para designar a comunicação entre falantes não nativos e de línguas maternas diferentes, alguns ainda costumam usar os termos Inglês como um meio de comunicação intercultural e também Inglês como uma língua internacional. Kubota (2012, p. 57) alega que os estudos nessa área são voltados para o reconhecimento de características no núcleo fonológico e lexicogramatical que permitem o entendimento desses falantes de diferentes línguas maternas. A autora declara, também, que esses estudos mostraram que certas características encontradas e que são declaradas importantes no ensino da Língua Inglesa não demonstram relevância para o entendimento entre os usuários do ELF. Muitos estudiosos costumam comparar o fenômeno do ELF com o fenômeno do English as a Foreign Language (Inglês como Língua Estrangeira), também conhecido como EFL, porém Jenkins (2003, p. 928) aponta algumas características de ambos os fenômenos que os diferenciam. Por exemplo: O EFL é visto como uma parte to paradigma do global Englishes, que não objetiva ser próximo do Inglês de um falante nativo, enquanto o EFL tem o propósito de aproximar seus estudantes o mais perto possível de um falante nativo. O ELF prefere inovações no contato enquanto o EFL prefere os métodos antigos. Jenkins (2003, p. 928) aponta essa diferença dizendo que A metáfora de linguagem do ELF é contato e evolução, enquanto a metáfora do EFL é de interferência e fossilização O ELF vê a mistura de códigos como estratégias pragmáticas dos bilíngues, enquanto esse mesmo fator é visto pelo EFL como uma falha. Kubota (2012, p. 60) aponta a fala de alguns críticos sobre o tema, que dizem que as características do ELF procuram torná-lo um mono-modelo, e também que interpretam o fenômeno de um modo errôneo no reconhecimento da diversidade linguística. Outra crítica seria 73

a desconsideração dos profissionais do ramo do ELF com os vários desejos dos estudantes de Língua Inglesa, e que o fenômeno os obriga a manter uma relação limitada com os falantes nativos de Inglês. A última critica, segundo a autora, seria de que ainda existe uma hierarquia na relação entre os falantes de Língua Inglesa que o ELF tenta quebrar, porém não consegue, e, além disso, ainda não consegue carregar as crenças sobre cultura, sociedade e identidade própria e alheia que estão envolvidos com o ensino da língua. Kubota(2012, p. 62) também lembra o fato de que mais de três quartos da população mundial não fala a língua inglesa, o que comprova que o ELF não é eficiente em todas as partes do planeta Terra. Jenkins (2003, p. 928) apresenta algumas pesquisas feitas na área que demonstram que o paradigma seria apenas uma forma deficiente do Inglês nativo e, desse modo, reiteram e somam as críticas já citadas acima. Essas pesquisas se encontram nos ramos: Fonológicos e Fonéticos (a pronúncia de certas palavras pelos falantes não nativos que seguem uma regra diferente da regra dos falantes nativos), Lexicogramatical e Morfológico (a criação de novas palavras e novas colocações, e também a troca de certos substantivos por outros). Por fim, com todas essas criticas sobre o ELF, Kubota (2012, p. 63) afirma que o paradigma tem um papel importante em vários contextos comunicativos, todavia os professores e pesquisadores da área precisam estar conscientes das várias limitações apresentadas pelo fenômeno. Práticas de ensino do EIL As práticas pedagógicas do EIL são diferentes do ensino comum de língua Inglesa. Kubota (2012, p. 67) afirma que o ensino monolíngue, tradicional e normativo não é o objetivo da pedagogia do EIL e que a aproximação monolíngue perpetua a relação de poderes que divide as populações falantes de Língua Inglesa das não falantes de Inglês. O ensino do EIL, segundo Kubota (2012, p. 67), objetiva não só ensinar a língua Inglesa, mas também ajudar os estudantes a criar uma consciência crítica sobre poder, cultivar atitudes positivas para a comunicação entre diferenças linguísticas e também desenvolver habilidades comunicativas para a comunicação através de fronteiras (border-crossing communication). Para que essa meta seja alcançada, a autora afirma que alunos e professores precisam ter sempre uma 74

reflexão crítica e também precisam se engajar em questionamentos constantes até mesmo de avaliações críticas de suposições existentes. As práticas de ensino dos paradigmas anti-normativos do EIL são voltados para a pluralidade e também para novas ideologias linguísticas (KUBOTA, 2012, p. 55). A meta a ser alcançada no EIL não é fazer o aluno chegar ao nível de um falante nativo, como no ensino de Inglês padrão, e sim conseguir que a comunicação seja viável para os usuários da Língua Inglesa, seja nos círculos Internos, Externos ou em Desenvolvimento. Por fim, Kubota (2012, p. 67) afirma que os métodos pedagógicos usados no EIL procuram ajudar a aumentar a diversidade existente em comunidades locais e globais de uma forma responsável, ética e social. Considerações Finais Esta pesquisa bibliográfica nos mostrou que o fenômeno do EIL vem crescendo a cada dia mais e mostrando uma nova alternativa de ensino de Língua Inglesa, que se mostra preocupada não só com a aprendizagem da língua, mas também com as diferentes ideologias dos vários países que fazem uso do ensino de Inglês. Esse paradigma vem sendo muito estudado e discutido por pesquisadores, porém ainda tem muitas lacunas a serem preenchidas e questões a serem respondidas. As divisões do EIL explicadas e discutidas neste artigo apresentam um pequeno recorte desse paradigma; seu objetivo de criar um ensino de língua Inglesa sem preconceitos, voltado para a comunicação e entendimento e deixando de lado a prioridade de alcançar o nível de um falante nativo; e também as críticas feitas por alguns estudiosos contrários a essa ideia. O World Englishes se mostra a divisão mais estudada, onde as caracterizações dos círculos feitas por Kachru e Nelson (1996, p. 77-78) perduram até hoje nos estudos dessa área. Por outro lado, o ELF se mostra muito criticado como uma divisão do EIL que não estimula o contato entre falantes nativos e estudantes de língua Inglesa. Por fim objetivo de se distanciar do ensino monolíngue é o que diferencia o EIL dos outros métodos de ensino de língua Inglesa. Para Kubota (2012, p. 67), o monolíngualismo é funcionalmente limitado para responder as demandas globais e locais do border-crossing communication. Desse modo, usar o monolíngualismo como uma prática pedagógica do EIL não 75

seria uma alternativa, uma vez que existem diferenciadas variedades de Inglês dentro dos círculos já citados. Referências bibliográficas JENKINS, J. Accommodating (to) ELF in the international university. Oxford: Oxford University Press, 2000. KACHRU, B. B.; CECIL L. NELSON. World Englishes. In McKay, S. & Hornberger, N. H.. Sociolinguistics and Language Teaching. Ed. Cambridge University Press, 1996, 71-102. 76

KACHRU, Y. Teaching and learning of world Englishes. In E. Hinkel (Ed.). Handbook of research in second language teaching and learning. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2005, p.155-173. KUBOTA, R. The politics of EIL: toward border-crossing communication in and beyond English. In A. Matsuda (Ed.), Principles and practices of teaching English as an international language. Bristol: Multilingual Matters, 2012, p. 55-69. KUBOTA, R. Teaching World Englishes to native speakers of English: A pilot project in a high school class. World Englishes, 20, 47-64, 2001. MUFWENE, S. S. Globalization, global English, and world English(es): Myths and facts. In N. Coupland (Ed.), The handbook of language and globalization. Malden, MA: Wiley, 2010,p. 31-55. RAJAGOPALAN, K. The concept of World English and its implications for ELT. ELTJournal.58(2), 111-117, 2004. SEIDLHOFER, B. English as a lingua franca. ELT Journal. 59(4),339-341, 2005. 77