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Transcrição:

POPULAÇÃO: DINÂMICAS POPULACIONAIS CONTEÚDOS Dinâmicas populacionais Estrutura etária da população Transição demográfica Teorias populacionais AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Em 1950, estimou-se que o mundo tinha 2,6 bilhões de pessoas. No ano de 1987, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou que o mundo atingiu a marca de 5 bilhões de habitantes. Já em 2011, a população mundial atingiu a marca de 7 bilhões de habitantes. Desse total, quase 3% vivem no Brasil. O país é o quinto mais populoso do mundo, com pouco mais de 200 milhões de habitantes, atrás apenas da China, da Índia, dos Estados Unidos e da Indonésia. Figura 1 Com mais de 24 milhões de pessoas, Xangai é a maior metrópole da China e do mundo Fonte: Hung Chung Chih/Shutterstock.com

A China é o país mais populoso do mundo com mais de 1,38 bilhão de pessoas, seguido da Índia, com 1,31 bilhão de pessoas. Juntos, esses dois países concentram cerca de um terço da população mundial. Seguindo estimativas e análise das características demográficas desses dois países, a ONU espera que a Índia se torne o país mais populoso mundo, ainda nas primeiras décadas do século 21. Para as próximas décadas, a entidade estima que o crescimento populacional continuará a acontecer, porém, em um ritmo cada vez mais lento. Em 2030, a população mundial deverá chegar aos 8,5 bilhões de habitantes; 9,7 bilhões em 2050; e ultrapassar os 11 bilhões em 2100. Durante o período de 2015 a 2050, metade do crescimento populacional do mundo se concentrará em apenas nove países: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, os Estados Unidos, Indonésia e Uganda (quase todos países periféricos da África e do Sudeste Asiático, à exceção dos Estados Unidos). No ano de 2014, dos mais de 7 bilhões de habitantes do mundo, aproximadamente 54% viviam em cidades. Essa proporção deve chegar a quase 70% no ano de 2050. A população urbana mundial passou de aproximadamente 750 milhões de pessoas em 1950 e atingiu 3,9 bilhões em 2014. Com a população rural mundial, a expectativa é inversa. Essa população cresce a um ritmo muito lento desde 1950 e conta, atualmente, com aproximadamente 3,4 bilhões de habitantes. Pelas estimativas da ONU, a partir de 2020, a população rural começará a diminuir e chegará, no ano de 2050, a 3,1 bilhões de habitantes. Para as próximas décadas, praticamente todo o crescimento populacional do mundo deverá acontecer nas grandes cidades de países periféricos e emergentes. A expectativa é que os países do sudeste asiático e do continente africano, sejam aqueles que sofram o maior incremento de população urbana.

Dinâmicas populacionais Apesar do recorrente aumento populacional do mundo, a cada período, ele se torna mais lento. Isto é, o ritmo do crescimento natural (ou vegetativo) da população mundial é cada vez menor, se comparado aos anos ou décadas anteriores. Isso ocorre, sobretudo, porque as taxas de natalidade e de fecundidade estão em constante queda em boa parte dos países. Saiba mais: O crescimento natural (ou vegetativo) é o dado que revela a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada localidade. Esse dado expressa, portanto, o ritmo natural de crescimento de uma população, sem considerar o saldo migratório. Crescimento Vegetativo (CV) = Taxa de Natalidade (TN) Taxa de Mortalidade (TM) Taxa de fecundidade: número médio de filhos que uma mulher pode ter em sua idade reprodutiva. Taxa de natalidade: número de crianças nascidas com vida em um grupo de mil habitantes, no período de um ano. Taxa de mortalidade: número de óbitos registrados em um grupo de mil habitantes, no período de um ano. Fique atento: O crescimento demográfico ou populacional ocorre em razão do crescimento vegetativo somado aos deslocamentos populacionais. Assim, é preciso lembrar que a chegada (imigração) e a saída de pessoas (emigração) também interferem na dinâmica populacional de um lugar. A dinâmica demográfica da população é bastante desigual. Enquanto a população tem crescido em um ritmo lento, especialmente nos países centrais e emergentes, em alguns países periféricos, sobretudo na África, o crescimento vegetativo ainda é acelerado, devido as altas taxas de natalidade e fecundidade. A concentração do crescimento populacional nos países mais pobres do mundo coloca uma série de desafios ligados à expansão do acesso à educação, ao sistema de saúde e o combate à fome.

Na contramão dessas projeções de crescimento, alguns países já vivem um processo de crescimento vegetativo negativo (morrem mais pessoas do que nascem). Além disso, presenciam um envelhecimento significativo da população, a começar pelo continente europeu, onde se espera que até 2050, 34% da população seja composta por idosos, ou seja, pessoas acima de 60 anos. Para a América Latina, Caribe e Ásia, a expectativa é que, nesse mesmo ano, os idosos representem 25% de todo o conjunto populacional. Em 2014, eles representavam aproximadamente 12% do total. O envelhecimento populacional, apesar das diferenças entre os países, é um fenômeno que já ocorre em escala global. Esse processo se caracteriza pelo aumento da expectativa de vida (ou esperança de vida) e pela queda da fecundidade. Com isso, os idosos passam a representar um grupo proporcionalmente maior no conjunto da população do país. Figura 2 Com a melhoria da qualidade de vida, especialmente nos países mais ricos, a tendência é que o número de idosos aumente Fonte: Diego Cervo/Shutterstock.com O ONU estima que, no geral, a expectativa de vida mundial deve aumentar nas próximas décadas e atinja os 76 anos, no período 2045-2050 e 82 anos em 2095-2100. Segundo a entidade, em 2100, as pessoas viverão, em média, 89 anos, nos países mais ricos e 81 anos, nos países menos desenvolvidos.

Os avanços na medicina, prevenção e cura de doenças, o acesso a remédios, a melhoria na qualidade de vida, a melhor alimentação e a maior inserção do idoso na sociedade colaboram para que a expectativa de vida do idoso, em geral, aumente. Estrutura etária da população Chama-se pirâmide etária o gráfico que organiza a população de uma determinada localidade, distribuindo-a por sexo e faixas de idade, por meio de barras horizontais sobrepostas. A observação e análise do gráfico possibilitam a obtenção de algumas conclusões referentes às taxas de natalidade, fecundidade e expectativa de vida de um determinado lugar. As barras inferiores representam a população de crianças, passando pelos jovens, adultos, até chegar aos idosos, nas barras superiores. Pirâmides com base larga indicam localidades com um número elevado de crianças, ou seja, com grande fecundidade e natalidade. Essas pirâmides também costumam ter topo estreito, o que revela lugares com poucos idosos na composição da população, isto é, poucas pessoas acima dos 60 anos. Esse dado é indicador de uma baixa expectativa de vida. Figura 3 Pirâmides Etárias da Nicarágua e Finlândia (2015) Fonte: DESA/ONU

Observe a evolução das pirâmides brasileiras entre os anos de 1980, 2000, 2010 e a projeção para o ano de 2030. Figura 4 Pirâmides etárias do Brasil (1980, 2000, 2010 e projeção para 2030) Fonte: Fundação Bradesco Dados: Censos do IBGE

Uma tendência já verificada no Brasil, tal como ocorre em outros países do mundo, é a diminuição da base, ou seja, do número de nascimentos, bem como o alargamento do topo. Essas mudanças indicam a queda nas taxas de fecundidade e de natalidade, e o aumento da qualidade e da expectativa de vida da população do país. Até os anos 1980, o país possuía uma pirâmide etária típica de países jovens, ou seja, o número proporcional de pessoas com faixas de idade inferiores era relativamente maior. No entanto, há alguns anos, o Brasil passa por um processo de envelhecimento de sua população, fazendo com que hoje, a população adulta seja proporcionalmente maior. Transição demográfica De maneira geral, a tendência é que os países reduzam a participação de crianças e jovens, e aumentem a proporção de adultos e idosos no conjunto de sua população. Assim, a análise da estrutura populacional de uma determinada localidade é fundamental para que se perceba o momento da transição demográfica em que ele se encontra. Chama-se de transição demográfica o processo natural de mudanças na composição etária de uma determinada população e que resulta na redução do crescimento vegetativo. Vale destacar que, cada país possui um ritmo de envelhecimento de sua população e, por esse motivo, encontra-se em um estágio diferente da transição. Observe o gráfico: Figura 5 Transição Demográfica Fonte: Fundação Bradesco

No período que antecede a transição demográfica, também chamado de Regime Demográfico Tradicional, a tendência era que os países apresentassem altas taxas de natalidade e também de mortalidade, devido à ausência de métodos contraceptivos e às péssimas condições de vida no campo e nas cidades. De certa forma, todos os países, inclusive os periféricos, já iniciaram seus processos de transição e, por essa razão, nenhum deles encontra-se nesse momento. A primeira fase da transição demográfica é marcada pela queda brusca das taxas de mortalidade. Isso ocorre porque as melhorias em saúde pública, políticas de vacinação, prevenção e controle de doenças, melhorias na habitação, no saneamento básico (tratamento de água, coleta de lixo e ampliação da rede de esgoto) e nos hábitos alimentares, tendem a aumentar a qualidade de vida da população, reduzindo as taxas de mortalidade e de mortalidade infantil. Entretanto, na primeira fase, as taxas de natalidade permanecem elevadas e crescentes. Nesse sentido, o crescimento demográfico é intenso, chegando a ocorrer momentos com verdadeiras explosões demográficas em algumas localidades. As economias mais pobres da África, do Oriente Médio e do sudeste da Ásia ainda se encontram nesse estágio. Na segunda fase da transição demográfica, observa-se uma redução das taxas de natalidade, que passam a acompanhar o movimento de queda da taxa de mortalidade. Com esse processo, o crescimento vegetativo diminui seu ritmo de crescimento. De maneira geral, essa fase ocorre quando o país consolida o modelo urbanoindustrial. Essa mudança não implica apenas em uma transformação na estrutura econômica, mas resulta em alterações na configuração da sociedade, que enraíza novos valores e hábitos e modifica seu padrão familiar. Nas cidades, geralmente, a eficácia da divulgação dos métodos contraceptivos e do planejamento familiar tende a ser melhor. Além disso, nessas localidades, passa-se a contar com uma presença maciça das mulheres no mercado de trabalho, o que resulta em um adiamento da gravidez e na redução do número de filhos; consequentemente, ocorre a queda das taxas de natalidade e fecundidade. Atualmente, alguns países de industrialização tardia da América Latina, da África, do Oriente Médio e do sudeste Asiático encontram-se nesse estágio. Ao término da segunda fase, a transição se completa. Nesse período pós-transição, também chamado de Regime Demográfico Moderno, o crescimento vegetativo é bastante reduzido e, em alguns países, ele chega a ser negativo, isto é, as taxas de mortalidade são

maiores que as taxas de natalidade. A tendência é que, em um futuro próximo, esses países reduzam o número de habitantes, caso não ocorra nenhum grande fluxo migratório. A Alemanha é o principal exemplo desse momento. Nesse país, a taxa de natalidade é de 9 nascimentos a cada mil pessoas; em contrapartida, o país registra 11 mortes a cada mil pessoas. Há algumas décadas, os países centrais da economia capitalista, como é o caso dos Estados Unidos, da União Europeia, do Japão e da Austrália, vivem essa fase póstransição. A maior parte dos países em desenvolvimento ou emergentes, como é o caso do Brasil, entraram nesta fase no início do século 21. Observe no mapa, a fase da transição demográfica em que cada país se encontra: * Os países destacados com alto grau de dependência já entraram no Regime Demográfico Moderno e encontram-se nessa situação, uma vez que as taxas de natalidade e fecundidade são muito baixas e o número de idosos é muito alto. Assim, a população economicamente ativa tende a ser menor que a população idosa e aposentada. Figura 6 Fases da Transição Demográfica Fonte: UNFPA/ONU A análise das pirâmides etárias é fundamental para o entendimento do processo de transição demográfica. A tendência natural é que o formato piramidal vá se tornando retangular à medida que os países mudem de estágio na nesta transição. Observe:

Figura 7 Mudanças na pirâmide etária, em decorrência do estágio da transição demográfica Fonte: Wikimedia Commons Países mais ricos, com pirâmide retangular (base estreita e topo largo), já passaram pela transição demográfica. Esses países apresentam elevada expectativa de vida, além de baixas taxas de natalidade e de mortalidade. Países periféricos, ao contrário, ainda possuem pirâmide etária com formato piramidal (base larga e topo estreito). A maior parte deles ainda está na primeira fase da transição demográfica e possui altas taxas de natalidade. A expectativa é que a maior parte dos países alcancem os estágios mais avançados da transição demográfica e, como isso, passem por um processo de envelhecimento populacional. Essas mudanças no perfil demográfico irão interferir diretamente no mercado de trabalho, no sistema previdenciário (aposentadorias) e na organização das economias em um futuro próximo. Teorias populacionais O crescimento populacional (que considera o crescimento natural e as migrações) há bastante tempo é uma preocupação para estudiosos. Os momentos de crescimento demográfico acelerado levaram muitos, ainda no século 17, a considerar os impactos negativos do aumento do número de pessoas no mundo. Em 1798, o pastor e economista britânico, Thomas Malthus, publicou a obra Ensaio sobre a população, em que desenvolvia uma teoria que previa que o ritmo de crescimento populacional era mais acelerado que o ritmo de produção de alimentos.

Curiosidade: Malthus considerava que, sem interferências externas, como guerras e epidemias, a população duplicava a cada 25 anos. Assim, acreditava que a população cresceria de forma ininterrupta em uma progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...). Já a disponibilidade de recursos e a produção de alimentos, segundo ele, aumentavam apenas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...), uma vez que dependeria de fatores limitantes, como a extensão territorial de cada país e a ocupação de áreas agricultáveis. Nessa teoria, Malthus considerou que os problemas sociais da época ocorriam por conta do excesso populacional e previu que se a população continuasse a crescer, iriam faltar alimentos para todos. A consequência desse fato seria a fome, crises de abastecimento e conflitos. Por ser um pastor anglicano, Malthus era contrário à adoção de métodos contraceptivos e, em razão disso, pregava que os casais só deveriam ter filhos caso tivessem condições para sustentá-los e terras para cultivar os alimentos. Quando elaborada, a teoria de Malthus que também recebe o nome de Teoria Malthusiana pareceu bastante coerente; no entanto, o pastor não foi capaz de prever o aumento da produtividade de alimentos em decorrência do desenvolvimento tecnológico, tampouco os impactos da urbanização no comportamento demográfico das famílias. A razão para esses erros é simples, Malthus elaborou sua teoria considerando a dinâmica populacional do meio rural, em que o número elevado de filhos ainda era uma necessidade para atender a demanda de mão de obra e trabalho nas lavouras. Além disso, Malthus também desconsiderou que a tecnologia poderia suprir a mão de obra e aumentar a produtividade das lavouras. De lá pra cá, a população não cresceu a cada 25 anos e, apesar do número de pessoas que passam fome ser alarmante, sabe-se que a produção de alimentos é intensa, o que falta é uma melhor distribuição de renda entre as classes sociais. A explosão demográfica (especialmente dos países periféricos ou subdesenvolvidos), após a Segunda Guerra Mundial, na segunda metade do século 20, novamente trouxe à tona a teoria de Malthus. Na época, temia-se que o crescimento demográfico pudesse ser o estopim de um novo conflito em escala mundial. Em razão disso, discutiu-se meios para diminuir esse ritmo de crescimento. Nesse contexto, surgiu a Teoria Neomalthusiana que via com péssimos olhos o crescimento populacional, especialmente, dos países mais pobres. Para esses teóricos, a

existência de uma população jovem e numerosa era a causa da pobreza, da fome e das demais mazelas dos países. Segundo os neomalthusianos, quanto maior a população, menor a renda per capita e a possibilidade do país investir nos setores produtivos; uma vez que grande parte do capital, segundo eles, seria aplicado na saúde e educação, ou seja, em setores que não trazem retorno financeiro. Figura 8 Família em Moçambique. Apesar das recentes quedas, a África ainda é o continente com as maiores taxas de natalidade e fecundidade do mundo Fonte: Svetlana Arapova/Shutterstock.com Nessa teoria, dizia-se que as populações, especialmente as mais pobres, deveriam ter um rígido controle de natalidade, passando pela distribuição gratuita de métodos contraceptivos e políticas de esterilização em massa. Assim, para os neomalthusianos, o crescimento populacional era a causa do subdesenvolvimento. Na outra ponta, estavam os teóricos da Teoria Reformista que acreditavam que, ao contrário dos neomalthusianos, o crescimento populacional era uma das consequências do subdesenvolvimento dos países. Isto é, para os reformistas, a ausência de políticas públicas, que incentivassem o uso de métodos contraceptivos e o planejamento familiar (tal como ocorria nos países ricos), era responsável pelas altas taxas de natalidade e pela ampliação dos problemas sociais. A falta de investimento em saúde e, sobretudo, em educação, também contribuíam para a manutenção de problemas sociais como

desemprego, má qualificação profissional, baixos salários e baixa produtividade desses países. Nesse sentido, para os reformistas, a existência de uma população jovem e numerosa não era uma causa do subdesenvolvimento, mas sim uma consequência deste. Para eles, era preciso primeiro melhorar as condições de vida das famílias (saúde, educação, acesso à informação) para, depois, se equilibrar a dinâmica demográfica. ATIVIDADES 1. (FGV-SP 2013 Administração) Em setembro de 2012 foi divulgada pelo IBGE a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) referente ao ano de 2011. Um dos dados revelados mostra a diminuição da taxa de fecundidade total para níveis abaixo da reposição, 1,7 filhos/mulher. Este fato apresenta várias implicações, dentre as quais, a) o aumento das diferenças socioeconômicas regionais. b) a redução do movimento migratório a partir da década de 2030. c) a imediata estabilização da população economicamente ativa. d) a redução das diferenças entre as faixas etárias. e) a desaceleração do ritmo de crescimento da população. 2. (FGV-SP 2013 Administração) A partir de levantamentos demográficos, o órgão da ONU que estuda a população elaborou as pirâmides etárias que representam modelos de estrutura demográfica dos continentes. Observe as pirâmides I, II e III, referentes ao ano de 2010, apresentadas a seguir.

Considerando a dinâmica demográfica predominante em cada continente, pode-se afirmar que a pirâmide a) I é representativa da explosão demográfica observada nas décadas de 1960/80 na América Latina. b) II é característica da Ásia, onde o crescimento demográfico é garantido pelos imigrantes. c) II é típica da Europa, que reduziu a natalidade a partir das últimas décadas do século XX. d) III é característica da África, onde a transição demográfica encontra-se nas fases iniciais. e) III é típica da Oceania, onde os grupos humanos apresentam elevada taxa de fecundidade. 3. (FGV-SP 2013/Administração Pública) O gráfico abaixo representa a evolução da Taxa Bruta de Mortalidade (TBM) e da Taxa Bruta de Natalidade (TBN) no Brasil, entre 1881 e 2005. Explique como ele ilustra o conceito de transição demográfica no Brasil.

4. (FUVEST 2012 2ª Fase) Com base nos gráficos e em seus conhecimentos, a) caracterize o processo de transição demográfica em curso no Brasil;

b) cite e explique dois possíveis impactos da transição demográfica brasileira sobre políticas públicas. LEITURA COMPLEMENTAR Envelhecimento da População Brasileira A população brasileira, antes considerada jovem, ou seja, com uma população predominantemente concentrada entre as idades mais novas, passou agora a ser considerada adulta, o que significa que o número de pessoas nas faixas etárias menores está menor e o número de pessoas mais velhas, maior. Essa dinâmica revela o expressivo envelhecimento populacional brasileiro nas últimas décadas. Esse processo é algo que já aconteceu na grande maioria dos países desenvolvidos e, mais recentemente, em alguns países emergentes (como Argentina e Coreia do Sul). No entanto, esse fenômeno no Brasil vem se manifestando de maneira muito acelerada, o que está relacionado com o rápido decréscimo das taxas de natalidade no país. O crescimento demográfico brasileiro está basicamente pautado no crescimento vegetativo (taxa de mortalidade menos a taxa de natalidade) e muito pouco no crescimento migratório, haja vista que o país, ao menos por enquanto, não é um vetor migratório para o qual uma grande massa de pessoas se muda em um curto intervalo de tempo. Dessa forma, o que regula a evolução demográfica do país são as oscilações das taxas de natalidade e mortalidade, que demarcaram a transição demográfica no país ao longo do século XX. No início, tanto as taxas de mortalidade quanto as taxas de natalidade eram elevadas: nasciam muitos filhos, mas morria uma grande quantidade de pessoas. Com o tempo, as condições sociais de vida foram melhorando, além das evoluções no campo da saúde, o que propiciou a elevação rápida dos índices de crescimento, uma vez que nascia muita gente e morriam cada vez menos pessoas.

Com o tempo, a queda nas taxas de mortalidade foi acompanhada pela diminuição das taxas de fecundidade (número de filhos por mulher). Entre 1960 e 2010, o número médio de filhos para cada mulher caiu de 6,3 para 1,1. Por outro lado, a expectativa de vida aumentou de 52,6 anos para 73,8 anos nesse mesmo período; e a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é que esse índice aumente para 76,1 até o ano de 2020. O envelhecimento gradativo da população brasileira demanda novos desafios para o país, haja vista que a PEA (População Economicamente Ativa) concentra-se nas idades intermediárias, em que o cidadão apresenta as condições necessárias para o trabalho e a consequente geração de riquezas. Por essa razão, políticas públicas de prevenção aos eventuais gastos previdenciários e orçamentários devem ser tomadas desde já para que não haja problemas relativos ao aumento médio do número de pessoas idosas no país. PENA, Rodolfo F. Alves. Envelhecimento da População Brasileira. Alunos Online UOL. Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/geografia/envelhecimento-populacao-brasileira.html>. Acesso em: 15 ago. 2016. 10h20min. REFERÊNCIAS DESA/ONU. 2015 Revision of World Population Prospects. Disponível em: <https://esa.un.org/unpd/wpp/>. Acesso em: 15 ago. 2016. 10h20min. DIEGO CERVO In: SHUTTERSTOCK. Retired elderly people and free time, group of happy senior african american and caucasian male friends talking and sitting on bench in park. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pic-129923204.html>. Acesso em: 19 ago. 2016. 11h30min. FGV. Vestibular FGV-SP 2013. 1º Semestre Administração Pública. Prova de História e Geografia. Disponível em: <http://vestibular.fgv.br/provas-gabaritos-e-editais>. Acesso em: 15 ago. 2016. 14h30min. FGV. Vestibular FGV-SP 2013. 1º Semestre Economia. Caderno 1. Disponível em: <http://vestibular.fgv.br/provas-gabaritos-e-editais>. Acesso em: 15 ago. 2016. 14h30min.

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GABARITO 1. Alternativa E. Comentário: A queda das taxas de natalidade e fecundidade provoca uma desaceleração do ritmo do crescimento vegetativo. Essas quedas são explicadas por uma série de fatores sociais e econômicos que caracterizam o país desde as últimas décadas, tais como a urbanização, a presença da mulher no mercado de trabalho, a democratização e a disseminação de diferentes métodos contraceptivos e o planejamento familiar. A redução da taxa de fecundidade acarreta na queda do número de nascimentos e, consequentemente, na taxa de natalidade. Se entre as décadas de 1940 e 1960, a mulher brasileira tinha em média, seis filhos; atualmente, esse número é consideravelmente menor, ficando abaixo de 2 filhos. 2. Alternativa D. Comentário: Pirâmides com base larga indicam localidades com um número elevado de crianças, ou seja, com grande fecundidade e natalidade. Já o topo estreito mostra um número pequeno de idosos no conjunto da população, devido à baixa expectativa de vida. Boa parte dos países periféricos possui pirâmide etária com formato piramidal (base larga e topo estreito). A maior parte deles, ainda está na primeira fase da transição demográfica e possui altas taxas de natalidade. Países mais ricos, com pirâmide retangular (base estreita e topo largo), já passaram pela transição demográfica e, portanto, apresentam elevada expectativa de vida, além de baixas taxas de natalidade e de mortalidade. A pirâmide II é típica dos países centrais. A pirâmide I é típica de um país que está passando pela transição demográfica, já a pirâmide III é típica dos países periféricos, como os do continente africano. 3. O gráfico ilustra o processo de transição demográfica pela qual o Brasil passou e ainda passa, uma vez que destaca a evolução das taxas de natalidade e mortalidade. Em um primeiro momento, verifica-se que o país possuía altas taxas de natalidade e de mortalidade. A partir da década de 1930, as taxas de mortalidade começam a cair bruscamente, devido melhorias no saneamento básico, oferta de água potável, avanços na medicina, desenvolvimento e universalização de novos de medicamentos (antibióticos) e vacinas.

Na década de 1960, as taxas de natalidade também começam a cair rapidamente, devido à popularização da pílula e outros métodos contraceptivos, além da conquista do mercado de trabalho pelas mulheres. Com essas mudanças, inicia-se uma nova fase da dinâmica populacional brasileira, marcada pela desaceleração do crescimento vegetativo. 4. a) O Brasil passa pela segunda fase da transição demográfica, caracterizada pela queda das taxas de fecundidade, natalidade e mortalidade; além de presenciar uma elevação da expectativa de vida. Essa segunda fase caracteriza-se pela desaceleração do crescimento vegetativo e pelo aumento significativo do número de adultos e idosos no conjunto da população. Consequentemente, o valor proporcional de crianças e jovens diminui. Por esse motivo, diz-se que o Brasil, assim como outros países do mundo, está passando por um processo de envelhecimento de sua população. b) Um dos principais impactos da redução das taxas de natalidade e fecundidade e do envelhecimento da população é a redução da população economicamente ativa, devido à diminuição do número de jovens, em idade com potencial para compor o mercado de trabalho. Outro impacto é o aumento dos gastos no sistema previdenciário, pensões, e de aposentadoria. Além disso, torna-se necessário cuidar da saúde e bem-estar dessa população idosa, a partir de políticas públicas eficientes.