9 Comparação de rotulagem de suplementos proteicos e de creatina com a resolução RDC nº 18/2010 que dispõe sobre alimentos para atletas Caroline Farinha Fernandes ESTEVES 1 Giseli Cristina Galati TOLEDO 2 Resumo: O aumento do interesse dos praticantes de atividade física, amadores ou profissionais, em alcançar níveis mais elevados, e a comercialização facilitada provocou um aumento no consumo de suplementos alimentares, que muitas vezes são consumidos sem acompanhamento de profissional. Dessa forma, o rótulo do produto passa ser o meio de informação ao consumidor. O presente estudo tem como objetivo avaliar a conformidade dos rótulos de suplementos proteicos e de creatina para atletas comercializados em Ribeirão Preto/SP com a RDC nº 18/2010. Foram avaliadas 10 marcas de cada produto, sendo 5 nacionais e 5 importadas, e observou-se que, em ambos os tipos de produtos, quando importados, sempre havia algum tipo de inadequação (100%); os suplementos proteicos estiveram mais adequados quando comparados aos de creatina. As principais inadequações são: designação errônea, ausência de advertências obrigatórias ou presença de imagens ou expressões impróprias. Apesar da legislação vigente, muitos erros foram encontrados, cabendo ao órgão responsável melhor fiscalização. Palavras-chave: Rotulagem. Legislação. Suplementos Proteicos. Suplementos de Creatina. 1 Caroline Farinha Fernandes Esteves. Graduanda em Nutrição pelo ENAF/Desenvolvimento de Serviços Educacionais, Universidade de Poços de Caldas (MG). E-mail: <carol.martins.nutri@hotmail.com>. 2 Giseli Cristina Galati Toledo. Doutora e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas (UFAL). Docente do Curso de Nutrição do Claretiano Centro Universitário. E-mail: <giseligalati@gmail.com>.
10 Comparison of supplements labeling of protein and creatine to resolution nº 18/2010 DRC, that ordains about foods for athletes Caroline Farinha Fernandes ESTEVES Giseli Cristina Galati TOLEDO Abstract: The increased interest from physical activity practitioneers, amateurs or professionals, to reach higher levels, and facilitated commercialization led to an increase in the consumption of dietary supplements, which are often consumed without professional monitoring. Thus, the product label shall be the means of communication with consumers. This study aims to evaluate the compliance of labels of protein and creatine supplements for athletes commercialized in Ribeirão Preto/SP with RDC No. 18/2010. We evaluated 10 brands of each product, 5 national and 5 imported, and noted that in both products the imported ones always had some type of inadequacy (100%), protein supplements were more appropriate when compared to creatine. The main inadequacies are erroneous designation, absence of mandatory warnings or presence of inappropriate images or expressions. Despite the current legislation, many errors were found, and the responsible supervisory agencies must implement stricter fiscalization. Keywords: Label. Law. Protein Supplements. Creatine Supplements.
11 1. INTRODUÇÃO A prática de exercício físico é capaz de promover benefícios na qualidade de vida, saúde e composição corporal. Porém, ela nem sempre está associada à saúde, já que o esporte competitivo pode provocar alterações fisiológicas que conduzem o atleta ao limiar entre saúde e doença (LUKASKI, 2004). A resposta desencadeada pelo exercício está relacionada à duração, intensidade e natureza do estimulo, além de ao estado nutricional do indivíduo (NIEMAN et al., 2001). É notória a importância da alimentação para os atletas, pois esta é capaz de influenciar a performance e saúde dos mesmos (THONG; McLEAN; GRAHAM, 2000). A alimentação atua adequando a disponibilidade de substrato para realização do exercício e auxiliando a recuperação e o desempenho (PINHEIRO; NAVAR- RO, 2008). Muitos estudos vêm mostrando o interesse dos praticantes de atividade física, amadores ou profissionais, em alcançar níveis cada vez mais elevados no esporte e, com essa finalidade, utilizam indiscriminadamente os suplementos alimentares (LUKASKI, 2004). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), suplementos alimentares são: [...] alimentos que servem para completar a dieta de uma pessoa saudável, em casos em que sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente ou quando a dieta requer suplementação (BRASIL, 1998). Esses produtos são facilmente encontrados em farmácias, academias, lojas especializadas e, dependendo de sua categoria, não necessitam obrigatoriamente do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e no Ministério da Saúde (MS). Uma pesquisa mostrou que 61,2% da amostra faziam o consumo de suplementos; destes, 42,8% o faziam por autoprescrição e 27,5%, pela indicação de treinadores, mostrando o risco de inadequação da dieta dos mesmos, já que a orientação não foi realizada por profissional capacitado (HIRSCHBRUCH; FISBERG; MOCHIZUKI, 2008).
12 Os suplementos proteicos estão entre os mais consumidos, uma vez que seu uso se justifica pelo ganho de massa muscular. O Whey Protein, como são conhecidas comercialmente as proteínas do soro do leite, é fonte de aminoácidos de alto valor biológico, ricos em aminoácidos essenciais e de cadeia ramificada. Geralmente utilizado após o treino, visa à elevação plasmática da concentração de aminoácidos e ao aumento da síntese proteica (HARAGUCHI; ABREU; PAULA, 2006). A creatina é responsável por aumentar a capacidade de suprir a adenosina trifostato (ATP) por um longo período de tempo, quando realizado trabalho de alta intensidade e curta duração, devido à reação da creatina quinase e da capacidade aumentada de tolerar os distúrbios ácido-base, diminuindo a fadiga muscular. Dessa forma, é bastante conhecida por sua função ergogênica e é comprovado o aumento dos níveis de força e potência muscular (MEDEIROS et al., 2010). A indústria de suplementos alimentares, exceto a de alimentos funcionais, apresentou, de 2011 a 2012, um aumento de 11% nas vendas. Entre 2012 e 2013, o crescimento foi ainda maior (21%), chegando a faturar anualmente 46 bilhões de dólares no mundo. No Brasil, a fabricação e comercialização destes alimentos são regulamentadas pelo Ministério da Saúde por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e, alguns deles, fiscalizados também pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SILVA; FERREIRA 2014). Esses produtos, quando utilizados em adequação com a dieta, o tipo de atividade física e a intensidade, e respeitando a dosagem de cada nutriente, trazem diversos benefícios à performance. Porém, a preocupação com a estética e o fácil acesso, além da falta de controle de sua comercialização, podem levar a riscos a longo prazo, visto que o consumo muitas vezes é indiscriminado (SILVA JUNIOR et al., 2008; HIRSCHBRUCH; FISBER: MOCHIZUKI, 2008). Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, o consumo visa à busca do melhor desempenho físico, alcançando 40% dos praticantes de atividade física não atleta, 60% dos atletas
de maneira geral e 100% dos fisiculturistas. Estudos realizados em diferentes estados do nosso país mostram que os principais consumidores são do sexo masculino, da classe média e frequentadores de academia, podendo variar de 50 a 80% dos frequentadores, e o principal objetivo do consumo abusivo de suplementos tem finalidade ergogênica e estética (ANDRADE et al., 2012; SCHMITZ; CAMPAGNOLO, 2013). Sabendo da facilidade do acesso para o consumo de suplementos alimentares e da falta de acompanhamento por profissional adequado, o rótulo é a principal fonte de informação sobre o produto. A regulamentação sobre a rotulagem desse gênero alimentício é muito importante, a fim de reduzir riscos à saúde relacionados ao uso inadequado. A partir desse propósito, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o órgão responsável pela fiscalização, elaborou a resolução da Diretoria Colegiada RDC nº18/2010, cuja aprovação ocorreu devido à importância da atualização da Portaria 222/1998, que regulamentava os suplementos esportivos, porém os classificava como alimentos para praticantes de atividades físicas. Com o crescente número de praticantes de atividade física e amadores, somado ao fácil acesso aos produtos de suplementos, observa-se a necessidade da adequação dos rótulos desses produtos, pois o rótulo é um meio de comunicação entre o fabricante e o consumidor, e pode assegurar as informações sobre o produto, para que sejam feitas escolhas sensatas e seguras. Com isso, o objetivo desse estudo é avaliar a conformidade dos rótulos de suplementos alimentares comercializados na região de Ribeirão Preto, São Paulo, com a legislação vigente. 2. METODOLOGIA Foram avaliadas 10 marcas de suplementos proteicos para atletas e 10 de suplementos de creatina para atletas, sendo sempre 5 marcas nacionais e 5 importadas. As amostras foram selecionadas de acordo com a disponibilidade no comércio varejista em 4 lojas especializadas, na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, no período 13
14 de 3 meses, sendo de agosto a outubro de 2015. Os suplementos foram avaliados e comparados com a classificação descrita pela Resolução RDC nº 18, de 27 de abril de 2010, que aborda os aspectos relativos a alimentos formulados para atletas (BRASIL, 2010). Os suplementos proteicos nacionais foram chamados de A, B, C, D, E e os importados, de F, G, H, I e J. Os suplementos proteicos selecionados foram analisados e comparados com a Resolução RDC nº 18, com base no capítulo 3 ( Dos Requisitos Específicos ), artigo 8º, que se refere à presença obrigatória dos incisivos no rótulo: Incisivo I: quantidade mínima de 10g de proteína por porção. Incisivo II: pelo menos 50% das calorias devem ser provenientes de proteínas. Incisivo III: pode ser adicionado de vitaminas e minerais, conforme o regulamento técnico. Incisivo IV: não pode ser adicionado de fibras alimentares e não nutrientes. No capítulo 5 ( Da Rotulagem), foram avaliados o artigo 21 e 27, que dispõem, respectivamente, sobre a presença da frase obrigatória em destaque e negrito: Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico, e a ausência de imagens e expressões que possam induzir o consumidor ao engano, ou imagens ou expressões com referência a hormônios e substâncias farmacológicas, ou ainda expressões como anabolizante, hipertrofia muscular, queima de gordura, aumento da capacidade sexual, anticatabólico e outras sinônimas. E o artigo 26, que determina a necessidade da designação de cada produto, lista de ingredientes, número de registro, prazo de validade e informação nutricional. Já para a avaliação dos suplementos de creatina, foram analisados e comparados com base no capítulo 3 ( Dos Requisitos Específicos), artigo 10, atendendo os seguintes requisitos: Incisivo I: deve conter de 1,5 a 3g de creatina por porção.
Incisivo II: deve utilizar creatina monoidratada com grau de pureza mínimo de 99,9%. Incisivo III: pode ser adicionado de carboidratos. Incisivo IV: não pode ser adicionado de fibras alimentares. No capítulo 5 ( Da Rotulagem ) além dos artigos 21 e 27 analisados para proteínas, foi analisado também o artigo 23, que diz respeito à obrigatoriedade da advertência: O consumo de creatina acima de 3g pode ser prejudicial à saúde, e Este produto não deve ser consumido por crianças, gestantes, idosos e portadores de enfermidades. 3. RESULTADOS Foram avaliados 10 suplementos proteicos para atletas, de diferentes fabricantes, sendo 5 nacionais e 5 importados, com 100% apresentando-se em forma de pó para diluição. Do total de produtos avaliados, entre nacionais e importados, apenas 30% apresentaram rótulos conforme o previsto pela RDC nº 18/2010. 60% os produtos nacionais estavam de acordo com a legislação vigente; já quanto aos produtos importados, nenhum se apresentou adequado. Os itens que mais se encontraram fora da conformidade foram os relacionados à ausência de advertências necessárias para esse perfil de alimento. Segundo a RDC nº 18/2010, capítulo 5, artigo 26, inciso I, a rotulagem dos produtos deve conter a designação do produto conforme previsto no artigo 4 (Capítulo III Definições ); no produto em questão, destinado à complementação das necessidades proteicas do indivíduo, a designação dever ser: suplemento proteico para atletas, mas 20% dos produtos nacionais e 60% dos internacionais não estavam de acordo, estando essa informação ausente ou incompleta. Outro fator que contribuiu para a não conformidade dos suplementos proteicos foi a ausência de alguma das advertências previstas na legislação. Dentre os avaliados, 20% (n=1) dos produtos nacionais e 60% dos internacionais não continham a seguinte frase: 15
16 Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico, prevista no capitulo 5, artigo 21 da RDC nº 18/2010. Quando aos suplementos de creatina para atletas, a mesma quantidade e distribuição entre nacionais e importados foi avaliada. Dentre as creatinas analisadas, foi encontrado 80% de inadequação, sendo que apenas 40% dos suplementos de creatina nacionais estavam em acordo com a RDC nº 18/2010, enquanto 100% dos suplementos de creatina importados não estavam de acordo. Os motivos pelos quais os itens não estavam de acordo foram a falta de advertências obrigatórias conforme a RDC nº 18/2010, e presença de imagens ou expressões impróprias, além da inadequação da designação do produto. Dentre os produtos avaliados, 40% dos importados e 20% dos nacionais apresentavam imagens, como músculos, ou frases como máximo resultado e melhor desempenho, que, segundo o capitulo 5, artigo 27, inciso I da legislação, não devem estar presentes nos rótulos, já que podem induzir o consumidor a ideias inadequadas sobre o produto. Assim como os suplementos proteicos, os de creatina também não apresentaram a designação prevista na rotulagem. De acordo com o artigo 4 (Capítulo III Definições ), os suplementos destinados a complementar os estoques endógenos de creatina devem ser designados como suplementos de creatina para atletas, o que se estava ausente ou apresentado incorretamente em 20% dos produtos nacionais e 40% dos importados. Outro erro bastante comum é a ausência de algum tipo de advertência prevista no capítulo 5 da RDC nº18/2010. Dentre os tipos, o artigo 21 prevê a seguinte frase: Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico. Já o artigo 23 prevê, no inciso I: O consumo de creatina acima de 3g ao dia pode ser prejudicial à saúde, enquanto o inciso II apresenta: Este produto não deve ser consumido por crianças, gestantes, idosos e portadores de enfermidades. A ausência de uma ou mais advertências esteve presente em 60% das marcas importadas e 40% das nacionais.
Dentre os suplementos de creatinas avaliados, 40% apresentavam-se em forma de cápsula, enquanto que 60% estavam na forma de pó. Dentre as marcas importadas, a maioria (40%) estava em pó, já dentre as nacionais, apenas 20% estava nessa forma. Um resumo dos itens avaliados e dos resultados encontrados nos suplementos nacionais e importados está demonstrado na tabela 1. 17 Tabela 1. Resumo de conformidades e inconformidades avaliados nos suplementos de proteína (n=10) e creatina (n=10) nacionais e importados (n=5), comercializados em Ribeirão Preto-SP, 2015. NACIONAIS IMPORTADOS Sim Não Sim Não Conformidade de rotulagem dos produtos 3 2 0 5 Inexistência da designação suplemento proteico para atletas nos produtos Inexistência de frase obrigatória Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico Imagens ou expressões que induzam ao engano Inexistência de advertência prevista no capítulo 5 da RDC n 18, artigo 21 e 23 1 4 3 2 1 4 3 2 1 4 2 3 2 3 3 2 4. DISCUSSÃO Suplementos alimentares são indicados apenas em situações em que não é possível a obtenção de um ou mais nutrientes, necessários para manutenção da saúde e o bom funcionamento do organismo, pela ingestão de alimentos a partir da dieta (BRASIL, 2003). Observa-se que muitas vezes os frequentadores de academia não necessitam da suplementação, já que a sua necessidade pode ser alcançada por meio de uma alimentação saudável. Porém, a forte influência da mídia, o surgimento de novos produtos e a co-
18 mercialização indiscriminada estimulam cada vez mais o consumo (CARVALHO; HIRSCHBRUCH, 2003; SBME, 2009). Um estudo nacional sobre a rotulagem e composição nutricional dos suplementos alimentares observou que muitas vezes os rótulos apresentam valores de nutrientes alterados, na grande maioria das vezes superestimados, além de ausência de informações obrigatórias (CÂMARA et al., 2008). As falhas nos rótulos ocorrem com maior frequência nos suplementos proteicos e de creatina; como mostrado em um estudo, as irregularidades podem representar 80% dos produtos de cada grupo (FEITOSA et al., 2013). No presente estudo, essa irregularidade representou 70% dos suplementos proteicos e 80% dos suplementos de creatina, valores que se aproximam do estudo realizado por Feitosa et al. Observa-se como principal irregularidade a inexistência de advertências, dentre elas a estabelecida pelo artigo 21 do capítulo V: Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por um nutricionista ou médico, que ocorreu tanto em suplementos proteicos e quanto em de creatina, podendo passar ao consumidor uma ideia errada sobre o uso do produto. Um estudo realizado em 2011 indicou que 51,7% dos frequentadores de academias fazem o uso de suplementos e, em 46,7% das vezes, a indicação do consumo é realizada pelo personal trainer ou até mesmo por amigos (33,3%) (MAZUR; MOTTA; FERNANDES, 2011). A designação do produto como suplemento proteico para atletas ou suplemento de creatina para atletas também faltou nos produtos nacionais e importados de proteína. Essa inadequação pode levar o consumidor ao entendimento errôneo sobre a real finalidade do produto, não atingindo o efeito esperado (LISBÔA; LIBERALI; NAVARRO, 2011), sentindo-se assim lesado. Expressões como máximo resultado e melhor desempenho, e um apelo de marketing em que a logomarca utiliza imagens que podem induzir o consumidor a uma falsa ideia sobre os efeitos dos produtos foram observados em suplementos de creatina se-
gundo o Capitulo 5, artigo 27, inciso 1, essas expressões ou imagens não devem constar no rótulo. Os produtos importados, tanto de suplementos proteicos quanto de creatinas, mostraram-se 100% em desacordo com a legislação. Segundo a RDC nº 259, de setembro de 2002, se a rotulagem não estiver redigida no idioma do país de destino, deve ser inserida uma etiqueta complementar obrigatória com as informações, porém, como observado pelo estudo, nem sempre essas etiquetas contêm todas as informações exigidas pelo país de destino. O uso inadequado a longo prazo desses suplementos pode levar o consumidor ao desenvolvimento de problemas renais, hepáticos, problemas cardiovasculares e dependência do sistema nervoso central, tornando essencial a presença do rótulo de acordo com a legislação regulamentadora (LANE et al., 2002; SHAO; HATHCOCK, 2006). Os rótulos devem fornecer informações sobre sua real necessidade, sem marketing apelativo com objetivos estéticos (LOMBARDI, 2006; FERREIRA, 2010; ZIMBERG et al., 2012). 5. CONCLUSÃO Os resultados apresentam inadequações em grande parte dos rótulos que foram avaliados, principalmente quando esses produtos são importados, apresentando, na maioria das vezes, falta de informação. Proporcionalmente, os suplementos proteicos mostraram-se mais adequados à legislação vigente, do que quando comparados com os suplementos de creatina. O conjunto de irregularidades encontrado, somado ao consumo excessivo estimulado por profissionais de educação física, companheiros de academia e influência da mídia pode desencadear risco à saúde dos consumidores. Apesar da RDC nº 18/2010 apresentar normas que deveriam garantir a segurança dos produtos comercializados, no presente estudo foi observado que a maior parte dos produtos não está confor- 19
20 me a legislação, cabendo à instituição responsável (Anvisa) aumentar a fiscalização da rotulagem dos suplementos alimentares. REFERÊNCIAS ANDRADE, L. A. et al. Consumo de suplementos alimentares por clientes de uma clínica de nutrição esportiva de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 20, n. 3, p. 27-36, 2012. BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº18, de 27 de abril de 2010. Regulamento Técnico Sobre Alimentos para Atletas. Diário Oficial da União, Brasília, 28 abr. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 32, de 13 de janeiro de 1998. Regulamento Técnico para Suplementos Vitamínicos e ou de Minerais. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 15 jan. 1998. BRASIL. Decreto-Lei nº 136/2003. Diário da República I SÉRIE-A, nº 147 28 p. 3724, 2003. CARVALHO, J. R.; HIRSCHBRUCH, M. D. Consumo de suplementos nutricionais por frequentadores de uma academia de ginástica de São Paulo. In: I PRÊMIO MARIA LUCIA CAVALCANTI. Anais... São Paulo: Conselho Regional de Nutricionistas, 2003. CÂMARA, M. C. C. et al. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, Washington, v. 23, n. 1, p. 52-58, jan. 2008. FEITOSA, G. M. et al. Alimento para atletas: qualidade das informações do rótulo. Rev. Biotecnologia & Ciência, v. 1, n. 2, 2013. FERREIRA, A. C. D. Suplementos alimentares: adequabilidade à legislação e efeitos metabólicos em ratos. 2010. 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Nutrição) Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa. 2010. GOSTON, J. L.; CORREIA, M. I. T. D. In take of nutritional supplements among people exercising in gym sand influencing factors. Nutrition, Burbank v. 26, n. 6, p. 604-611, 2010. HARAGUCHI, F. K.; ABREU, W.C.; PAULA, H. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades funcionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n. 4, p. 479-488, 2006.
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