Nota Técnica. 001/2016 Assessoria Contábil. Assunto: Aspectos Orçamentos e Financeiros para operacionalização do componente Básico do Bloco da Assistência Farmacêutica considerando as formas de gestão trazidas pela Deliberação CIB-SUS/MG nº 2.164, de 19 de agosto de 2015. Ref: Resposta a diversas solicitações de Secretários Municipais de Saúde de e Técnicos dos Municípios de Minas Gerais. 1 Da análise e Fundamentação A Deliberação CIB-SUS/MG nº 2.164, de 19 de agosto de 2015 regulamenta o financiamento e a execução do Componente Básico do Bloco da Assistência Farmacêutica composto por medicamentos e insumo. Designa aos municípios a possibilidade em aderir a 03 (três) formas de gestão dos recursos relativos ao Bloco, a saber: Art. 2º (...) I - Totalmente Centralizado no Município (TCM): Os recursos financeiros dos gestores federal, estadual e municipal são depositados no Fundo Municipal de Saúde e aplicados pelo município na aquisição dos medicamentos e produtos definidos no Anexo I da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) vigente. II - Parcialmente Descentralizado no Município (PDM): Os recursos financeiros dos gestores federal e municipal são depositados no Fundo Municipal de Saúde, sendo aplicados pelo município na aquisição dos medicamentos e produtos definidos no Anexo I da RENAME vigente. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE 3 O Estado fica responsável pela aplicação dos recursos relativos à sua contrapartida na aquisição e distribuição dos medicamentos e produtos definidos no Anexo I e III desta Deliberação. III - Totalmente Centralizada no Estado (TCE): Os recursos financeiros do gestor federal, estadual e municipal são depositados no Fundo Estadual de Saúde, sendo aplicados pelo estado na aquisição e distribuição dos medicamentos e produtos definidos no Anexo I e III desta Deliberação. 1
Em síntese, cabe esclarecer, como a própria redação da Deliberação dispõe, os recursos direcionados ao Bloco de Assistência Farmacêutica das fontes Federal, Estadual e Municipal poderão ser executados diretamente pelo Fundo Municipal de Saúde para aquisição de medicamentos e produtos definidos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), respeitados os critérios da forma de gestão aderida. Estabelece ainda que o processo de execução orçamentária das ações e serviços no âmbito da Assistência Farmacêutica será elaborado com base nas diretrizes previstas na Portaria GM/MS nº 2.135, de 25 de dezembro de 2013, iniciando-se portanto com o processo de planejamento no sistema de saúde, onde os instrumentos Plano Municipal de Saúde e Programação Anual de Saúde deverão manter compatibilização com os instrumentos de planejamento e o orçamento do município, Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Assim, considerando a organização Orçamento-Programa trazida pela Lei nº 4.320/1964 o ente municipal deverá adequar, ou mesmo criar o Programa relativo ao Componente Básico do Bloco da Assistência Farmacêutica no Plano Municipal de Saúde estipulando as ações e metas anuais na Programação Anual de Saúde e consequentemente ajustar o Plano Plurianual e a Lei Orçamentária Anual com esses instrumentos de planejamento da Saúde, respeitando a forma de gestão dos recursos escolhida. Desta feita, algumas questões dá ótica operacional contábil deverão ser observadas, em especial, caso o município opte pelas formas Parcialmente ou Totalmente Centralizadas dos recursos no município: Por tratar-se de recursos novos não autorizados anteriormente pela lei orçamentária anual e não constantes do orçamento fiscal, ou seja, proveniente de excesso de arrecadação o município solicitará ao legislativo 2
(Câmara Municipal) a alteração do orçamento anual por meio de autorização de créditos orçamentários adicionais especiais. Conforme normatiza a Lei 4.320/194 no art. 41, créditos adicionais especiais, são estimativas de recursos destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; Autorizado o credito adicional especial pelo Legislativo o Prefeito Municipal, por meio de decreto, abre o credito adicional e, portanto a dotação orçamentaria da despesa com medicamentos e insumos poderá ser executada. Fundamentação Lei 4.320/1964. Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo. Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa. 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos: II - os provenientes de excesso de arrecadação IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las. 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. 3
Importante destacar, o ato que abrir o crédito adicional especial para as fontes Federal, Estadual e municipal deverá indicar a importância, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde fôr possível. Os recursos recebidos da União devem ser contabilizados na conta de receita 1721.33.14 - Transferência de Recursos do SUS Bloco Assistência Farmacêutica. Já os recursos recebidos do Estado devem ser contabilizados na conta de receita 1722.33.00 - Transferência de Recursos do Estado para Programas de Saúde Repasses Fundo a Fundo A organização orçamentária da despesa do Bloco da Assistência Farmacêutica deverá ser respeitado a classificação por Subfunções trazida pela Portaria MOG 42/99, sendo o código 303 Suporte Profilático e Terapêutico direcionado para o Programa. Logo, a classificação das Fontes e Destinação de Recursos introduzida pela Lei Complementar 101, art. 08º e o art. 50, que permite, no ato da ordenação da despesa, indicar precisamente com qual recurso do Bloco a despesa será paga, são: ESPECIFICAÇÃO DA FONTE E DESTINAÇÃO DE RECURSOS 1.02 Receitas de Impostos e de Transferências de Impostos Vinculados à Saúde Recursos provenientes dos impostos municipais, os quais devem ser classificados no código de receita 1110.00.00 (Impostos), e as transferências de impostos do Estado e União aos Municípios, destinados à saúde. 1.51 Transferências de Recursos do SUS para Assistência Farmacêutica Recursos transferidos para financiamento de ações de assistência farmacêutica, conforme dispõe a Portaria n 204/GM, de 29/01/2007, do Ministério da Saúde. 4
1.55 Transferências de Recursos do Fundo Estadual de Saúde Recursos de transferência do Estado para o Município, referentes ao Fundo Estadual de Saúde, que não sejam repassados por meio de convênios. Por fim, a classificação orçamentaria do Elemento de Despesa para medicamentos do Programa relacionado a Assistência Financeira Básica poderá ir até o subitem do elemento da despesa, conforme demonstrado abaixo: 30. Material de Consumo 30.09.00 Medicamentos 30.09.02- Medicamentos distribuídos para uso domiciliar Sugerimos a classificação no elemento de despesa material de consumo e não material de distribuição gratuita, por, tratar-se de programa de saúde com metas e indicadores sensíveis ás condições de saúde e não somente uma política pública atuante sobre determinantes sociais e econômicos, conforme previsto na LC 141/12. É o que nos cumpre informar. Belo Horizonte. 08/06/2016. Douglas Moreira Dias Contador CRC/MG 085985. 5