SUBSTRATO DO NINHO DE Silvestritermes euamignathus E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O CRESCIMENTO DE Phaseolusvulgaris

Documentos relacionados
ESTRUTURA DO HÁBITAT E A DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Biodiversidade e prosperidade económica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ENSINO DEPARTAMENTO CCENS BIOLOGIA. Plano de Ensino. Teoria Exercício Laboratório 60

NÍVEL DE INFESTAÇÃO DE CUPINS DE MONTÍCULO EM PASTAGEM DE Brachiaria NO MUNICÍPIO DE AREIA-PB

FAUNA EDÁFICA DO SOLO AFETADA PELA OCUPAÇÃO DO SOLO 1 FAUNA EDÁFICA DO SOLO AFETADA PELA OCUPAÇÃO DO SOLO

Microbiologia Florestal. Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal, M.Sc.

RIQUEZA DE ESPÉCIES DE CUPINS EM ÁREA DE CAATINGA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Emily Galdino da Costa¹ ; Maria do Socorro Lacerda Rolim²

Diversidade e nível de infestação de cupins subterrâneos em área experimental (1).

Macroinvertebrados de solo em fragmentos florestais, Londrina-PR

FAUNA EDÁFICA COMO INDICADORA DE QUALIDADE DO SOLO EM FRAGMENTOS FLORESTAIS E ÁREA SOB CULTIVO DO CAFEEIRO

FRAGMENTOS FLORESTAIS

Exercícios - Aulas 53 e 54

NUTRIÇÃO MINERAL GÊNESE DO SOLO. Rochas da Litosfera expostas ao calor, água e ar. Alterações físicas e químicas (intemperismo)

Economia Rural: os solos. Geografia 7º ano Professor André

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MA TO GRO S SO DO SUL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

VALOR AMBIENTAL DA BIODIVERSIDADE

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ - USP DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA E ACAROLOGIA

AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE AGUDA: EFEITOS TOXICOLOGICOS DA UTILIZAÇÃO DOS HERBICIDAS IMAZETAPIR E METSULFUROM, NO ORGANISMO TESTE EISENIA FOETIDA.

Guia para identificação de animais do solo e da serapilheira

ECOLOGIA E BIODIVERSIDADE

PROGRAMAS DE RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE MATAS CILIARES E DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Atividade biológica e estoque de carbono do solo

Determinação de padrões de distribuição espacial de termiteiros de Armitermes cerradoensis e Cornitermes silvestrii

Exercitando Ciências Tema: Solos. Esta lista de exercícios aborda o conteúdo curricular Solos Origem e Tipos de solos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE DISCIPLINA

Ecossistemas DEBIO/UFOP Curso: Engenharia Ambiental

CARBONO E NITROGÊNIO DA BIOMASSA MICROBIANA EM CRONOSEQÜÊNCIA DE VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA NO NORDESTE PARAENSE.

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS: A IMPORTÂNCIA DOS CUPINS ECOSYSTEM SERVICES: THE IMPORTANCE OF TERMITES

TÍTULO: PAPEL DOS MACROINVERTEBRADOS NA FRAGMENTAÇÃO FOLIAR E A INFLUÊNCIA DO APORTE DE FOLHAS DE EUCALIPTO EM UM RIACHO TROPICAL.

Importância dos organismos do solo para a sustentabilidade da produção de soja

Abundância da macrofauna do solo em diferentes fases de um sistema de integração lavoura-pecuária no arenito paranaense

Distribuição espacial de cupinzeiros de Cornitermes snyderi (Isoptera: Termitidae) e sua associação com teca

Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto: Descrição do Estudo

Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Processo de Seleção de Mestrado 2015 Questões Gerais de Ecologia

Ecossistemas e Saúde Ambiental :: Prof.ª MSC. Dulce Amélia Santos

ATIVIDADE INSETICIDA DE ÓLEOS VEGETAIS SOBRE CUPINS DE PASTAGEM EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO Apresentação: Pôster

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO NO CERRADO

DENSIDADE DE GRUPOS DA MACROFAUNA DO SOLO EM ÁREAS DE MATA E PASTAGEM NO SUL DE MINAS GERAIS

Fragmentação. Umberto Kubota Laboratório de Interações Inseto Planta Dep. Zoologia IB Unicamp

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Planejamento de Experimentos

FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA. Profa. Dra. Vivian C. C. Hyodo

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Níveis de organização da vida. Professor: Alex Santos

Colégio XIX de Março Educação do jeito que deve ser

Renascimento de florestas

COMPLEXIBILIDADE E ESTABILIDADE DE COMUNIDADES. META Nessa aula é importante aprender sobre o conceito de complexidade e estabilidade de comunidades

COMPONENTES DO MATERIAL UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO DO TERMITEIRO DO CUPIM-DE-MONTÍCULO, (ISOPTERA: TERMITIDAE) 1

AUXILIO FORMAÇÃO PRODUÇÃO DE HÚMUS DE MINHOCA NO IFCE CRATEÚS. LUIS NERY RODRIGUES Professor-SIAPE

Potencial de Mineralização de C em Solos com e sem Adição de Serapilheira sob Diferentes Coberturas Vegetais

FUNDAMENTOS EM ECOLOGIA

CIÊNCIAS DO AMBIENTE E ECOLOGIA

Ecossistemas BI63B Profa. Patrícia Lobo Faria

Região Nordestina. Cap. 9

Programa Analítico de Disciplina BAN201 Zoologia dos Invertebrados II

USO DO SOLO NA INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA. Palavras chaves: Biota do solo, aumento da produtividade, qualidade do solo.

ECOLOGIA 1- Trilha Sensitiva 2- Trilha da Água Pura 3- Eco-Origem 4- Expresso Ecológico. ANIMAIS SUSTENTÁVEIS 1- Minhocário 2- Abelhas sem ferrão

Geologia e Geomorfologia na Gestão Ambiental. Aula 4. Organização da Aula. Intemperismo e Formação dos Solos. Contextualização.

Aula 7 PRODUTIVIDADE DOS ECOSSISTEMAS

NATUREZA E TIPOS DE SOLOS ACH-1085

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Comunidades II

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

1 - Quais são os tipos de cerrado encontrados no Brasil? Explique suas diferenças

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

População conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem juntos em uma mesma área geográfica no mesmo intervalo de tempo (concomitantemente)

RELEVÂNCIA DOS INSETOS PARA O AMBIENTE: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA COM ALUNOS DA ESCOLA PADRE NÉRCIO RODRIGUES

O SOLO COMO F0RNECEDOR DE NUTRIENTES

LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA EM CULTURA DE EUCALIPTO E VEGETAÇÃO RASTEIRA NO MUNICÍPIO DE IVINHEMA (MS) UTILIZANDO ARMADILHA DE SOLO PITFALL

Principais problemas da pecuária na Amazônia

Geologia e conservação de solos. Luiz José Cruz Bezerra

Ecologia. -Sucessão Ecológica -Dinâmica das populações -Magnificação e eutrofização Luciana Ramalho

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

O USO DO SOLO E SUAS RELAÇÕES COM O CICLO HIDROLÓGICO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA

ESTABILIDADE DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS PARA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS, CICLO 2005/2006 1

Diversidade e Conservação. Conservação da Biodiversidade 2012

CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO NO BIOMA CERRADO. Apresentação: Pôster

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA DA UERGS. 2

Fatores de Formação do Solo

Universidade Estadual do Ceará UECE Centro de Ciências da Saúde CCS Curso de Ciências Biológicas Disciplina de Ecologia.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO

Fatores de Formação de Solos

PROGRAMA ANALÍTICO E EMENTA DE DISCIPLINA DA PÓS GRADUAÇÃO

Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais

PROGRAMA DE DISCIPLINA

ENCCEJA RESUMO. O que é biodiversidade. Biodiversidade. Natureza 1. Ponto crítico

1) Introdução CONCEITO:

AMBIENTE E TERRITÓRIO 9 ª aula

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS SELEÇÃO DE MONITOR NÍVEL I EDITAL N.º 004/2018

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

Produtividade. Prof. Dr. Francisco Soares Santos Filho (UESPI)

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO I ETAPA LETIVA CIÊNCIAS 4.º ANO/EF 2017

GLÂNDULA FRONTAL DOS SOLDADOS DE SYNTERMITINAE (TERMITIDAE): UMA ABORDAGEM ULTRAESTRUTURAL E COMPORTAMENTAL DESSA NOVA SUBFAMÍLIA DE CUPINS

BIE-212: Ecologia Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental. Condições e recursos

GEOGRAFIA. Prof. Daniel San.

Transcrição:

SUBSTRATO DO NINHO DE Silvestritermes euamignathus E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O CRESCIMENTO DE Phaseolusvulgaris Eliza Maria OURIVES 1 Sabrina Maria OLIVEIRA 1 Edimar Agnaldo MOREIRA 2 1 Discentes do curso de Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais FACICA. elizaourives@hotmail.com, ohhdarling@live.com. 2 Docente no curso de Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais FACICA. edimarmoreira@outlook.com. Recebido em: 19/01/2016 - Aprovado em: 18/08/2016 - Disponibilizado em: 18/12/2016 RESUMO: Os cupins pertencem a um grupo de insetos que são capazes de atuar em diversos sistemas ecológicos, estes insetos podem estar associados a processos que alteram a qualidade do solo. Em muitos conceitos podem estar associados às pragas, mas até que ponto seu benefício supera seu potencial como praga? Assim, utilizamos o substrato derivado do ninho desses indivíduos para avaliar se seus componentes são capazes de estimular ou não o crescimento inicial de P. vulgaris. Podemos inferir que o substrato pode influenciar na produtividade vegetal, visto que o crescimento inicial pode ser mais eficaz com sua utilização. Palavras-chave: Cupim. Produtividade. Crescimento Vegetal. ABSTRACT: Termites belong to a group of insects that are able to operate in different ecological systems, these insects may be associated with processes that alter the quality of soil. In many concepts may be associated with pests, but to what extent its benefit outweighs its potential as a pest? Thus, we use the derived substrate nest these individuals to assess whether its components are capable of stimulating or not the initial growth of P. vulgaris. We infer that the substrate can influence the plant productivity, since the initial growth can be more effective to use. Keywords: Termite. Productivity. Plant growth. INTRODUÇÃO Os cupins são insetos sociais da Ordem Blattodea Superfamilia Termitoidea, que contém cerca de 2.750 espécies conhecidas no mundo (CONSTANTINO, 2005). Apesar de a ordem Blattodea Superfamilia Termitoidea ser conhecida pelo seu potencial como praga, apenas 10% das espécies apresentam está característica (LIMA; COSTALEONARDO, 2007). São insetos predominam em ambientes terrestres, em abundância e interações nas comunidades biológicas, ocorrendo de florestas úmidas até savanas, podendo ser encontrados em regiões desérticas (LEE; WOOD, 1971; PRINGLE et al., 2010). São insetos imprescindíveis à manutenção de processos ecológicos como a decomposição e para os fluxos de nutrientes no meio, isso ocorre pela alta densidade populacional e à grande variedade de seus hábitos e comportamentos alimentares (BANDEIRA; VASCONCELLOS, 2002). 807

Como são um grupo de insetos que atuam ativamente no solo assim como formigas e minhocas, eles são conhecidos como engenheiros do ecossistema, visto queinterferemna disponibilidade de recursos para outras comunidades através das mudançasque proporcionam ao solo (REIS; CANCELLO, 2007; JOUQUET et al., 2006). Estes insetos apresentam elevado nível de organização em suas colônias, a casta mais numerosa é a operária. Os operários são indivíduos estéreis, ápteros e podem ser machos ou fêmeas, com ou sem simetria sexual (NOIROT, 1969, 1982; GRASSÉ, 1982). Os cupins realizam uma grade de atividades dentro da colônia, sendo a construção e reparo do ninho, alimentação das outras castas e juvenis, além do cuidado com os ovos (NOIROT, 1969, 1982). Os operários também possuem a função de defesa de sua colônia e, em algumas espécies, possuem especializações voltadas para essa função (COSTA-LEONARDO, 2004; ŠOBOTNÍK et al., 2012). Para programas de conservação da biodiversidade que envolvem o controle da qualidade ambiental, diversos grupos de invertebrados podem ser utilizados para este fim, os térmitas estão sendo considerados como o grupo mais especializado para a metodologia, a partir de sua biologia e respostas rápidas às mudanças em seu habitat (DE SOUZA; BROWN, 1994; EGGLETON et al., 1995; BROWN, 1997). No momento da construção do ninho ocorre deposição de compostos orgânicos comumente fezes e saliva, desta formaocorre uma maior concentração de nutrientes como carbono, fósforo e nitrogênio no ninho do que no solo ao seu redor (BENITO et al., 2007). O acúmulo da matéria vegetal nos ninhos, econteúdo fecal/saliva utilizados na construção de suas paredes, tornam estes espaços mais ricos em nutrientes e sais minerais (CASTRO JÚNIOR, 2002). Os cupins, através da bioturbação do solo, realizam o movimento do material subterrâneo, favorecendo processos demineralização, infiltração, aeração troca de nutrientes e decomposição, graças aos seus hábitos alimentares: xilófagos, detritívoros e humívoros (DANGERFIELD et al., 1998). Assim o trabalho teve como incógnita diagnosticar se o substrato comporto de ninho de cupins nasutos mandibulados podem estimular o crescimento inicial de Phaseolus vulgaris. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido na cidade de Três Pontas, em ambiente controlado para a entrada de possíveis invasores e em local que ficasse exposto a iluminação solar. Buscamos diagnosticar se a presença do substrato derivado do cupinzeiro seria capaz de afetar de alguma forma o crescimento inicial de Phaseolus vulgaris, 808

para isto foram utilizados os seguintes tratamentos: Os tratamentos foram realizados em tubos de aproximadamente 30 ml, preenchidos com os compostos utilizados para a germinação da leguminosa. Tratamento 1 Controle A: 10 tubos contendo apenas solo derivado de local distante de qualquer ninho de cupim; Tratamento 1 Controle B: 10 tubos contendo apenas substrato derivado das paredes do ninho de Silvestritermes euamignathus; Tratamento 2: 90% Solo e 10 % Substrato; Tratamento 3: 90% Substrato e 10 % Solo; Tratamento 4: 70% Solo e 30 % Substrato; Tratamento 5: 70% Substrato e 30 % Solo e Tratamento 6: 50% Substrato e 50 % Solo. Para comparar as oscilações entre os tratamentos, foi utilizada a distribuição gráfica em boxplot que permite visualização dos intervalos, bem como concentrações absolutas. Para verificar possíveis padrões de influência utilizamos teste Kruskal-Wallispost dunn, com nível de significância de 95%, juntamente com as analises de Regressão Simples e Multipla. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após as análises, nossos resultados sugeriram que há um considerável aumento no crescimento inicial de P. vulgaris com a adição de substrato do ninho de S. euamignathus.quando avaliamos a diminuição da concentração de substrato era capaz de influenciar no crescimento inicial, notamos que o crescimento foi comprometido (p < 0,05 Teste de dunn) nas menores concentrações (Figura. 1). Também foram comparadas concentrações idênticas para fins de comprovação da influência, assim conseguimos observar que em todos os ensaios utilizados os que eram derivados de substrato de cupinzeiro foram mais eficientes para o crescimento de P. vulgaris(p < 0,05 Teste de dunn) (Figura. 2). Figura 1. Diferenças no crescimento inicial para os ensaios. Boxplot mostra a mediana, o primeiro e segundo quartil, a variação e os pontos discrepantes dos dados (outliers). Letras diferentes indicam diferenças significativas (Teste de Dunn, p < 0,05).Letras diferentes indicam diferenças estatísticas. 809

Figura 2. Diferenças no crescimento inicial para ensaios. Boxplot mostra a mediana, o primeiro e segundo quartil, a variação e os pontos discrepantes dos dados (outliers). Letras diferentes indicam diferenças significativas (Teste de Dunn, p < 0,05). Letras diferentes indicam diferenças estatísticas. A figura 3 traz uma distribuição das médias de crescimento em todos os tratamentos realizados no estudo, assim podemos observar que os tratamentos compostos pelo substrato podem ser capazes de desencadear e ou estimular o crescimento de leguminosas. Utilizamos da análise de regressão simples a fim de explicar a possível variabilidade docrescimento, notamos que em termos gerais a variabilidade dos dados realmente foi acentuada, sendo que a variável concentração do substrato em 100% no tratamento foi capaz de explicar 80% da variação(p < 0,0001), para fins de comprovação,utilizamos a análise de regressão múltipla, com todas as concentrações dos tratamentos,desta forma a concentração do substrato foi capaz de explicar 96% da variabilidade dos dados (p < 0,0001) (Figura. 4). Figura 3. Gráfico de dispersão das médias do crescimento inicial de P. vulgaris. 810

Figura 4. Análise de regressão simples da adição do substrato do cupinzeiro de S. euamignathus. O aumento no crescimento que encontramos pode estar relacionado com o hábito de nidificação destes insetos, ou seja, a construção do ninho, como destacado por Lavelle et al. (2006), os cupins necessitam de um local com alimento disponível para elaboração de uma nova colônia e como na construção são necessários materiais resistentes e com certa aderência entre suas partículas, estes animais buscam componentes específicos como fezes, argila e ou material fecal (VALÉRIO, 2006). Além destes produtos estes insetos são capazes de se alimentar de uma grande variedade de recursos celulósicos (COSTA-LEONARDO, 2002). Como apontado por NGUGI; JI; BRUNE (2011) nutrientes como o Carbono, Potássio e Nitrogênio, apresentam maiores concentrações no ninho, ou próximo a ele, do que em solo que não ocupado pelos termiteiros, desta forma a presença das colônias é capaz de alterar a composição do solo (CASTRO; JÚNIOR, 2002; SILVA; MENDONÇA, 2007), o que pode ocorrer como o substrato utilizado no experimento deste estudo. Assim quando plantas ocupam o entorno do ninho ou fragmentos da construçãosão levado ao solo, estas podem se beneficiar da composição do substrato (KASCHUK et al., 2006). Kikuti et al. (2005) ao avaliarem a influência dos nutrientes Nitrogênio e Fósforo sobre P. vulgarisencontraram que tratamentos com maiores concentrações de N, a produção em safras foi consideravelmente elevada o que corrobora nossos resultados visto que os cupins podem auxiliar na ciclagem de nutrientes como o N. Os cupins também podem participar juntamente com outros agentes, na bioturbação do solo, esse revolvimento é capaz de atuar na redistribuição dos compostos presentes no habitat (SILVA; MENDONÇA, 2007), além de contribuírem 811

para processos de aeração do solo, graças ao hábito de formação de túneis para o forrageamento entre as galerias estabelecidas pela colônia como abordado por Holt e Lepage (2000). Desta forma, o tunelamento realizado no solo por estes insetos também pode favorecer a retenção de água através da infiltração pela rede de túneis (CANCELLO, 1989). CONCLUSÃO Para as condições testadas, concluímos que a adição do substrato de cupinzeiro de S. euamignathus é capaz de desencadear melhores resultados no crescimento inicial de P. vulgaris. Todavia, há necessidade de se avaliar diferentes espécies de cupim além de uma análise da paisagem como um todo, assim a compreensão dos fatores que influencias a produtividade poderá ser mais clara. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDEIRA, A. G.; VASCONCELLOS, Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba: História Natural, Ecologia e Conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, p. 145-152. Série Biodiversidade, 9, 2004. BENITO, N. P.; BROSSARD, M.; CONSTANTINO, R.; BECQUER, T. Densidade de ninhos epígeos de térmitas em uma área de Cerrado, Planaltina, DF. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 8, 2007, Caxambu. CASTRO JÚNIOR, P. R. Dinâmica da água em campos de Murundus do planalto dos Parecis. Tese (Doutorado em Geografia Física) - Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade de São Paulo, SP, 2002. 193f. CONSTANTINO, R. Padrões de diversidade e endemismo de térmitas no bioma Cerrado In: SCARIOT, A.; SOUSA-SILVA, J.C.; FELIFILI, J.M. Cerrado: Ecologia, Biodiversidade e Conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005, p. 319 333. COSTA-LEONARDO, A. M. Dinâmica do forrageamento em cupins subterrâneos.in: VILELA, E. F.; SANTOS, I. A.; SCHOEREDER, J. H.; SERRÃO, J. E.;CAMPOS, L. A. O.; LINO-NETO, J. (eds.) Insetos sociais: da biologia àaplicação. Editora UFV: Viçosa, 2008, pp. 347-358. COSTA-LEONARDO, A.M. Cupins-praga: morfologia, biologia e controle. Ana Maria Costa-Leonardo, Rio Claro. 2002. DANGERFIELD, J., MC CARTHY, T.; ELBRY, W. The mound building Macrotermes michaelseni as na ecosystem engineer. Journal of Tropical Ecology. 14:507 520. 1998. DESOUZA, O.F.F.; V.K. BROWN. Effects of habitat fragmentation on Amazonian termite communities. Journal of Tropical Ecology 10:197-206. 1994. KIKUTI, H.; ANDRADE, M. J. B. de; CARVALHO, J. G. de; MORAIS, A. R. de. Nitrogênio e fósforo em feijão (Phaseolus vulgaris L.) variedade L.) variedade cultivada BRS MG Talismã. Maringá, v. 27, n. 3, p. 415-422, July/Sept., 2005. 812

KASCHUK, G.; SANTOS, J. C. P.; ALMEIDA, J. A.; SINHORATI, D. C.; BERTONJUNIOR, J. F. Termite activity in relation no natural grassland soil attributes. Scientia Agricola, v. 63, n. 6, p. 583-588, 2006. LAVELLE, P.; DECAENS, T.; AUBERT, M.; BAROT, S.; BLOUIN, M.; BUREAU, F.; MARGERIE, P.; MORA, P.; ROSSI, J. P. Soil invertebrates and ecosystem services. European Journal of Soil Biology, v. 42, p. 3-15, 2006. LIMA, J. T.; COSTA-LEONARDO, A. M. Recursos alimentares explorados pelos cupins (Insecta: Isoptera). Biota Neotropica, v. 7, n. 2, p. 243 250, 2007. NGUGI, D. K.; JI, R.; BRUNE, A. Nitrogen mineralization, denitritfication and ammonification by soil-feeding termites a 15N-based approach. Biogeochemistry, v.103, p. 355-369, 2011. NOIROT, C. Formation of castes in the higher termites. In: KRISHNA, K.; WEESNER, F. M. (eds.) Biology of termites. Orlando: Academic Press, 1969a, pp. 311-350. NOIROT, C. Glands and secretions. In: KRISHNA, K.; WEESNER, F. M. (eds.) Biology of termites. Orlando: Academic Press,, pp. 89-123.1969. REIS, Y. T.; CANCELLO, E. M. Riqueza de cupins (Insecta, Isoptera) em áreas de Mata Atlântica primária e secundária do sudeste da Bahia. Ilheringia Série Zoologia, v. 97, n. 3, p. 229 234, 2007. SILVA, I.R; MENDONÇA, E. S. Matéria orgânica do solo. In: NOVAIS, R.F. et al. (Ed.). Fertilidade do solo. Viçosa: SBCS, p.275-374.2007. VALÉRIO, J. R. Cupins de- montículo em pastagens. Embrapa Gado de Corte, 33 p., 2006. 813