Germinação e Análise de Crescimento de Inicial da Jurubeba (Solanaceae).

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Transcrição:

Germinação e Análise de Crescimento de Inicial da Jurubeba (Solanaceae). Ademir Kleber Morbeck de Oliveira 1 ; Antônia Morais Nobre Vilaneida 1 ; Silvio Favero 1 ; Elisângela Manieri 1. 1 Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal UNIDERP, Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional - CP 2159, Cep 79031-320, Campo Grande- ademiroliveira@mail.uniderp.br; silviofavero@mail.uniderp.br RESUMO O estudo da capacidade germinativa e do crescimento inicial das espécies utilizadas na medicina popular é uma das primeiras etapas a serem realizadas visando o cultivo em condições controladas. Dentre as várias plantas utilizadas na fitoterapia, está Solanum variabile, usada popularmente no tratamento de hepatite, icterícia, tratamento da clorose e hidropisias, processos inflamatórios do baço, febre interminente, e ainda, como diurética. O objetivo deste trabalho foi analisar a germinação da espécie após diferentes tratamentos (controle, imersão em H 2 SO 4 diluído, imersão em H 2 O por 24h, escarificação por lixa, frio seco por 4h e bandejas contendo Plant Max Ht) e crescimento inicial das plântulas. Foi observado que a espécie apresenta maior taxa de germinação quando semeada em bandejas contendo Plant Max Ht (85%) e que os outros tratamentos apresentaram baixas taxas (<2%). As plântulas, com 1,5cm de altura, eram transplantadas para sacos de plantio contendo Plant Max Ht e então colocadas em casa de vegetação. A cada período de 10 dias eram analisadas as seguintes variáveis: altura, peso da matéria seca da parte aérea e das raízes e área foliar. A biomassa seca acumulada foi de 0,0594g após 50 dap, com a taxa de crescimento absoluto variando de 0,0146g a 0,0195g. Após o 30 dap, ocorre uma redução na taxa de crescimento (0,0020 a 0,0061g por período), indicando a necessidade de plantio definitivo. A área foliar máxima atingida foi 22,3cm 2, também com uma redução acentuada a partir do 30dap, sendo que a maior parte da matéria seca é acumulada na parte aérea (3,1 a 4,0x). Palavras-chave: Solanum variabile, testes de germinação, mudas. ABSTRACT Germination and analysis of growth of initial of Solanum variabile (Solanaceae). The study of the germinative capacity and the initial growth of the species used in the popular medicine is one of the first stages to be carried through aiming at the culture in controlled conditions. Amongst the some plants used in the phytotherapy, it is Solanum variabile, used popularly in the treatment of hepatitis, jaundice, treatment of clorose,

processes of spleen inflammatory, fever intermittent, and, as still diuretic. The objective of this work was to analyze the germination of the species after different treatments (control, immersion in diluted H 2 SO 4, immersion in H 2 O for 24h, to scarify for sandpaper, dry cold for 4h and trays contend Plant max Ht and initial growth of seedlings. It was observed that the species presents greater germination tax when sown in trays I contend Plant max Ht (85%) and that the other treatments had presented decreases germinative taxes (<2%). Seedlings with ±1,5cm of height, was transplant for plantation bags contends Plant max Ht and then placed in vegetation house. To each period of 10 days, the following variable were analyzed: height, weight of the dry matter of the aerial part and the roots and foliar area. The accumulated dry biomass was of 0,0594g after 50 dap, with the tax of absolute growth varying of 0,0146g to 0,0195g. However after the 30 dap, occurs a reduction in the growth tax (0,0020 0,0061g for period), indicating the necessity of definitive plantation. The reached maximum foliar area was 22,3cm 2, also with a reduction accented from 30dap, being that most of the dry substance is accumulated in the aerial part (3.1 to 4,0x). Keywords: Solanum variabile, tests of germination, seedlings. Solanum variabile Mart., pertencente à família Solanaceae, é nativa da região meridional do Brasil, sendo popularmente conhecida como jurubeba, velame, jurubeba-falsa, velame-de-capoeira, juveva e jupi-canga. No Brasil é relatada a ocorrência de Minas Gerais ao sul do país, com maior freqüência nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É uma planta infestante em terrenos abandonados e margens de estradas, bem como pastos degradados, podendo ocorrer em povoamentos quase exclusivos. Pode atingir até 3m de altura, desarmada ou com poucos espinhos pequenos, sendo as folhas muito variáveis no formato, com flores relativamente grandes e fruto solanídeo (Kissmann e Groth, 2000). Sua reprodução pode ocorrer por brotamento do caule subterrâneo ou por sementes, não necessitando a planta de muitos cuidados por ser resistente (Panizza, 1997). Prefere solos arenosos e se adapta bem em solos ácidos e pobres (Panizza, 1997; Furlan, 1999). De acordo com Corrêa (1969) esta espécie apresenta grande potencial medicinal. As raízes, folhas e frutos verdes são usados popularmente no tratamento de hepatite, icterícias, tratamento da clorose e hidropisias, processos inflamatórios do baço, febre interminente, e ainda, como diurético, com alguns trabalhos já indicando que a espécie apresenta compostos com atividade farmacológica (Furlan et al., 1999; Antônio, 2001). Apesar da importância e da ampla utilização das plantas medicinais nativas pelas camadas mais carentes da população, seu cultivo ainda é insipiente, não existindo informações que permitam um cultivo em grande escala, evitando impactos sobre as

populações naturais. A maior parte das espécies é simplesmente coletada no ambiente e transformada em fitoterápicos ou vendidas em feiras livres. De acordo com Scheffer (1992), o estudo do crescimento de espécies de interesse medicinal é a primeira etapa da pesquisa, pois permite analisar a forma de propagação que será mais eficaz para obtenção dos princípios ativos da planta, sendo que o conhecimento do seu crescimento inicial permite o estabelecimento das plântula em local definitivo sem retardo no crescimento por ocasião do trasnplantio (Hartmann et al. 1997). Entre os trabalhos de análise de crescimento desenvolvidos com esta espécie podem ser citados Silva (2003), que estudou o cultivo de S. variabile no campo, frente a diferentes doses nitrogenadas, Mendonça (2001), avaliando os teores de alcalóides esteroidais de S. variabile, em diferentes substratos nitrogenados e Luz (2001), que analisou a influência da temperatura no crescimento e produção de alcalóides da espécie. Levando-se em consideração a falta de informações referentes ao crescimento de espécies nativas utilizadas na medicina popular, este trabalho tem por objetivo verificar o comportamento germinativo e quantificar, em condições de casa de vegetação, o crescimento inicial da jurubeba. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no laboratório de Fisiologia Vegetal e em casa de vegetação da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, em Campo Grande-MS. Para obtenção das sementes foram colhidos frutos maduros que foram levados à laboratório para fermentação natural e secagem da polpa, para posterior retiradas das sementes. Foram utilizados 300 sementes por tratamento (T) para se analisar a capacidade germinativa, com três repetições (100). T1 água destilada (testemunha); T2 imersão em H 2 SO 4 a 5% por 5 segundos; T3 imersão em H 2 O por 24h; T4 escarificação por lixa; T5 frio seco por 4h (manter sementes a temperatura de 10 o C); T6 - distribuição em bandejas contendo substrato artificial (Plant max Ht). As mesmas, após o tratamento, eram colocadas em placas de petri forradas com papel de filtro e umidecidas com captan a 0,1%, em temperatura ambiente. As plântulas obtidas, com altura aproximada de 1,5cm, eram transplantadas para sacos de plantio contendo substrato artificial (uma plântula por saco), os quais foram mantidos em casa de vegetação, sendo regados diariamente. O crescimento inicial foi quantificado em intervalos de 10 dias, nos quais eram avaliados as seguintes variáveis: altura da planta (cm), peso da matéria seca da parte aérea

(g) e das raízes (g) e área foliar (cm 2 ), sendo o peso da matéria seca obtido após secagem em estufa à 65 o C, até peso constante (Benicasa, 1988). Os dados foram submetidos à análise de regressão polinomial em relação aos dias após o plantio. RESULTADOS E DICUSSÃO A espécie apresentou boa germinação apenas quando semeadas em bandejas com substrato artificial, onde obteve-se 85% de emergência (255 sementes), após 26 dias de semeadura. Os demais tratamentos não obtiveram resultados satisfatórios, com menos de 2% de germinação. O substrato Plant Max Ht propiciou condições adequadas para a maior produção de mudas, indicando que a semente necessita de determinados fator ou fatores, além da umidade constante, que os demais tratamentos não proporcionaram. Porém outros testes serão necessários para se verificar quais são estes fatores. Em relação a análise de crescimento, pode-se observar que o peso seco total (Figura 1A) tem uma curva de crescimento constante até 40 dap, quando ocorre uma diminuição na velocidade de ganho da matéria seca. O mesmo padrão pode ser observado em relação a matéria seca da parte aérea (Figura 1B) e área foliar (Figura 1C). O peso da matéria seca da raiz (Figura 1D) apresentou um repentino aumento de peso após 40 dap, fugindo do padrão encontrado. Talvez este aumento esteja ligado a um erro de procedimento. A altura (Figura 1E) apresentou um crescimento constante, indicando que na fase inicial é menos afetada pelo cultivo em substrato artificial. A taxa de acúmulo de matéria seca na parte aérea foi de 3,1 a 4,0 vezes maior do que no sistema radicular, indicando que a parte aérea é o dreno principal da planta nos estádios iniciais de desenvolvimento. Para esta espécie é necessário o plantio em condições definitivas após 30 dias. AGRADECIMENTOS A Fundação Manoel de Barros (FMB) e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) pelo financiamento do trabalho.

Peso seco total (g) 0,0700 0,0600 0,0500 0,0400 0,0300 0,0200 0,0100 0,0000 y = -3E-05x 2 + 0,0026x - 0,0047 R 2 = 0,9909 Peso seco da raiz (g) 0,0400 0,0350 0,0300 0,0250 0,0200 0,0150 0,0100 0,0050 0,0000 y = 0,0026e 0,047x R 2 = 0,9003 Dias após a plantio (A) (D) Matéria seca parte aérea (g) 0,050 0,045 0,040 0,035 0,030 0,025 0,020 0,015 0,010 0,005 0,000 y = -2E-05x 2 + 0,002x - 0,0042 R 2 = 0,9837 Altura (cm) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 y = -0,0034x 2 + 0,4757x - 1,3533 R 2 = 0,9832 (B) (E) 25 y = -0,0132x 2 + 1,2661x - 8,013 R 2 = 0,9748 Área foliar (cm2) 20 15 10 5 0 (C) Figura 1 Peso da matéria seca total (g) (A), peso da matéria seca da parte aérea (g) (B), área foliar (cm 2 ) (C), peso da matéria seca da raiz (g) (D) e altura (cm) (E) de plântulas de jurubeba (Solanum variabile) cultivados durante 50 dias após o plantio.

LITERATURA CITADA BENICASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. Jaboticabal: FUNEP, 1988. 42p. CORREA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. v. 4. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1984. 687p. FURLAN, M.C.; KATO, E.T. M.; OLIVEIRA, F. Caracterização farmacognóstica da droga e do extrato fluido de Solanun variabile. Parte I, Lecta: v. 17, n. 2, p. 9-35. 1999. HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES, F.T.; GENEVE, R.L. Plant propagation principles and practices. 6 ed. New Jersey: Prentice Hall International, 1997. 770p. KISSMANN, K.G.; GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. 2 ed. Tomo III. Rio de Janeiro: BASF, 2000. 724p. LUZ, E.X. Influência do número de dias após antese na concentração de alcalóides de frutos de Solanum variabile. 2001. 43p. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), UNIDERP, CCBAS, Campo Grande. MENDONÇA, J. da S. Teor de alcalóide e o desenvolvimento de jurubeba (S. variabile) em diferentes substratos nitrogenados. 2001. 40p. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), UNIDERP, CCBAS, Campo Grande. PANIZZA, S. Plantas que curam cheiro do mato. São Paulo: Ibrasa, 1997. 279p. SCHEFFER, M.C. Roteiro para estudos de aspectos agronômicos das plantas medicinais selecionadas pela fitoterapia do SUS-PR/CEMEPR. Sob Informa, v. 10, n. 2, p. 29-31, 1992. SILVA, M.H. da. Teor de alcalóide e desenvolvimento de jurubeba (Solanum variabile) em diferentes doses nitrogenadas no campo. 2002. 30p. Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas), UNIDERP, CCBAS, Campo Grande.