Voto nº Registro: ACÓRDÃO

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário nº

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FERREIRA RODRIGUES (Presidente) e ANA LIARTE. São Paulo, 4 de julho de 2016

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n" /1-00, da Comarca de. SANTOS, em que é apelante APARECIDA DAS GRAÇAS GRATAO FACONTI

Transcrição:

fls. 1 Registro: 2016.0000514710 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0002184-32.2013.8.26.0564, da Comarca de São Bernardo do Campo, em que é apelante APARECIDO FRANCO DE MORAES, é apelado CARTÓRIO DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E TABELIÃO DE NOTAS DO DISTR. DE RIACHO GRANDE. ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EVARISTO DOS SANTOS (Presidente) e SIDNEY ROMANO DOS REIS. São Paulo, 25 de julho de 2016. Maria Olívia Alves RELATOR Assinatura Eletrônica

fls. 2 Apelação nº 0002184-32.2013.8.26.0564 Apelante: Aparecido Franco de Moraes Apelado: Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelião de Notas do Distrito de Riacho Grande Juízo: 7ª Vara Cível de São Bernardo do Campo Juíza: Dra. Priscilla Bittar Neves Netto APELAÇÃO Pedido de indenização por danos morais e materiais Funcionário de serventia extra-judicial Danos havidos no âmbito da relação funcional, decorrentes da ausência de recolhimento de contribuições previdenciárias em favor do autor Demanda proposta em face do Cartório e do atual Tabelião Ilegitimidade passiva Extinção do processo, sem resolução de mérito Reforma parcial que se impõe Serventia extrajudicial que não é dotada de personalidade jurídica Ausência de capacidade de ser parte Extinção do feito corretamente pronunciada em relação ao Cartório Legitimidade passiva que é do titular da serventia (pessoa física) Novo tabelião, ademais, que assume o ativo e o passivo do tabelião anterior Sucessão caracterizada Legitimidade daí decorrente Sentença reformada Julgamento imediato da lide Parcial procedência dos pedidos Pedido de pagamento de indenização por danos morais Inadmissibilidade, no caso Hipótese que não trata apenas de imputar responsabilidade ao novo tabelião pelo passivo trabalhista/funcional da serventia, mas de condená-lo por dano moral não causado por ele Dano material, contudo, caracterizado Possibilidade de responsabilização do autor, nesse particular Indenização devida Ressarcimento dos valores correspondentes ao recolhimento de contribuições previdenciárias descontadas após a data em que o autor já teria direito à aposentadoria Recurso parcialmente provido. Trata-se de ação de indenização promovida por Aparecido Franco Moraes contra o Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e o atual Tabelião de Notas do Distrito de Riacho Grande, da Comarca de São Bernardo do Campo, para obter indenização por danos morais e materiais ocorridos no âmbito da relação funcional 2

fls. 3 entre o autor e a referida serventia extrajudicial, decorrentes da ausência de recolhimento de contribuições previdenciárias pelo tabelião anterior, a inviabilizar pedido de aposentadoria. Por meio da respeitável sentença de fls. 146/148, o processo foi extinto, sem resolução do mérito, em razão da ilegitimidade passiva dos réus, sendo o autor condenado no pagamento das custas e despesas processuais, mais honorários advocatícios arbitrados em R$ 800,00 (oitocentos reais), observada a gratuidade de justiça a ele concedida. Inconformado, apela o autor e busca afastar o decreto de carência de ação. Argumenta que o novo tabelião escolhe a serventia antes de ser investido no cargo, de modo que deve assumir o risco inerente à opção que fez. Alega que a serventia é atividade econômica organizada, de modo que é possível a caracterização da sucessão. Cita jurisprudência. (fls. 153/157). Resposta recursal às fls. 161/165. É o relatório. Presentes os pressupostos de admissibilidade pertinentes, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento. De início, cumpre reconhecer que, de fato, a serventia extrajudicial não pode figurar no pólo passivo da demanda. Conforme bem decidido, os serviços notariais e registrais constituem atividade exercida em caráter privado, mediante delegação do poder público, por pessoa física, esta sim responsável pessoalmente pela serventia. Assim, os tabelionatos, em si, não possuem 3

fls. 4 personalidade jurídica, e, portanto, não possuem capacidade de ser parte. Por outro lado, porém, no que tange à ilegitimidade passiva do atual tabelião da serventia, a r. sentença deve ser reformada. Há posição mais antiga da Câmara no sentido de que a responsabilidade do delegatário é pessoal, eis que ingressa no serviço, após aprovação em concurso público, de forma originária e, portanto, sem qualquer vínculo com o antigo oficial, o que afasta a responsabilidade por obrigações pretéritas. Haveria, então, um diferencial entre cartórios e empregadoras comuns no que tange à sucessão, sendo que nestas o sucessor assume o ativo e passivo, incluindo o trabalhista, em razão do negócio jurídico entabulado entre as partes. Entretanto, o mesmo fenômeno não ocorre nos cartórios, uma vez que os novos titulares são nomeados para o cargo mediante concurso público, ocorrendo a mera outorga de delegação pelo Estado (AI n. 923.596-5/7-00, rel. Des. JOSÉ HABICE, j. 21.09.2009). Mais recentemente, contudo, como bem notou o apelante em suas razões recursais, a posição da Câmara tem se manifestado no sentido de que a assunção da delegação é mais que a mera obtenção de um cargo, eis que envolve toda uma sucessão patrimonial decorrente do fato de que a serventia é uma atividade econômica organizada, que não sofre e não poder sofrer solução de continuidade em razão da alteração da sua titularidade. Daí porque a responsabilidade de cada delegado nasce no momento que recebe a delegação, mas este assume todo o ativo e passivo passado, assim porque, como é próprio à atividade privada que 4

fls. 5 exerce, o tabelião assume os riscos do negócio (Ap. n. 0163030-76.2007.8.26.0000, rel. Des. SIDNEY ROMANO DOS REIS, j. 08.08.2011), e não os pode transferir ao funcionário. Filio-me a essa posição, o que faço na esteira de excelsos pronunciamentos desta E. Seção de Direito Público, como ocorreu, entre outros, nos julgamentos dos processos n. 4000105-62.2013.8.26.0224, 4ª Câmara de Direito Público, rel. Des. LUIS FERNANDO CAMARGO DE BARROS VIDAL e n. 0046396-13.2009.8.26.0554, 3ª Câmara de Direito Público, rel. Des. RONALDO ANDRADE. O caso, portanto, é de se afastar o reconhecimento da ilegitimidade passiva ad causam. Passo, assim, ao imediato julgamento do pedido, pois a relação processual já está formada e a causa madura para julgamento, eis que as partes não requereram dilação probatória (fls. 143 e 145). O autor afirma que foi admitido junto ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais do Distrito de Riacho Grande, na condição de preposto auxiliar, em fevereiro de 1973, tendo lá permanecido até maio de 1984, sendo que a última função que exerceu foi de preposto substituto. Alegou que sempre teve os recolhimentos destinados à Carteira de Previdência das Serventias Notariais e de Registro, administradas pelo IPESP, efetivamente descontadas sobre sua remuneração. Contudo, ao completar 35 anos de contribuição, em abril de 2008, dirigiu-se ao IPESP para requerer aposentadoria por tempo 5

fls. 6 de contribuição, quando, então, descobriu que os recolhimentos não haviam sido repassados à Carteira, o que inviabilizou sua aposentadoria. Ele pede, assim, (...) b) a condenação do réu em verba indenizatória ao dano material, correspondente ao ressarcimento nos valores correspondentes ao recolhimento previdenciário posterior a abril de 2008, quando o Autor teria direito à aposentadoria, até a data da concessão do benefício; c) a condenação do réu na indenização por dano moral no valor correspondente aos meses que deixou de receber sua aposentadoria, a contar de abril de 2008 até a data da concessão, com todos os direitos inerentes a mesma, inclusive gratificação natalina; (fls. 10/11). A meu ver, a hipótese é de parcial procedência. O pedido de pagamento de indenização por dano material deve ser acolhido. Afinal, reconhecer a responsabilidade do tabelião atual pelo ativo e passivo da serventia que assumiu significa dizer que ele, em tese, responde pelas dívidas trabalhistas e demais encargos inerentes à situação funcional dos funcionários que possuíram ou possuem vinculação com o Cartório. Ou seja, ele não pode se eximir desse passivo, sob a alegação de que assumiu a serventia posteriormente. É fato que o autor não pede que o réu proceda aos recolhimentos previdenciários devidos em relação ao período que ele laborou junto à respectiva serventia. Mas não se pode ignorar que, caso o tabelião antecessor do réu tivesse recolhido corretamente a contribuição previdenciária do autor e a repassado ao IPESP, este poderia ter se 6

fls. 7 aposentado em abril de 2008, conforme consta dos autos. seus vencimentos, teriam cessado. A partir de então, tais descontos previdenciários, sobre Ocorre que, justamente porque ele não conseguiu se aposentar naquele momento, em virtude da desídia do antecessor do autor, esses recolhimentos continuaram a ser realizados. Há nos autos prova de descontos a esse título. posteriores a abril de 2008 (fls. 16/18). E embora tais descontos não tenham sido realizados pelo réu, é certo que, caso o seu antecessor tivesse recolhido corretamente e repassado ao IPESP a contribuição previdenciária do autor, este teria conseguido se aposentar em abril de 2008, de modo que nada mais teria sido descontado a esse título. Ressalte-se, ainda, que em consulta ao Diário Oficial do Estado de São Paulo, o autor só veio a se aposentar em 2015, conforme Despacho da Diretoria das Carteiras Autônomas, de 02/09/2015, publicado no D.O.E. de 03/09/2015. Portanto, a responsabilização do dano material sofrido pelo autor, em razão desses descontos, pode, sim, ser atribuída ao réu, em razão de ter assumido o ativo e o passivo do Cartório, ou seja, as obrigações em relação ao tabelionato deixadas pelo antecessor referentes à situação funcional daqueles que manteve na serventia, o que autoriza, nessa hipótese específica, a sua condenação ao pagamento da indenização por danos materiais ora pleiteada. Assim, deve o réu ser condenado a pagar ao autor indenização por danos materiais correspondente ao montante das 7

fls. 8 contribuições previdenciárias descontadas sobre seus vencimentos, após abril de 2008, até a data da concessão da aposentadoria (cf. D.O.E. 03/09/2015), como pleiteado, observada a prescrição quinquenal. Sobre tal valor, a ser apurado em liquidação, deve incidir correção monetária, conforme a tabela prática deste TJSP, a partir da data de cada recolhimento a ser ressarcido, e juros de 6% ao ano, a partir da citação. Tal raciocínio, porém, não se aplica em relação à indenização por dano moral. Isso porque, nessa hipótese, não se estaria a imputar ao atual tabelião responsabilidade pelo passivo do Cartório, mas a atribuir a ele dano moral que não derivou de conduta sua, o que não se pode admitir. Ou seja, nesse caso, deve-se entender que a obrigação é personalíssima, e que quem foi o responsável por causar lesão moral ao autor foi o tabelião anterior, em decorrência da sua omissão, não se podendo responsabilizar o tabelião atual a esse título. Assim, a pretensão de condenação ao pagamento da respectiva indenização, porque deduzida em face deste último, é improcedente. Em suma, o recurso comporta parcial provimento, para se afastar a carência da ação, e, no mérito, julgar-se parcialmente procedente o pedido. Diante da sucumbência recíproca, cada parte deve ficar responsável por metade das custas e despesas processuais, e pelos honorários devidos aos seus respectivos patronos. 8

fls. 9 dou parcial provimento ao recurso. Ante o exposto, pelo meu voto e nos termos acima, MARIA OLÍVIA ALVES Relatora 9