Prática Civil 2ª Fase OAB Junho/2013. Ação Rescisória

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Transcrição:

CONCEITO Ação Rescisória A sentença pode ser atacada por dois remédios processuais distintos: pelos recursos e pela ação rescisória observando sempre o momento processual. A ação rescisória não se confunde com o recurso justamente por atacar uma decisão já sob o efeito da res iudicata (coisa julgada). Portanto, estamos diante de uma ação contra a sentença que já transitou em julgado. Recurso, coisa julgada e ação rescisória são três instituto processuais que apresentam profundas conexões. O recurso visa a evitar ou minimizar o risco de injustiça do julgamento único, a coisa julgada entra em cena para garantir a estabilidade das relações jurídicas, já a cão rescisória que objetiva reparar a injustiça da sentença transitada em julgado, quando o seu grau de imperfeição é de tal grandeza que supere a necessidade de segurança tutelada pela coisa julgada. Portanto visa a rescindir, a romper a sentença como ato jurídico viciado. PRESSUPOSTO Além dos pressupostos comuns para qualquer ação, à rescisória para ser admitida pressupõe dois fatos básicos indispensáveis: a) Uma sentença de mérito transitada em julgado; b) A invocação de algum dos motivos de rescindibilidade dos julgados taxativamente previstos no art.485 do CPC; A par desses pressupostos, o cabimento da rescisória se sujeita em um prazo decadencial de dois anos, contados a data do transito em julgado da decisão. CASOS DE ADMISSIBILIDADE DA RESCISÓRIA De acordo com Código de Processo Civil as hipóteses de admissibilidade são: Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; 1

1 o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. 2 o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. a) PREVARICAÇÃO, CONCUSSÃO OU CORRUPÇÃO DO JUIZ A prevaricação consiste em retardar ou deixa de praticar, indevidamente, ato de oficio ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. A concussão vem a ser a exigência para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, de vantagem indevida. Já a corrupção e definida como solicitar ou receber para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem. Atenção: Para que a rescisão seja procedente não é necessário que o juiz tenha sido previamente condenado no juízo criminal. Permite que a prova do vício seja feita no curso da própria rescisória. b) IMPEDIMENTO OU INCOMPETENCIA ABSOLUTA DO JUIZ O novo código de processo distingue claramente entre impedimento e suspeição. O impedimento proíbe o juiz de atuar no processo e invalida os seus atos, ainda que não haja oposição ou recusa da parte. A suspeição obsta a atuação do juiz apenas quando alegada pelos interessados ou acusada pelo julgador de oficio. Em matéria de rescisória, somente a sentença proferida por um juiz absolutamente incompetente é que dá lugar para ação. A limitação prende-se ao fato de que na hipótese de incompetência relativa cabe a parte interessada o dever de excepcionar o juiz em tempo hábil, sob pena de prorrogar-se sua competência, tornando-se, assim, o juízo competente por força da própria lei. c) DOLO DA PARTE VENCEDORA Compete às partes e seus procuradores proceder, no processo, com lealdade e boa- fé. Viola esse dever a parte vencedora que haja impedido ou dificultado à atuação processual do adversário ou influenciando o juízo do magistrado, em ordem a afastá-lo da verdade. O dolo da parte vencedora, invocável para rescindir a sentença, abrange, também o dolo do representante legal e, naturalmente de seu advogado ainda quando sem o assentimento ou a ciência do litigante. Deve-se porém atender para o fato de que o dolo autorizado da rescisória não abrange os atos de má-fé anteriores ao processo, mas apenas os dolos processuais, que vem a ser aquele praticado por meios de atos de litigância maliciosa durante a tramitação da causa em juízo. d) COLUSÃO PARA FRAUDAR A LEI Cabe ao juiz impedir que as partes utilizem o processo para, maliciosamente, obterem resultado contrario a ordem jurídica. Quando concluir o magistrado que as partes estão manejando a relação processual para praticar atos simulados ou conseguir fim proibido por lei devera proferir sentença que obste aos objetivos das partes. Nem sempre, porem, o juiz tem meios para impedir que os fraudadores atinjam o fim colimado. Assim, os terceiros prejudicados, após o transito em julgado, poderão rescindi-la. Podem 2

promover a rescisória em tais casos, tanto os sucessores de qualquer das partes do processo fraudulento, o terceiro juridicamente interessado, como também o Ministério Publico. e) OFENSA A COISA JULGADA A coisa julgada, na definição do código, é caráter de que se reserve à sentença já não mais sujeita a recurso, tornando-a imutável e indiscutível. Para as partes do processo, a sentença vem a ter força de lei nos limites da lide e das questões resolvidas. Após o transito em julgado, cria-se para os órgãos judiciários uma impossibilidade de voltar a decidir a questão que foi objeto da sentença. Havendo conflito entre duas coisas julgadas, prevalecera a que se formou por ultimo, enquanto não ser der sua rescisão para restabelecer a primeira. f) VIOLAÇÃO DE LITERAL DISPOSITIVO DA LEI O melhor entendimento, para que a sentença proferida contra o literal, não é apenas a que ofenda a letra escrita de um diploma legal, mas é aquela que ofenda flagrantemente a lei, tanto quando a decisão é repulsiva à lei, como quando proferida com absoluto menosprezo ao modo e forma estabelecidos em lei para sua prolação. g) FALSIDADE DE PROVA A sentença é rescindível sempre que baseada em prova falsa, admitiu a existência de fato, sem o qual outra seria necessariamente a sua conclusão. Não ocorrerá a rescindibilidade se houver outro fundamento bastante, para conclusão. Às vezes, a falsidade da prova pode atingir o fundamento apenas da decisão de um dos pedidos. Então a rescisão é rescisão parcial. O que foi julgado sem se apoiar em prova falsa, fica incólume a eficácia da sentença rescindente. A prova da falsidade tanto pode ser apurada em processo criminal como a produzida nos próprios autos da ação rescisória. Se houver a sentença criminal declaratória da falsidade sobre esse vicio não mais se discuti na rescisória. A controvérsia poderá girar apenas sobre ter sido ou não prova falsa o fundamento da decisão rescindenda. h) DOCUMENTO NOVO O CPC admiti a hipótese de rescindibilidade da sentença, que consiste na obtenção pelo autor da rescisória, após a existência da decisão rescindenda, de documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pode fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável. A novidade do documento não diz respeito a sua constituição, mas a época de sua produção como prova em face do processo em que se deu a sentença impugnada. Na realidade e como regra geral, para admitir-se a rescisória é preciso que o documento já existisse ao tempo em que se proferiu a sentença. Para fundamentar a rescisória, o documento terá que ser de relevante significado diante da sentença. Sua existência, por si só, deve ser causa suficiente para assegurar ao autor da rescisória um pronunciamento diverso daquele contido na sentença impugnada e que, naturalmente, lhe seja favorável. i) CONFISSÃO, DESISTENCIA OU TRANSAÇÃO INVALIDA Cabe rescisória quando houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação em que se baseou a sentença. Para êxito da rescisória não é suficiente que o ato jurídico seja passível de invalidação. É indispensável que a sentença tenha tido como base o ato viciado. Nas hipóteses de desistência ou transação, nenhuma 3

dificuldade se encontra para a rescisória, porque a sentença, em tais casos, se limita a homologar uma auto composição da lide. O negocio jurídico realizado pelos interessados será, sempre e forçosamente, a base da sentença. Já com relação à confissão, torna-se imperiosa a demonstração de que a sentença rescindenda a deve por fundamento. Se a conclusão do julgador for extraída de convicção que preside da confissão ou vicio desta não atinge a sentença. Quando a desistência a de se notar que se trata da causa de extinção do processo sem julgamento do mérito. Como a rescisória só é admissível contra sentenças de mérito, a desistência só pode ser entendida com o sentido de renuncia ao direito em que se funda a ação, ou seja, de desistência ao direito material. j) ERRO DE FATO Segundo definição do próprio código só haverá erro autorizativo da rescisória quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. LEGITIMAÇÃO O CPC dispõe quanto à legitimação de parte para ação rescisória, afirmando que sua propositura pode partir de: I quem foi parte no processo ou o seu sucessor a titulo universal ou singular; II o terceiro juridicamente interessado; III o Ministério Publico, nos casos de omissão de sua audiência, quando era obrigatória sua intervenção, e quando a sentença é efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. O terceiro só será legitimado quando tiver interesse jurídico. Não é suficiente um simples interesse de fato. PEDIDO judicium rescindens e judicium rescissorium A petição inicial, endereçada ao tribunal, deve satisfazer as exigências comuns de todo pedido inaugural de processo e que são as do art. 282 do CPC. O art. 488 impõe, contudo, as duas providências especiais ao autor da rescisória: I cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa. II depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, a titulo de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. A EXECUÇÃO DA SENTENÇA RESCINDENDA A propositura da ação rescisória nenhuma consequência tem sobre a exequibilidade da sentença impugnada. Dispõe, expressamente, o art. 489 que a ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda. Em caso de gravidade acentuada e de manifesta relevância da pretensão rescindir a sentença contaminada por ilegalidade, a jurisprudência tem admitido, com acerto, medida cautelar com o fito de suspender, liminarmente, a exequibilidade do julgado rescindendo. 4

INDEFERIMENTO DA INICIAL A petição inicial da rescisória pode ser liminarmente indeferida pelo relator do processo nos casos comuns do art. 295 e, ainda, quando não efetuado o deposito, exigido pelo art. 488, inciso II, do CPC. PROCEDIMENTO Trata-se de procedimento de competência dos tribunais. Seu julgamento se dá, portanto em uma única instancia. A petição inicial é endereçada ao próprio tribunal que proferiu o acórdão rescindendo ou ao tribunal de 2º de jurisdição no caso de sentença de juiz singular. Verificando o relator que a petição inicial está em ordem ou que já foram sanadas as irregularidades eventualmente encontradas, mandará citar o réu, com observância das regras comuns de convocação do demandado. O prazo de resposta do réu é fixado pelo relator, mas não podendo ser inferior a 15 dias e nem superior a 30 dias. Na resposta, o demandado poderá defende-se amplamente, tanto por meios de contestação, exceção ou reconversão. Findo o prazo de defesa, com ou sem resposta, o feito prosseguira com observância do rito ordinário, funcionando o relator em posição equivalente ao juiz singular. Aplica-se o sistema das providencias preliminares e do julgamento antecipado da lide. Sendo, porém feito de competência originário do tribunal, decretação de extinção do processo ou julgamento antecipado da lide não poderão ser prolatados pelo relator, cabendo-lhe apenas submeter o caso ao colegiado. O saneador, contudo é proferido pelo relator. A não contestação da ação rescisória, no prazo assinado ao réu pelo relator, não acarretaria revelia. Sendo a coisa julgada questão de ordem pública a revelia do demandado em ação rescisória é inoperante e não dispensa o autor do ônus de provar o fato em que se baseia a sua pretensão. quando: CAPÍTULO IV DA AÇÃO RESCISÓRIA Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; 5

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; 1 o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. 2 o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil. singular; Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282, devendo o autor: causa; I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no n o II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público. Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. Art. 490. Será indeferida a petição inicial: I - nos casos previstos no art. 295; II - quando não efetuado o depósito, exigido pelo art. 488, II. Art. 491. O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação. Findo o prazo com ou sem resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e V. Art. 492. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator delegará a competência ao juiz de direito da comarca onde deva ser produzida, fixando prazo de 45 (quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos autos. 6

Art. 493. Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e ao réu, pelo prazo de 10 (dez) dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão ao relator, procedendo-se ao julgamento: I - no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, na forma dos seus regimentos internos; II - nos Estados, conforme dispuser a norma de Organização Judiciária. Art. 494. Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor do réu, sem prejuízo do disposto no art. 20. Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da decisão. JURISPRUDÊNCIA DO STJ: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NA AÇÃO RESCISÓRIA. DESAPROPRIAÇÃO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO LITERAL DO ART. 184 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. DECISÃO RESCINDENDA QUE NEGA O DIREITO À INDENIZAÇÃO COM ARRIMO NO ART. 515 DO CPC. TEMA EMINENTEMENTE PROCESSUAL. 1. O STJ ostenta entendimento uníssono no sentido de que o ajuizamento da ação rescisória fulcrado no inciso V do art. 485 do Código de Processo Civil pressupõe a manifesta ocorrência de afronta a dispositivo legal em sua literalidade, ou seja, requer a adoção de entendimento que incorra no desprezo pelo sistema de normas pertinentes ao julgado rescindendo. 2. No caso concreto, a decisão rescindenda está fundamenta no argumento de ser defeso ao Tribunal a quo, no bojo de remessa necessária, agravar a condenação imposta ao INCRA, já que o expropriado, ora autor, sucumbiu quanto à indenização e não interpôs recurso de apelação, ou seja, está arrimada em tema eminentemente processual. Dessarte, não ostenta a propriedade de amparar a pretensão autoral a norma do art. 184 da Constituição Federal, que apenas assegura, em havendo desapropriação, o direito do expropriado receber a respectiva justa indenização. Precedente: AR 4.248/MT, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 8/3/2012. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg na AR 5.139/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2013, DJe 07/05/2013) PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, V, DO CPC. VIOLAÇÃO LITERAL A DISPOSIÇÃO DE LEI LOCAL. SÚMULA 280/STF. EXAME. DESCABIMENTO. 1. É pacífica a jurisprudência desta Corte, pelo descabimento do exame, em recurso especial, de suposta infringência ao art. 485, V, do CPC, 7

quando se aponta violação a literal disposição de lei local, tendo em vista o óbice da Súmula 280/STF. 2. Hipótese em que a verificação de eventual violação a literal disposição de lei, a fundamentar o cabimento da ação rescisória, demandaria a análise das leis estaduais apontadas pelos agravantes, em que se questiona o reclassificação de cargo na esfera estadual. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1208134/BA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 22/04/2013) PROCESSUAL CIVIL. QUESTÃO DE ORDEM. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AÇÃO RESCISÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE EM RAZÃO DA INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE. RECENTE REITERAÇÃO DO ENTENDIMENTO, PELA CORTE ESPECIAL, DE SEREM INADMISSÍVEIS OS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AÇÃO RESCISÓRIA (EDV NA AR 3032/PB, J. 21.11.2012). DESNECESSIDADE DE NOVA SUBMISSÃO DO FEITO AO CRIVO DAQUELE ÓRGÃO MÁXIMO DESTE STJ. CANCELAMENTO DA QUESTÃO DE ORDEM. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO CONHECIDOS. 1. Em questão de ordem proposta pelo então Relator, o ilustre Ministro LUIZ FUX, esta Primeira Seção decidiu submeter o presente feito ao crivo da Corte Especial, para decidir sobre o cabimento dos Embargos de Divergência em autos de Ação Rescisória. 2. Todavia, recentemente, por ocasião do julgamento dos Embargos de Divergência na Ação Rescisória 3.032/PB, igualmente submetida, por meio de questão de ordem originária desta Primeira Seção, à Corte Especial para discutir o cabimento do referido recurso, o Órgão máximo deste STJ não conheceu dos Embargos, ocasião em que fiquei vencido (j. 21.11.2012). 3. Prevaleceu, naquela oportunidade, o entendimento clássico desta Corte Superior de Justiça de que a divergência deve se dar no âmbito do Recurso Especial, por força do disposto nos arts. 546, I do CPC e 166 do RISTJ. 4. Assim, dado o recente entendimento adotado sobre o tema, não há porque submeter novamente a questão ao crivo da Corte Especial. 5. Embargos de Divergência não conhecidos, cancelada a Questão de Ordem. (EDv na AR 3.634/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe 30/04/2013) PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI. INTERPRETAÇÃO CONTROVERTIDA. SÚMULA 343/STF. APLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE FATO NOVO CAPAZ DE ALTERAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A existência de interpretação controvertida de texto legal nos Tribunais não viabiliza a ação rescisória interposta pelo INSS em face de acórdão do TRF da 5ª Região, com fundamento no art. 485, V, do CPC. 8

2. Aplica-se a Súmula 343/STF: "Não cabe ação rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais." 3. O agravo regimental não apresentou fato novo capaz de alterar os fundamentos da decisão agravada que negou seguimento ao recurso especial. 4. Agravo Regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 847.130/RN, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 12/03/2013, DJe 19/03/2013) PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. VIOLAÇÃO DO ART. 485, INCISOS V, DO CPC. NÃO CABIMENTO. MERO INCONFORMISMO COM OS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RESCINDENDO. PRECEDENTES DO STJ. 1. É pacífico na jurisprudência desta Corte que a ofensa a dispositivo de lei capaz de ensejar o ajuizamento da ação rescisória é aquela evidente, direta, observada primo oculi. 2. A análise de ocorrência de excesso de execução e de ofensa à coisa julgada, na hipótese dos autos, importa em reexame do conjunto fáticoprobatório, o que encontra óbice na Súmula 7 deste Tribunal. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 243.473/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/02/2013, DJe 04/03/2013) Caso Prático: Carla ajuizou ação de investigação de paternidade cumulada com alimentos contra Marcos que foi distribuída para a Segunda Vara de Família de Brasília-DF. Os pedidos foram julgados improcedentes e a sentença transitou em julgado. Após três anos, Carla ajuizou nova ação idêntica a primeira contra Marcos, todavia esta foi distribuída para a Quinta Vara de Família de Brasília-DF, tendo juiz julgado procedente os pedidos de Carla. Marcos interpôs recurso contra a sentença para o tribunal, sendo este julgado pelo colegiado no sentido de não conhecer do recurso de apelação. Após um mês do trânsito em julgado desta segunda ação, Marcos ajuizou ação rescisória. Considere a seguinte situação hipotética: Justifique as respostas 1. No presente caso é possível o ajuizamento de ação rescisória, ou seja, está presente uma das hipóteses de rescindibilidade prevista no art. 485 do CPC? 2. Quem tem legitimidade para propor a referida ação? 3. Qual o prazo para o ajuizamento da ação rescisória? 4. Qual o órgão competente para julgá-la? 5. Considerando que você é um dos julgadores da ação rescisória no âmbito do colegiado e que a presente ação rescisória preenche as condições da ação e requisitos de admissibilidade, profira o julgamento, no que couber, em relação ao juízo rescindente e o juízo rescisório. 9