2ª FASE OAB VII Exame Unificado Peça Prática Professora Priscilla Fernandes Pereira
Caso Prático Lucia Santos, assistida por advogado particular, ajuizou reclamação trabalhista pelo rito ordinário, em face do Banco Money S/A (Processo nº 4321/2011), em 10.12.2011, afirmando que foi admitida pela Empresa Limpa Ltda. em 01.02.2003, e em 01.03.2003 começou a prestar serviços de limpeza para o Banco Money S/A. Prestava serviços diariamente para o banco, das 9h00 as 18h00, informou que dispunha de uma hora de intervalo para almoço. Recebia o salário de R$1.000,00, mais uma cesta básica, que valia o equivalente a R$150,00, benefício esse, conquistado por meio de acordo coletivo de trabalho realizado entre a Empresa Limpa Ltda. e o Sindicato dos Trabalhadores de serviços de limpeza e conservação. Nesse período, também prestou serviços para outros estabelecimentos comerciais, em horários diversos.
Trabalhou dessa forma por 3 anos, quando em 10.01.2006 foi contratada pelo Banco Money S/A para trabalhar com serviços gerais de conservação, passou a ter jornada de trabalho das 10h00 as 16h00, com intervalo de 15 minutos para descanso e refeição. Auferia o valor de R$1.000,00. Informou que Maria do Carmo exercia o cargo de serviços gerais de conservação desde 2003, e recebia o montante de R$1.200,00. Em 10.01.2009, Lúcia foi flagrada por uma câmera de segurança subtraindo bens móveis do banco, data em que foi suspensa por 5 dias e teve o valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais) abatido de seu salário, na segunda vez em que foi flagrada cometendo a mesma atitude, foi demitida por justa causa, em 10.06.2009.
A reclamante pleiteia em reclamação trabalhista: i)reconhecimento da fraude na terceirização; ii)reconhecimento da unicidade contratual do período de 01.03.2003 a 10.06.2009, quando foi extinto seu contrato de trabalho com justa causa; iii)requer horas extraordinárias em decorrência da supressão do intervalo intrajornada (era de uma hora e passou a ser de 15 minutos) e reflexos; iv)pelo princípio da estabilidade financeira, pleiteia o pagamento referente à cesta básica que recebeu até 09.01.2006 (término do CT com Limpa Ltda.); v)devolução do valor abatido de seu salário sem a sua autorização; vi)requer equiparação salarial com Maria do Carmo e reflexos; vii)conversão da justa causa.
Como advogado do banco Money S/A promova a medida cabível para proteção dos direitos de seu cliente. 1º Passo: Principais dados do problema Nome da Reclamante: Lúcia Santos Nome do Reclamado: Banco Money S/A 1º Contrato de trabalho (CT): 01.02.2003 a 09.01.2006 2º Contrato de trabalho(ct): 10.01.2006 a 10.06.2009 Extinção do CT: 10.06.2009 Ajuizamento da Reclamação Trabalhista: 10.11.2012
-2º PASSO: Identificação e previsão legal da peça profissional, do endereçamento e do procedimento (rito). RÉGUA PROCESSUAL: identificação dos atos processuais trazidos pelo problema neste caso, há uma reclamação trabalhista. Peça e previsão legal CONTESTAÇÃO, com fundamento no artigo 842, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) c/c artigo 300 do Código de Processo Civil (CPC), aplicado subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do artigo 769 da CLT. Endereçamento EXCELENTÍSSIMO SENHOR (DOUTOR) JUIZ DO (TRABALHO) DA... VARA DO TRABALHO DE... Procedimento (Rito) ORDINÁRIO.
Art. 301 do CPC - Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; (nossa questão) IV - perempção; V - litispendência; VI - coisa julgada; VII - conexão; VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX convenção de arbitragem; X carência da ação XI falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige com preliminar
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA... VARA DO TRABALHO DE... (Espaço: seguir as orientações do edital) Processo nº 4321/2011 Banco Money S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o número..., com sede na (endereço completo com CEP), por seu advogado que esta subscreve, vem, nos termos do artigo 847 da Consolidação das Lei Trabalhistas(CLT), combinado com o artigo 300 do Código de Processo Civil (CPC), aplicado por força do artigo 769 da CLT, apresentar CONTESTAÇÃO pelo rito Ordinário, em face dos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe, que lhe move Lúcia Santos, já qualificada na exordial, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
Preliminares Da inépcia da petição inicial Conforme se verifica na exordial, a reclamada pleiteia a conversão da justa causa, sem ao menos fundamentar, ou articular os fundamentos de fato e de direito que amparam a sua pretensão. Resta, pois, ausente a causa de pedir. Assim sendo, deve ser indeferida a petição inicial neste aspecto, com base no artigo 295, parágrafo único, inciso I, do CPC. Requer-se a extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267, I, e 295, inciso I, ambos do Código de Processo Civil.
Prejudicial de Mérito Da prescrição bienal O contrato de trabalho com a reclamada teve seu término em 10.06.2009, e somente em 10.12.2011, a reclamada ajuizou a presente reclamação trabalhista. A esse propósito, o artigo 7º, XXIX da Carta Magna, prevê que o empregado tem o prazo máximo de 2 anos contados do término do contrato de trabalho pleitear créditos resultantes da relação de trabalho. Ora, o contrato de trabalho da reclamante foi extinto em 10.06.2009, e o ajuizamento da demanda ocorreu somente em 10.12.2011, motivo pelo qual transcorrido prazo de 2 anos e 6 meses, restam prescritos os pleiteados créditos resultantes da relação de trabalho. Requer-se a extinção do processo com resolução no mérito, nos termos do artigo 269, IV do Código de Processo Civil.
Da prescrição quinquenal Súmula 308 do TST A reclamada requer a unicidade do seu contrato de trabalhando, afirmando, portanto, que seu contrato de trabalho teve início em 01.02.2003 e término em 10.06.2009. Conforme se passará a demonstrar tal unicidade contratual inexiste, todavia, caso Vossa Excelência entenda pela unicidade contratual, requer-se o conhecimento da prescrição quanto as parcelas não pagas anteriores a 5 anos, contados da data propositura da ação, conforme prevê o artigo 7º, XXIX da Constituição Federal e a Súmula 308 do TST. Assim, se alguma condenação for devida, que seja observado o prazo mencionado.
Mérito Da inexistência de fraude na terceirização Afirma a reclamante que um mês após ter sido contratada pela empresa Limpa S/A, iniciou seus trabalhos no banco, lugar em que permaneceu até o fim do contrato de trabalho. Aduz que no caso em tela houve violação à Súmula 331 do TST, entretanto tal entendimento não deve prevalecer, já que a Súmula em seu item III, permite expressamente a terceirização de serviços de vigilância, limpeza e conservação, o que ocorre no caso. Nessa medida, o Banco Money S/A é parte ilegítima para ser demando pelo período de 01.02.2003 a 09.06.2006, já que durante este período, a reclamada era subordinada a empresa Limpa Ltda., prestando, inclusive serviços para outras empresas, restando evidente que a relação entre a reclamante e o reclamado era de mero contrato de prestação de serviços..
. Cumpre destacar, que em nenhum momento a reclamante afirmou que sofria subordinação direta na relação de prestação de serviços de limpeza. Assim, inexistentes pessoalidade, e subordinação direta, não há que se falar em descaracterização da terceirização. Posto isso, deve ser julgado improcedente o pedido. Da inexistência da unicidade contratual Conforme supramencionado, não houve fraude no contrato de terceirização realizado entre o reclamado e a empresa Limpa Ltda., restando clara a existência de dois contratos de trabalho distintos, inclusive com horários e função diversas. Com efeito, o advento do novo contrato de trabalho, realizado com a reclamada em 10.01.2006, a subordinação passou a ser direta, preenchendo todos os requisitos do artigo 3º da CLT, que antes não existiam.
Da ausência de supressão de intervalo intrajornada Alega a reclamada que com o início do novo contrato de trabalho, seu intervalo intrajornada foi reduzido, entretanto, conforme se passará a explicar, não houve supressão do intervalo intrajornada, mas simplesmente alteração da jornada de trabalho. Inicialmente, a reclamante exercia jornada de trabalho das 9h00 às 18h00, com uma hora para descanso e refeição. Nesse período, a reclamada era subordinada à Limpa Ltda., a qual observava a jornada de trabalho ordinária, prevista no artigo 7º, XIII da Constituição Federal. Ocorre que a partir de 10.01.2006, a reclamante passou a laborar diretamente para o Banco Money S/A, e consequentemente, passou a se subordinar a jornada de trabalho específica, prevista no artigo 226 da CLT. Nesse diapasão, prestando 6 horas de trabalho diário, faz jus ao intervalo de 15 minutos, nos termos do artigo 71, 1º da CLT.
Nessa toada, verificamos que não houve violação aos direitos trabalhistas, mas observância às novas condições que advieram do contrato de trabalho pactuado entre a reclamante e a reclamada. Assim, requer-se a improcedência quanto ao pedido de horas extraordinárias, e o indeferimento quanto aos reflexos. Da validade do benefício auferido por Acordo Coletivo Trabalho art.611, 1º da CLT Em seu primeiro contrato de emprego com a prestadora de serviços de limpeza e manutenção Limpa Ltda., a reclamante recebia cesta básica em virtude de acordo coletivo de trabalho, e por esse motivo afirma que foi prejudicada em virtude da supressão de tal benefício. Vale destacar, novamente, que se tratam de contratos de trabalho distintos, por isso inexiste o direito a estabilidade financeira do primeiro emprego, em relação ao segundo.
Conceituando acordo coletivo de trabalho, previsto no artigo 611, 1º da CLT, verificamos que se trata de condição conquistada que abrange tão só os aderentes ao acordo, dessa forma, não havendo acordo entre o sindicato e o Banco, não faz jus a cesta básica que recebia no emprego anterior. Por todo exposto, não assiste razão a reclamante. Do legítimo desconto no salário A reclamada foi demitida com justa causa, com fulcro no artigo 482, alínea a da CLT. Em um primeiro momento a reclamada foi flagrada pelas câmeras de vigilância subtraindo bens móveis do estabelecimento em que laborava. Consequentemente, foi lhe aplicada suspensão por 5 dias, e realizado o abatimento em seu salário no valor de R$150,00 (cento e cinquenta reais) referente a suspensão disciplinar. Ora, o reclamado dispondo do seu poder disciplinar, aplicou à sua empregada uma sanção, e por óbvio não realizou o pagamento referente aos dias paralisados, mesmo porque não se trata de premiação, mas suspensão do contrato de trabalho.
Importante ressaltar que a sanção observou os critérios de: tipicidade, gravidade, dolo, proporcionalidade, imediaticidade, singularidade e gradação de penas (art.474 da CLT). O caráter alimentar do salário da reclamante não foi comprometido. Por fim, requer-se a improcedência quanto a este pleito. Da ausência dos requisitos para equiparação salarial A reclamante requer equiparação salarial com Maria do Carmo, que também exercia função de serviços gerais. Entretanto, nos termos do artigo 461, 1º da CLT, tal pedido não merece prosperar já que a diferença de tempo de serviço entre ambas é superior a 2 anos fato impeditivo de direito ao pleito equiparatório. A empregada Maria do Carmo iniciou seus trabalhos na empresa em 2003, ao passo que a reclamada foi contratada em 2006, restando superado o pedido de equiparação salarial. Em termos conclusivos, não há que se falar em equiparação salarial, tampouco em condenação ao pagamento em reflexos.
Requerimentos Diante dos fundamentos fáticos e jurídicos articulados, requer-se o acolhimento da preliminar de inépcia, a prejudicial de prescrição bienal e quinquenal, e por fim, no mérito, sejam julgados improcedentes os pedidos aduzidos na peça de ingresso pelas razões expostas. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, notadamente depoimento pessoal, prova documental e testemunhal. Termos em que, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB
Obrigada! Bons estudos! Solucione suas dúvidas através do meu twitter: @PriMastrich