Hermes OAB - 2ª fase - Prática Trabalhista PEÇA

Transcrição

1 Hermes OAB - 2ª fase - Prática Trabalhista PEÇA Geraldo Santos ajuizou reclamação trabalhista, pelo rito ordinário, em face do Banco da Praça S/A (RT nº 1234/2011), em , afirmando que foi admitido em , para exercer a função de vigilante de agência e que prestava serviços diariamente de segunda-feira a sexta-feira, das 09h00min às 14h00min, com intervalo para repouso e alimentação de 30 (trinta) minutos diários. Seu contrato extinguiu-se em , em razão de dispensa imotivada, quando recebia salário no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Aduziu, ainda, que em janeiro/2010 foi nomeado membro do conselho fiscal do sindicato de sua classe e que inobstante tal estabilidade foi dispensado imotivadamente, por iniciativa de seu empregador. Diante do exposto, postulou a reintegração ao emprego, em face da estabilidade acima perpetrada ou indenização substitutiva dobrada, face ao disposto no art. 497 da CLT. Requereu a condenação do Banco da Praça S.A. ao pagamento de uma hora extra diária, com adicional de 50% (cinquenta por cento), com base na OJ 307 da SDI 1 do TST, pela supressão do intervalo mínimo de uma hora e dos reflexos em aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimo terceiro salário integral e proporcional, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento). Pleiteou, por fim, a condenação do reclamado ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. A audiência una foi designada para o dia Considerando que a reclamação trabalhista foi ajuizada perante a 1ª Vara do Trabalho de Teresina /PI, redija, na condição de advogado contratado pelo banco empregador, a peça processual adequada, a fim de atender aos interesses de seu cliente. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DO TRABALHO DA 1ª.VARA DO TRABALHO DE TERESINA/PI 10 linhas Processo n.º: 1234/2011

2 BANCO DA PRAÇA S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o número..., com sede em (endereço completo e CEP), nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe, promovida por GERALDO SANTOS, já qualificado na inicial, por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional em (endereço completo e CEP), onde recebe notificações e intimações, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 847 da CLT, combinado com os arts. 300 e seguintes do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do por força do artigo 769 do diploma consolidado, apresentar CONTESTAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: SÍNTESE DA INICIAL O reclamante afirma que foi admitido em , para exercer a função de vigilante de agência, prestando serviços diariamente de segunda-feira a sexta-feira, das 09h00min às 14h00min, com intervalo para repouso e alimentação de 30 (trinta) minutos diários. Aduziu, ainda, que em janeiro/2010 foi nomeado membro do conselho fiscal do sindicato de sua classe, sendo dispensado imotivadamente, por iniciativa de seu empregador Em , foi dispensado imotivadamente, quando recebia salário no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), razão pela qual, postula a reintegração ao emprego, em face da estabilidade sindical ou indenização substitutiva dobrada, com fulcro no art. 497 da CLT. Requer, ainda, a condenação do Banco da Praça S.A. ao pagamento de uma hora extra diária, com adicional de 50%, pela supressão do intervalo mínimo de uma hora e dos reflexos em aviso prévio, férias integrais e proporcionais, décimo terceiro salário integral e proporcional, FGTS e indenização compensatória de 40% (quarenta por cento). Pleiteou, por fim, a condenação do reclamado ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. PRELIMINARMENTE DA NULIDADE DE CITAÇÃO O art. 301 do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT, ensina em seu inciso I que, antes de discutir o mérito poderá o reclamado alegar a nulidade de citação. Nos domínios do processo do trabalho, nos termos do art. 841 da CLT, a audiência de julgamento será a primeira desimpedida, depois de 5 dias. Assim, entende a melhor doutrina que a audiência deverá ser designada 5 dias após o recebimento da notificação do reclamado. Nota-se, todavia, que o reclamante ingressou com reclamação trabalhista em , sendo designada audiência para o dia , não sendo, portanto, obedecido o prazo disposto no art. 841 consolidado, razão pela qual requer a designação de nova audiência ou a extinção do processo sem resolução do mérito, com fulcro no art. 267, IV, do CPC; PREJUDICIAL DE MÉRITO PRESCRIÇÃO QUINQUENAL Em 13 de julho de 2011 a reclamante ajuizou reclamação trabalhista buscando o reconhecimento de direitos trabalhistas relacionados ao período compreendido entre 04 de agosto de 2003 e 15 de

3 maio de O art. 7º, XXIX, da CF, dispõe que os trabalhadores poderão reclamar os direitos trabalhistas quanto aos créditos resultantes da relação de trabalho, com prazo prescricional de 5 (cinco) anos. De acordo com o dispositivo constitucional, ao ajuizar reclamação trabalhista o obreiro poderá reclamar apenas os créditos dos 5 (cinco) anos que antecedem a propositura da reclamação trabalhista. Nesse mesmo sentido dispõe o art. 11, I, da CLT. O Tribunal Superior do Trabalho, através do entendimento cristalizado na súmula 308, item I, do TST, ensina que, respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. Desta forma, requer seja acolhida a prescrição quinquenal, declarando prescritos os créditos anteriores a 13 de julho de 2006, julgando extinta tal pretensão com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC. NO MÉRITO DO NÃO CABIMENTO DA ESTABILIDADE O reclamante pleiteia a reintegração ao emprego ou indenização substitutiva, por exercer cargo de conselheiro fiscal no sindicato de sua categoria, fazendo assim jus à estabilidade provisória. Ocorre que, o membro do conselho fiscal, em conformidade com o art. 522, 2º, da CLT, tem sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato e, portanto, não representa ou atua na defesa de direitos da categoria respectiva. Nessa linha, o TST consubstanciou entendimento através da OJ 365 da SDI 1 do TST, que o membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos arts. 543, 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988. Desta forma, requer seja julgado improcedente o pedido de reintegração. DO NÃO CABIMENTO DAS HORAS EXTRAS O reclamante pleiteia o pagamento de horas extraordinárias por todo o liame empregatício, por ter prestado serviços das 09h00min às 14h00min e gozar de apenas 30 minutos de intervalo para descanso e refeição, razão pela qual requer o pagamento da hora integral, em conformidade com a OJ 307 da SDI 1 do TST. Ocorre que, conforme o próprio reclamante alega, exercia jornada de trabalho de 5 horas diárias, o que nos termos do art. 71, 1º, da CLT, confere ao obreiro um intervalo de repouso e alimentação de 15 minutos. Dessa forma, requer a improcedência do pedido de horas extras e seus reflexos. DO NÃO CABIMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS O reclamante pleiteia o pagamento de honorários advocatícios.

4 Na Justiça do Trabalho os honorários advocatícios não são devidos pela mera sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria e ser beneficiário da justiça gratuita. Importante ressaltar que a assistência judiciária é prestada pelo sindicato profissional da categoria, sendo devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal e, ainda, ao trabalhador de maior salário que comprovar que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, em conformidade com o art. 14, 1º, da Lei 5.584/70. Nesse sentido, é o entendimento solidificado do TST, através das súmulas 219, I, e 329. Desta forma, requer a improcedência do pedido. DOS PEDIDOS Diante do exposto requer a reclamada: a) seja acatada a preliminar de nulidade de citação, nos termos do art. 841 da CLT e art. 301, I, do CPC, para designação de nova audiência ou a extinção do processo sem resolução do mérito, com fulcro no art. 267, IV, do CPC; b) o acolhimento da prejudicial de mérito, declarando prescritos os créditos anteriores a 13 de julho de 2006, julgando extinta tal pretensão com resolução do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC. No mérito, requer a reclamada, seja a reclamação julgada totalmente improcedente a improcedência de todos os pedidos conforme razões expostas. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente, depoimento pessoal do reclamante, testemunhal e documental. Nestes Termos, Pede Deferimento. Local e data Advogado Oab fim da peça QUESTÕES 1-) Flávio moveu reclamação trabalhista contra a empresa Céu Azul Ltda., alegando que desenvolvia suas atividades em local insalubre e que jamais havia recebido da empresa o adicional de insalubridade. A empresa contestou o pedido, afirmando que Flávio não trabalhava em local insalubre. O juiz designou perícia técnica para avaliação do local onde Flávio trabalhava e facultou às partes a indicação de auxiliar técnico para perícia. Para acompanhar o trabalho do perito oficial, Flávio indicou um profissional de sua

5 confiança, que lhe cobrou R$ 800,00 de honorários. Flávio foi vencedor em sua tese, já que a perícia oficial atestou que o local onde ele trabalhava era realmente insalubre. Sendo vencedor no objeto da perícia, Flávio formulou pedido de ressarcimento dos honorários pagos ao assistente por ele indicado, pleiteando a condenação da empresa Céu Azul Ltda. em tal quantia. Nessa situação hipotética, é devida a condenação da empresa Céu Azul Ltda. a ressarcir Flávio dos honorários pagos ao assistente da perícia por ele indicado? Justifique a sua resposta. A indicação de assistentes técnicos na perícia é facultada às partes, em conformidade com o art. 3º da lei 5.584/70. Assim, por ser uma faculdade da parte a indicação, os honorários do auxiliar técnico para a perícia deverão ser suportados quem o indicou. Esse entendimento encontra-se consolidado na súmula 341 do TST que ensina ser faculdade da parte a indicação do perito assistente, a qual deve responder pelos respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia. Desta forma, não será devida a condenação da empresa Céu Azul Ltda. a ressarcir Flávio dos honorários pagos ao assistente da perícia por ele indicado. 2-) José, residente em Taguatinga DF, empregado da empresa Chimarrão, localizada em Luziânia GO, local onde presta serviço, foi dispensado sem justa causa, não tendo recebido o pagamento de aviso prévio, férias proporcionais nem décimo terceiro salário proporcional, razão por que ingressou com reclamação trabalhista na vara de trabalho de Taguatinga DF. Em face dessa situação hipotética, considerando que a empresa não se conformou com o local em que foi ajuizada a reclamação, indique, com a devida fundamentação, a medida cabível para a empresa discutir essa questão bem como o procedimento a ser adotado pelo juiz. A medida cabível para que a empresa impugne o local do ajuizamento da reclamação trabalhista é a exceção de incompetência territorial, que se encontra prevista no art. 799 da CLT. A exceção de incompetência territorial deverá ser ofertada na audiência, sendo admitida sua apresentação na própria contestação como matéria preliminar. Uma vez oferecida a exceção, o processo será suspenso até que a questão seja decidida, em conformidade com o art. 306 do CPC. Deverá ser aberto prazo ao exceto, para em 24 horas se manifestar, em seguida, na primeira audiência seguinte será proferida sentença pelo juiz. Acolhida a exceção de incompetência territorial, os autos serão remetidos para o juízo competente, sendo tal decisão recorrível via recurso ordinário, em conformidade o art. 799, 2º, da CLT e entendimento sumulado pelo TST em sua súmula 214, item c.

6 3-) Qual é o recurso cabível contra decisão do juiz do trabalho na qual seja homologado acordo pactuado entre as partes? Justifique sua resposta. O termo de acordo homologado entre as partes, em conformidade com o art. 831, parágrafo único, da CLT é irrecorrível para as partes, pois transita em julgado imediatamente na data de sua homologação, a teor da súmula 100, V, do TST. Assim, a parte que se sentir lesada não poderá interpor recurso algum. O termo de conciliação previsto no parágrafo único do art. 831 da CLT apenas poderá ser impugnado pelas partes via ação rescisória, nos termos da súmula 259 do TST. Porém, o mesmo art. 831, parágrafo único que estabelece a irrecorribilidade do termo do acordo para as partes, prevê a possibilidade de o INSS apresentar recurso ordinário à superior instância, com relações às contribuições que lhe forem devidas.