ANÁLISE DAS PROPRIEDADES ACÚSTICAS DE SEDIMENTOS MARINHOS COLETADOS POR MEIO DE TESTEMUNHOS DE SONDAGEM



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Transcrição:

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES ACÚSTICAS DE SEDIMENTOS MARINHOS COLETADOS POR MEIO DE TESTEMUNHOS DE SONDAGEM Helber Carvalho Macedo 1 ; Alberto Garcia de Figueiredo Jr. 2 ; Lucia Artusi 1 ; Sílvio R. Souza 3 1 Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira IEAPM (helber@igeo.uff.br); 2 LAGEMAR-UFF ; 3 Empresa Husky Duck Equipamentos e Serviços. Abstract. The physical properties of marine sediments have been systematically acquired and studied in various parts of the world. However, several theories have proved that sedimentological parameters such as grain size, bulk density, porosity and water content cause relevant dispersion in models of measuring wave propagation. The aim of this study is the investigation of the relationship between a relative broad spectrum of these physical properties and geoacustic parameters. Two different physical properties have been investigated: velocity and the attenuation of compressional waves. An apparatus was constructed to measure these physical properties using ultrasonic waves (2,25 MHz). Some experiments have demonstrated good results with this approach in terms of resolution and penetration rate. The first laboratory results were performed in cores collected on the continental shelf offshore the city of Arraial do Cabo, in Rio de Janeiro state. The preliminary experiments indicate that fine-grain sediments display distinguishable properties in terms of acoustic wave speed. More measures are being done in those cores. The propagation and dispersion will be also compared with extensive data sets taken from literature. The results obtained are encouraging and indicate a feasible method to analyze the relationships between compressional wave propagation and sedimentological parameters. Palavras-chave: propriedades físicas; parâmetros geoacústicos; ondas compressionais. 1. Introdução As propriedades físicas de sedimentos do fundo marinho têm sido objeto de estudo de inúmeros projetos em diferentes partes do mundo. Dentre estas propriedades destacamos, neste trabalho, a velocidade de propagação (Vp) e a atenuação de ondas compressionais (P). Nas últimas décadas, Hamilton et al. (1970, 1982 e 1985), Ayres Neto (1998) e Buckingham (2000 e 2004) realizaram diversos experimentos e publicaram dados e conceitos que indicam que a propagação da onda compressional depende, principalmente, de parâmetros sedimentológicos do meio, tais como: porosidade, densidade, teor de água e dimensão das partículas que compõem o sedimento. Para melhor compreendermos tal dependência, é necessário recorrermos à: - modelos teóricos de propagação de uma onda em determinado meio, baseados na dissipação de energia devido ao contato entre os grãos; e experimentos de medição de velocidade de onda P, como o realizado em laboratório por Maa et al. (1997), com base no tempo de consolidação dos sedimentos. Sendo assim, este estudo tem como propósito desenvolver um método que relacione os parâmetros sedimentológicos e as propriedades acústicas de sedimentos marinhos, coletados por meio de testemunhos de sondagem, comparando os resultados obtidos com aqueles disponíveis na literatura. 1

Para atender a este propósito, foi desenvolvida e montada no LAGEMAR UFF uma aparelhagem que emite e recebe sinais de ondas P, registrando e armazenando a sua forma de propagação. Estas ondas são geradas a partir de pulsos elétricos, em uma freqüência de 2,25 MHz (10 volts, pico-a-pico). Em março deste ano, este sistema foi testado utilizando amostras de água doce, areia média, areia fina e argila. Os valores encontrados, apesar de preliminares, podem ser considerados como satisfatórios. No mês de abril, foram coletados testemunhos na plataforma continental do estado do Rio de Janeiro, no litoral localizado nas proximidades da Ilha do Cabo Frio, cidade de Arraial do Cabo (Figura 4). Nessas amostras serão realizadas medidas de Vp e atenuação da onda. Inicialmente as medições serão conduzidas com os testemunhos fechados, ou seja, os transdutores serão dispostos diametralmente opostos. Posteriormente, com a abertura dos testemunhos, a ferramenta de inserção (Figura 2) será enterrada diretamente no sedimento e assim o pulso será gerado. Ainda com os testemunhos abertos, serão coletadas amostras de material para análise sedimentológica. Portanto, apesar deste trabalho encontrar-se em desenvolvimento, os primeiros resultados indicam que a aparelhagem desenvolvida produziu medições com valores aceitáveis, quando comparados com aqueles tabelados por experimentos anteriores (Maa et al.,1997 e Hamilton et al., 1982), o que serve de motivação para a execução das próximas fases do projeto, cujo resultado final poderá ser aplicado em pesquisas relacionadas à propagação acústica em ambientes marinhos, à prospecção de minerais e à caracterização geotécnica do solo na plataforma continental e talude. 2. Métodos e Técnicas Para desenvolver e montar a aparelhagem de medições, o projeto contou com o apoio do Laboratório de Ultra-Som do Programa de Engenharia Biomédica da Coppe UFRJ, que possui equipamentos e softwares adequados para a construção do sistema. Também foi necessário adquirir um par de transdutores modelo V-133 RM (GE- Panametrics, freqüência de 2,25 MHz e diâmetro nominal de 9 mm). Fig. 2 - Sistema experimental de medição da velocidade e atenuação de onda. Ferramenta inserida em sedimentos de um testemunho aberto. (Modificado de Maa et al., 1997). O sistema proposto (Figura 2) tem como base o experimento de Maa et al. (1997). Como gerador e receptor dos sinais, é utilizada uma placa Matec SR-9000 condicionada a um slot de expansão de um computador comum. Na aquisição e no processamento dos dados são usados programas específicos (LabView e MatLab), que permitem a análise espectral do sinal e a medição do tempo de percurso do pulso acústico. Associado a este sistema, está um osciloscópio digital Tektronix TDS 2220, instrumento que permite o controle e o ajuste do sinal recebido. O modelo teórico de propagação do ultra-som em sedimentos marinhos é 2

baseado nos princípios da acústica geométrica, que pressupõem a propagação da onda como um raio de modo direto. Propagando-se de um ponto para outro, o raio escolhe o caminho para o qual o tempo de propagação tenha um valor mínimo (Greco, 2001). Este valor serve como parâmetro de referência para a comparação da velocidade de propagação e da atenuação de ondas compressionais em meios distintos, uma vez que a distância entre os pontos de geração e recepção do sinal é previamente estabelecida. Optou-se pela realização das medidas utilizando a propagação do ultra-som (2,25 MHz), tendo em vista a melhor resolução em profundidade oferecida por este tipo de sinal, o que atenderia ao compromisso do trabalho no que diz respeito à relação alcance do sinal propagado X resolução. Nos dias 19 e 20 de abril deste ano, os sedimentos do fundo marinho foram coletados em posições previamente selecionadas na área estabelecida por este projeto (Figura 4). Foi usado um testemunhador à pistão tipo Kullenberg, com diâmetro do tubo de 50 mm e um peso total de 90 Kg. O equipamento operou de modo satisfatório, uma vez que foram coletados testemunhos de até 2,19 m de comprimento (Tabela 2). Nessas amostras serão realizadas as medições das propriedades acústicas do material recolhido (velocidade de propagação do som e atenuação da energia) que, posteriormente, servirão de base para o cálculo de seus parâmetros sedimentológicos (densidade, porosidade, teor de água, coeficiente de absorção e coeficiente de cisalhamento), fatores estes fundamentais para a análise dos parâmetros geoacústicos do fundo e subfundo marinhos, tais como: profundidade de penetração do som, definição das principais superfícies refletoras, geometria e espessura dos estratos de sedimentos. 3 3. Resultados Para verificação do funcionamento da aparelhagem, foram realizados os primeiros testes em amostras de fundo marinho, com aquisição de dados no modo analógico, utilizando um osciloscópio modelo 2235 e um gerador de pulsos PG 501, ambos da Tektronix. Foram feitas três medições, em momentos distintos, para cada uma das amostras, sendo estas com a distância controlada entre transdutores (2,3 cm). O dado obtido no osciloscópio, por meio de leitura no display, é o tempo decorrido durante a propagação do pulso de onda compressional (T) no percurso entre o transdutor emissor e o transdutor receptor, posicionados nas extremidades da ferramenta em formato de pinça, utilizada para inserção no meio (amostra). A temperatura observada durante todo o experimento foi de 26 C para os sedimentos e de 24 C para a água. A tabela 1 mostra a média aritmética calculada para essas três medições. Os resultados (Figura 1), apesar de ainda serem preliminares, são satisfatórios e estão de acordo com a literatura conhecida. Também com o intuito de testar a aparelhagem e o processamento dos sinais, foram realizadas medições no testemunho de sondagem denominado amostra 03, desta vez com os transdutores posicionados externamente ao PVC (testemunho fechado) e utilizando o método digital de registro e armazenamento dos dados. Os resultados obtidos também podem ser considerados satisfatórios (Fig. 3), apesar do programa de processamento exigir um pequeno aperfeiçoamento no que diz respeito a calibração do sinal na água e no tubo de PVC. Após a conclusão destas etapas iniciais de aferição da aparelhagem, serão conduzidas as demais medições nos testemunhos relacionados na tabela 2, dando prosseguimento à pesquisa.

4. Conclusões A aparelhagem de medição da velocidade da onda compressional (Vp) e sua atenuação, desenvolvida para este trabalho, obteve resultados aceitáveis quando comparados à literatura (Fig. 1, Tabela 1 e Fig. 3)., tanto nas medições diretas no sedimento, quanto nas medições externas ao testemunho. O sistema montado na embarcação do IEAPM, composto pelo testemunhador a pistão tipo Kullenberger, com tubo de 50 mm, mostrou-se adequado para coletas em profundidades que variam de 41,0 m até 120,0 m, uma vez que foram coletados testemunhos de até 2,19 m de comprimento, em diversos tipos de fundo. Agradecimentos Ao IEAPM e ao LAGEMAR-UFF, pelo apoio irrestrito, o que permite a realização desta pesquisa. Ao Programa de Engenharia Biomédica da Coppe UFRJ, em especial ao Prof. Ph. D. João Carlos Machado. À empresa Husky Duck Equipamentos e Serviços, em especial ao Sr. Sílvio Ramos Souza e a tripulação da embarcação Diadorim do IEAPM. 5. Referências ARTUSI, L., 2004, Geologia, geomorfologia e sismoestratigrafia rasa da plataforma continental ao largo da laguna de Araruama RJ. Dissertação de Mestrado - Departamento de Geologia da Universidade Federal Fluminense (UFF). AYRES NETO, A., 1998, Relationships between physical properties and sedimentological parameters of near surface marine sediments and their applicability in the solution of engineering and environmental problems. Dissertation zur Erlangun des Doktorgrades der Mathematisch Naturwissenschaftlichen Fakult at zu Kiel. Kiel,126pg. BUCKINGHAM M.J., 2004, Compressional and shear wave properties of marine sediments: comparisons between theory and data, J. Acoust. Soc. Am. 117, 137-152. BUCKINGHAM M. J., 2000, Wave propagation, stress relaxation, and grainto-grain shearing in saturated, unconsolidated marine sediments, J. Acoust. Soc. Am. 108, 2796 2815. BUCKINGHAM M. J., 1997, Theory of acoustic attenuation, dispersion, and pulse propagation in unconsolidated granular materials including marine sediments, J. Acoust. Soc. Am. 102, 2579 2596. GRECO, A, 2001, Abordagem teórica e experimental de um método ultra-sônico para medir espessura e velocidade de onda em meios estratificados. Tese de Doutorado, programa de Engenharia Biomédica, COPPE, UFRJ. HAMILTON E. L., SHUMWAY G., MENARD H. W., AND SHIPEK C. J., 1956, Acoustic and other physical properties of shallow-water sediments off San Diego, J. Acoust. Soc. Am. 28, 1 15. HAMILTON E. L., BUCKER H. P., KEIR D. L., AND WHITNEY J. A., 1970, Velocities of compressional and shear waves in marine sediments determined in situ from a research submersible, J. Geophys. Res. 75, 4039 4049. HAMILTON E. L., 1971, Elastic properties of marine sediments, J. Geophys.Res. 76, 579 604. 4

HAMILTON E. L. and BACHMAN R. T., 1982, Sound velocity and related properties of marine sediments, J. Acoust. Soc. Am. 72, 1891 1904. HAMILTON E. L., 1972, Compressionalwave attenuation in marine sediments, Geophysics 37, 620 646. HAMILTON E. L., 1979, Sound velocity gradients in marine sediments, J. Acoust. Soc. Am. 65, 909 922. HAMILTON E. L., 1985, Sound velocity as a function of depth in marine sediments, J. Acoust. Soc. Am. 78, 1348 1355. HAMILTON E. L., 1976, Sound attenuation as a function of depth in the sea floor, J. Ac. Soc. Am. 59, 528 535. MAA, J. P. Y.; SUN K.-J.; HE Q. - 1997 Ultrasonic characterization of marine sediments - Preliminary Study (Marine Geology) Virginia Institute of Marine Science. 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1 Medição 2 Medição 3 Medição Argila Água Areia Fina peneirada Areia Fina comum Areia Média Fig. 1 Gráfico comparativo entre os resultados das velocidades medidas (valores mostrados no eixo vertical) para cada amostra. velocidade nos pontos da amostra [m/s] 2000 1900 1800 1700 1600 1500 Velocidade do pulso em cada ponto da amostra 1400 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Ponto Fig. 3 Perfil de velocidade de onda nos pontos da amostra 03 a cada centímetro. 5

LEGENDA Diâmetro Médio LAMA AREIA MUITO FINA AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA Pontos de coleta das amostras Fig. 4 Mapa sedimentológico da área de pesquisa, diâmetro médio. ( Artusi, 2004 ). Tabela 1 Medições da Vp do pulso de ultra-som em sedimentos marinhos. Distância (cm) Tempo (µs) Velocidade (m/s) Temperatura ( C) Meio ÁGUA DOCE 2,3 17,0 1.479,09 24 AREIA FINA 2,3 15,2 1.672,77 26 PENEIRADA AREIA MÉDIA 2,3 14,84 1.717,92 26 AREIA FINA 2,3 15,0 1.697,40 26 COMUM ARGILA(*) 2,3 0,0 0,0 26 (*)a não propagação do som, deve-se provavelmente pela total absorção da energia ou pela possível existência de ar na amostra, uma vez que a mesma não se encontrava totalmente saturada. Tabela 2 Localização e características dos testemunhos coletados. Amostra Latitude (S) Longitude (W) Profundidade da Coleta (m) Comprimento do Testemunho (m) Classificação visual do sedimento na base do testemunho. 1 22 59 26.0 042º02 09.5 41,2 0,72 areia média e fina 2 23 00 10.6 042º01 29.6 49,4 1,52 areia fina 3 23 00 26.8 042º01 13.0 52,1 0,61 areia fina com conchas 4 23 02 31.7 041º59 58.9 93,5 0,83 lama com conchas 5 23 00 09.0 041º58 06.6 63,3 2,06 lama 6 23 01 30.7 042º00 06.0 87,5 1,02 areia fina com conchas. 7 23 06 05.4 041º58 01.0 110,5 2,18 lama 8 23 11 58.0 042º08 03.0 119,5 0,81 areia fina e lama 9 23 02 05.0 041º59 31.4 90,5 2,19 lama arenosa com conchas 6