Livro I Do processo de conhecimento

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Transcrição:

Livro I Do processo de conhecimento ` Título I Da jurisdição e da ação ` Capítulo I Da jurisdição Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece. 1. BREVES COMENTÁRIOS A jurisdição é uma das funções do Estado. Trata-se de um encargo assumido pelo Estado de resolver os conflitos de interesses que lhes são devidamente apresentados. Todavia, conforme clássica lição, a jurisdição também pode ser conceituada como poder, vale dizer, como manifestação de um estatal consistente na possibilidade de decidir e de impor suas decisões, e como atividade, significando o conjunto de atos praticados pelo juiz no processo. Existem outros meios de solução dos conflitos de interesses, além da jurisdição estatal. São chamados de equivalentes jurisdicionais: a) autotutela, que se dá quando uma pessoa impõe, normalmente de maneira arbitrária ou pelo exercício da força, o seu interesse sobre interesse da outra pessoa. Essa solução é admitida somente em casos excepcionais, tais como a legítima defesa; b) autocomposição, que se dá quando as pessoas em conflito chegam a uma conciliação, dentro ou fora do processo; c) mediação, que se dá quando alguém auxilia as pessoas em conflito a encontrarem a autocomposição; d) arbitragem, que se dá quando alguém é escolhido pelas pessoas em conflito para que o resolva mediante a elaboração de uma sentença arbitral (para alguns a arbitragem é, apenas, um equivalente jurisdicional, enquanto outros entendem que a arbitragem tem natureza jurisdicional, pois o árbitro age com imparcialidade e o fato de não poder executar suas próprias decisões é irrelevante para definir a natureza de sua atividade; vale destacar que o juiz criminal também não pode executar civilmente a sentença penal condenatória, mas nem por isso se deixa de reconhecer a sua atividade como jurisdicional); e) decisões dos tribunais administrativos, como as agências reguladoras e o Tribunal Marítimo. 17

Art. 1º Título I Da jurisdição e da ação. Na jurisdição contenciosa existe conflito de interesses ou lide fundada num conflito de interesses vazado no pedido do autor. Exemplos: ação despejo por falta de pagamento e ação de cobrança. Já na jurisdição voluntária, integrativa ou graciosa, cujas regras gerais estão nos arts. 1.103 ao 1.111, não existe conflito de interesses ou lide fundada num conflito de interesses vazado no pedido do autor. Há pedido, mas não conflito de interesses. Aliás, também não existem partes, somente interessados. Exemplo: a retificação de registro. Muitos autores consideram a lide um elemento fundamental para a existência da jurisdição, razão pela qual entendem que na jurisdição voluntária não existe propriamente o exercício de uma função jurisdição, mas de uma função administrativa que, por razões diversas, foi confiada ao juiz. Outros, porém, acham que pode haver jurisdição sem lide, havendo, desta forma, jurisdição na jurisdição voluntária. E há também os que pensam que a lide pressupõe exclusivamente o pedido, mesmo que não haja conflito de interesses, motivo pelo qual haveria também jurisdição na jurisdição voluntária. Por outro lado, a característica marcante da jurisdição, que a diferencia das outras funções estatais, é a imparcialidade, vale dizer, o julgador deve ser imparcial ou desinteressado no resultado final do processo. O italiano Giuseppe Chiovenda, um dos maiores processualistas de todos os tempos, entendia que a jurisdição se caracterizava: a) pela substitutividade, vale dizer, a substituição de uma atividade que primariamente deveria ser realizada pelas partes por uma atividade do Estado; e b) pela atuação da vontade da lei (Principios de derecho procesal civil, trad. esp. Jose Casais y Santaló, Madrid, T. I, p. 369). Trata-se também de posição que goza de bastante prestígio entre os autores brasileiros. 18 Já os princípios atinentes à jurisdição são os seguintes: a) Investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem está regularmente investido da autoridade de juiz.

Livro I Do processo de conhecimento art. 1º b) Unidade: a jurisdição é una e indivisível, porquanto manifestação de uma soberania estatal que não pode ser repartida. c) Aderência ao território: a jurisdição é exercida apenas no território nacional, isto porque a soberania do país se limita ao seu território. Há também quem compreenda a aderência ao território como o princípio que estabelece limitações territoriais ao exercício da jurisdição pelo juiz, mesmo dentro do território nacional (comarcas, seções judiciárias etc.). d) Inércia: a jurisdição não será exercida se não houver a provocação mediante o exercício da ação (vide art. 2º do CPC). Por outras palavras, o processo não se inicia ex officio (de ofício), o que significa dizer: sem requerimento. Há, porém, exceções (por exemplo: segundo o art. 989 do CPC, o juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal ). Nemo judex sine actore (ninguém é juiz sem autor). Ne procedat judex ex officio (não proceda o juiz de ofício). É decorrência da inércia a proibição de o juiz conceder algo que o autor não pediu expressamente (vide o caput do art. 286 do CPC). Excepcionalmente, porém, a lei autoriza que determinados pedidos sejam implícitos (por exemplo: a aplicação de multa periódica para impelir alguém a cumprir uma obrigação de fazer ou de não fazer determinada por decisão judicial, conforme preceitua o 5º do art. 461 do CPC). e) Inafastabilidade (do controle jurisdicional): trata-se da garantia constitucional do acesso à justiça, pois ninguém nem mesmo o legislador poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito (CF, art. 5º, XXXV). Por exemplo: uma lei não pode impedir as pessoas de promoverem ações sobre matéria tributária, porque contrariaria o princípio da inafastabilidade. Há normas que limitam a atuação do Poder Judiciário, como aquelas que, para determinadas situações, proíbem que o juiz conceda liminares. Temos para nós que essas normas são inconstitucionais, porque violam o princípio da inafastabilidade, mas o STF se posicionou contrariamente a esse entendimento (ADC-MC nº 4). f) Efetividade: todos possuem o direito a uma devida resposta do Judiciário, vale dizer, no menor espaço de tempo possível, o processo deve conferir a quem tem direito tudo aquilo e precisamente aquilo a que faz jus. O disposto no inciso XXXV do art. 5º da CF é, ao mesmo tempo, fonte dos princípios fundamentais da inafastabilidade da jurisdição e da efetividade da jurisdição. Mas o que se deve entender por tutela jurisdicional efetiva? A efetividade da jurisdição se confunde com a celeridade processual, prevista no inciso LXXVIII do art. 5º da CF, ou está relacionada exclusivamente ao resultado do processo, conforme conhecida fórmula de Chiovenda, para quem Il processo deve dare per quanto è possibile praticamente a chi ha un diritto tutto quello e proprio quello ch egli ha diritto di conseguire? É impossível fechar os olhos ao gravíssimo problema da demora na prestação jurisdicional. Mas o angustiante tempo entre o exercício da ação e a satisfação do direito 19

Art. 1º Título I Da jurisdição e da ação. material não pode servir de pretexto para que os autos dos processos sejam lidos como manchetes de jornais. Por isso mesmo só existe jurisdição efetiva quando esta é, ao mesmo tempo, tempestiva e eficaz no plano material. Portanto, a efetividade da jurisdição exige que, no menor espaço de tempo possível, o processo confira a quem tem direito tudo aquilo e precisamente aquilo a que faz jus. A efetividade da jurisdição prevista no inciso XXXV do art. 5º da CF é dirigida a todos, mas em especial àqueles que exercem funções administrativas, legislativas e jurisdicionais; os primeiros administradores devem adotar medidas destinadas a diminuir o número de processos e a evitar a perenização destes por meio de contestações e de recursos procrastinatórios; já os segundos legisladores devem promover reformas legislativas que confiram maior racionalidade ao processo; e aos terceiros juízes incumbe encontrar e aplicar as técnicas processuais mais adequadas à celeridade processual e aos diferentes perfis dos direitos materiais. (A respeito vide Luiz Guilherme Marinoni, Técnica processual e tutela dos direitos. São Paulo: RT, 2004). g) Indeclinabilidade: o juiz não pode declinar do seu ofício, da sua função. Não pode o juiz, por exemplo, sob o pretexto de que não há lei aplicável ao caso, se recusar a julgar. Há situações, porém, em que o juiz deve se afastar da causa, remetendo os autos ao seu substituto legal, como os casos de impedimento (vide arts. 134 e 136 do CPC) e de suspeição (vide art. 135 do CPC), que afetam a sua imparcialidade. h) Indelegabilidade: como acontece com as demais funções estatais, a jurisdição não pode ser delegada, transferida a outra pessoa, devendo ser exercida exclusivamente pelo juiz. i) Inevitabilidade: a jurisdição, como manifestação da soberania estatal, não pode ser evitada pelas partes. Estas não precisam aceitar a jurisdição, porque o Estado a impõe. j) Princípio do juiz natural: a competência, que pode ser conceituada como a atribuição legal para o exercício da jurisdição, é estabelecida antes da ocorrência do fato. Por isso fala-se em juiz natural, aquele previamente definido por lei como competente, antes que o fato ocorra, para que a sua imparcialidade não seja afetada por designações casuísticas. O art. 5º da CF, no inciso XXXVII, proíbe que exista juízo ou tribunal de exceção (criado ou definido como competente para determinado caso, após a ocorrência do fato), e no inciso LIII, diz que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Para alguns, a CF e a legislação infraconstitucional pertinente também prevêem ainda que implicitamente o princípio do promotor natural, impedindo que integrantes do Ministério Público sejam designados para atuar nos processos após a ocorrência dos fatos, sem a adoção de critérios legais previamente estabelecidos. Perceba-se que o art. 5º, LIII da CF fala em processado e em autoridade competente. (A respeito vide Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, Princípio do promotor natural: comentários ao Acórdão do STF proferido no RE 387974-DF, novembro/2003. Salvador: JusPodivm, 2004). Vale destacar que a doutrina não apresenta um rol uniforme de princípios relativos à jurisdição. Alguns, inclusive, chamam de características aquilo que outros 20

Livro I Do processo de conhecimento art. 1º chamam de princípios, ou chamam de princípios aquilo que outros chamam de características. Por exemplo, para Elpídio Donizetti, Curso, p. 18, são características da jurisdição: a unidade ( Jurisdição não se subdivide ); a secundariedade ( A jurisdição só age quando surge o conflito ); a imparcialidade ( A jurisdição não tem interesse no desfecho da demanda ); a substitutividade ( Atua em substituição às partes, quando essas não conseguem, pelos meios ao seu alcance, compor os litígios ); a criatividade ( Exercendo a jurisdição, o Estado criará, ao final do processo, a norma individual que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem jurídica ); a inércia ( A jurisdição só age se provocada ) e a definitividade ( O provimento jurisdicional tem aptidão para a definitividade, quer dizer, suscetibilidade para se tornar imutável ). E são princípios da jurisdição: o juízo natural ( Investido na forma da Constituição da República; juiz competente, em face das normas, para processar e julgar o feito ); a improrrogabilidade ( Os limites da jurisdição são os estabelecidos na Constituição ); e a indeclinabilidade ( O órgão jurisdicional não pode recusar nem delegar a função que lhe foi cometida ). Princípios da Jurisdição Investidura Unidade Aderência ao Território Inércia Inafastabilidade Efetividade Indeclinabilidade Indelegabilidade Inevitabilidade Juiz Natural A pessoa que exerce a jurisdição deve estar investida no cargo de juiz. A jurisdição é indivisível, porque resulta de um único poder soberano. A jurisdição somente é exercida no território nacional. O exercício da jurisdição está condicionado à provocação mediante o exercício da ação. Nenhum dos poderes pode afastar a garantia de acesso à justiça. A resposta do judiciário deve ser efetiva, levando-se em consideração o tempo de solução do conflito. O juiz não pode se recusar a julgar. A jurisdição não pode ser delegada; O Estado impõe a jurisdição como forma de solução do conflito, independentemente da aceitação das partes. A competência do órgão que vai exercer a jurisdição deve ser determinada antes da ocorrência do fato. 2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA STF Súmula vinculante 22 A justiça do trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da emenda constitucional no 45/04. 21

Art. 1º a 2º Título I Da jurisdição e da ação. 3. QUESTÕES DE CONCURSOS 01. (TRF 5 Juiz Federal Substituto/2011 CESPE) Paulo e Hélio, maiores de idade e capazes, não tendo entrado em acordo quanto ao pagamento de dívida que o segundo contraíra com o primeiro, concluíram que seria necessária a intervenção de terceiro, capaz de propor solução para o problema. Levaram, então, o caso ao conhecimento de Lúcio, professor emérito da faculdade onde Paulo e Hélio estudavam, que propôs que apenas dois terços da dívida fossem pagos no prazo de trinta dias, o que foi aceito pelos interessados. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. (A) Ao aceitarem a solução intermediária, os interessados realizaram autocomposição. (B) Configura-se, no caso, a autotutela, dada a inexistência de intervenção do Estado-juiz. (C) A figura do terceiro que conduz os interessados a solução independentemente de intervenção judiciária indica a ocorrência de mediação. (D) Como a solução proposta se fundamenta na regra jurídica aplicável e tem executividade própria, trata-se de verdadeira jurisdição. (E) Dada a ocorrência de solução por intervenção de terceiro, fica caracterizada a arbitragem. 02. (Institutocidades Defensor Público AM/2011) Pode-se compreender os princípios processuais como preceitos fundamentais que dão forma e caráter aos sistemas processuais. Acerca dos princípios processuais, marque a alternativa INCORRETA: (A) o princípio da economia processual permite a alteração da causa de pedir e do pedido, em qualquer fase do processo, se o réu for revel. (B) o princípio da celeridade processual enuncia que os processos devem desenvolver-se em tempo razoável. (C) o princípio do devido processo legal significa, em processo judicial, a garantia ao contraditório e à ampla defesa, bem como às regras previamente estabelecidas sobre o modo de solução judicial do conflito. (D) o princípio da igualdade processual encerra a idéia de que cabe ao juiz tratar desigualmente os desiguais, na medida desta desigualdade, o que justifica, por exemplo, o prazo em dobro para a fazenda pública recorrer. (E) o princípio da inafastabilidade da jurisdição assegura que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 03. (FCC/TJ/RJ/Técnico/2012) São formas previstas processualmente de composição de litígios: (A) o desconto em folha de pensão alimentícia, a tutela jurisdicional estatal e a autocomposição, excluída a autotutela. (B) a reclamação administrativa junto ao Procon, a tutela jurisdicional estatal e a autotutela, excluída a autocomposição. (C) a tutela jurisdicional por meio do Judiciário, a autotutela e a autocomposição, que inclui a transação. (D) o desconto em folha do imposto de renda por parte da Receita Federal, a reclamação junto ao Procon e a tutela jurisdicional do Estado, apenas. (E) o linchamento do agressor, a autotutela e a autocomposição. GAB 01 C 02 A 03 C Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. 22

Livro I Do processo de conhecimento art. 2º 1. BREVES COMENTÁRIOS O princípio da inércia, da ação ou da demanda preconiza que a jurisdição não será exercida se não houver a provocação da parte ou do interessado mediante o exercício da ação (demanda). Por outras palavras, o processo não se inicia ex officio (de ofício), o que significa dizer: sem requerimento. Há, porém, exceções, como a prevista no art. 989 do CPC ( o juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal ). Conseqüência direta do princípio da ação ou da demanda, o princípio dispositivo representa a regra de que, no processo, a atuação do juiz depende da iniciativa das partes, tanto quanto a produção das provas quanto às alegações em que se fundamentará. (Elpídio Donizetti, Curso, p. 87). Já o art. 460 ( É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado ) consagra o princípio da congruência, exigindo uma correlação entre o dispositivo da sentença e o pedido do autor. Vale destacar que no direito processual atual existe uma forte tendência de fortalecer os poderes do juiz, permitindo uma maior atuação de ofício, como se pode verificar nos artigos 130, 461 e 461-A do CPC. 2. QUESTÕES DE CONCURSOS 01. (FCC Defensor Público RS/2011) Princípio dispositivo no Direito Processual Civil. (A) Contrapõe-se ao princípio inquisitivo, de modo que ao julgador é vedada iniciativa na produção de provas e na investigação dos fatos da causa, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade, bus- cando-se, no processo civil, apenas a verdade formal, com o reconhecimento do caráter mítico e utópico da verdade real. (B) Com a modernização do processo civil, voltada, sobretudo, para a reaproximação entre direito material e processual, decorrência do movimento do acesso à justiça, o princípio dispositivo ganhou novos contornos, sendo permitido ao juiz determinar, de ofício, a produção de provas, mesmo que sejam determinantes para o resultado da causa. (C) Embora o princípio dispositivo possua limitações, não é dado ao julgador, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade e de violação à característica da inércia da jurisdição, determinar, de ofício, as provas necessárias à instrução do processo, devendo julgar com base na regra de distribuição do ônus da prova. (D) De acordo com o atual estágio do processo civil brasileiro, marcado, notadamente, pelo caráter publicista, o princípio dispositivo, no que concerne à postura equidistante do julgador, está relacionado, tanto com a propositura da ação e com a fixação dos contornos da lide, quanto com a investigação dos fatos e com a produção de provas necessárias à instrução do processo. (E) A publicização do processo e o fenômeno da judicialização da política imprimiram maior efetividade ao princípio dispositivo, tanto no seu sentido material quanto formal, reduzindo as possibilidades de ser relativizado. 02. (UNIUV Advogado/Pref. Mun. Nova Tebas 2012 ADAPTADA) Somente os magistrados dos Tribunais Superiores poderão prestar tutela jurisdicional, independente da parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. GAB 01 B 02 E 23

Art. 3º Título I Da jurisdição e da ação. 24 ` Capítulo II Da ação Art. 3º Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade. 1. BREVES COMENTÁRIOS O interesse de agir ou processual é condição da ação que consiste na utilidade potencial da jurisdição, vale dizer, a jurisdição deve ser apta a conferir alguma vantagem ou benefício jurídico (Rodrigo da Cunha Lima Freire, Condições, p. 163-198). Assim, falta interesse de agir, por exemplo, quando algum detentor de título executivo promove ação de conhecimento condenatória, ou ainda, quando alguém promove ação declaratória de solvência. Também se fala em necessidade (indispensabilidade da jurisdição) e em adequação (pertinência do procedimento escolhido e do provimento requerido) como elementos integrantes do interesse de agir ou interesse processual. Já a legitimidade para a causa é conferida aos titulares da relação jurídica material hipotética ou afirmada. Dessa forma, é parte legítima o suposto filho que promove ação de investigação de paternidade em face do suposto pai (relação jurídica hipotética ou afirmada), mas é parte ilegítima a mãe que, agindo em nome próprio (e não como simples representante), promove ação de investigação de paternidade em face do suposto pai. A legitimação pode ser extraordinária quando conferida a quem não é titular da relação jurídica material hipotética (v.g., a legitimação do sindicato para a defesa dos interesses da categoria). ATENÇÃO! Comentário a uma difícil questão da PFN 2012: 74- O direito de ação sempre foi um dos mais polêmicos temas da ciência processual, proliferando-se, ao longo da história, inúmeras teorias para explicá- lo. Sua importância se destaca, em especial, pois corresponde a um iniludível ponto de contato entre a relação jurídica material e a relação jurídica processual, sobretudo quando analisado sob a ótica do ato que dá início ao processo e delimita seu objeto litigioso. No Brasil, o direito positivo sofreu nítida influência da doutrina de Enrico Tullio Liebman, que, com sua teoria eclética da ação, propôs a categoria das condições da ação, alocadas entre os pressupostos processuais e o mérito da demanda. Sobre o tema, identifique a opção correta. a) O direito de ação pode ser atualmente identificado como um direito público subjetivo, abstrato, autônomo da relação jurídica material, cuja existência dependerá da procedência da demanda proposta em juízo. b) Friedrich Carl Von Savigny, notável jurista alemão que se dedicou ao estudo profundo do direito romano, é citado pela doutrina como um adepto da teoria abstrativista, em decorrência da concepção de que se opera uma metamorfose no direito material quando lesado, transformando- se, assim, na actio. c) É da famosa polêmica entre Windscheid e Muther que percebemos significativo avanço na ciência processual. Associou-se a ideia da actio romana com a da pretensão de

Livro I Do processo de conhecimento art. 3º direito material, o que definiu a autonomia entre o direito material e o direito de ação, consubstanciando, assim, definitiva passagem da teoria concreta para a teoria abstrata da ação. d) Enrico Tullio Liebman propôs a categoria das condições da ação, afirmando que, se não fossem preenchidas as três condições inicialmente formuladas, o autor seria carecedor do direito de ação. Para Liebman, essa ideia deveria ser interpretada à luz da teoria da asserção, segundo a qual as condições da ação são examinadas a partir das alegações do autor (in status assertionem). Caso fosse necessária a dilação probatória para aferir a presença das condições da ação, estaríamos diante de um julgamento de mérito e não mais de pura carência de ação. e) Um dos maiores expoentes da teoria do direito concreto de agir foi Adolf Wach, desenvolvendo suas ideias a partir da teorização da ação declaratória. Para nosso autor, o direito de ação efetivamente é autônomo em relação ao direito material, porém só existirá se a sentença ao final for de procedência. Essa questão envolve as teorias a respeito da natureza jurídica da ação (vide FREIRE, Rodrigo da Cunha Lima. Condições da ação. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 50-66; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 4.ed. São Paulo: Método, 2012, p. 87-93). A teoria clássica, civilista ou imanensista defendida por Savigny, entre outros, dizia que a ação se confundia com o próprio direito material, por outras palavras, a ação seria o direito material reagindo a uma agressão ou a uma ameaça de agressão.essa teoria não reconhecia a autonomia do direito de ação e foi superada após a polêmica entre Windsheid e Muther, estudiosos da actio romana, e a publicação da obra de Bülow sobre os pressupostos processuais. Outra teoria que teve bastante prestígio e que, assim como a teoria civilista, hoje está superada foi a da ação como direito concreto (ou concretista), de Wach. Ela reconheceu a autonomia da ação como direito autônomo a partir do estudo da ação declaratória. Para a teoria concretista, a ação seria o direito a uma sentença favorável, ou seja, a ação seria distinta do direito material, mas exigiria a presença do direito material para que a sentença fosse favorável. Aliás, na concepção concretista, a ação surgiria no exato momento da violação ao direito material. Uma vertente da teoria concretista foi a teoria de Chiovenda, segundo a qual a ação seria um direito potestativo, porque o direito a uma sentença favorável não criaria qualquer obrigação ao adversário. A ação, portanto, seria um poder exercido contra o réu. Já a teoria da ação como direito abstrato (ou abstrativista), dos húngaros Degenkolb e Plóz, também reconhecia a autonomia do direito de ação e pregava que ação seria o direito a jurisdição, vale dizer, a ação seria o direito a uma resposta do Judiciário, favorável ou desfavorável (além de autônomo em relação ao direito material, o direito de ação é independente do direito material, porque pode existir sem que ele exista). 25

Art. 3º Título I Da jurisdição e da ação. Ainda segundo a teoria abstrativista, de ampla aceitação, a ação poderia ser tida como um direito público, subjetivo, autônomo e abstrato. Vale também dizer que para teoria abstrativista, o direito de ação não estaria sujeito a qualquer condição ou requisito a ser preenchido. Há ainda uma teoria que teve bastante repercussão no Direito brasileiro: a teoria eclética ou mista, de Enrico Tullio Liebman. Segundo essa teoria, a ação seria o direito a uma sentença de mérito, cuja existência dependeria da presença de alguns requisitos, chamados de condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, legitimidade para a causa e interesse de agir ou interesse processual). A falta de uma condição da ação acarretaria a carência de ação, vale dizer, a inexistência do próprio direito de ação. O CPC de 1973 claramente se filiou a essa corrente, como se pode perceber pela leitura do inciso VI do art. art. 267, mas a doutrina brasileira atual diverge quanto a sua adoção. Alguns autores defendem, por exemplo, uma corrente intermediária entre a teoria abstrativista e a teoria eclética, chamada de teoria da asserção ou teoria della prospettazione, segundo a qual as condições da ação devem ser verificadas conforme as afirmações ou as assertivas (in statu assertionis) do autor, antes de produzidas as provas (com base em cognição sumária). Havendo a necessidade de dilação probatória (ou de uma cognição mais aprofundada), o julgamento seria de mérito. Vamos agora analisar cada uma das alternativas. A alternativa a está errada, porque diz que a existência do direito de ação dependerá da procedência da demanda (teoria da ação como direito contreto), posição que não mais prevalece no processo civil. Já a alternativa b diz que Savigny era adpeto da teoria da ação como direito abstrato, mas na verdade ele era adepto da teoria clássica, civilista ou imanentista, segundo a qual a ação não era um direito autônomo. Por sua vez, a alternativa c está equivocada porque a polêmica entre Windsheid e Muther consubstanciou a passagem da teoria civilista para as demais teorias, em especial a teoria da ação como direito concreto. Já a alternativa d contém o equívoco de incluir Liebman entre o adeptos da teoria da asserção. Assim, chegamos à conclusão de que a alternativa correta é a e, que expõe corretamente a teoria da ação como direito concreto. 2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA 26 STJ Súmula 323 A inscrição de inadimplente pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito por, no máximo, cinco anos.

Livro I Do processo de conhecimento art. 3º e 4º STJ Súmula 359 Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição. STJ Súmula 452 A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração Federal, vedada a atuação judicial de ofício. Rel. Min. Eliana Calmon, em 2.6.10.Corte Especial STJ Súmula 460 É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte. STJ Súmula 461 O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado. 3. QUESTÕES DE CONCURSOS 01. (Câmara Municipal Patos de Minas/MG Advogado/2011 adaptada) Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse, legitimidade, competência e capacidade de direito. 02. (Cespe/MP/PI/Analista/2012) Na legitimidade das partes, pode-se afirmar que a dívida do sócio, por exemplo, não pode ser cobrada da sociedade e vice-versa, hipóteses em que se dá a ilegitimidade passiva para a causa. 03. (FADURPE Advogado/Pref. Igarassu 2012 ADAPTADA) havendo interesse processual das partes, não repercutem no processamento regular da ação as questões relativas à legitimidade ativa e passiva e à possibilidade jurídica do pedido, devendo o processo prosseguir regularmente até que seja julgado o mérito. GAB 01 E 02 C 03 E Art. 4º O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I da existência ou da inexistência de relação jurídica; II da autenticidade ou falsidade de documento. Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. 1. BREVES COMENTÁRIOS Em regra as ações declaratórias objetivam revelar (tornar claro) a existência ou a inexistência de um direito (relação jurídica), como, por exemplo: a propriedade, na ação de usucapião; ou a paternidade, na ação de investigação de paternidade. A ação declarativa é a ação a respeito de ser ou não-ser a relação jurídica. Supõe a pureza (relativa) do enunciado que se postula; por ele, não se pede condenação, nem constituição, nem mandamento, nem execução. Só se pede que se torne claro (de-clare), que se ilumine o recanto do mundo jurídico para se ver se é, ou se não é, a relação jurídica de que se trata. O enunciado é só enunciado de existência. A prestação jurisdicional consiste em simples clarificação. (Pontes de Miranda, Tratado das Ações, T. I, p. 132). 27