FLORA DA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO, NORDESTE BRASILEIRO: ENDEMISMO, ORIGEM E RIQUEZA.

Documentos relacionados
PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE CAESALPINIOIDEAE (FABACEAE) DE UM AFLORAMENTO GRANÍTICO NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE DISCIPLINA

A PROBLEMÁTICA DA SEMIARIDEZ NO SERTÃO PARAIBANO

MALPIGHIACEAE EM UMA ÁREA DE CAATINGA NA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO

PLANTAS MEDICINAIS: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA PRODUÇÃO DE MILHO (Zea mays l.) NO MUNICÍPIO DE SUMÉ-PB

ANÁLISE DOS INDICES PLUVIÓMETRICOS NO RESERVATÓRIO HIDRICO NO SEMIÁRIDO

Lacunas taxonômicas e sua importância para políticas públicas

A COLEÇÃO DE FRUTOS (CARPOTECA) DO HERBÁRIO HUPG

PRODUTIVIDADE DAS COLMEIAS DE

ANÁLISE DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE PIRANHAS PB: SÉRIE HISTÓRICA DE 1911 À 2016

CACTACEAE JUSS. DE UMA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO, NORDESTE DO BRASIL

RIQUEZA DE ESPÉCIES EM ÁREA SERRANA NO MUNICÍPIO DE SUMÉ, CARIRI PARAIBANO

ANÁLISE DE SÉRIE HISTÓRICA DE PRECIPITAÇÃO. ESTUDO DE CASO: PRINCESA ISABEL PB

CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE ARIDEZ DO CARIRI OCIDENTAL-PB

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO E A EXPLORAÇÃO DE LENHA NA PARAÍBA DESERTIFICATION PROCESS AND AN EXPLORATION OF FIREWOOD IN PARAÍBA

A COLEÇÃO DO HERBÁRIO PEUFR COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA GT 17. Ensino e suas interseções

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES PARAIBANAS DE BOMBACOIDEAE (MALVACEAE) NO BRASIL

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DE CISTERNAS PARA ARMAZENAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SERTÃO PARAIBANO

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

ANÁLISE TEMPORAL DE PRECIPITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SERRA GRANDE-PB

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

Estudo da Disponibilidade Hídrica Futura e das Demandas de Água do Sistema de Abastecimento de Campina Grande/PB Autor(es): Luísa Eduarda Lucena de

ANÁLISE TEMPORAL DO REGIME PLUVIOMÉTRICO NO MUNICÍPIO DE CATOLÉ DO ROCHA-PB

Plano de Ensino JULIANA ROSA DO PARÁ MARQUES DE OLIVEIRA. Carga Horária DPV Histologia e Anatomia Semestral:60H

HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA, BAHIA (HUESB)

CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA DOS FRUTOS E SEMENTES DA Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

Geografia. Aspectos Físicos e Geográficos - CE. Professor Luciano Teixeira.

LEVANTAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM TRECHO DE MATA CILIAR EM REGIÃO DE CAATINGA NO SERTÃO PARAÍBANO

Universidade Regional do Cariri

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DAS RESERVAS DE ÁGUA DE CHUVA NO MUNICIPIO DE AGUIAR NA PARAÍBA

ANÁLISE PLUVIOMÉTRICA DA BACIA DO CHORÓ, MUNÍCIPIO DE CHORÓ CEARÁ

CONSERVANDO A CAATINGA: ÁREAS DE PROTEÇÃO NO ALTO SERTÃO ALAGOANO E SERGIPANO

ANÁLISE DO ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO DA REGIÃO GEOADMINISTRATIVA DE POMBAL-PB ATRAVÉS DA GERAÇÃO DE ISOEITAS

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, REGIÃO AGRESTE DA PARAÍBA

DETECÇÃO DE CLUSTERS NA EXPLORAÇÃO DE LENHA DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO

VARIABILIDADE ESPACIAL DE PRECIPITAÇÕES NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE, BRASIL.

Geografia. Clima. Professor Luciano Teixeira.

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: degradação, precipitação, semiárido. ABSTRACT

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS E A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO: UM OLHAR SOBRE O EIXO LESTE

ANÁLISE DOS BALANÇOS HÍDRICOS DAS CIDADES DE SERRA TALHADA E TRIUNFO-PE

AFLORAMENTOS ROCHOSOS DO MUNICÍPIO DE PATOS, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: RIQUEZA FLORÍSTICA E CONSERVAÇÃO

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO PRELIMINAR DE ESPÉCIES ARBÓREAS DA CAATINGA EM QUIXADÁ-CE

FATORES SOCIOECONÔMICOS COMO INDICADORES DE SUSCEPTIBILIDADE À DESERTIFICAÇÃO EM MICROREGIÕES DO SERTÃO DE PERNAMBUCO PE

PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS NAS CIDADES PARAIBANAS DE CAJAZEIRAS, POMBAL E SÃO JOSÉ DE PIRANHAS

OSCILAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS DO MUNICÍPIO DE EXU, PE- BRASIL

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO EM CATOLÉ DO ROCHA-PB UTILIZANDO A TEORIA DA ENTROPIA

PLUVIOSIDADE HISTÓRICA DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE-PB PARA PLANEJAMENTO AGRÍCOLA E CAPTAÇÃO DE ÁGUA

ANALISE DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE POMBAL/PB: A PARTIR DA SÉRIE HISTÓRICA DE 1911 Á 2016

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE ALHANDRA, PARAÍBA

ANÁLISE DA PLUVIOMETRIA NO MUNICÍPIO DE AREIA- PB: I- ESTUDO DO INÍCIO DURAÇÃO E TÉRMINO DA ESTAÇÃO CHUVOSA E OCORRÊNCIA DE VERANICOS RESUMO

CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E RECURSOS HÍDRICOS: ANÁLISE DA ATUAL SITUAÇÃO HÍDRICA DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL.

NOVOS REGISTROS DE BOMBACOIDEAE BURNETT (MALVACEAE) NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE À DESERTIFICAÇÃO DAS TERRAS DA BACIA DO TAPEROÁ-PB

INCT HERBÁRIO VIRTUAL DA FLORA E DOS FUNGOS

O ESTUDO DAS PLANTAS MEDICINAIS COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONHECIMENTO DE MORADORES DE UMA ZONA URBANA, DE CAMPINA GRANDE-PB

ANÁLISE TEMPORAL DO REGIME FLUVIOMÉTRICO DO RIO PIANCÓ AO LONGO DE 41 ANOS: ESTUDO DE CASO DA ESTAÇÃO PAU FERRADO

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE SITUACIONAL DO AÇUDE CANAFÍSTULA II

COMPARAÇÃO DE ÍNDICES PLUVIOMÉTRICOS: ESTUDO DE CASO ENTRE ANOS SECOS E CHUVOSOS NO MUNICÍPIO DE POMBAL PB

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DO ESTRATO REGENERANTE DE UMA ÁREA DE MATA CILIAR NO MUNÍCIPIO SERRA BRANCA, PARAÍBA

PRIMEIRO REGISTRO DO GÊNERO GODMANIA HEMSL. (BIGNONIACEAE) PARA A PARAÍBA, BRASIL

A ANOMALIA DE CHUVAS NO ANO 2016 NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE MATA CILIAR EM COMUNIDADE RIBEIRINHA DO MUNICÍPIO DE PATOS, SEMIÁRIDO NORDESTINO

NOVOS REGISTROS DE EVOLVULUS L. (CONVOLVULACEAE) PARA O ESTADO DA PARAÍBA NORDESTE BRASILEIRO

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ESPINHARAS-PB

A FAMÍLIA BIGNONIACEAE JUSS. EM UMA ÁREA DE CAATINGA DE ALTA IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA NO SERTÃO PARAIBANO

LEVANTAMENTO DAS PLANTAS NATIVAS UTILIZADAS NA DIETA DE PEQUENOS RUMINANTES NO MACIÇO DE BATURITÉ.

A FAMÍLIA ASTERACEAE BERCHT. & PRESEL. NA FAZENDA ABA, MUNICÍPIO DE PASSAGEM, NORDESTE DO BRASIL

Plano de Ensino. Qualificação/link para o Currículo Lattes:

Conservação de plantas no Brasil: desafios e perspectivas

HANDROANTHUS MATTOS E TABEBUIA GOMES EX DC. (BIGNONIACEAE) NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

AVALIAÇÃO DA TENDÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NA LOCALIDADE DE FLORESTA, ESTADO DE PERNAMBUCO

IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE CORPOS HÍDRICOS UTILIZANDO IMAGENS DO SATÉLITE LANDSAT 8 SENSOR OLI PARA OS PRINCIPAIS AÇUDES DO SERTÃO DA PARAÍBA

PLANTIO DE ESPÉCIES VEGETAIS NATIVAS DA CAATINGA

Palavras-chave Diversidade de espécies, famílias botânicas, semiárido.

Universidade Estadual do Ceará UECE Centro de Ciências da Saúde CCS Curso de Ciências Biológicas Disciplina de Ecologia.

IPOMOEA INCARNATA (VAHL) CHOISY: UM NOVO REGISTRO DE CONVOLVULACEAE JUSS. PARA A PARAÍBA

FUNDAÇÃO FLORA DE APOIO À BOTÂNICA CHAMADA PARA SELEÇÃO DE BOLSISTA

PRESERVAÇÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UM ESTUDO SOBRE A EVOLUÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

CRESCIMENTO INICIAL DE MUDAS DE Aspidosperma pyrifolium MART. & ZUCC. EM SOLOS DEGRADADOS NO SEMIÁRIDO, CURRAIS NOVOS - RN

Empresa Júnior de Consultoria Florestal ECOFLOR Brasília/DF Tel: (61)

DINÂMICA DA PRECIPITAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A VAZÃO NA BACIA DO RIO TAPEROÁ

ANÁLISE TEMPORAL DO ESPELHO D ÁGUA DO AÇUDE ENGENHEIRO ÁVIDOS (PB) USANDO IMAGENS DE SATÉLITE

ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS EM SÉRIES PLUVIOMÉTRICAS NAS BACIAS DO RIO VAZA BARRIS E ITAPICURU, NO ESTADO DE SERGIPE

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL DO TERRITÓRIO RURAL DO MÉDIO PIRANHAS E DO VALE DO PIANCÓ

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CAMPUS DE PATOS CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

SEMIÁRIDO PARAIBANO: ANÁLISE ESPACIAL E TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

CONSTATAÇÃO DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICÍPIO DE SOUSA/PB: A PARTIR DA SÉRIE HISTÓRICA DE 1914 Á 2015

AVALIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA DO MUNICIPIO DE CACOAL/RO NO PERÍODO DE 20 ANOS (1992 A 2011).

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA MICROBACIA DO CÓRREGO MAMANGABA, MUNICÍPIO DE MUNDO NOVO/MS.

VARIABILIDADE INTERANUAL E ESPACIAL DA PRECIPITAÇÃO COM DADOS DO CPC PARA O ALTO SERTÃO PARAIBANO

Pressões antrópicas no Baixo Sertão Alagoano, mapeamento das áreas remanescentes de Caatinga no município de Dois Riachos, Alagoas.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE PLANTAS AMEAÇADAS DO CERRADO

UM ESTUDO SOBRE A VEGETAÇÃO NATIVA DO PARQUE ESTADUAL DO PICO DO JABRE, NA SERRA DO TEIXEIRA, PARAÍBA

ÁGUA E CIDADANIA: PERCEPÇÃO SOCIAL DOS PROBLEMAS DE SAÚDE CAUSADOS PELA ÁGUA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

AVALIAÇÃO DA SALINIDADE DAS ÁGUAS UTILIZADAS NA IRRIGAÇÃO DAS ÁREAS VERDES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

Transcrição:

FLORA DA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO, NORDESTE BRASILEIRO: ENDEMISMO, ORIGEM E RIQUEZA. Jardelson de Medeiros Silva (1); Maria de Fátima de Araújo Lucena (2). Universidade Federal de Campina Grande, jardelsonmederiossilva@gmail.com RESUMO: A mesorregião do Sertão Paraibano é considerada a maior mesorregião geográfica que compreende o estado da Paraíba. Dentre suas principais características se torna evidente, a baixa pluviosidade, sendo restrita a pequenas épocas do ano e sua flora. Devido o baixo conhecimento das espécies endêmicas, além da sua origem e riqueza da mesorregião, se fazem necessário à construção de um inventário botânico para reconhecimentos das espécies vegetais de tal localidade, devendo ser usado posteriormente como ação inicial para conservação da biodiversidade. O objetivo do presente trabalho foi identificar a riqueza das espécies vegetais ocorrentes no Sertão da Paraíba e verificar sua origem e endemismo. A metodologia empregada foi a realização de uma avalição-retrospectiva do banco de dados do Herbário-CSTR por meio do Sistema BRAHMS e a base de dados specieslink. Posteriormente a coleta de dados, foi montada a lista de espécies utilizando o software Microsoft Excel, versão 2010. Após a listagem consultou-se os sites botânicos "Lista de Espécies da Flora do Brasil e "The Plant List para descarte das espécies consideradas sinônimas, também foram utilizados para verificação da origem e endemismo. Verificou-se um total de 843 espécies, sendo em sua maioria nativas e com número significativo de endêmicas do Brasil, sendo algumas ocorrentes apenas no domínio fitogeográfico da caatinga. Palavras-Chave: Espécies, Flora, Paraíba, Sertão. 1 INTRODUÇÃO A mesorregião do sertão paraibano é considerada a maior das quatro mesorregiões que compreendem o estado da Paraíba, sendo composto por sete microrregiões geográficas, somando um total de 65 cidades (IBGE. 1992). O sertão paraibano limita-se nos municípios Livramento, São Mamede, Salgadinho, Santa Luzia, Taperoá inseridos na mesorregião da Borborema, indo até Cachoeira dos Ìndios na divisa com o Ceará (figura 1).

Figura 1. Mesorregiões da Paraíba. Em Azul destaca-se o Sertão Paraibano. Fonte:http://www.aesa.pb.gov.br/perh/relatorio_final/Capitulo%202/pdf/2.4%20%20CaracRegio esnaturais.pdf O sertão é uma região deficiente em chuvas, estando caracterizada, por possuir baixa pluviosidade e diferentes tipos vegetacionais. Segundo a classificação de Köppen o clima da região é do tipo Bsh, semiárido, estando marcado por apenas duas estações uma seca e outra chuvosa, com média pluviométrica anual em torno de 600 mm. Para a Aesa (2006), processos como o de desertificação e erosão dos solos, já se mostra bastante avançado nas áreas de caatinga, ambos atingem o sertão cujos danos muitas vezes são irreparáveis. Sendo considerada pelo Programa de Ação Nacional de Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca PAN-Brasil (BRASIL, 2004) como área susceptível à desertificação, se faz necessário ações urgentes para o reconhecimento dessa área, como prioritária para conservação das Caatingas paraibanas. Das nove áreas prioritárias para conservação no estado da Paraíba, sete delas estão situadas na mesorregião do Sertão: Serra Negra, Vale do Rio do Peixe, Serra de Santa Catarina, Monte Horebe, Serra do Teixeira, Vale do Piancó, Serra da Borborema (GIULIETTI et al., 2004).

Estudos voltados para flora na mesorregião do sertão paraibano, ainda estão insipientes, sendo desvalorizados e menos conhecidos. A problemática quanto aos avanços em pesquisas voltadas ao levantamento da composição e riqueza de espécies desta região poderia estar ligada a fatores como determinadas crenças que a caatinga é o resultado da modificação de outra formação vegetal, possuindo diversidade muito baixa de plantas, altamente ligada a ações antrópicas e sem espécies endêmicas (GIULIETTI, 2004). Diante da pequena quantidade de estudos desenvolvidos sobre a flora do sertão da Paraíba, e do pouco conhecimento, quanto a sua riqueza; se faz necessário a construção de um inventário das espécies ocorrentes nessa porção geográfica do Estado. 2 METODOLOGIA Para realização do presente trabalho foi necessário realizar a pesquisa em três partes distintas, sendo as duas primeiras para coletas de dados, e a terceira para constatação da riqueza, origem e endemismo. 2.1 Coleta de dados Foi realizada por meio de duas etapas. A primeira etapa se deu através de um estudo avaliativo-retrospectivo do banco de dados do Herbário CSTR, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) por meio do Botanical Research and Herbarium Management System (BRAHMS); Entretanto a segunda etapa foi realizada por meio de uma pesquisa online utilizando como ferramenta o site SpeciesLink. Na primeira etapa foram avaliados todos os registros botânicos e selecionados apenas o que tinham informações suficientes para o presente trabalho. Como critério de inclusão no estudo foi necessário que o espécime estivesse devidamente registrado no banco de dados, contendo nome científico determinado, Estado (Paraíba) e Cidade que estivesse inserida na mesorregião do sertão da Paraíba.

Os registros cujas informações estavam incompletas como espécies determinadas apenas em nível de família e/ou gênero, ou que não tivesse sido coletada da região do sertão paraibano, foram desconsiderados. A segunda etapa seguiu por meio de uma pesquisa digital, utilizando como fonte de dados um sistema distribuído de informação, que integra em tempo real, dados primários de coleções científicas. A rede specieslink, sendo acessado o formulário de pesquisa do site. Esta foi utilizada para acessar os dados referentes ao Herbário Lauro Pires Xavier (JPB) e Herbário Jaime Coelho de Moraes (EAN), ambos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Para busca das informações utilizou-se três campos de pesquisa: Código da instituição, Estado e Município. Para preenchimento dos dois primeiros campos utilizou-se as palavras, Ufpb e Paraíba. Entretanto o campo de pesquisa município foi preenchido com o nome de cada município inserido na mesorregião do sertão da Paraíba, tendo como base o Índice de organização territorial e divisão territorial (IBGE, 2014). 2.2 Análise dos dados Todas as espécies que correspondiam aos critérios exigidos foram listadas utilizando o software Microsoft Excel, versão 2010, sendo descartadas as que foram constatadas como sinônimos. Após a listagem das espécies foi realizada a consulta aos sites botânicos Lista de Espécies da Flora do Brasil e The Plant List para obter as informações quanto à origem e endemismo do táxon. Posteriormente a listagem e consulta, foi contabilizada a riqueza, origem e endemismo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A riqueza para mesorregião do sertão paraíbano foi de 843 espécies, 444 gêneros distribuídos em 108 famílias botânicas. Desse total, 101 famílias são do grupo das angiospermas, contendo 832 espécies; As outras sete famílias botânicas fazem parte do grupo das criptógramas, sendo quatro Pteridófitas com oito espécies, e três briófitas com uma espécie cada.

As 12 famílias com maior riqueza representam cerca de 57% do total de espécies registradas, sendo elas: Fabaceae (152 spp.), Euphorbiaceae (48 spp.), Convolvulaceae (41 spp.), Asteraceae e Malvaceae (39 spp.), Poaceae (35 spp.), Apocynaceae (24 spp.), Cyperaceae e Rubiaceae (23 spp.), Lamiaceae (21 spp.), seguidas por Solanaceae (20 spp.) e Bromeliaceae com 18 spp (figura 2). Figura 2: Gráfico com as famílias com maior riqueza. Barbosa et al., (2007) em um estudo realizado no cariri paraibano, microrregião inserida na mesorregião da Borborema evidenciou uma riqueza de 396 espécies distribuídas em 90 famílias botânicas, sendo em sua maioria, angiospermas. Assim como no presente trabalho, a flora do Cariri evidenciou que a família Fabaceae foi a que recebeu maior destaque em relação ao números de espécies, estando também entre as mais representativas as famílias Asteraceae, Euphorbiaceae, Convolvulaceae, Cyperaceae. As famílias Fabaceae, Asteraceae, Poaceae, Malvaceae, Apocynaceae, Rubiaceae Euphorbiaceae, também se destacaram por serem as famílias com maior riqueza de gêneros. No que concerne à origem desses táxons, verificou-se que 685 spp. são consideradas nativas do Brasil, além de 69 spp. serem naturalizadas e outras 20 espécies cultivadas. Três espécies vegetais não continham informações quanto à origem, e outras 54 não poderam ser avaliadas (figura 3). Figura 3: Gráfico com origem das espécies ocorrentes do sertão da Paraíba.

Quanto ao endemismo, 225 espécies são endêmicas do Brasil ocorrendo 64 delas apenas no domínio fitogeográfico da caatinga. As espécies Clitoria fairchildiana R.A.Howard, Jatropha gossypiifolia L., J. mollissima (Pohl) Baill, J. ribifolia (Pohl) Baill.L, Lagenaria siceraria (Molina) Standl, e Wedelia villosa Gardner apresentaram endemismo desconhecido. Doze espécies foram apontadas como não ocorrentes no Brasil, por serem plantas exóticas sendo elas: Spondias dulcis Parkinson (Anacardiaceae), S. purpurea L. (Anacardiaceae), Ervatamia coronaria (Jacq.) Stapf (Apocynaceae), Polyscias fruticosa (L.) Harms (Araliaceae), Combretum indicum (L.) Jongkind (Combretaceae), Melissa officinalis L. (Lamiaceae), Mentha arvensis L. (Lamiaceae), Ocimum basilicum L. (Lamiaceae), Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. (Lamiaceae), Azadirachta indica A.Juss. (Meliaceae), Ruta graveolens L. (Rutaceae), Turnera ulmifolia L. (Turneraceae). Três espécies vegetais não continham informações em relação ao endemismo; e outras 54 não poderam ser avaliadas quanto ao endemismo. As demais 543 espécies foram consideradas pela plataforma utilizada para consulta como não endêmicas do Brasil, sendo, portanto de ampla distribuição (figura 4).

Figura 4: Gráfico com endemismo das espécies ocorrentes do sertão da Paraíba. 4 CONCLUSÃO Os impactos positivos a partir do reconhecimento da sua riqueza é imenso, entre estes, a possibilidade de gerar ações de conservação de áreas e de espécies, diagnóstico das áreas que necessitam de maior incremento de coletas, apresentação de espécies raras, endêmicas, ameaçadas, além de revelar aspectos ecológicos e biogeográficos de diversos grupos taxonômicos. Esse aumento no número de pesquisas principalmente em áreas consideradas com grande importância biológica, certamente contribuirá para melhores análises ambientais da região, associadas à proteção e à conservação de áreas e de táxons. REFERÊNCIAS AESA Agência Executiva De Gestão De Águas Do Estado Da Paraíba. Relatório Final Consolidado Do PERH-PB, 2006. Disponível em: <http://www.aesa.pb.gov.br/perh>. Acesso em: 29/12/2015.

BARBOSA, M. R. V. Vegetação e flora no Cariri Paraibano. Oecologia brasiliensis, v. 11, n. 3, p. 313-322, 2007. BRASIL. Programa de ação nacional de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca PAN Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Recursos Hidrícos, 2004. IBGE. Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas. Rio de Janeiro. 1992. IBGE. Índice de organização territorial e divisão territorial. Rio de Janeiro. 2014. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/divisao_territorial/2014/. Acesso em: 30 Fev. 2016. KÖPPEN. W. Climatologia. Fondo de cultura econômica: México, 1948: 496 p. GIULIETTI, A. M. et al. Vegetação: áreas e ações prioritárias para a conservação da Caatinga. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e ações Prioritárias para a Conservação, v. 1, p. 113-131, 2004. Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 30 Dez. 2015. SPECIES, LINK. Sistema de informação distribuído para recuperação de dados de acervos de coleções biológicas e de observação em campo. 2016.