DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE EM SUBSTRATO CONTENDO TORTA DE MAMONA Rafael Garcia Gouzalez 1 Luiz Antônio Augusto Gomes 2 Antônio Carlos Fraga 3 Pedro Castro Neto 4 RESUMO Com o objetivo de avaliar novos substratos experimentais na produção de mudas de tomateiro cultivar Bonus, conduziu-se um experimento na Estação de Pesquisa da HortiAgro Sementes Ltda, em Ijaci-MG. O experimento constou-se de das etapas: determinação da germinação das sementes de tomate nos diferentes substratos e na segunda etapa foi avaliada a produção de massa das mudas nos diferentes substratos. Para a produção de mudas foram utilizados 5 substratos e o delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso. A germinação das mudas foi avaliada aos 14 e 35 dias à partir da semeadura e a determinação da massa foi avaliada somente aos 35 dias após à semeadura. Foram avaliadas as variáveis, massa fresca da parte aérea, massa seca da parte aérea, massa fresca da raiz e a quantidade de células das bandejas em que ocorreu a germinação das sementes. O substrato comercial Plantimax (M1) e o M2 obtiveram os melhores resultados de germinação, também o Plantimax obteve o melhor resultado na produção de mudas. 1 INTRODUÇÃO A produção de mudas de hortaliças constitui-se numa das etapas mais importantes do sistema produtivo (Silva Jr. et al, 1995) dela depende o desempenho final das plantas nos canteiros de produção, tanto do ponto de vista nutricional, quanto 1 acadêmico de Agronomia da UFLA 2 Professor Adjunto, DAG/UFLA, laagomes@ufla.br 3 Professor Titular, DAG/UFLA, fraga@ufla.br 4 Professor Titular, DEG/UFLA, pedrocn@ufla.br 66
do tempo necessário e, consequentemente, do número de ciclos produtivos possíveis por ano (Carmello, 1995). Substratos são meios onde se desenvolvem as raízes das plantas cultivadas fora do solo e constituem-se de formas comerciais de pronto uso, que podem ser acrescidos de materiais como casca de arroz carbonizada, vermiculita, terra de barranco, húmus e outros,maximizando o seu rendimento (Nannetti e Souza, 1998a). O franco desenvolvimento da atividade de produção e comercialização especializada de mudas de hortaliças tem-se baseado, principalmente, na pesquisa de melhores fontes e combinações de substratos (Giorgetti, 1991). Considerando-se a necessidade de melhoria de rendimento de algumas culturas, entre elas o tomateiro, tem-se preocupado em introduzir novas tecnologias de produção que supram a necessidade e ao mesmo tempo sejam acessíveis as condições econômicas dos produtores. A base da horticultura moderna é a produção de mudas de alta qualidade. A partir de uma excelente muda, pode obter uma ótima planta adulta, seja ela ornamental, frutífera ou hortaliça. O sistema de produção de mudas pode reduzir o tempo para a formação da mesma, proporcionar maior controle nas fertilizações e diminuir os problemas com pragas e doenças. O substrato deve proporcionar condições para o bom desenvolvimento das mudas, promover adequada integração com o sistema radicular e também possibilitar a remoção das mudas por ocasião de transplante (Carmello, 1995). O presente trabalho tem como objetivo: avaliar novos substratos contendo torta de mamona, para a produção de mudas de tomate. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1- Localização do experimento O experimento foi realizado em casa de vegetação, localizada na Estação de Pesquisa da HortiAgro Sementes Ltda, em Ijací - Minas Gerais, foi utilizada no experimento a cultivar Bônus. O delineamento experimental que foi utilizado é o de blocos casualizados (DBC) com 5 tratamentos e 4 repetições. Para as análises de peso de matéria seca e fresca das 661
mudas, foram utilizadas parcelas subdivididas, onde cada subparcela será composta por 1 fileira de 8 células. O experimento foi instalado em estufa própria para a produção de mudas, em bandejas de isopor de 128 células, dia 4 de maio de 25. Os tratamentos foram constituídos, além de um substrato comercial (Platimax), de misturas de onde se utilizaram 7 de casca de arroz carbonizada, diferentes teores de húmus de minhoca, diferentes teores de torta de mamona e farinha de ossos (Tabela 1). Tabela 1: Caracterização de substratos utilizados na produção de mudas de tomate, em bandejas de isopor de 128 células. Ijací, MG, 25. Tratamento Plantimax Húmus de minhoca Casca de arroz Farinha de ossos Torta de mamona carbonizada Mistura 1 1 g Mistura 2 3 7 1g Mistura 3 2 7 1g 1 Mistura 4 1 7 1g 2 Mistura 5 7 1g 3 Em cada célula foram colocadas de uma a três sementes de tomate, a 1 cm de profundidade, sendo em todos os casos, cobertas com uma camada de vermiculita. Em seguida procedeu-se irrigação abundante, visando umedecer o substrato, para que se de inicio o processo de embebição e germinação de sementes. Irrigações posteriores foram efetuadas conforme a necessidade. Após a germinação foi feito um desbaste, realizado dia 18 de maio de 25, deixando apenas uma muda em cada célula. Foram realizadas as seguintes avaliações: -Germinação; - Massa fresca de parte aérea ( MFPA); - Massa fresca de raiz (MFRZ); - Massa seca de parte aérea (MSPA) e; 662
- Massa seca de raiz (MSRZ). As análises estatísticas dos resultados foram realizadas utilizando-se o Software Sisvar para Windows, versão 4.3, sendo efetuado teste (tukey 5%), para as características com diferenças significativas. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os resultados de germinação (Tabela 2), observa-se que, aos 14 dias após a semeadura, apenas nos substratos orgânicos e no comercial, ocorreu germinação. Na avaliação aos 35 dias foi constatada a germinação de 4 plantas no tratamento 3 (com 1 de torta de mamona), sendo que apenas duas delas estavam na área de avaliação e seus pesos eram insignificantes devido aos seus estágios iniciais. Tabela 2: Resultado da germinação das sementes de tomate, aos 14 e 35 dias, semeadas nos diferentes tipos de substratos, em bandejas. (Ijací, 25) Tratamentos Mistura 1 Mistura 2 Mistura 3 Mistura 4 Mistura 5 Germinação aos 14 dias (nº de células germinadas) Germinação aos 35 dias (nº de células germinadas) 2 De acordo com os resultados da analise de variância (Tabela 3), observa-se que houve diferença significativa para as características de massa fresca da parte aérea (MFPA) e a massa seca da parte aérea (MSPA). Observa-se também que para as características da raiz não foram encontradas diferenças significativas. 663
Tabela 3: Resumo das analises de variâncias, para as características de massa fresca da parte aérea (MFPA), massa fresca de raiz (MFRZ) e massa seca de raiz (MSRZ), em g.planta, de plantas de tomate produzidas em diferentes substratos, em bandejas. MFPA MFRZ MSPA MSRZ QM Fe Pr>Fe 4,622 12,247,35,221 1,738,279,77815 26,1,146,741 5,681,975 Média 3,58625 1,185,446875,92375 CV(%) 17,16 9,1 12,24 12,36 Ao se comparar as médias para as características de massa fresca da parte aérea (MFPA) e massa seca da parte aérea (MSPA) (Tabela 4), verifica-se que o substrato comercial (Plantmax) foi superior ao substrato orgânico (7 de casca de arroz carbonizado, 3 de humus e 1g de farinha de osso), obtendo uma maior produção de massa fresca e massa seca da parte aérea da planta. Tabela 4: Valores médios em gramas, para as características de massa fresca da parte aérea (MFPA) e massa seca da parte aérea (MSPA) de mudas de tomate produzidas em diferentes tipos de substrato. (Ijaci, 25). Tratamento MFPA MSPA Substrato comercial plantmax (M1) 4,347 a,5455 a Substrato orgânico (M2) 2,825 b,3482 b Médias seguidas da mesma letra minuscula na coluna não diferem entre si A baixa taxa de germinação do substrato com a torta de mamona pode ter ocorrido provavelmente por dois motivos: alguma substancia tóxica contida na torta de mamona ou devido a um aumento de temperatura no substrato causado pela fermentação da mesma, que foi usada sem passar por nenhum tipo de compostagem. 5 CONLUSÕES O substrato comercial (Plantmax) se mostrou o melhor para a produção de mudas de tomate, dentre os substratos analisados nesse experimento. 664
Substratos elaborados a base de torta de mamona não mostraram resultados satisfatórios para a produção de mudas de tomate. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARMELLO, Q.A.C. Nutrição e adubação de mudas hortícolas. In: MINAMI, K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T.A. Queiroz, 1995. p.27-35. GIORGETTI, J.R. Produção e comercialização de mudas de tomate. In: ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO E ABASTECIMENTO D ETOMATE, 2. 1991, Jaboticabal: UNESP, 1991. p.242-244. NANNETTI, D.C.; SOUZA, R.J. de. A cultura do pimentão. Boletim Técnico, a.vii, n.28, Lavras: UFLA. 1998, 52p. SILVA JÚNIOR, A.A.; MACEDO, S.G.; STUKER, H. Utilização de esterco de peru na produção de mudas de tomateiro. Florianópolis: EPAGRI, 1995. 28p. (Boletim Técnico, 5) 665