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Transcrição:

a primavera arabe Corrupção Pobreza Ditaduras Radicalismo religioso Internet Desemprego Direitos Humanos Caminhos da Democracia do Mundo Muçulmano

Mapa dos Levantes Os acontecimentos iniciaram na Tunísia a partir de informações sobre corrupção no governo (ditatorial) liberadas, com provas documentais, pelo site Wikileaks. Os movimentos se espalharam pelo Marrocos onde as acusações de corrupção também faziam parte do cotidiano local, associado a uma ditadura de longa data no poder O Governo de Osni Mubarack, fixado como forma de atender aos interesses americanos e Israelenses, foi deposto após manifestações encabeçadas por estudantes na busca por oportunidades e emprego Os movimentos na Líbia tomaram forma a partir dos interesses relacionados a exploração do petróleo do país pelas empresas estrangeiras apoiando pequenos grupos desorganizados através da OTAN.

a internet e as revoluções No Egito, a política de controle a internet, durante o governo de Osni Mubarak, foi um dos mais intransigentes, superando países como Birmânia, China e Irã. Mais de 90% dos 23 milhões de internautas do país ficaram bloqueados. Alguns países tem intensificado as barreiras quanto a liberdade de informação, em especial a internet e os smartfones como a Arábia Saudita (Proibindo a utilização do Blackberry) e o Irã (após as manifestações de 2009). Grande parte das manifestações que vem ocorrendo no norte da África e países do Oriente Médio foram organizadas a partir das redes sociais. A liberação da utilização da Internet foi promovida pelo exército egípcio que forçou as operadoras de celular a repassar as mensagens dos manifestantes. Contudo devemos lembrar que os movimentos no norte da África e Oriente médio foram catalisados pelas informações divulgadas pelo site wikileaks, sobre as relações corruptas e de subserviência de seus governos com empresas e estados dos países centrais.

Uma Nova Guerra Fria Para muitos estudiosos, a ampliação da presença dos EUA e UE no Oriente Médio está relacionada a necessidade de manter um controle militar sobre a região e seus recursos e afastar a presença cada vez mais incômoda da China, Rússia e do Brasil na região. A compra de petróleo principalmente pela China e Brasil, associado ao crescimento econômico de ambos, assim como as boas relações no âmbito comercial e político estão dificultando novos acordos por parte das empresas dos EUA e UE, mudando as formas de se relacionar com os países da região. Todas as invasões dos EUA ocorridas após o 11/09/2001 são vinculadas a alvos estratégicos: países que se afastaram das relações com EUA e UE e vinham estabelecendo fortes laços comerciais e diplomáticos com os BRICs. Afeganistão, Iraque, Irã, Síria e Líbia possuem governos tão ditatoriais quanto dos da Arábia Saudita, Barein e Kuwait (que possuem profundos laços com EUA e UE), não justificando uma intervenção como forma de estabelecer um governo democrático

motivos para os levantes A longa duração de governos ditatoriais associados a redução da qualidade de vida da população. Corrupção de boa parte dos governantes associados aos interesses petrolíferos ocidentais. Grande número de desempregados, visto a política implementada nestes países, voltada a atender as demandas das corporações petrolíferas e das elites locais. Presença crescente do radicalismo religioso buscando maior representação política, especialmente a Irmandade Muçulmana.

arabia Saudita: Molhando as calças Com a explosão das mobilizações nos países árabes/muçulmanos contrários aos seus regimes totalitários, a Arábia Saudita passa a promover um projeto de ampliação dos investimentos estatais em educação e em geração de empregos para os mais jovens. Contudo notamos uma grande preocupação do regime saudita com os países vizinhos, em especial com o Barein e o Iêmen, onde a Irmandade Muçulmana e a influência do Irã estão promovendo uma forte ação contra os regimes locais. O governo saudita, no caso do Barein, enviou tropas para evitar a ação de derrubada do regime local, visto que este oferece a exploração de seus recursos petrolíferos pela ARAMCO (Arab-American oil company). No Iêmen notamos que os sauditas estão apoiando os rebeldes em uma transição pacífica, visto que este grupo mostra-se mais estável que o atual governo que possibilitava a existência de bases da Al Qaeda

Tunísia: Adeus Zine El Abdine Ben Ali As manifestações tomaram força após o assassinato de um jovem universitário dono de uma banca de frutas. As manifestações passaram a adotar o discurso da instabilidade econômica e do desemprego dos jovens. Importante notar que os movimentos inicialmente não possuíam conotação religiosa. Contudo a Irmandade Muçulmana percebeu uma possibilidade de se inserir no contexto.

Egito: Como será o amanhã? A entrada de Hosni Mubarak no poder atendeu a interesses dos EUA e Israel, visto a influência egípcia sobre os demais países da região e pivô na defesa dos palestinos. A liderança egípcia e seu impacto sobre Israel e o mundo ocidental estão marcadas na Guerra do Yom Kipur (1973), onde liderou uma coalizão árabe contra Israel na retomada dos território apropriados pelos Estado Judeu durante a Guerra dos Seis Dias (1967). Para os interesses ocidentais a liderança egípcia (no período) significava um projeto pan-arábico, uma proximidade da URSS e a utilização do petróleo como arma política. A queda de Mubarak já mostra algumas consequências, como o crescimento político da Irmandade Muçulmana e a quebra das relações diplomáticas com Israel com a saída do corpo diplomático judeu as pressas do Egito.

Líbia: Muito mais que Democracia A morte de Muammar Khaddafi não representa necessariamente o fim da ditadura no país nem o fim do conflito iniciado nos primeiros meses de 2011. Dentre os grupos sedentos por poder na Líbia temos os monarquistas pró-ocidentais, os militantes da Irmandade Muçulmana, ex-combatentes da Al-Qaeda, Empresários, Socialistas e dissidentes do governo de Khaddafi. Além da OTAN, representando militarmente os interesses corporativos dos EUA e UE, notamos a presença de agentes SAS, MI-6, agentes especiais da França, Jordânia, Catar treinando e armando as forças rebeldes e mercenários contratados pela CIA para engrossar as forças rebeldes.

Síria: Sinais de um Banho de Sangue O primeiro ponto que demonstra o desinteresse das grandes potências na Síria está na baixa expressividade de seus recursos petrolíferos. Outro ponto negativo para os grupos rebeldes está na desconfiança ocidental nestes grupos, muitos vinculados ao Hezbollah e ao Hamas. Um terceiro fator importante está nas disputas relacionadas com Israel pelo controle das Colinas de Golã, a forte influência no Líbano e seu vínculo com a ditadura dos Aiatolás do Irã. Qualquer possibilidade de fim do conflito virá de forma negociada (utilizando a Turquia), visto a instabilidade que poderia se estabelecer na região a partir de uma interferência militar por parte da OTAN. A principal consequência desta passividade internacional quanto aos eventos da Síria está na permanência de Bashar Al-Assad através de uma ação brutal contra a oposição.

Consequências Possíveis Consolidação de uma integração política árabe. Possível instabilidade energética ligada ao fornecimento de petróleo. Redução da influência ocidental na região e instabilidade sobre Israel

a primavera arabe