Workshop - Código ABVCAP/ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Mercado de FIP e FIEE

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Transcrição:

Workshop - Código ABVCAP/ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Mercado de FIP e FIEE São Paulo, 22 de Novembro de 2012. Marco Pisani Membro do Conselho de Regulação e Melhores Práticas de FIP/FIEE e do Conselho Deliberativo da ABVCAP

GOVERNANÇA DE FIPs E FIEEs Apesar das regras editadas pela CVM, a governança de FIPs e FIEEs é determinada previamente entre investidores e gestores, por meio de negociações privadas. Como em toda negociação, cada lado tenta obter para si os melhores termos, seja pela força econômica (gestor ou investidor) ou pela falta de experiência em fundos desse tipo. Mesmo assim, o bom senso sempre deve prevalecer, uma vez que cada fundo tem características distintas e deve ser considerado como único. Apesar de terem conceitos similares, a Governança Corporativa tem diferenças importantes das Melhores Práticas envolvendo FIPs/FIEEs. Regras são fixadas antes do início do investimento Mandato do gestor é continuo e determinado Nos fundos não há a figura do controlador ou bloco de controle Limitação do número de investidores Não há liquidez 2

PRÁTICAS NACIONAIS Mercado relativamente novo, apesar da criação dos FIEEs em 1994. Falta de conhecimento das melhores práticas internacionais (p.ex., o primeiro guia da ILPA foi lançado em 2009). No Brasil, os grandes fundos de pensão, BNDES e FINEP lideraram a implementação e difusão das regras de melhores práticas. Entretanto, o Brasil ainda mantém hábitos inexistentes ou já abolidos no exterior, como o Comitê de Investimento com participação de investidores e calculo diário de cota. Relatórios não padronizados. No Brasil, também temos outro fator jaboticaba, como a figura de um administrador com poderes iguais ou maiores do que o gestor. 3

PRINCIPAIS DIFERENÇAS LOCAL/INTERNACIONAL * Fundos Offshore FIPs Regulação praticamente inexistente. Regras estabelecidas de comum acordo no regulamento (LPA) Ausência de supervisão ou dispensa Aplicação da legislação e regulações locais, bem como melhores práticas (além das regras estabelecidas no regulamento) Supervisão por entidade reguladora (CVM) e Código de Melhores Práticas (ABVCAP/ANBIMA) Distribuição Privada Distribuição Pública Informações sobre o fundo e suas demonstrações financeiras são privadas/confidenciais. Liberdade na definição de tratamento diferenciado entre quotistas Acordos extra regulamento via side letters Participação de investidores por meio de Limited Partners Advisory Committee (LPAC) Desnecessária contratação de prestadores de serviço (exceto auditoria), caso o gestor possua equipe interna qualificada Papel do administrador puramente back office/contabilidade Publicidade de atos (AGQ), regulamento e demonstrações financeiras. Tratamento equânime, exceto com relação a determinados direitos econômicos e políticos. Termos e condições devem constar de regulamento/compromisso de investimento Participação de investidores por meio de Comitê de Investimento e/ou Conselho de Supervisão Terceirização necessária (custódia, tesouraria, distribuição, etc..) Representante legal do Fundo, responsável pelo cumprimento do regulamento e contratação dos prestadores de serviço, inclusive do gestor. (*) comparação entre um fundo de investimento em participações FIP e uma limited partnership constituída em Cayman. 4

ILPA O que significa: Institutional Limited Partners Association, organização sediada em Toronto, Canada. Fundada no início de 1990, começou como networking club informal, com 15-20 membros. Hoje, tem alcance mundial com mais de 250 membros entre pension funds, corporate pensions, endowments, foundations, family officies and insurance companies, representando mais de US$1 trilhão de dólares de private equity AUM. Lançou um guia de melhores práticas para Private Equity em 2009, após um grupo de LPs perceberem que os termos e condições dos fundos de private equity estavam muito favoráveis aos gestores O guia foi publicado após discussões entre os 200 membros da ILPA e após uma extensa pesquisa com LPs ao redor do mundo Our role is not to force the principles on either institutional investors or general partners but we believe it is in the best interest of both groups to study, understand and, where feasible, adopt the principles, Kathy Larson, ILPA exec. director, said in an interview with the Wall Street Journal. 5

ILPA Fonte: ILPA 6

ILPA Private Equity Principles Publicado inicialmente em Setembro de 2009, tem como propósito indicar os princípios chaves que nortearão a parceria entre LP e GP. Em Janeiro de 2011, foi lançada uma nova versão do ILPA Private Equity Principles ( IPEP ). Não devem ser entendidos com um checklist, mas sim como base de discussões entre LP e GP. O IPEP está baseado em 3 princípios: (i) alinhamento de interesse; (ii) governança; e (iii) transparência. 7

ALINHAMENTO DE INTERESSES A remuneração do GP deve vir primordialmente da taxa de performance (carried interest) e dos retornos de seus investimentos no respectivo fundo. Remuneração excessiva vinda de taxa de administração, transaction ou outras taxas reduzem alinhamento de interesses. Comprometimento de capital do GP, feito em dinheiro, por meio do qual o GP coloca seu próprio capital em risco, junto com os LPs, é um ótimo incentivo para alinhamento de interesses. all-contributions-plus-preferred-return-back-first waterfall é a melhor prática. 8

GOVERNANÇA Quando olhamos o panorama internacional, a grande maioria das estruturas são de longo prazo, onde o GP mantem todos os poderes de investimento. Portanto, os LPs colocam sua confiança no time de gestão, suas estratégias e parâmetros de investimento. O regulamento (Limited Partnership Agreement - LPA) deve ter os mecanismos apropriados para tratar conflitos não previstos, bem como alterações do time de investimento (equipe chave) e outros parâmetros do fundo. Devido ao alto grau de discricionariedade do GP, o LPA deve ter mecanismos que impeçam desvios do dever fiduciário do GP. LPAC (LP Advisory Board): apesar de não ter um papel amplo de governança, geralmente tem como responsabilidade rever e aprovar: Situações ou transações que podem gerar conflitos de interesse; Metodologia de reavaliações (ou mesmo aprovar reavaliações); Outras aprovações definidas no LPA. 9

TRANSPARÊNCIA Os GPs devem preparar informações (financeiras, risco, operacional, portfolio e transacional) detalhadas envolvendo os investimentos do fundo. Em troca, os LPs aceitam manter total confidencialidade das informações recebidas. Entre outras regras de transparência, podemos citar: Abertura de todos os fees recebidos pelo GP e suas afiliadas do fundo e das companhias investidas; Divulgações de fatos relacionados ao GP, como questionamentos legais ou regulatórios, troca de controle, formação de novos veículos, etc... Relatórios anuais e trimestrais 10

Muito obrigado! 11