EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO LÁTICO SOBRE A PROPRIEDADE DE EXPANSÃO EM AMIDOS MODIFICADOS FOTOQUIMICAMENTE

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Transcrição:

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO LÁTICO SOBRE A PROPRIEDADE DE EXPANSÃO EM AMIDOS MODIFICADOS FOTOQUIMICAMENTE Effect of lactic acid concentration on expansion property of photochemically modified starches Ana Carolina Dal Bianco Garcia 1, Magali Leonel 2 RESUMO Uma característica valorizada pelo setor alimentício é a propriedade de expansão dos grânulos de amido. Com este trabalho, teve-se por objetivo avaliar o efeito da concentração de ácido lático durante tratamento de modificação fotoquímica das féculas de batata-doce (Ipomoea batatas), biri (Canna edulis), mandioca (Manihot esculenta) e taioba (Xanthosoma sagittifolium). Pelos resultados obtidos neste experimento, nas condições em que este foi realizado, conclui-se que a concentração de ácido lático interferiu na propriedade de expansão das féculas de batata-doce, mandioca e taioba e não apresentou efeito na fécula de biri, devendo ser ajustado para cada tipo de fécula a ser modificada. Os índices de expansão obtidos nas diferentes féculas foram considerados baixos, quando comparados aos índices obtidos para fécula de mandioca modificada. Termos para indexação: radiação, expansão, mandioca, taioba, biri, batata-doce. ABSTRACT The expansion property of starch granules is of great importance to the food industries. The effect of lactic acid concentration during photochemical treatment of sweet potato (Ipomoea batatas), edible canna (Canna edulis), cassava (Manihot esculenta) and cocoyam (Xanthosoma sagittifolium) starches was evaluated. The results showed that the acid concentration influenced the expansion property of sweet potato, cassava and cocoyam starches, but no differences were observed in edible canna starch, so that the acid concentration must be adjusted for each starch. The expansion ranges observed in all starches were lower that in modified cassava starch. Index terms: radiation, expansion, cassava, canna, cocoyam, sweet potato. (Recebido para publicação em 17 de dezembro de 2003 e aprovado em 19 de outubro de 2004) INTRODUÇÃO Uma característica valorizada pelo setor alimentício é a propriedade de expansão dos grânulos de amido. O polvilho azedo é um amido modificado submetido à fermentação e secagem ao sol, com propriedade de expansão característica. Por esse motivo, o polvilho azedo é utilizado no preparo de produtos panificáveis, e na formulação deles não se inclui nenhum tipo de fermento biológico, ou agentes químicos, para a promoção do crescimento, ocorrendo a expansão durante o forneamento. Os biscoitos produzidos com polvilho azedo têm um volume específico muito elevado, uma estrutura alveolar e crocância que se assemelham aos de snacks extrusados (BERTOLINI et al., 2001). De maneira geral, as pesquisas sobre a substituição da fermentação na produção de fécula de mandioca modificada com propriedade de expansão têm apontado para o uso de ácidos minerais, orgânicos e enzimas no tratamento do amido de mandioca. Plata- Oviedo (1998) estudou o efeito da modificação ácida (HCl ou ácidos orgânicos) e do tipo de secagem (estufa ou ao sol) no desenvolvimento da propriedade de expansão do amido nativo de mandioca industrial e observou que as amostras tratadas com HCl, ácido acético, lático ou propiônico, ou com misturas binárias ou terciárias desses ácidos, não apresentaram expansão quando secas em estufa e ocorreu grande aumento no índice de expansão quando as amostras foram secas ao sol, tendo a amostra tratada com ácido lático apresentado a maior expansão. Resultados similares foram obtidos por Nunes & Cereda (1994), ao submeterem o amido de mandioca a tratamento com ácido lático e secagem em estufa e ao sol. De acordo com Nunes (1999) e Plata-Oviedo (1998), a ação combinada entre ácido lático e radiação ultravioleta em fécula de mandioca substituem a 1. Graduação em Nutrição - Instituto de Biociências/UNESP Botucatu, SP Bolsista PIBIC/CNPq. 2. Pesquisadora Doutora Centro de Raízes e Amidos Tropicais (CERAT)/UNESP - Faz. Experimental Lageado s/n Caixa Postal 237 Botucatu, SP pesq1cerat@fca.unesp.br

630 GARCIA, A. C. D. B. & LEONEL, M. fermentação e a secagem solar, sendo esses fatores descritos como essenciais para que o polvilho azedo apresente propriedade de expansão. O estudo dos efeitos do tratamento ácido, juntamente com luz ultravioleta em amidos de outras fontes, tem sido objeto de pesquisas. Pereira et al. (1999) avaliaram féculas de araruta, batata-baroa, batata-inglesa e mandioca como fontes alternativas na produção de amidos fermentados com propriedade de expansão e concluíram que as féculas fermentadas de araruta e batata-baroa adquiriram propriedade de expansão (4,85 cm 3.g -1 e 5,50 cm 3.g -1, respectivamente) e apresentaram qualidade aceitável pelos consumidores. O biri (Canna edulis) é uma planta perene, originária das regiões dos Andes peruanos. No Brasil, o biri é encontrado apenas como planta ornamental; já na Colômbia é usado para a extração artesanal de amido, que é valorizado no preparo de biscoitos (HERMANN, 1994). A taioba (Xanthosoma sagittifolium), no Brasil, tem sido cultivada por pequenos produtores, visando principalmente à produção de folhas para consumo em pratos típicos ou ração animal. Os rizomas são consumidos cozidos, apresentando elevada produtividade agrícola (30t/hectare), o que, aliado ao teor de amido (80% da matéria seca), possibilitaria o processamento dessa tuberosa como matéria-prima amilácea (CEREDA, 2002). Neste trabalho, objetivou-se verificar o comportamento de expansão de amidos de batata-doce, biri e taioba modificados fotoquimicamente, mediante concentrações crescentes de ácido lático, sendo utilizado o amido de mandioca como padrão. MATERIAL E MÉTODOS Tratamento com ácido lático e ultravioleta As féculas de batata-doce, biri, mandioca e taioba extraídas em planta-piloto de obtenção de féculas do CERAT/UNESP foram caracterizadas quanto ao teor de umidade, ph e acidez (AOAC, 1980). Para a modificação fotoquímica, amostras de 50 g das féculas foram acrescidas de solução de ácido lático 85% PA por meio do preparo de solução de ácido e água (p/p), ajustando a umidade das féculas para 45% (NUNES, 1999). Foram realizados quatro tratamentos para cada fécula: T1 (sem adição de ácido láctico), T2 (1,3 g de ácido láctico.100 g -1 de fécula), T3 (2,7 g de ácido láctico. 100 g -1 de fécula), T4 (5,4 g de ácido láctico. 100 g -1 de fécula). Após a adição da solução, o material foi revolvido para homogeneização, sendo, em seguida, realizada a exposição ao ultravioleta em mesa de alumínio (carga de 1 Kg/m 2 ) adaptada para esse tratamento, tendo 5 lâmpadas de UV-C (comprimento de onda 254 nm) fixadas em calha com refletor em inox a uma distância do material de 8 cm (NUNES, 1999). O tempo total de exposição foi de 30 minutos. A amostra já tratada com o ácido lático foi espalhada com a ajuda de uma peneira fina (0,6 mm) na mesa de radiação ultravioleta; as lâmpadas foram ligadas e o material ficou sob exposição por intervalos de tempo de 10 minutos, até completar o tempo total de 30 minutos. A cada intervalo, o material foi recolhido e peneirado novamente para melhorar a exposição à radiação. Decorrido esse tempo, as amostras modificadas foram recolhidas para posterior análise da propriedade de expansão. Esse procedimento foi repetido quatro vezes para cada concentração em cada intervalo de tempo. Análise da propriedade de expansão A propriedade de expansão das amostras modificadas foi avaliada seguindo a metodologia proposta por Cereda (1983). A partir de 50 g de fécula modificada e quantidade de água fervente suficiente para que a massa ficasse lisa, desprendendo das mãos, foram confeccionados 5 materiais de teste em formato redondo (30 mm de diâmetro). O volume de água adicionado foi anotado. As amostras foram assadas em forno elétrico termostatizado a 200ºC, por 25 minutos. Depois de frios, os materiais de teste foram pesados. Para a determinação do volume, utilizou-se um béquer de 1000 ml completado por painço. Na determinação do volume das amostras, colocaram-se 200 g de painço no béquer e sobre esse o biscoito expandido, sendo recoberto por painço até completar o volume do béquer. O volume transbordado foi medido em proveta, obtendo-se por cálculo o volume específico (expansão). Para a discussão dos resultados, adotou-se o Índice de Expansão citado por Nunes (1999): pequeno = < 5,9 ml.g -1 ; médio = 5,0 a 10,0 ml.g -1 ; grande = > 10,0 ml.g -1. Análise estatística Os dados obtidos nos ensaios de modificação das féculas foram analisados por meio de análise de variância para delineamento inteiramente casualizado, complementado com teste de comparação de médias de Tukey. Todos os resultados estatísticos foram discutidos a 5% de significância.

Efeito da concentração de ácido lático sobre... 631 RESULTADOS E DISCUSSÃO Pelos resultados obtidos na caracterização das féculas (Tabela 1), verificou-se que essas se encontravam dentro dos limites estabelecidos pela legislação brasileira para umidade, com máximo permitido de 14%, e a acidez também foi inferior à permitida para polvilho azedo (5,0 ml NaOH.100g -1 ). Observou-se uma maior acidez nas féculas de biri e de batata-doce. Leonel et al. (2002) caracterizando rizomas de biri, encontraram ph de 6,81 e acidez titulável de 3,87 ml NaOH N.100g -1. Pelos resultados obtidos na análise de expansão das féculas, em diferentes concentrações de ácido lático (Tabela 2 e Figuras 1, 2, 3 e 4), constatou-se que a fécula de mandioca apresentou maior expansão inicial, quando comparada com as demais féculas, o que poderia estar correlacionado com desenvolvimento de maior expansão após o tratamento fotoquímico. Comparando-se as féculas nas diferentes concen- trações de ácido lático, verifica-se que a fécula de mandioca foi a que apresentou melhor expansão em todas concentrações. Para o efeito das concentrações de ácido lático nas diferentes féculas, foi possível observar uma relação positiva na fécula de mandioca, ou seja, com o aumento da concentração de ácido lático, ocorreu aumento significativo da expansão. Para as féculas de batata-doce e taioba, também foi observado efeito positivo na expansão com o aumento da concentração de ácido; já para a fécula de biri não foi observado o efeito da concentração de ácido sobre a expansão, nas concentrações testadas neste ensaio. Considerando o Índice de Expansão (IE) citado por Nunes (1994), que é considerado pequeno quando menor que 5,0 ml.g -1, médio de 5,0 a 10,0mL.g -1, e grande quando maior que 10,0 ml.g -1, as féculas de batata-doce, biri e taioba apresentaram IE pequeno em todas as concentrações de ácido lático, e a fécula de mandioca IE médio nas concentrações de 1,3 e 2,7 g ácido lático.100g -1 fécula, e IE grande na concentração de 5,4 g.100g -1. TABELA 1 Caracterização das féculas de batata-doce, biri, mandioca e taioba. Análises Batata doce Biri Mandioca Taioba Umidade (%) 12,14b 12,19ab 12,95a 12,11b PH 6,09c 6,40a 6,44a 6,25b Acidez titulável (ml NaOH/100g) 1,82b 2,21a 1,05c 1,00c Médias seguidas da mesma letra em linha não diferem entre si (p>0,05). TABELA 2 Avaliação da expansão (ml.g -1 ) das féculas de batata doce, biri, mandioca e taioba submetidas à modificação fotoquímica utilizando diferentes concentrações de ácido lático. Concentração de ácido lático Expansão das féculas (ml.g -1 ) (g ácido/100g de fécula) Batata doce Biri Mandioca Taioba 0 1,3 2,7 5,4 1,16bB 1,05bB 2,50bA 1,72bAB 1,08bA 0,98bA 1,33cA 1,49bA 3,00aD 8,20aC 9,67aB 11,57aA 1,00bB 1,76bAB 1,90bcAB 2,31bA CV=15,94% Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si (p>0,05). Médias seguidas de letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem significativamente entre si (p> 0,05).

632 GARCIA, A. C. D. B. & LEONEL, M. Plata-Oviedo & Camargo (1995), analisando amostras de polvilhos-azedos comerciais, observaram valores de expansão de 11 a 15 ml.g -1. Maeda & Cereda (2001), analisando amostras de polvilho-azedo de diferentes regiões dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, observaram índices de expansão de 10,0 ml.g -1 a 17,0 ml.g -1. Nunes (1999), realizando ensaio com fécula de mandioca, observou expansão de 12,8 ml.g -1 quando essa foi submetida à modificação com ácido lático na concentração de 2,0 g.100 g -1 e exposição à radiação ultravioleta por 10 minutos com agitação constante, valor esse superior ao encontrado neste experimento para mandioca. A agitação constante pode ter levado a uma melhor exposição da fécula ao ultravioleta, o que teria levado a uma melhor expansão em concentração semelhante de ácido lático, mesmo em um tempo menor de exposição. Os resultados obtidos para as féculas de batatadoce, biri e taioba foram inferiores aos obtidos por Pereira et al. (1999), que analisando a propriedade de expansão em féculas de araruta (Maranta arundinacea), batata-baroa (Arracacia xanthorrhiza), batata-inglesa (Solanum tuberosum) e mandioca (Manihot esculenta), submetidas a processo fermentativo sem adição de inóculo, por 30 dias ao ar livre e secas ao sol, observaram valores de volume específico (cm3.g -1 ) de 4,85 para fécula de araruta, 5,50 para fécula de batatabaroa, 1,71 em fécula de batata-inglesa e 4,75 para fécula de mandioca. FIGURA 1 Materiais de teste de féculas de mandioca modificadas com diferentes concentrações de ácido lático. FIGURA 2 Materiais de teste de féculas de batata-doce modificadas com diferentes concentrações de ácido lático

Efeito da concentração de ácido lático sobre... 633 FIGURA 3 Materiais de teste de féculas de biri modificadas com diferentes concentrações de ácido lático. FIGURA 4 Materiais de teste de féculas de taioba modificadas com diferentes concentrações de ácido lático. CONCLUSÕES A concentração de ácido lático durante processo de modificação fotoquímica interfere no desenvolvimento da expansão; na fécula de mandioca, o aumento da expansão é significativo com o aumento da concentração de ácido lático. A variação da concentração de ácido lático não interfere na propriedade de expansão da fécula de biri, nas concentrações testadas. As féculas de batata-doce, biri e taioba apresentam baixa expansão, quando comparadas com a fécula de mandioca. A concentração de ácido lático em modificação fotoquímica de amidos e féculas deve ser ajustada para cada fonte botânica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 13. ed. Washington, 1980. 109 p. BERTOLINI, A. C. et al. Photodegradation of cassava and corn starches. Journal Agricultural Food Chemistry, Easton, v. 49, n. 2, p. 675-682, 2001. CEREDA, M. P. Padronização para ensaios de qualidade de fécula fermentada de mandioca (polvilho azedo): I. formulação e preparo de biscoitos. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 17, n. 3, p. 287-295, 1983. CEREDA, M. P. Agricultura: tuberosas amiláceas latino-americanas. São Paulo: Fundação CARGIL, 2002. v. 2. HERMANN, M. Arracacha and achira processing and product development: Centro International de la Papa, progress report 6310. Quito: Mimeograph, 1994. 8 p. LEONEL, M.; SARMENTO, S. B. S.; CEREDA, M. P.; GUERREIRO, L. M. R. Extração e caracterização do amido de biri (Canna edulis). Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, v. 5, p. 27-32, 2002. MAEDA, K. C.; CEREDA, M. P. Avaliação de duas metodologias de expansão ao forno do polvilho azedo. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 21, n. 2, p. 139-143, 2001.

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