CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE UVA-DO-JAPÃO (Hovenia dulcis THUNBERG): RELAÇÃO ENTRE A VIABILIDADE E A COLORAÇÃO RESUMO

Documentos relacionados
CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ANGICO-GURUCAIA (Parapiptadenia rigida (BENTHAM) BRENAN) RESUMO

TECNOLOGIA DE SEMENTES DE MARICÁ Mimosa bimucronata (DC) O.KTZE. RESUMO

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA-VERMELHA (Schinus RESUMO

POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE CANOLA DURANTE O ARMAZENAMENTO

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE FRUTO-DE-POMBO (Rhamnus sphaerosperma SWARTZ) RESUMO

ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE IPÊ-DOURADO (Tabebuia sp)

TESTES PARA AVALIAÇÃO DO VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM CONDIÇÕES AMBIENTAIS

CIRCULAR TÉCNICA N o 19 ISSN Abril, 1988 VIABILIDADE DA ESTAQUIA PARA A PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE UVA-DO-JAPÃO

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS CONTROLADAS

CIRCULAR TÉCNICA N o 04 OUTUBRO, 1981 ISSN

Arnaldo Bianchetti * Adson Ramos ** RESUMO

LONGEVIDADE DE SEMENTES DE ALGUMAS ESPÉCIES DE MUCUNA ( 1 )

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ALGODÃO ARMAZENADAS EM FUNÇÃO DO PROCESSO DE DESLINTAMENTO QUÍMICO.

ESTUDO DE CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE CAFÉ ARÁBICA E ROBUSTA 1

CIRCULAR TÉCNICA N o 12 ISSN Julho, PERSPECTIVAS PARA A MAXIMIZAÇÃO DE ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE Eucalyptus dunnii MAID.

COMPORTAMENTO DE PROCEDÊNCIAS DE Pinus glabra Walt. EM RELAçÃO AO P. elliottii Engelm. var. elliottii EM IRATI, PR.

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

Pesquisa e Treinamento em Manejo, Colheita e Análise de Sementes de Espécies Florestais

LONGEVIDADE DE SEMENTES DE Crotalaria juncea L. e Crotalaria spectabilis Roth EM CONDIÇÕES NATURAIS DE ARMAZENAMENTO

GERMINAÇÃO EM LABORATÓRIO E ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE TARUMÃ-BRANCO (Citharexylum myrianthum CHAM.) RESUMO

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AMENDOIM EM CÂMARA FRIA E SECA ( 1 )

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SAPUVA (Machaerium stiptatum (DC.) Vog) E DE ACÁCIA MARÍTIMA (Acacia longifolia (Andr.) Wildenow) RESUMO

ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE JACARANDÁ-DE-MINAS (Jacaranda cuspidifolia Mart.) Graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG 2

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

EFEITO DE DIFERENTES MÉTODOS DE QUEBRA DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE AVENA SATIVA L.

Influência da Adubação Orgânica e com NPK, em Solo de Resíduo de Mineração, na Germinação de Sementes de Amendoim.

Qualidade de Sementes de Milho Armazenadas em Embalagens Alternativas

Avaliação de Tratamentos Utilizados na Superação de Dormência, em Sementes de Quiabo.

MATURAÇÃO ANTECIPADA DA CULTURA DE TRIGO: PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E QUALIDADE DAS SEMENTES

Autor (es): Dalise Aparecida Silva, Jakeline Aparecida Greiver Ribeiro Ferreira, Carlos Manoel de Oliveira

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

em função da umidade e rotação de colheita

Armazenamento e germinação de sementes de Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl. (Bignoniaceae)

CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ALGODOEIRO SOB EFEITO DE GA 3 (*)

STUDIES ON CABBAGE SEED STORAGE SUMMARY

Palavras-chave: Capacidade de armazenamento; Sementes; Germinação.

CIRCULAR TÉCNICA, 32. SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE ACÁCIA-MARÍTIMA (Acacia longifolia)

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

Avaliação do vigor de sementes de abobrinha (Cucurbita pepo) pelo teste de tetrazólio.

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ARMAZENAMENTO NO PERCENTUAL GERMINATIVO E NO VIGOR DE SEMENTES DE Toona ciliata 1

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

Palavras-chave: lentilha; vigor; germinação.

CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO NA VIABILIDADE E DORMÊNCIA DE SEMENTES DE VIDEIRA (*)

Quebra de dormência e germinação de sementes de pimenta cumari (capsicum baccatum var praetermissum) João Carlos Athanázio1; Bruno Biazotto Gomes1.

EFEITO DO TIPO DE EMBALAGENS E CONDIÇÕES DE ARHAZENAMEN',rONA PRESERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA. (Astroniwn urundeuva) Engl.

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CALAGEM NA SUPERFÍCIE DO SOLO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO EM CAMPO NATIVO. CIRO PETRERE Eng. Agr. (UEPG)

VI Encontro Amazônico de Agrárias

EFEITOS DA GIBERELINA E DA SECAGEM NO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A VIABILIDADE E O VIGOR DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.

Tecnologia para o Manejo Adequado de Sementes de Farinha-seca

TEOR DE UMIDADE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PITANGUEIRA EM DOIS AMBIENTES

TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE AROEIRA PIRIQUITA (Schinus molle L.) E AROEIRA BRANCA (Lithraea molleioides (Vell.

TESTE DE GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SANSÃO-DO-CAMPO (Mimosa caesalpiniaefolia Benth. FABACEAE-MIMOSOIDEAE) 1

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Germinação de sementes e desenvolvimento inicial de plântulas de pepino em diferentes tipos de substratos.

EFEITO DO TEOR DE UMIDADE DAS SEMENTES DURANTE O ARMAZENAMENTO NA GERMINAÇÃO DE MILHO CRIOULO

Efeitos de substratos compostos com diferentes tipos de solos sobre a germinação e vigor de sementes de jiló

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

EFEITO DA COBERTURA DO SOLO POR RESÍDUOS DE CULTURAS SOBRE A TEMPERATURA E UMIDADE DO SOLO, GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DO MILHO. Nestor Bragagnolol

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

EFEITO DO ACONDICIONAMENTO E DO ARMAZENAMENTO SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI

Comportamento de sementes de pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke) quanto a tolerância à dessecação

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA E PROFUNDIDADE DE PLANTIO NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE FIGUEIRA ( 1 )

EFEITO DA REPICAGEM EM RESPOSTA AO DESENVOLVIMENTO DE PORTA- ENXERTOS DE UMBUZEIRO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

( ) Recebida para publicação em 3 de maio de 1968.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA EM SEMENTES DE TUCUMÃ

ENVELHECIMENTO ACELERADO EM LOTES DE SEMENTES DE CENOURA ENVOLVENDO TEMPERATURA E TEMPOS DE EXPOSIÇÃO Apresentação: Pôster

ÉPOCAS DE COLHEITA E QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO CULTIVAR BRS 7 TAIM, EM RORAIMA 1

Comunicado. Técnico. Conservação de sementes de hortaliças na agricultura familiar. Introdução

Pinus taeda. Pinheiro-do-banhado, Pinos, Pinho-americano.

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Tabebuia cassinoides (Lam.) DC COLETADAS EM DIFERENTES CAXETAIS DO LITORAL PARANAENSE

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

Eixo Temático ET Meio Ambiente e Recursos Naturais

ARMAZENAMENTO DE SEMENTES DE SAPUVA (Machaerium stipitatum)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Florestas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A CULTURA DO NIM

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DOIS LOTES DE SEMENTES DE Moringa oleífera Lam. EM DIFERENTES TEMPOS DE EMBEBIÇÃO

ESTUDOS SÔBRE A CONSERVAÇÃO DE SEMENTES

CIRCULAR TÉCNICA N o 18 ISSN Abril, 1988 ESTAQUIA DE ERVA-MATE

EFEITO DO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A GERMINAÇÃO E O VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO.

TESTES DE VIGOR 22/05/ INTRODUÇÃO O QUE É A QUALIDADE DAS SEMENTES? É CARACTERIZADA PELOS ATRIBUTOS GENÉTICO, FÍSICO, FISIOLÓGICO E SANITÁRIO

Qualidade Sanitária de Sementes de Pau-cigarra (Senna multijuga)

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

VARIAÇÃO ENTRE PROCEDÊNCIAS DE Pinus taeda L. NA REGIÃO DE SANTA MARIA, RS. * RESUMO

AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS DE MÚLTIPLO PROPÓSITO, EM WENCESLAU BRAZ, PR

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DE INÓCULO DE Rhizoctonia Solani NA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO COM FUNGICIDAS NO CONTROLE DO TOMBAMENTO *

RESUMO ABSTRACT. PALAVRAS CHAVE: Peltophorum dubium, canafístula, dormência, germinação, tratamentos pré-germinativos.

Avaliação da altura do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) após diferentes níveis de adubação de plantio

ÉPOCA DE COLHEITA DO MILHO, PARA ESTUDO DOS NUTRIENTES NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO, EM EN SAIOS EM CASA DE VEGETAÇÃO ( 1 ). HERMANO GARGANTINI e

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE ABACATEIRO (Persea sp.), POR ESTAQUIA(1)

MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS PARA SUPERAR DORMÊNCIA EM SEMENTES DE LEUCENA (Leucaena leucocephala)

[T] Secagem e armazenamento de sementes de Albizia niopoides Benth. e Bauhinia forficata Link.

Influência de diferentes métodos de remoção da sarcotesta na germinação e na aquisição de água em sementes de romã

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE LIXEIRA (Curatella americana L.) COM DIFRENENTES COLORAÇÃO NO TEGUMENTO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE PATOS-PB

Transcrição:

CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE UVA-DO-JAPÃO (Hovenia dulcis THUNBERG): RELAÇÃO ENTRE A VIABILIDADE E A COLORAÇÃO João Antonio Pereira Fowler * Ayrton Zanon ** Antonio Aparecido Carpanezzi *** RESUMO O trabalho foi conduzido com dois objetivos: determinar as melhores condições para conservar sementes de uva-do-japão por dois anos em armazenamento, e identificar a relação entre o poder germinativo e a coloração das sementes. O poder germinativo de sementes desta espécie diminui com o tempo, e os lotes comerciais apresentam sementes com colorações distintas, em proporções variáveis. Neste experimento, inicialmente, o lote apresentava 89,2% de poder germinativo e 98,5% de sementes vermelho-escuras (2,5YR4/8), 1,0% vermelho-escuro-acinzentadas (2,5YR3/4) e 0,5% pretas (5YR2,5/1), de acordo com a carta de cor de solos de Munsell. Os tratamentos aplicados foram: (a) ambiente de sala do laboratório de sementes em embalagem de papel kraft; (b) ambiente de sala do laboratório de sementes em embalagem de papel kraft dentro do recipiente de fibra de madeira; (c) câmara fria e embalagem de papel kraft dentro de recipiente de fibra de madeira; e (d) câmara seca e embalagem de papel kraft. O tratamento (c) foi o mais favorável para conservar sementes de uva-do-japão por dois anos em armazenamento. Nesse tratamento, o poder germinativo do lote após dois anos manteve-se em 87,2%, com 93% das sementes na cor vermelho-escura, 5% na cor vermelho-escuro-acinzentada e 2% na cor preta. Essa proporção sugere que a cor vermelho-escura é indicativa de alto poder germinativo, enquanto que as cores vermelho-escuro-acinzentada e preta são indicativas de baixo poder germinativo das sementes. PALAVRAS-CHAVE: armazenamento, germinação, cor. CONSERVATION OF Hovenia dulcis THUNBERG SEEDS: RELATIONSHIP BETWEEN VIABILITY AND COLOR ABSTRACT This experiment was developed with two objectives: to determine the best environment to store seeds of Hovenia dulcis for a two years period, and to study the * Eng.-Agrônomo, Mestre, CREA/PR n o 7.025-D, Técnico de Nível Superior da Embrapa -Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. ** Eng.-Agrônomo, Mestre, CREA/PR n o 3.057-D, Pesquisador da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. *** Eng. Florestal, Doutor, CREA/PR n o 12926-D, Pesquisador da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas.

relationship between seed color and germination. Usually, seedlots of Hovenia dulcis show low germination and different color proportions. The seeds used in this research were collected in the municipality of Colombo, State of Paraná, southern Brazil. Initial characteristics of the seedlot were: 98.5% of dark red seeds (2.5YR4/8), 1.0% dusky red (2.5YR3/4) and 0.5% black (5YR2.5/1), according to Munsell soil color charts. Initial germination rate for the seedlot was 89.2%. The treatments applied were: (a) laboratory room and seeds in kraft paper bag; (b) laboratory room and seeds in kraft paper bag, into fiber board container; (c) cold chamber and seeds in kraft paper bag placed inside fiber board container; (d) dry chamber and seeds in kraft paper bag. The best condition to conserve seeds for two years was treatment (c) wich maintained 87.2% of germination, the seeds being 93% dark red, 5% dusky red and 2% black. The dark red color indicate high germination, and dusky red and black colors indicate low germination. KEY WORDS: storage, germination, color. 1. INTRODUÇÃO A uva-do-japão (Hovenia dulcis Thunberg, Rhamnaceae) é uma espécie florestal que ocorre naturalmente na China, Japão e Coréia, tendo sido introduzida no Nepal, Índia, Paraguai, Argentina e na região Sul do Brasil. Por apresentar tolerância a geadas e multiplicidade de usos, esta espécie tornou-se importante para a região Sul, onde é recomendada para arborização de culturas, pastagens, como cerca-viva, para uso em serraria e para produção de energia (Carvalho, 1994). A uva-do-japão tem nas sementes seu principal meio de propagação, e o enraizamento de estacas é baixo (Graça & Tavares, 1988). Os lotes de sementes apresentam poder germinativo baixo e desuniforme ao longo do tempo, devido principalmente à presença de sementes com colorações distintas e em diferentes proporções, por falta de recomendações técnicas para o armazenamento (Zanon & Carpanezzi, 1993). As sementes de uva-do-japão, quando armazenadas em ambiente de sala, apresentam redução de seu poder germinativo (Marchetti, 1984; Longhi et al., 1984). O trabalho foi executado com os objetivos de definir ambiente e embalagem para conservar as sementes de uva-do-japão em armazenamento por dois anos, e identificar a relação entre o poder germinativo e a coloração. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos foram coletados no município de Colombo-PR, no mês de junho de 1993 (Tabela 1) e transportados ao Laboratório de Análise de Sementes do Centro Nacional de Pesquisa de Florestas-Embrapa Florestas, (25 20'S, 49 10'W, 900 m de altitude, temperatura média anual de 16,5 C e umidade relativa do ar média anual de 80,0%), para extração das sementes e formação do lote original.

O lote original, após homogeneizado, foi subdividido em quatro sub-lotes, sobre os quais foram aplicados os tratamentos de armazenamento: A) ambiente de sala do laboratório de sementes e embalagem de papel kraft; B) ambiente de sala do laboratório de sementes e embalagem de papel kraft dentro do recipiente de fibra de madeira; C) câmara fria (temperatura 4 C ± 1 C e umidade relativa do ar de 89% ± 1%) e embalagem de papel kraft dentro de recipiente de fibra de madeira; e D) câmara seca (temperatura 14 C ± 1 C e umidade relativa do ar de 39% ± 1%) e embalagem de papel kraft. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições de 100 sementes. As avaliações do poder germinativo e do grau de umidade das sementes foram efetuadas de acordo com as normas preconizadas em Brasil (1994), e efetuadas na implantação do experimento, no décimo-segundo e no vigésimo-quarto mês. Para superação da dormência das sementes, procedeu-se à imersão em ácido sulfúrico concentrado por cinco minutos, de acordo com a recomendação de Zanon & Carpanezzi (1993). Visando estabelecer um padrão objetivo para as cores das sementes, utilizou-se a carta de cores de solo de Munsell (1994). Os dados de poder germinativo das sementes foram submetidos a análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, foram determinadas a relação peso de frutos: peso de sementes (22:1), o número de sementes por quilograma (55.210) e o peso de mil sementes (18,21g).

3.1. Conservação das sementes A análise de variância detectou diferenças entre os tratamentos (Tabela 2). O melhor resultado obtido, dentre os tratamentos testados para conservar as sementes em armazenamento por dois anos, foi câmara fria e embalagem de papel kraft dentro de recipiente de fibra de madeira (Tabela 3, tratamento C). A temperatura e a umidade relativa do ar da câmara fria proporcionaram condições ambientais favoráveis, mantendo a umidade de equilíbrio das sementes com o ambiente entre 10% e 15%; as sementes se mostraram sensíveis à redução excessiva do grau de umidade (Tabela 3). No ambiente de sala de laboratório, em embalagem de papel kraft (Tabela 3, tratamento A) ou em embalagem de papel kraft dentro do recipiente de fibra de madeira (Tabela 3, tratamento B), as sementes ficaram expostas à pressão de oxigênio, umidade relativa do ar e temperatura altas, que provocaram aumento da taxa respiratória. Isto contribuiu para aumento da deterioração e redução do poder germinativo das sementes. Nas condições de câmara seca e embalagem de papel kraft (Tabela 3, tratamento D), a temperatura alta e a umidade relativa do ar baixa provocaram o dessecamente excessivo das sementes, devido à permeabilidade da embalagem. Isto contribuiu para a deterioração das sementes armazenadas pois, segundo Harrington (1972), a remoção da água contida nas macromoléculas, que as protegem da oxidação, causa redução do poder germinativo, ainda que a temperatura seja favorável.

3.2. Relação da viabilidade das sementes com a coloração A relação da coloração com o poder germinativo das sementes de uva-do-japão ficou evidenciada em todos os tratamentos (Tabela 4), onde suas proporções se alteraram de acordo com as condições de ambiente e de embalagem a que foi submetido o lote. A proporção alta de sementes da cor vermelho-escura (2,5YR4/8) e baixa das cores vermelho-escuro-acinzentada (2,5YR3/4) e preta (5YR2,5/1) são indicativas de alto poder germinativo de um lote de sementes, caracterizando a relação entre a coloração das sementes desta espécie com seu poder germinativo. Farris & Mitton (1985) constataram diferenças no poder germinativo das sementes entre cores dos cones de Abies concolor. Niembro et al. (1979) observaram que a coloração e o tamanho das sementes de Pinus hartwegii influenciaram a germinação. A comprovação desta relação agrega mais um elemento para a avaliação do lote de sementes de uva-do-japão, pois pela simples observação visual pode-se estimar o poder germinativo do lote.

4. CONCLUSÕES A melhor condição para conservar sementes de uva-do-japão em armazenamento por dois anos consiste de câmara fria e embalagem de papel kraft dentro de recipiente de fibra de madeira. A cor vernnelho-escura (2,5YR4/8) de sementes de uva-do-japão é indicativa de alto poder germinativo, e as cores vermelho-escuro-acinzentada (2,5YR3/4) e preta (5YR2,5/1) indicam baixo poder germinativo. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, 1992. 365p. CARVALHO, P.E.R. Ecologia, silvicultura e usos da uva-do-japão (Hovenia dulcis Thunberg). Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1994. 24p. (EMBRAPA-CNPF. Circular técnica, 23). FARRIS, M.A.; MITTON, J.B. Effects of cone color dimorphism on reproductive output of white fir growing along elevation gradients. American Journal of Botany, Colorado, v.72, n.11, p.1719-1725, 1985. GRAÇA, M.E.C.; TAVARES, F.R. Viabilidade da estaquia para a propagação vegetativa de uva-do-japão. Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1988. 4p. (EMBRAPA-CNPF. Circular técnica, 19).

HARRINGTON, J.F. Seed storage and longevity. In: KOSLOWSKI, T.T.; ed. Seed biology. New York: Academic Press, 1972. v.3. p.145-245. LONGHI, R.A.; MARQUES, S.E.; BISSANI, V. Época de colheita, tratamento de sementes e métodos de semeadura utilizados no viveiro florestal de Nova Prata. In: CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL, 5. 1984, Nova Prata. Anais. Nova Prata: Prefeitura Municipal de Nova Prata, v.2. p.533-553, 1984. MARCHETTI, E.R. Época de coleta, semeadura, tratamentos pré-germinativos e métodos de semeadura de espécies florestais cultivadas no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO FLORESTAL ESTADUAL, 5. 1984, Nova Prata. Anais. Nova Prata: Prefeitura Municipal de Nova Prata, v.2. p.524-532, 1984. MUNSELL COLOR. Macbeth, Division of Kollmorgen Instruments Corporation. Soil color charts. New Windsor, 1994. 1v. NIEMBRO, A.; MUSALEM, M.A.; RAMIRES, H. Effects of size and color of Pinus hartweggii seeds on germination. In: BONNER, F., ed. Proceedings: Symposium on Flowering and Seed Development in Trees. Starkville: USDA Forest Service. Southern Forest Experimental Station, 1979. 362p. ZANON, A.; CARPANEZZI, A.A. Influências da dormência tegumentar e do grau de maturação sobre a germinação de sementes de Hovenia dulcis Thunb. In: CONGRESSO FLORESTAL PANAMERICANO, 1; CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 7., 1993, Curitiba. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura / Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais, 1993. p.294-297.