CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M2 D3 HIGIENE DO TRABALHO I GUIA DE ESTUDO PARTE II EXPOSIÇÃO AO CALOR



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Transcrição:

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M2 D3 HIGIENE DO TRABALHO I GUIA DE ESTUDO PARTE II EXPOSIÇÃO AO CALOR PROFESSOR AUTOR: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI PROFESSOR TELEPRESENCIAL: ENG. GERALDO BRANDÃO COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO OUTUBRO 2011 1

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO I O desenvolvimento da Disciplina Higiene do Trabalho I está organizado em cinco partes, nas quais serão tratados os seguintes conteúdos: Parte I: PPRA - Introdução à Higiene do Trabalho. Conceitos e definições. Objetivos da Higiene do Trabalho. Higiene do Trabalho e PPRA. Etapas do PPRA (Antecipação, Reconhecimento, Avaliação, Medidas de Controle, Monitoramento e Registro dos dados). Classificação dos riscos ambientais (agentes físicos, químicos e biológicos). Limites de tolerância e TLVs (legislação brasileira e ACGIH). PPRA e insalubridade. Nível de Ação. Estratégia de amostragem. Parte II: Exposição ao calor. Conceito, definição, meios de transmissão, parâmetros de avaliação, efeitos do calor no organismo, instrumentos de medição, critérios de avaliação. Árvore de termômetros. Aparelhos de medição de calor. Classificação da insalubridade. Efeitos do calor no organismo. Limites de tolerância. Medidas de controle contra o calor. Exercícios práticos de avaliação. Apresentação de instrumentos de avaliação. Parte III: Ruído. Conceitos e definições. Física do som. Nível de pressão sonora (decibel). Intensidade sonora. Potência sonora. Curvas de compensação. Dose equivalente e efeito combinado. Fator de duplicação de dose. Nível equivalente de ruído. Ruído contínuo, intermitente e de impacto. Critérios de avaliação de ruído. Efeitos do ruído. Instrumentos de medição. Limites de tolerância. Avaliação de ruído (dose). Adição de níveis de ruído. Subtração de níveis de ruído. Medidas de controle. EPIs e fator de atenuação de protetores. Exercícios práticos. Instrumentos de avaliação. Parte IV: Agentes químicos: conceitos, definições e classificação de gases, vapores, particulados, poeira, fumos metálicos, névoas, neblinas. Parâmetros utilizados nas avaliações de agentes químicos. Limites de Tolerância (média ponderada, curta duração, valor teto).particulados. Estratégia de amostragem. Avaliação de campo. Análise laboratorial. Métodos de avaliação do Niosh, Osha, Fundacentro.Estratégias de amostragem. Poeira e outros particulados. Sílica livre cristalizada. Limites de tolerância da NR15 (Anexo 11 e12).avaliação qualitativa (Anexo 13). Limites de tolerância ACGIH.Medidas de controle.instrumentos de avaliação. Exercícios práticos de medição. Parte V: Exposição ao frio: conceito, definição, meios de transmissão, parâmetros de avaliação. Critério legal da CLT. Critério técnico da Fundacentro. Critério legal da NR-15, Anexo 9. Portaria do Ministério do Trabalho sobre Mapas Climáticos. Zonas climáticas brasileiras do IBGE. Classificação da insalubridade. Efeitos do frio no organismo. Limites de tolerância. Medidas de proteção contra o frio. Exercícios práticos de avaliação do frio. Apresentação de técnicas de avaliação. 2

Neste texto, apresentamos a Parte II do Guia de estudo da disciplina Higiene do Trabalho I O calendário atualizado da disciplina encontra-se no quadro a seguir. Datas aulas Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória N o Lista Exercícios Data Postagem Data final Resposta 18 out Parte I 25 out Parte II FANTAZZINI, Mario Luiz. Higiene Industrial - Aspectos históricos. Disponível em: http://www.medicinaetrabalho.med.br/arq uivos/higiene%20ocupacional%20aspectos %20historicos.pdf QUEIROZ,Teresa Cristina Ferreira e Bastos, Leopoldo Eurico Gonçalves. Riscos de exposição ao Calor e circulação de poluentes em ambiente de trabalho industrial em oficina de fundição naval. Disponível em: http://www.higieneocupacional.com.br/downl oad/calor-queiroz.pdf 19 24/10/2011 07/11/2011 20 25/10/2011 09/11/2011 01 nov Parte III 21 02/11/2011 16/11/2011 08 nov Parte IV 22 09/11/2011 23/11/2011 22 nov Parte V 23 22/11/2011 30/11/2011 Prova do Modulo 2: 13 de dezembro de 2011 RECOMENDAMOS! Leia com atenção o Guia de Estudo e os textos complementares, tome notas e organize esquemas que o (a) ajudem a compreender os temas abordados e a pesquisar o assunto com a devida profundidade. Procure assistir a todas as aulas telepresenciais e resolver as Listas de Exercícios nos prazos assinalados. Não deixe para a última hora! Lembre-se de comentar os tópicos do Fórum. Você precisa postar oito comentários ao todo para obter a pontuação máxima. 3

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Após a realização das atividades previstas para a Parte II desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: 1. conceituar exposição ocupacional ao calor; 2. identificar os mecanismos de trocas térmicas; 3. identificar os tipos de atividades que expõem os trabalhadores ao calor; 4. descrever as reações do organismo ao calor; 5. descreveras medidas de controle contra a exposição ao calor; 6. descrever as proteções individuais e coletivas contra o calor; 7. conceituar os índices de avaliação de calor; 8. comparar o conforto térmico com a sobrecarga térmica; 9. descrever a estratégia de amostragem da exposição ao calor; 10. descrever as etapas de avaliação e sua interpretação. 4

PARTE II: EXPOSIÇÃO ÀO CALOR 1. INTRODUÇÃO Os problemas de exposição ao calor são comuns em ambientes de trabalho, tais como: fundições, usinas siderúrgicas, fábricas de vidro e cerâmica, fábricas de ladrilho, lavanderias, minas e muitos outros relacionados à construção, à agricultura e outros tipos de atividades realizadas sob intempéries em climas quentes. Entende-se como exposição ao calor a quantidade de calor recebida pelo ser humano a qual deve ser dissipada para que o organismo atinja o equilíbrio térmico, representado pela soma do calor metabólico e os ganhos ou perdas por convecção e radiação. Quando se submete o organismo ao calor,resultam reações fisiológicas como sudorese, aumento da frequência cardíaca, elevação da temperatura interna do corpo, e outras modificações fisiológicas. Quanto maior o calor recebido, maiores os efeitos resultantes e, em certas condições, eles são capazes de provocar agravos á saúde do trabalhador. Em determinadas regiões e períodos do ano, o próprio calor solar pode representar um risco, especialmente para quem trabalha a céu aberto, como os trabalhadores rurais e os da construção civil. É importante avaliar o calor suportado pelo corpo humano em um dado meio, a fim de determinar se ele está dentro de limites aceitáveis ou acima deles, tendo em vista o estabelecimento da necessidade de adotar medidas de controle. Para a avaliação de calor têm sido propostos e utilizados, nos locais de trabalho, vários tipos de índices. 2. TROCAS TÉRMICAS 2.1. Mecanismos de troca térmica A sobrecarga térmica se produz no organismo humano como resultado de dois tipos de carga térmica: carga externa ou ambiental e carga interna ou metabólica e se propaga por quatro meios: condução; convecção; conduçãoconvecção, radiação e evaporação. Condução é o processo mais simples de transmissão de calor. Nele o calor passa de molécula para molécula por movimento vibratório, ou seja, passa diretamente ao corpo, por contato. A transferência de energia se faz da região de alta temperatura para a região de baixa temperatura, cessando-se a transferência quando a temperatura dos dois corpos se iguala. 5

A condução será maior ou menor em função das propriedades físicas do material, assim como de sua condutividade térmica, superfície e espessura. Os bons condutores são aqueles que possuem pouca resistência à passagem de calor, enquanto os maus condutores ou isolantes térmicos são aqueles que oferecem maior resistência à passagem de calor. De modo geral, os sólidos são excelentes condutores de calor, enquanto os gases são maus condutores de calor. Em resumo, na radiação, quando dois corpos em temperaturas diferentes são colocados em contato, haverá um fluxo de calor do corpo com temperatura maior para o de temperatura menor. Este fluxo torna-se nulo, no momento em que as temperaturas dos dois corpos se igualam. Convecção é a transmissão de calor por intermédio de um fluído (água ou ar) que transporta o calor até o corpo que se deseja aquecer. Pelo aquecimento, as moléculas se expandem e tendem a ocupar os espaços superiores, criando assim um movimento ascendente no fluído. Exemplos de calor por convecção: cozimento, onde a água leva o calor ao alimento; o forno, onde o ar se aquece e os vapores quentes cozinham o alimento. Condução Convecção é a troca térmica ocorre entre dois corpos, sendo um fluido. Nesse caso, a transição do calor entre os dois corpos provocará a movimentação do fluido. Exemplificando: consideremos um corpo sólido A com temperatura ta e um gás B, com temperatura tb. A troca térmica acontecerá em duas situações: ta» tb ou ta «tb. Se ta» tb, o corpo A perde calor para a camada mais próxima do fluido B, aquecendo essa camada e provocando um deslocamento ascendente. Se ta «tb, o corpo A ganha calor da camada mais próxima do gás B, esfriando esta camada e provocando um deslocamento descendente. Em ambos os casos, existe uma movimentação natural do fluido (figura abaixo). 6

Radiação é o processo em que o calor se propaga por meio de ondas eletromagnéticas da luz, transportando energia em forma de calor. O exemplo mais comum é o calor do sol. Evaporação é a transformação em vapor de um líquido que envolve um sólido em uma determinada temperatura, passando para o meio-ambiente. Este fenômeno depende de fatores ambientais, tais como: quantidade de vapor existente no meio, temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do ar e pressão atmosférica. 2.2. Fatores que influem nas trocas térmicas A complexidade do estudo do calor reside no fato de haver diversos fatores ou variáveis que influem nas trocas térmicas entre o organismo humano e o meio ambiente e que influenciam o grau da exposição ao calor. Entre os diversos fatores que influem nas trocas térmicas, listamos as cinco principais:temperatura do ar; umidade relativa do ar; velocidade do ar; tipo de atividade; calor radiante. Temperatura do ar - quando a temperatura do ar é maior que a temperatura da pele, o organismo ganha calor por condução-convecção. Quando a temperatura do ar é menor que a temperatura da pele, o organismo perde calor. A quantidade de calor ganha ou perdida é diretamente proporcional à diferença entre as temperaturas do ar e da pele. Umidade relativa do ar a umidade do ar influi na troca térmica que ocorre entre o organismo e o meio ambiente pelo mecanismo da evaporação. Embora, teoricamente, o organismo humano possa perder 600 kcal/hora pela evaporação do suor, essa razão poderá ser diminuída em função da umidade relativa do ar. Se, por exemplo, a umidade relativa do ar for 100%, o ambiente estará saturado de vapor de água, o que dificulta a evaporação do organismo para o meio ambiente. Se, por outro lado, a umidade relativa do ar for, a título de exemplo, de zero por cento, haverá condição para o organismo perder 600 kcal/h para o ambiente. Observandose o que ocorre nos dois extremos, acima exemplificados, torna-se fácil perceber que, quanto maior é a umidade relativa do ar, menor será a perda de calor por evaporação. Velocidade do ar a velocidade do ar pode alterar a troca de calor entre o organismo humano e o meio ambiente, interferindo tanto na troca por conduçãoconvecção, como na troca por evaporação. No mecanismo de condução-convecção, o aumento da velocidade do ar acelera a troca de camadas de ar próximas ao corpo, aumentando o fluxo de calor entre o corpo e o ar. Portanto, se a temperatura do ar for menor que a temperatura 7

do corpo, o aumento da velocidade do ar implicará maior perda de calor do corpo para o meio ambiente. Por outro lado, se a temperatura do ar for maior que a temperatura do corpo, o corpo ganhará mais calor com o aumento da velocidade do ar. Conclui-se, neste caso, que a variação da velocidade do ar pode ter uma ação positiva ou negativa na troca térmica por condução-convecção. No mecanismo de evaporação, o aumento da movimentação do ar, perto da superfície do corpo, implica a remoção da camada de ar próxima da pele, que se encontra com elevado teor de vapor de água, proveniente da evaporação do suor. Dessa forma, evita-se que a camada de ar que envolve o corpo fique com uma umidade relativa superior á do ambiente e dificulte a evaporação do suor. Observase, portanto, que o aumento da velocidade do ar sempre facilita a perda de calor por evaporação. É conveniente lembrar que, devido às limitações fisiológicas, a taxa de evaporação do suor não se elevará indefinidamente. Tipo de atividade Quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo indivíduo, tanto maior será o calor produzido pelo metabolismo. Para indivíduos que trabalham em ambientes quentes, o calor decorrente da atividade física constituirá parte do calor ganho pelo organismo e, portanto, deve ser considerado, na quantificação da sobrecarga térmica. Calor radiante Quando um indivíduo se encontra em presença de fontes apreciáveis de calor radiante - isto é, fontes que estejam emitindo considerável quantidade de radiação infravermelha ou ultravioleta -, seucorpo ganhará calor pelo mecanismo da radiação. No estudo de calor, este fator não deve ser desprezado, pois contribui significativamente para a elevação da sobrecarga térmica. 2.3. Perda e ganho de calor pelo organismo Os principais meios de perda e ganho de calor pelo organismo são: o calor produzido pelo próprio organismo, que varia conforme a atividade física desenvolvida; a condução-convecção e a radiação, que podem implicar ganho ou perda de calor pelo organismo, conforme a temperatura da pele esteja mais baixa ou mais alta que a temperatura do ar; a evaporação do suor na superfície do corpo, que implica uma perda de calor. Perda ou ganho de calor pelo organismo também ocorrem no processo da respiração e na ingestão de alimentos quentes ou frios. Essas, no entanto, constituem pequenas quantidades e, portanto, não são consideradas. 8

Para manter o corpo em equilíbrio térmico, a quantidade de calor ganha pelo organismo deve ser contrabalançada pela quantidade de calor perdida para o meioambiente. As trocas térmicas entre o corpo e o meio ambiente podem ser relacionadas, por meio da seguinte expressão matemática: S = M +/- C +/- R E, em que: S = calor acumulado no organismo (sobrecarga térmica) M = calor produzido pelo metabolismo C = calor ganho ou perdido por condução-convecção R = calor ganho ou perdido por radiação E = calor perdido por evaporação O organismo humano se encontrará em equilíbrio térmico quando o S for igual a zero. O metabolismo está associado ao trabalho, sendo que a energia gasta pelo organismo é diretamente proporcional ao trabalho realizado. Importante! A condução e a convecção são mecanismos de regulação da temperatura do corpo pelo contato direto com fontes de diferentes temperaturas e pelo movimento da camada de ar próxima à pele. A radiação é a troca por emissão de onda (elemento irradiador) ou pela recepção (elemento absorvente). A evaporação é o mecanismo mais importante para se manter o equilíbrio térmico, ocorrendo na camada periférica, na pele, sob o forma de suor. 9

3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO CALOR 3.1. Reações do organismo ao calor O organismo apresenta várias reações ao calor, entre as quais destacamos: vasodilatação periférica; sudorese; fadiga; exaustão; desidratação; câimbras; choque térmico. Vasodilatação periférica- quando a quantidade de calor que o corpo perde por condução-convecção ou radiação é menor que o calor ganho, a primeira ação corretiva que se processa no organismo é a vasodilatação periférica. Nesse caso, o fluxo de sangue no organismo humano transporta calor do núcleo do corpo para sua superfície, onde ocorrem as trocas térmicas. Sudorese outro mecanismo de defesa do organismo é a sudorese. O número de glândulas sudoríparas ativadas é diretamente proporcional ao desequilíbrio existente. A quantidade de suor produzido pode, em curtos períodos, atingir até dois litros por hora. Se forem consideradas várias horas, essa quantidade não excede a um litro por hora. Pela sudorese, no ritmo de um litro por hora, um ser humano pode, teoricamente, perder 600 kcal/hora para o meio ambiente. Distúrbios do calor Se o aumento do fluxo de sangue na pele e a produção de suor forem insuficientes para promover a perda adequada de calor, ou se estes mecanismos deixarem de funcionar corretamente, uma fadiga fisiológica poderá ocorrer. Exaustão - a exaustão ao calor é decorre de uma insuficiência do suprimento de sangue no córtex cerebral, resultante da dilatação dos vasos sanguíneos periféricos, em resposta ao calor. A baixa pressão arterial é o sintoma crítico, devido em parte a uma inadequada saída de sangue do coração e, em parte, a uma vasodilatação que abrange extensa área do corpo. Desidratação de início, a desidratação atua principalmente reduzindo o volume de sangue e promovendo a exaustão pelo calor. Em casos extremos, produz distúrbios nas funções celulares, ineficiência muscular, redução de secreções (especialmente das glândulas salivares), perda de apetite, dificuldade de engolir, uremia temporária e febre, podendo chegar até à morte. Câimbras o calor excessivo pode provocar espasmos musculares, com redução do cloreto de sódio no sangue, que pode atingir concentrações abaixo do nível crítico. Choque térmico ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal que põe em risco algum tecido vital. O choque térmico é devido a um distúrbio no mecanismo termo-regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre o organismo e o meio. 10

3.2. Medida da exposição ocupacional ao calor 3.2.1. Parâmetros A exposição ocupacional ao calor é difícil de ser medida com precisão, devido ao grande número de variáveis que interferem em sua avaliação quantitativa. Existem vários índices de avaliação do calor, cada um direcionado para seu objetivo, como mostra o quadro a seguir. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DE CALOR HIGIENE DO TRABALHO PREVIDENCIÁRIO CONFORTO TÉRMICO INSALUBRIDADE NR-15Anexo 3 NR-15Anexo 3 NR-17 NR-15Anexo 3 Os índices de avaliação de calor se dividem em índices de conforto térmico e índices de sobrecarga térmica. Os índices de conforto térmico são: TE: temperatura efetiva, que leva em conta a temperatura, a velocidade do ar e a umidade relativa do ar. TEC: temperatura efetiva corrigida, que leva em conta a temperatura, a velocidade do ar, a umidade relativa do ar e o calor radiante. Os Índices de sobrecarga térmica são: IST: índice de sobrecarga térmica - temperatura efetiva corrigida -,que leva em conta a temperatura, a velocidade do ar, a umidade relativa do ar, o calor radiante e o metabolismo da atividade. IBUTG: índice de bulbo úmido e termômetro de globo, que leva em conta a temperatura, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar, o calor radiante e o metabolismo da atividade. Com relação ao conforto térmico, a NR-17, em seu item 17.5.2, dispõe que nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes - tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros -, o indice de temperatura efetiva deve ficar entre 20 o C e 23 ºC A sobrecarga térmica é tratada na NR 15, Anexo 3 Calor, Portaria n 3214/78, de 08.06.78 do MTE. 11

Nas Palavras da Lei... 1. A exposição ao calor deve ser avaliada pelo "Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo" (IBUTG) definido pelas equações abaixo: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg, sendo: tbn = temperatura de bulbo úmido natural tg = temperatura de globo tbs = temperatura de bulbo seco. 2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de bulbo seco. 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço 1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro n o 1. QUADRO Nº 1 REGIME DE TRABALHO INTER- MITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO TIPO DE ATIVIDADE LEVE MODERADA PESADA Trabalho Contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos de trabalho 15 minutos de descanso 30 minutos de trabalho 30 minutos de descanso 15 minutos de trabalho 45 minutos de descanso 30,1 à 30,6 26,8 à 28,0 25,1 à 25,9 30,7 à 31,4 28,1 à 29,4 260, à 27,9 31,5 à 32,2 29,5 à 31,1 28,0 à 30,0 Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 3. A determinação do tipo de atividade (leve, moderada ou pesada) é feita consultando-se o Quadro N o 3. 12

Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (de descanso) 1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso, ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. 2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro N 0 2. Quadro N 0 2 M(Kcal/h) 175 200 250 300 350 400 450 500 MÁXIMO IBUTG 30,5 30,0 28,5 27,5 26,5 26,0 25,5 25,0 Onde: M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora determinada pela seguinte fórmula: Mt x Tt + Md xtd M = ----------------------------- sendo: 60 Mt = taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt = soma dos tempos, em minutos, em que se permanece, no local de trabalho. Md = taxa de metabolismo no local de descanso. Td =soma dos tempos,em minutos, em que se permanece no local de descanso. IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora determinado pela seguinte fórmula: IBUTGt x Tt + IBUTG d x Td IBUTG = ------------------------------------------------------- sendo: 60 IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho. IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso. Tt e Td = como anteriormente definidos. 13

Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro Nº 3. 4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos efeitos legais. Quadro N 0 3 - Taxas de Metabolismo/Tipo de Atividade TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex: datilografia). Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex: dirigir). De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150 125 150 TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar 180 175 220 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex: remoção com pá) Trabalho fatigante 550 440 3.2.2. Instrumentos de avaliação de calor Os instrumentos básicos para avaliação de calor são os equipamentos conhecidos como Árvore de Termômetros, que podem ser também digitais. Os termômetros utilizados são os de mercúrio, cujo princípio de funcionamento baseiase no fenômeno físico da dilatação dos corpos quando submetidos ao aumento de temperatura. 14

Na avaliação do calor, devem ser levados em consideração todos os parâmetros que influem na sobrecarga térmica a que estão submetidos os trabalhadores. A instrumentação mais utilizada engloba um termômetro de globo, um termômetro de bulbo úmido e um termômetro de bulbo seco.admite-se também a utilização de equipamentos digitais. O Termômetro de globo é composto de esfera oca de cobre de 1 mm de espessura, com 152,4 mm de diâmetro, pintada externamente de preto fosco, e termômetro de mercúrio com escala mínima de +10ºC a + 150ºC, com precisão de leitura mínima de +/- 0,1ºC. O termômetro de globo é usado para medir a temperatura proveniente do calor radiante. O globo preto absorve a radiação e aquece o ar dentro do globo. O Termômetro de bulbo úmido é composto de termômetro de mercúrio, com escala mínima de +10ºC a +50ºC e precisão mínima de leitura de +0,1ºC; erlenmeyer de 125 ml; pavio de tecido brando de algodão, de alto poder de absorção de água, com comprimento mínimo de 100 mm e água destilada. A finalidade do termômetro de bulbo úmido é medir o calor considerando a umidade relativa do ar.utilizando-se o termômetro úmido, se o ar estiver seco, a água da gaze se evapora rapidamente e a leitura da temperatura cai. Se a umidade do ar estiver alta, a água evapora devagar. O Termômetro de bulbo seco é um termômetro de mercúrio, com escala mínima de +10ºC a +100ºC e precisão mínima de leitura de +/- 0,1ºC, usado para medir a temperatura do ar. 4. MEDIDAS DE CONTROLE 4.1. Aspectos gerais O controle do calor deve ser feito, primeiramente, na fonte e, em seguida, em sua trajetória, por meio de barreiras e finalmente, não havendo sucesso com as duas medidas anteriores, pela utilização de vestimentas adequadas. O quadro a seguir mostra algumas das medidas de controle que podem ser adotadas no ambiente de trabalho: MEDIDA ADOTADA Insuflação de ar fresco no local onde permanece o trabalhador Maior circulação do ar existente no local de trabalho Exaustão dos vapores com cortina de água Utilização de barreiras refletoras (alumínio polido, aço inoxidável) Automatização do processo. Ex: mudança de transporte manual de carga para transporte com esteira ou ponte rolante FATOR ALTERADO Temperatura do ar Velocidade do ar Umidade relativa do ar Calor radiante Calor produzido pelo metabolismo 15

4.2. Medidas relativas a pessoal Algumas medidas de controle podem ser aplicadas diretamente ao trabalhador, com o objetivo de reduzir a sobrecarga térmica e preservar sua saúde. Entre elas, destacam-se: exames médicos; aclimatização; ingestão de água e sal; limitação do tempo de exposição; equipamento de proteção individual; educação e treinamento. 4.2.1. Exames médicos Recomenda-se a realização de exames médicos pré-admissionais, exames periódicos e demissionais, dependendo da função a ser exercida pelos trabalhadores. Os exames pré-admissionais têm a finalidade de detectar possíveis problemas de saúde, que possam ser agravados pela exposição ao calor, tais como: problemas cardiocirculatórios, deficiências glandulares (principalmente glândulas sudoríparas), problemas de pele, entre outros. Tais exames permitem selecionar um grupo adequado de trabalhadores que reúnem condições para executar tarefas que os expõem a calor intenso. Os exames periódicos têm o objetivo de promover um contínuo acompanhamento dos trabalhadores expostos ao calor, a fim de identificar estágios patológicos iniciais. E o exame demissional serve para avaliar a situação de saúde dos trabalhadores, comparando-se o exame inicial com o demissional. 4.2.2. Aclimatização A aclimatização ao calor constitui uma adaptação fisiológica do organismo a um ambiente quente. É medida de fundamental importância na prevenção de riscos que envolvem exposição ao calor intenso. Quando o trabalhador se expõe pela primeira vez ao calor, ocorre uma significativa elevação de temperatura retal, há um aumento no ritmo cardíaco e baixa sudorese. Grande desconforto e outros distúrbios, como tonturas e náuseas, podem ocorrer. Nos quatro ou seis dias subsequentes, há redução do desconforto, queda da temperatura retal e do ritmo cardíaco, intensificando-se a sudorese. A aclimatização será total em aproximadamente duas semanas. É importante mencionar que a perda de cloreto de sódio pela sudorese será menor no indivíduo aclimatado. 16

4.2.3. Limitação do tempo de exposição Essa medida consiste em adotar períodos de descanso, visando a reduzir a sobrecarga térmica a níveis compatíveis com o organismo humano. A limitação do tempo de exposição é medida de controle sempre presente. Quando os tempos de exposição não forem compatíveis com as condições de trabalho, deve-se promover um reestudo dos procedimentos e implantar um regime de trabalho-descanso. 4.2.4. Equipamento de proteção individual Existe no mercado, uma grande variedade de equipamentos de proteção individual para os mais diversos usos e finalidades. Deve-se, portanto, fazer uma escolha adequada, objetivando o maior grau de eficiência e conforto. O uso de óculos com lentes especiais com capacidade para atenuar quase toda a radiação infravermelha incidente é recomendado sempre que haja fontes apreciáveis de calor radiante. Para o corpo e as mãos, recomendam-se luvas, mangotes, aventais e capuzes, para proteção das diversas partes expostas. Esses EPIs devem ser de material adequado, para que sejam capazes de evitar a absorção de calor pelo organismo. Amianto é um excelente isolante térmico, porém, possui um alto coeficiente de absorção de calor radiante e, por isso, o uso de EPI, constituído exclusivamente de amianto, não é recomendável, devendo ser revestido por um tecido aluminizado, para refletir a maior parte do calor radiante. Finalmente, as vestimentas dos trabalhadores devem ser confeccionadas de tecido leve e de cor clara. Para situações de exposição crítica, existem diversos tipos de vestimentas para corpo inteiro, sendo que algumas possuem sistema de ventilação acoplado. 4.2.5. Educação e treinamento A chave de todo programa de prevenção é a educação/treinamento. Deve ser ministrada orientação aos trabalhadores quanto à prática correta das tarefas que desenvolvem, de modo a poderem evitar esforços físicos desnecessários e/ou longos, próximos às fontes. Devem os trabalhadores ser educados quanto ao risco que representa a exposição a ambiente quente e treinados para saber utilizar corretamente os EPIs. 17

5. TRABALHO PRÁTICO DE AVALIAÇÃO DE CALOR A. Objetivo Verificar se o trabalhador exercia ou não atividades insalubres, pela exposição ao calor, na retirada de carvão de forno quente, transporte até o ponto de descarga e limpeza do forno. B. Norma aplicada NR-15, Anexo 3 da Portaria 3214/78 do MTE. C. Metodologia A avaliação de calor foi realizada durante o ciclo de trabalho de 1 (uma) hora, em regime de trabalho intermitente, com período de descanso em outro local. D. Equipamento utilizado Foi utilizado o Medidor de Exposição ao Calor - Modelo TGD-50 - da INSTRUTHERM. E. Etapas do ciclo de trabalho a. Encher o cesto de carvão, dentro do forno Termômetro de bulbo úmido - TBN = 25 ºC Termômetro de Globo - TG = 41º C Tipo de atividade - pesada - remoção de carvão com pá e enchimento do cesto. Metabolismo = 440 Kcal/h (Quadro 3, NR-15, Anexo 3) Tempo de trabalho = 15 minutos Fórmula: IBUTG = 0,7 TBN + 0,3 TG (ambiente interno sem calor solar) Aplicando os valores acima, teremos: IBUTG = 29,8 ºC b. Transportar cesta cheia de carvão do forno até o ponto de descarga TBN = 21,3 ºC TG = 38 ºC TBS = 34 ºC Tipo de atividade: pesada - transportar/descarregar cesto cheio de carvão Metabolismo = 440 Kcal/hora (Quadro 3 - NR-15 - Anexo 3) Tempo de trabalho : 15 minutos Fórmula : IBUTG = 0,7 TBN + 0,2 TG + 0,1 TBS (ambiente externo com carga solar) Aplicando os valores acima : IBUTG = 25,9 ºC 18

c. Transportar a cesta vazia do ponto de descarga para o forno TBN = 21,3 ºC TG = 38 ºC TBS = 34 ºC Tipo de atividade : moderado - transportar cesto vazio de carvão Metabolismo = 175 Kcal/hora (Quadro 3 - NR-15 - anexo 3) Tempo de trabalho : 10 minutos Fórmula : IBUTG = 0,7 TBN + 0,2 TG + 0,1 TBS (ambiente externo com carga solar) Aplicando os valores acima : IBUTG = 25,9 ºC d. Limpeza dentro e fora do forno Termômetro de bulbo úmido - TBN = 21,3º C Termômetro de Globo - TG =39 ºC Termômetro de bulbo seco - TBS = 32 º C Tipo de atividade: moderado (trabalho de pé, movimentado peso) Metabolismo = 175 Kcal/hora ( Quadro 3 - NR-15 - anexo 3) Tempo de descanso : 10 minutos Fórmula : IBUTG = 0,7 TBN + 0,2 TG + 0,1 TBS (ambiente externo com carga solar) Aplicando os valores acima : IBUTG = 25,9 ºC e. Descanso de 10 min. período de descanso em outro local, metabolismo de 100 Kcal/h, IBUTG de 23,0 C. F. Cálculo do metabolismo média ponderada (M) para 1 (uma) hora Fórmula : M = ( Mt. Tt + Md. Td ) / 60, em que : Mt = taxa de metabolismo no local de trabalho Tt =tempo, em minutos, no local de trabalho Md = taxa de metabolismo no local de descanso Td = tempo, em minutos, no local de descanso Aplicando os valores de Mt, Tt, Md e Td, teremos: M =(440 x 15 + 440 x 15 + 175 x 10 + 175 x 10 + 100 x 10) / 60 M = 295 Kcal / h 19

G. Cálculo do IBUTG médio ponderado para 1(uma) hora Fórmula : ÌBUTG = (IBUTGt x Tt + IBUTGd x Td) / 60, em que : IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho Tt = tempo, em minutos, no local de trabalho IBUTGd - valor do IBUTG no local de descanso Td = tempo, em minutos, no local de descanso Aplicando os valores de IBUTGt, Tt, IBUTGd e Td, teremos : IBUTG = {29,8 x 15 + 25,9 (15 + 10 + 10) + 23 x 10 )} / 60 IBUTG = 26,4 ºC H. Determinação do Limite de Tolerância param = 303 Kcal / h Entrando com o valor de M = 295 Kcal / h, no Quadro nº 2 da NR-15, Anexo 3, encontraremos o valor máximo de IBUTG ( 27,5 º C ), permitido para as atividades. I. Comparação do IBUTG médio ponderado com o IBUTGmáximo permitido, para o metabolismo médio ponderado. O IBUTG médio ponderado (26,4 ºC) é MENOR do que o IBUTG Máximo permitido (27,5º C), para o metabolismo médio ponderado (M = 295 Kcal/h). J. Conclusão Como o IBUTG médio ponderado é MENOR do que o IBUTG Máximo permitido, para o metabolismo médio ponderado de 295 Kcal/h, as atividades analisadas são classificadas como SALUBRES. 20

6. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Giovanni Moraes de e BENITO, Juarez Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de Janeiro: Edição dos autores, 2011. SALIBA, Tuffi Messias. Higiene do Trabalho e Programa de Prevenção e Riscos Ambientais. Belo Horizonte: Ed. LTR, 2010. VIEIRA, Sebastião Ivone et alii. Medicina Básica do Trabalho. São Paulo: Ed. Gênesis, 1994. 21