Tendências 2014 TERCEIRO SETOR, CULTURA E RESPONSABILIDADE SOCIAL 13/02/2014 Prezados, Considerando alguns acontecimentos importantes no campo jurídico no ano de 2013 sobre os quais vislumbramos desdobramentos em 2014, preparamos o presente memorando apontando os principais acontecimentos de 2013 e algumas tendências para as entidades do Terceiro Setor neste ano. Alterações nos processos de CEBAS Em 16.10.2013, entrou em vigor a Lei nº 12.868/2013 que, dentre outros, altera a Lei nº 12.101/2009, introduzindo alterações materiais e procedimentais à certificação das entidades, no âmbito dos 3 (três) Ministérios certificadores: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Os novos critérios visam definir situações que estavam incertas e contemplar entidades que estavam sem Certificação. Ressalvadas as exceções previstas na Lei, as regras são aplicáveis aos processos já em trâmite e aos próximos protocolos a serem realizados. Dentre as alterações destacamos aquelas aplicáveis a todas as entidades: (i) (ii) (iii) Possibilidade de remuneração de dirigentes estatutários (conforme será detalhado na nota abaixo); Certificação decorrente de protocolos realizados entre 30.11.2009 e 31.12.2011 com prazo de validade de 05 anos; Processos anteriores à Lei nº 12.101/2009 com decisões negativas terão os respectivos débitos tributários restritos ao período de 180 dias anteriores à decisão final, afastada
(iv) a multa de mora; e Pedidos protocolados no decorrer dos 360 dias que antecedem o termo final de validade do certificado vigente serão tempestivos. A Lei está pendente de regulamentação atualmente em discussão entre os Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Educação, Saúde, Fazenda e Casa Civil. Considerando a relevância dessa legislação, recomendamos que V.Sas. analisem eventuais impactos da regulamentação em suas atividades. Para mais informações sobre a Lei nº 12.868/2013, confira nosso Memorando enviado em 18.10.2013, especialmente sobre o assunto. [Clique aqui] Possibilidade de Remuneração de Dirigentes A possibilidade de remuneração de dirigentes estatutários sempre foi uma importante demanda das entidades sem fins lucrativos. As entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIP já estavam autorizadas a remunerar seus dirigentes estatutários que atuem efetivamente na gestão executiva, desde que a remuneração não ultrapasse, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal. A Lei nº 12.868/2013, acima mencionada, ampliou a possibilidade de remuneração de dirigentes, alterando as Leis nº 12.101/2009 e nº 9.532/1997, autorizando expressamente a possibilidade de remuneração de dirigentes estatutários e não estatutários em todas as entidades (qualificadas ou não como OSCIP) na forma abaixo descrita: Dirigentes Estatutários: Poderão ser remunerados desde que (i) sua remuneração obedeça ao limite de 70% do teto previsto para servidores do Poder Executivo Federal; (ii) o valor total pago pela entidade aos seus dirigentes não ultrapasse em 5 (cinco) vezes o valor da remuneração individual; e (iii) o dirigente não seja cônjuge ou parente até 3º grau, inclusive afim, de instituidores, sócios, diretores, conselheiros, benfeitores ou equivalentes da instituição. Dirigentes não estatutários: Poderão ser remunerados sem qualquer limitação, desde que tenham vínculo empregatício.
Também, foi instituída a possibilidade de que haja remuneração de dirigente estatutário ou diretor que, cumulativamente, tenha vínculo estatutário e empregatício, exceto se houver incompatibilidade de jornadas de trabalho. Certamente a possibilidade da remuneração de dirigentes estatutários é um incentivo à profissionalização das entidades sem fins lucrativos e, embora sempre existam críticas, trata-se de inegável evolução da legislação. Desafios para as entidades atuantes na área de assistência social Em 2013, foi um ano difícil para as entidades atuantes na área de assistência social com relação a seus processos de inscrição nos Conselhos Municipais de Assistência Social. Em decorrência da Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social CNAS nº 16/2010, que estabeleceu novos parâmetros para a inscrição das entidades nos Conselhos Municipais, as entidades procederam novamente sua inscrição nos referidos órgãos, que passaram a exigir o cumprimento de novos requisitos pelas instituições, gerando morosidade e obstáculos no acesso à inscrição. Nesse sentido, é importante que as entidades reflitam sobre o papel de suas atividades dentro da Política Nacional de Assistência Social e definam uma estratégia de atuação, a fim de evitar a perda de sua inscrição nos Conselhos Locais. Ademais, é importante que as entidades tenham participação cada vez mais ativa junto aos Conselhos, demonstrando a relevância de sua atuação, para que suas atividades sejam contempladas nas políticas públicas e reconhecidas pelo poder público. Vale dizer que a inscrição nos Conselhos Municipais permanece essencial para a Certificação como Entidade Beneficente de Assistência Social, das entidades atuantes na área de assistência social, bem como para manutenção de benefícios locais, tais como, a nota fiscal paulista.
Nova forma de cálculo da isenção para entidades do PROUNI A Receita Federal do Brasil (RFB) publicou em 12.09.2013 a Instrução Normativa nº 1.394, estabelecendo nova forma de cálculo da isenção a ser usufruída pelas Instituições de Ensino Superior (IES), participantes do Programa Universidade para Todos (PROUNI). A IN nº 1.394/2013 revoga a IN RFB nº 456/2004 e produz efeitos desde 1º janeiro de 2014. Desse modo, é importante que as instituições que aderiram ao Programa do Governo Federal fiquem atentas às novas regras já para este exercício. Pela nova forma de cálculo estabelecida, o benefício fiscal da isenção fica atrelado à proporção da ocupação efetiva das bolsas concedidas. Referida previsão já constava na Lei nº 11.096/2005, mas não era regulamentada de maneira expressa na IN RFB nº 456/2004. Nos termos da IN nº 1.394/2013 a proporção da ocupação efetiva das bolsas deverá ser calculada a partir da relação entre o (i) valor total das bolsas efetivamente preenchidas e (ii) o valor total das bolsas devidas, de acordo com o seguinte procedimento: (a) valor total das bolsas integrais ou parciais preenchidas - apura-se o somatório dos valores das bolsas integrais, parciais de 50% ou parciais de 25%, no âmbito do PROUNI, excluídas as bolsas da própria instituição, observados os descontos concedidos; (b) valor total das bolsas integrais ou parciais devidas - apura-se o somatório dos valores, expressos em reais, da totalidade de bolsas de estudos integras, parciais de 50% ou parciais de 25% devidas no âmbito do PROUNI, excluídas as bolsas da própria instituição, observados os descontos concedidos; (c) proporção da ocupação efetiva das bolsas = (a) / (b) Sugerimos que as entidades avaliem o impacto dessa alteração no montante da isenção a ser usufruída para que não sejam eventualmente surpreendidas no momento do fechamento de seus documentos contábeis e fiscais. É sabido que a Justiça Federal do Distrito Federal concedeu liminar em favor do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo SEMESP, com base no artigo 178 do Código Tributário Nacional, suspendendo os efeitos da IN nº 1.394/2013 até que seja ultimado
o prazo de vigência dos termos de adesão firmados pelas instituições associadas ao referido sindicato anteriormente à vigência da IN nº 1.394/2013. Essa liminar vale apenas para instituições associadas ao SEMESP, mas representa importante precedente para questionar os efeitos da IN nº 1.394/2013. Captação de recurso No ano de 2013 foram regulamentados o PRONON e PRONAS, relevantes formas de captação de recursos por entidades sem fins lucrativos na área de saúde. Tratam-se dos mais recentes incentivos fiscais no âmbito federal, instituídos pela Lei nº 12.715/2012 (originada com a MP nº 563/2012) e regulamentados pelo Decreto nº 7.988/2013, constituindo os primeiros programas que contemplam incentivos fiscais para a área da saúde: o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON) e o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS/PCD). Os programas têm como objetivo a captação e destinação de recursos para a prevenção e combate ao câncer e para a prevenção e reabilitação da pessoa com deficiência, respectivamente, e sua principal forma de financiamento é a concessão de incentivos fiscais a doações e patrocínios para projetos desenvolvidos por entidades sem fins lucrativos cuja finalidade social seja a atuação nessas áreas. As pessoas jurídicas (tributadas pelo Lucro Real) incentivadoras dos Programas poderão deduzir os valores destinados a cada um dos Programas em até 1% (um por cento) do Imposto de Renda (IR) devido, sendo que as deduções decorrentes do PRONON e do PRONAS/PCD não concorrem entre si, nem tampouco com os valores destinados a projetos de qualquer outra natureza. Em 2013, foram editadas diversas Portarias pelo Ministério da Saúde operacionalizando, de fato, os referidos incentivos fiscais. São elas: Portaria GM/MS nº 875, de 16 de maio de 2013, que estabelece as regras e os critérios para apresentação e aprovação de projetos no âmbito do PRONAS e do PRONON (com as alterações da Portaria GM/MS nº 2.511, de 23 de outubro de 2013 ); Portaria Interministerial nº 1.943, de 5 de setembro de 2013, que fixa o valor máximo das deduções do imposto de renda correspondente às doações e aos patrocínios e Portaria GM/MS nº 1.944, de 5 de setembro de 2013 que define critérios e prazos para apresentação dos projetos no âmbito do PRONON e PRONAS (com as alterações da Portaria GM/MS nº 2.157, de 26 de setembro de 2013).
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