Igor Balteiro Pereira de Campos 1 Célia Maria Paiva 1 Luciana Mara Temponi Oliveira 2 Gutemberg Borges França 1

Documentos relacionados
Implantação de Sistema de Monitoramento de Risco de Incêndio nas. Linhas de Transmissão no Trecho Imperatriz-Presidente Dutra (Maranhão)

Análise dos Efeitos do Déficit Hídrico na Resposta Temporal do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) no Estado do Amazonas

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

ANÁLISE DAS INTERFERÊNCIAS NO NDVI DO AVHRR E CONJUNTO DE DADOS ALTERNATIVO ANALYSIS OF INTERFERENCES IN NDVI/AVHRR AND ALTERNATIVE DATASET

Balanço Hídrico Climatológico e Classificação Climática da Região de Sinop, Mato Grosso

DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS METEOSAT-8

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA O MUNICÍPIO DE ITUPORANGA SC

Anais -11I Simpásio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Aracaju/SE, 25 a 27 de outubro de 2006

CONDIÇÕES HÍDRICAS POTENCIAIS À PRODUÇÃO DE SOJA NO POLO DE GRÃOS DO OESTE DO PARÁ

UTILIZAÇÃO DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO PARA ÁREAS PRÓXIMAS AO RESERVATÓRIO EPITÁCIO PESSOA DURANTE PERÍODO DE CRISE HÍDRICA ( )

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM NOVA FRIBURGO - RJ

INTERLIGAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO DERIVADO DO SATÉLITE NOAA E PRECIPITAÇÕES NO ESTADO DA PARAÍBA

AS ESTIAGENS NO OESTE DE SANTA CATARINA ENTRE

Covariabilidade interanual entre a vegetação e o clima na bacia hidrográfica do rio Cuiabá - MT.

ANÁLISE COMPARATIVA DECADAL DO BALANÇO HÍDRICO PARA O MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA A CIDADE DE SÃO PAULO DO POTENGI - RN.

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA SEGUNDO O MÉTODO DE THORNTHWAITE & MATHER PARA SOUSA-PB

Análise das precipitações em alguns municípios de Mato Grosso do Sul

Thornthwaite e Mather (1955). Esse método utiliza dados de temperatura média do

1. CLIMATOLOGIA E PREVISÃO DA PRECIPITAÇÃO PARA JUL/AGO/SET/2014

RELAÇÃO NDVI E PRECIPITAÇÃO NA BACIA DO RIO COXIM - MS

ABSTRACT INTRODUÇÃO METODOLOGIA

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA O MUNICÍPIO DE PAULISTANA, PI. Grande-PB,

MONITORAMENTO DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE PE UTILIZANDO A TÉCNICA DOS QUANTIS. 3

DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICIPIO DE SÃO MATEUS/ES

:: Julho/ Dezembro-Ano IV, nº 2, ISSN Análise da Dinâmica Climatológica no Município de São Gonçalo/RJ: Triênio

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM ANGRA DOS REIS - RJ

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM REGIÕES DE GRANDE VARIABILIDADE INTERANUAL E INTERDECADAL DE PRECIPITAÇÃO

UM SÉCULO DE DESMATAMENTO: EFEITOS NO REGIME TÉRMICO, PLUVIAL E NO BALANÇO HÍDRICO EM CAMPINAS, SP.

VARIABILIDADE ESPAÇO TEMPORAL DO EVI E DO FLUXO DE CALOR NO SOLO NO SERTÃO DE PERNAMBUCO COM BASE EM IMAGENS DO MODIS/TERRA

COMPARAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO NAS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS PARA O MUNICÍPIO DE PICUÍ PB


ANÁLISE DA TEMPERATURA DO AR EM AREIA - PB, EM ANOS DE OCORRÊNCIA DE EL NIÑO

Balanço Hídrico Seriado de Petrolina, Pernambuco

BALANÇO HÍDRICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA CIDADE DE POMBAL PB, BRASIL

Normal Climatológica da Precipitação Acumulada Mensal do Distrito Federal para o Período

ÍNDICE DE VEGETAÇÃO PARA O MONITORAMENTO AGROMETEOROLÓGICO NO SUL DE MINAS GERAIS

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE VISUALIZAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO BRASIL: VisBHClima

ESTUDO DO BALANÇO HÍDRICO NO ANO 2005 NO CONTEXTO DA SÉRIE CLIMATOLÓGICA DE , EM BELÉM-PARÁ

RECURSOS HÍDRICOS NO SUL DE MINAS: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS

EFEITOS DE FRENTES FRIAS NO COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA (ES)

ESTIMATIVAS DAS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS ABSOLUTAS DO AR NO ESTADO DE SANTA CATARINA

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO EM DOIS PERÍODOS DISTINTOS ( ) E ( ) PARA CAMPOS SALES NO CEARÁ

Docente: Profa. Dra. Angela Laufer Rech Turma: 4 período 2 Semestre 2017

VARIABILIDADE HORÁRIA DA PRECIPITAÇÃO EM PALMAS-TO

Palavras-Chave evapotranspiração potencial, evaporação potencial, Thornthwaite, reanálise.

O FENÔMENO ENOS E A TEMPERATURA NO BRASIL

CARLOS MÁRCIO DE AQUINO ELOI¹

INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA HÍDRICA ANUAL NO ZONEAMENTO CLIMÁTICO DE QUATRO CULTURAS NA BACIA DO RIO ITAPEMIRIM, ES. RESUMO

ÍNDICES DE EROSIVIDADE EI 30 E KE>25 PARA O ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2 a APROXIMAÇÃO

Estudo dos Eventos de Seca Meteorológica na Região Sul do Brasil

Variabilidade da Precipitação Pluviométrica no Estado do Amapá

TENDÊNCIAS CLIMÁTICAS NO CENTRO DE DESENVOLVIMENTO PETROLINA-PE/JUAZEIRO-BA. ANTÔNIO H. de C. TEIXEIRA 1

Relação da Zona de Convergência Intertropical do Atlântico Sul com El Niño e Dipolo do Atlântico

EFEITOS DE UM BLOQUEIO ATMOSFÉRICO NO CAMPO DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA NO RIO GRANDE DO SUL

Carlos Márcio de Aquino Eloi 1

VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO EM JABOTICABAL SP

A PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS PARA O MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE

IMPLEMENTAÇÃO DE UM MÉTODO PARA ESTIMATIVA DE TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE TERRESTRE MEDIANTE DADOS AVHRR/NOAA E GOES-8

USO DO MODELO WRF PARA A SIMULAÇÃO DA DIREÇÃO E VELOCIDADE DO VENTO INCIDENTE NA REGIÃO DA GRANDE VITÓRIA (ES)

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE PARA O MUNICÍPIO DE GROAÍRAS-CE

Climatologia das chuvas no Estado do Rio Grande do Sul

Análise Agrometeorológica Safra de Soja 2007/2008, Passo Fundo, RS

EVAPORAÇÃO MENSAL E ANUAL PELO MÉTODO DE THORNTHWAITE PARA MATINHAS - PARAÍBA, BRASIL

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA NO MUNICÍPIO DE PÃO DE AÇÚCAR DURANTE 1977 A 2012

INFLUÊNCIA DA VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO NA RESPOSTA DA VEGETAÇÃO EM SÃO JOÃO DEL-REI

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ANÁLISE DE TENDÊNCIAS EM SÉRIES DE DADOS DE LONDRINA E PONTA GROSSA, PR. Mirian S. KOGUISHI, Paulo H. CARAMORI, Maria E. C.

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO DO SUB-MÉDIO SÃO FRANCISCO EM EVENTOS CLIMÁTICOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE CORUMBÁ-MS

RECONHECIMENTO DE NUVENS PRECIPITÁVEIS POR MEIO DE SENSORIAMENTO REMOTO. Juliana Maria Duarte Mol 1 Néstor Aldo Campana 2 RESUMO

IV CEOS WGEdu Workshop. Geotechnologies for Natural Disaster Monitoring in Latin America. Sensoriamento Remoto para monitoramento de Secas

ANÁLISE DO ÍNDICE DE VEGETACAO SAZONAL PADRONIZADO A PARTIR DE IMAGENS DO SPOT VEGETATION E ESTIMATIVAS DE PRECIPITAÇÃO PADRONIZADA DO TRMM

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

PREENCHIMENTO DE FALHAS DE DADOS MENSAIS DE PRECIPITAÇÃO: COMPARAÇÃO BÁSICA PONTUAL PARA PELOTAS-RS

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 44

Balanço hídrico climatológico com simulações de cenários climáticos e classificação climática de Thornthwaite para o Município de Iguatú, CE, Brasil

Climatologia da Precipitação no Município de Igarapé-Açu, PA. Período:

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NORMAL PONDERADO PARA O MUNICÍPIO DE FERNANDÓPOLIS - SP

ALGUNS ASPECTOS CLIMATICOS DO MUNICÍPIO DE JABOTICABAL SP

7 Agrometeorologia. Janice Freitas Leivas Antônio Heriberto de Castro Teixeira Ricardo Guimarães Andrade

Estudos de tendências de índices de precipitação sobre o estado da Bahia

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 41

EFEITOS DO AUMENTO DA TEMPERATURA NO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE RIBEIRA DO POMBAL-BA

ANÁLISE DE ANOS COM ESTIAGEM NA REGIÃO DE BAGÉ/RS

Eixo Temático: Inovação e Sustentabilidade em Diferentes Setores ANÁLISE DOS EXTREMOS DE TEMPERATURA PARA PORTO ALEGRE-RS

A INFLUÊNCIA DE ALGUMAS VARIÁVEIS ATMOSFÉRICAS A EXTREMOS DE PRODUTIVIDADE DE TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL.

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR,2002 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DA REGIÃO DE CASCAVEL/PR

Anais do XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto -SBSR

VARIABILIDADE DO NDVI NA BACIA DO RIO TRUSSU CEARÁ

SAZONALIDADE DE ÍNDICE DE VEGETAÇÃO SOBRE O NORDESTE DO BRASIL

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA ES

ESTIMAÇÃO DE TEMPERATURAS DE SUPERFÍCIE A PARTIR DO SATÉLITE METEOSAT-9 4

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO SOB CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PARAÍBA E RIO GRANDE DO NORTE

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 42

BALANÇO HÍDRICO NA CIDADE DE APODI-RN EM CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

POTENCIAL DO ÍNDICE NDVI PARA O MONITORAMENTO AGROMETEOROLÓGICO EM ÁREA CAFEEIRA DO CERRADO MINEIRO

Transcrição:

Análise dos efeitos do déficit hídrico na resposta temporal do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) em dierentes condições climáticas do Estado do Rio de Janeiro Igor Balteiro Pereira de Campos 1 Célia Maria Paiva 1 Luciana Mara Temponi Oliveira 2 Gutemberg Borges França 1 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Depto de Meteorologia Rio de Janeiro RJ, Brasil {igor, celia, gutemberg}@lma.ufrj.br 2 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Rio de Janeiro RJ, Brasil lutemponi@gmail.com Abstract. Recent works report that the NDVI responds with a temporal delay to the rainfall and water deficit. Depending on the rainfall regime, type of vegetation and type of soil, this time response may vary from region to region. In this direction, this study has as objective to identify the different standards of temporal relations between the NDVI and the water deficit in different climatic conditions of the Brazilian territory. For analysis, nine meteorological stations of the National Institute of Meteorology (INMET) located in the State of the Rio de Janeiro had been chosen. Data obtained from EFAI-NDVI temporal series and the INMET Climatologic Normals had been used to plot the graphs of NDVI seasonal behavior and to elaborate the climatologic water balance, according to the methodology of Thornthwaite and Mather. The results show the existence of a temporal delay from the occurrence of water excess or deficit to a change in NDVI-EFAI for the studied region. Palavras Chave: remote sensing, vegetation index, drought, sensoriamento remoto, índice de vegetação, seca. 4671

1. Introdução Índices de vegetação obtidos por sensoriamento remoto orbital podem auxiliar na identificação de ocorrência de secas em escala regional. O Índice de vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) tem sido usado no monitoramento desse fenômeno e de seus impactos na vegetação (Gutman 1990, Kogan 1990, Hutchinson 1991) com resultados promissores. Liu e Kogan (1996) reportam que o NDVI responde com uma defasagem temporal de um mês à ocorrência de precipitação e de déficit hídrico na região nordeste do Estado de São Paulo. Adicionalmente, mencionam que dependendo do regime de precipitação, tipo de vegetação e tipo de solo, essa resposta temporal pode variar de região para região. Consequentemente, um mesmo valor de NDVI pode estar associado à situação de seca em uma determinada região e em outra não. Assim, é importante identificar o padrão de resposta do NDVI ao déficit hídrico em cada região. Mediante tais constatações, este estudo tem como objetivo identificar os diferentes padrões de resposta temporal do NDVI em relação ao déficit hídrico em diferentes condições climáticas do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que, como já mencionado, esses valores mudam em função das condições ambientais. 2. Metodologia de Trabalho Como região de estudo foram escolhidas nove estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizadas no Estado do Rio de Janeiro. As estações do INMET foram agrupadas segundo suas localizações, a saber: Itaperuna, Cordeiro e Nova Friburgo (interior ao norte do Estado/Grupo 1); Campos e Cabo Frio (litoral ao norte do Estado/Grupo 2); Pirai e Ecologia Agrícola (interior ao sul do Estado/Grupo 3); Ilha Guaíba e Angra dos Reis (litoral ao sul do Estado/Grupo 4). Na elaboração do estudo foram utilizados os seguintes conjuntos de dados: 1) Série temporal do EFAI-NDVI, desenvolvido por Stöckli (2004), com resolução temporal de 10 dias e espacial de 0.1 x 0.1, do período de 1982 a 1995. O EFAI- NDVI foi gerado a partir do Pathfinder NDVI do AVHRR a bordo dos satélites NOAA 7, 9, 11 e 14, calculado com as reflectâncias nos canais visível e infravermelho próximo, em basicamente duas etapas: i) interpolação espacial ponderada pelo inverso da distância para o preenchimento dos pixels com falhas; e ii) interpolação temporal por meio de ajuste de Fourier com e sem peso, o que permitiu a obtenção de uma série temporal do índice com variação sazonal mais livre dos ruídos a que os dados do AVHRR estão sujeitos (Gutman 1991; Tanré et al. 1992, Kogan 1995). A metodologia de geração do EFAI-NDVI é apresentada em Stöckli e Vidale (2004) e Stöckli (2004); 2) Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) referente ao período de 1982 a 1995 relativas às estações meteorológicas mencionadas (Brasil, 1992). Os métodos consistem das seguintes etapas: 1) Cálculo do balanço hídrico climatológico médio mensal, com os dados do INMET, utilizando o procedimento desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1955) para as estações meteorológicas consideradas; e 2) Identificação de padrões de resposta dos valores do NDVI-EFAI relativos à ocorrência de excedente e déficit hídrico para as estações. 3. Resultados e Discussão A Tabela 1 mostra os valores de deficiência hídrica máxima, NDVI mínimo, excedente hídrico maximo, NDVI maximo e os respectivos meses em que os mesmos ocorrem, bem como a defasagem em meses entre a ocorrência da deficiência hídrica máxima e do NDVI mínimo e a ocorrência do excedente hídrico maximo e do NDVI Maximo para as nove estações do INMET consideradas neste estudo. As estações do 4672

INMET foram agrupadas segundo suas localizações no Estado do Rio de Janeiro, a saber: Itaperuna, Cordeiro e Nova Friburgo (interior ao norte do Estado/Grupo 1); Campos e Cabo Frio (litoral ao norte do Estado/Grupo 2); Piraí e Ecologia Agrícola (interior ao sul do Estado/Grupo 3); Ilha Guaíba e Angra dos Reis (litoral ao sul do Estado/Grupo 4). Por essa tabela observa-se que os valores das deficiências hídricas máximas variaram entre: -13,87 e 19.42 mm no Grupo 1; -48,09 e 49,74 mm no Grupo 2; - 7,18 e 7,23 mm no Grupo 3; e no Grupo 4 teve valor igual a 8,29 mm na estação Ilha Guaíba. Na estação Angra dos Reis não ocorreu deficiência hídrica ao longo do ano. No Grupo 1 as deficiências hídricas máximas ocorreram nos meses de maio e agosto; no Grupo 2 no mês de fevereiro; no Grupo 3 no mês de julho; e no Grupo 4 no mês de agosto. Os valores de NDVI mínimos variaram entre: 0,3845 e 0,5592 no Grupo 1; 0,3860 e 0,5245 no Grupo 2; 0,4047 e 0,4820 no Grupo 3; e no Grupo 4 o NDVI assumiu valor igual a 0,5127 na estação Ilha Guaíba. No Grupo 1 os valores de NDVI mínimos ocorreram nos meses de setembro e novembro; no Grupo 2 nos meses de setembro e outubro; no Grupo 3 no mês de setembro; e em outubro na estação Ilha Guaíba (Grupo 4). Entre a ocorrencia da deficiência hídrica máxima e do NDVI mínimo existe uma defasagem de: 1, 3 e 4 meses no Grupo 1 (Itaperuna, Nova Friburgo e Cordeiro, respectivamente); 7 e 8 meses no Grupo 2 (Campos e Cabo Frio, respectivamente); e 2 meses nos Grupos 3 e 4. Ainda pela Tabela 1, observa-se que os valores de excedentes hídricos máximos variaram entre: 24,91 e 56,13 mm no Grupo 1; assumiu valor igual a 7,71 mm no Grupo 2 na estação Campos; 77,57 e 77,68 mm no Grupo 3; e 55,65 e 105,60 no Grupo 4. No Grupo 1 os excedentes hídricos máximos ocorreram nos meses de janeiro e março; no Grupo 2 no mês de janeiro na estação Campos; no Grupo 3 no mês de janeiro; e no Grupo 4 no mês de março. Os valores de NDVI máximos variaram entre: 0,6102 e 0,6681 no Grupo 1; assumiu valor igual a 0,5495 no Grupo 2 na estação Campos; 0,5394 e 0,6425 no Grupo 3; e 0,6354 e 0,6654 no Grupo 4. Nos Grupos 1, 2 e 3 os valores de NDVI máximos ocorreram no mês de abril; e no Grupo 4 no mês de maio. Entre a ocorrência da deficiência hídrica máxima e do NDVI mínimo existe uma defasagem de: 3, 3, e 1 mês no Grupo 1 (Itaperuna, Nova Friburgo e Cordeiro, respectivamente); 3 meses no Grupo 2 na estação Campos; 3 meses no Grupo 3; e 2 meses no Grupo 4. Nas Figuras 1, 2, 3 e 4 são apresentados os gráficos do balanço hídrico versus NDVI para uma estação de cada grupo. Por essas figuras pode-se observar que o comportamento do NDVI indica que os efeitos do excedente e do déficit hídrico no estado da vegetação ocorrem com uma certa defasagem temporal. 4673

Figura 1 Balanço hídrico versus NDVI em Itaperuna (Grupo 1). Figura 2 Balanço hídrico versus NDVI em Campos (Grupo 2). Figura 3 Balanço hídrico versus NDVI em Piraí (Grupo 3). Figura 4 Balanço hídrico versus NDVI em Angra dos Reis (Grupo 4). 4674

Tabela 1 - Deficiência hídrica máxima, NDVI mínimo, excedente hídrico máximo, NDVI máximo, meses em que os mesmos ocorrem, defasagem em meses entre a ocorrência da deficiência hídrica máxima e do NDVI mínimo do excedente hídrico máximo e do NDVI máximo para as nove estações do INMET consideradas neste estudo. 4. Conclusões Os resultados indicam: 1) a existência de um comportamento muito similar, entre as estações de um mesmo grupo, no que se refere as magnitudes das deficiências hídricas máximas nos Grupos 1, 2 e 3; 2) a existência de um comportamento idêntico, entre as estações de um mesmo grupo, no que se refere aos meses de ocorrência das deficiências hídricas máximas nos Grupo 2 e 3 e em duas das três estações do Grupo 1 (Itaperuna e Nova Friburgo); 3) os valores de NDVI mínimos não apresentaram valores muito similares entre as estações de um mesmo grupo; 4) a existência de um comportamento muito similar no que se refere aos meses de ocorrência dos valores de NDVI mínimos em todos os quatro grupos (entre setembro e novembro); 5) a existência de um comportamento muito similar, entre as estações de um mesmo grupo, no que se refere a defasagem em meses entre a ocorrência das deficiências hídricas minimas e dos NDVI mínimos nos grupos 1 e 2; 6) a existência de um comportamento idêntico entre as estações dos Grupos 3 e 4 no que se refere a defasagem em meses entre a ocorrência das deficiências hídricas minimas e dos NDVI mínimos (2 meses); 7) a existência de um comportamento similar entre as estações do Grupo 1 no que se refere as magnitudes dos excedentes hídricos máximos; 8) a existência de um comportamento praticamente idênticos entre as estações do Grupo 3 no que se refere as magnitudes dos excedentes hídricos máximos; 9) a existência de um comportamento idêntico, entre as estações de um mesmo grupo, no que se refere aos meses de ocorrência dos excedentes hídricos máximos nos grupos 2, 3, 4 e em duas das três estações do Grupo 1 (Itaperuna e Cordeiro); 10) a existência de valores similares no que se refere aos valores de NDVI máximos em todos os quatro grupos; 11) a existência de um comportamento idêntico entre as estações dos Grupos 1, 2 e 3 no que se refere aos meses de ocorrência dos valores de NDVI máximos (mês de abril); 4675

12) a existência de um comportamento idêntico entre as estações dos Grupos 4 no que se refere aos meses de ocorrência dos valores de NDVI máximos (mês de maio); 13) a existência de um comportamento idêntico, entre as estações de um mesmo grupo, no que se refere a defasagem em meses entre a ocorrência dos excedentes hídricos máximos e dos valores de NDVI máximos nos Grupos 3, 4 e em duas das três estações do Grupo 1 (mês de março); 14) a existência de um comportamento idêntico entre as estações do Grupo 4 no que se refere a defasagem em meses entre a ocorrência dos excedentes hídricos máximos e dos valores de NDVI (mês de fevereiro); 15) os resultados indicam a existência de um padrão de defasagem entre a ocorrência das deficiências hídricas mínimas e os valores de NDVI mínimos de 1 a 4 meses no Grupo 1; de 7 a 8 meses no Grupo 2; e de 2 meses nos Grupos 3 e 4; 16) os resultados indicam a existência de um padrão de defasagem entre a ocorrência dos excedentes hídricos máximos e os valores de NDVI máximos de 1 a 3 meses no Grupo 1; de 3 meses nos Grupos 2 e 3; e de 2 meses no Grupo 4; 17) Os resultados apresentados neste trabalho estão de acordo com os reportados por Paiva et al. (2007) que fizeram o mesmo estudo para três estações do INMET localizadas no Estado do Maranhão. Esses autores observaram que o estado mais exuberante da vegetação, caracterizado por maiores valores de NDVI, ocorre de um a dois meses após o excedente hídrico máximo. O mesmo comportamento foi observado em relação ao estado mais seco da vegetação, caracterizado por menores valores de NDVI, que ocorre de um a dois meses após a época de maior deficiência hídrica; 18) Esses estudos demonstram que a resposta da vegetação ao excedente e ao déficit hídrico não é imediata, ocorrendo naturalmente com uma certa defasagem para as regiões estudadas. Nesse sentido, torna-se importante investigar esses padrões de defasagem temporal para as diferentes regiões climáticas brasileiras e os valores de NDVI que os caracterizam, uma vez que segundo Liu e Kogan (1996) esse comportamento pode mudar de região para região. Referências Bibliográficas Brasil. Normais Climatológicas: 1961-1990. Departamento Nacional de Meteorologia, Secretaria Nacional de Irrigação, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, Brasília, 1992. 84p. Gutman, G. G. Vegetation indices from AVHRR: an update and future prospects. Remote Sensing of Environment, 35, 121 136, 1991. Gutman, G.G. Twoards monitoring droughts from space. International Journal of Climatology, 3, 282-295, 1992. Hutchinson, C. F. Use of sattelite data for famine early warning in Sub-Saharan Africa. International Journal of Remote Sensing, 12, 1405-1421. Kogan, F. N. Remote sensing of weather impacts on vegetation in non-homogeneous areas. International Journal of Remote Sensing, 11, 1405-1420, 1991, 1990. Kogan, F.N. Applications of vegetation index and brightness temperature for drought detection. Advance Space Research, 15, 91-100, 1995. 4676

Liu, W. T. Monitoring regional drought using Vegatation Condition Index. International Journal of Remote Sensing, 17, 2761-2782, 1996. Paiva, C.P.; Oliveira, L.M. T.; França, G.B.; Nicacio, R.M. Análise dos efeitos do défict hídrico na resposta temporal do índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) em diferentes condições climáticas do trritório brasileiro. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 07., 2007, Bonito. Anais... Bonito: Centro de Convenções de Bonito, 2007. Artigos, p.. CD-ROM. Stöckli, R. Modeling and observation of seasonal land surface heat and water exchanges at local and catchments scales over Europe. 2004. 155p. Thesis (Doctor in Natural Sciences) - Swiss Federal Institute of Technology, ETH. 2004. Stöckli, R.; Vidale, P. L. European plant phenology and climate as seen in a 20-year AVHRR landsurface parameter dataset. International Journal of Remote Sensing, 25, 3303-3330, 2004. Tanre, D.; Holben, B.N.; Kaufman, Y. J. Atmospheric correction algorithm for NOAA-AVHRR products: Theory and applications. IEEE Trans Geosciences and Remote Sensing, 30, 231-248, 1992. Thornthwaite, C.W.; Mather, J.R. The water balance. Centerton, NJ: Drexel Institute of Technology - Laboratory of Climatology, 1955, 104p. (Publications in Climatology, vol. VIII, n.1) 4677