Balanço Geral Miquéias 6.6-8 Pr. Fernando Fernandes PIB em Penápolis 28/12/2008
Nesta época do ano é muito comum as pessoas fazerem uma retrospectiva de suas próprias vidas. A Televisão, as revistas, os jornais e outros meios de comunicação já fizeram a retrospectiva do País. Acredito que muitos de nós já temos pensado sobre o tema. 2
Como cristãos evangélicos e como igreja local também devemos fazer uma retrospectiva de nossa conduta cristã e de nossa atuação como comunidade eclesial. O Texto Sagrado nos sugere pelo menos duas questões para esta retrospectiva. 3
A primeira é: Será que temos alcançado o ideal de Deus em nosso testemunho pessoal ou será que a nossa conduta cristã não passa de uma grotesca representação? 4
A segunda é: Será que temos verdadeiramente cultuado a Deus ou será que temos apenas ocupado o tempo de Deus, com reuniões esvaziadas de espiritualidade sincera e de adoração verdadeira? 5
Tais perguntas são importantes para uma retrospectiva séria e promotora de arrependimento. Se avaliarmos tais questões, a partir de Miquéias 6.6-8, para a nossa retrospectiva, veremos que Deus espera bem mais de nós do que temos realizado. 6
Constituído de dois quadros pintados com palavras, neste capítulo 6, o profeta Miquéias denuncia o pecado do povo diante de Deus. A cena é como a de um julgamento, no qual o povo e o rei Ezequias são confrontados pelo profeta diante de Deus. 7
Num balanço geral, resultado de uma retrospectiva séria e imparcial, haveria justificativas para tamanha frieza espiritual e para tanta pecaminosidade? No primeiro quadro, atuando como um Promotor de Justiça, vs. 1 a 8, o Profeta confronta o povo, que é levado à julgamento, a um balanço geral, feito pelo próprio Deus. 8
Nossa reflexão é baseada neste primeiro quadro, em especial nos vs. 6 a 8, onde vemos o que Deus realmente espera de nós, para que sejamos aprovados no balanço geral, apresentando uma retrospectiva positiva de nossas vidas e de nossa igreja. 9
Nos vs. 6 e 7, Ezequias é desafiado a fazer a defesa do povo, mas ele não tem nada a dizer. A falta de argumentos se dá porque as acusações de frieza espiritual e de pecaminosidade estão baseadas naquilo que Deus fez em favor do povo. 10
Não tendo defesas, Ezequias reconhece os pecados e a culpa do povo, reconhecendo que não estavam em condições de comparecer diante de Deus, vs. 6. Sacrifícios e ofertas em abundância, bem como auto-mutilação física, emocional ou financeira, vs. 7, eram totalmente insuficientes. 11
Nada naquele momento seria suficiente para aplacar a ira e o juízo de Deus, visto que o balanço geral já estava fechado e que a retrospectiva era altamente negativa contra o povo. Diante disso, no vs. 8, temos uma séria exortação. 12
Tomando por base o ensino de Deuteronômio 10.12-13, o profeta nos exorta, afirmando que para Deus a questão ética é mais importante do que o legalismo, o conservadorismo ou o cerimonialismo da religião. Santidade e testemunho devem superar qualquer outra coisa, se desejamos ser aprovados por Deus neste balanço geral. 13
No vs. 8, Deus declara o que espera de nós e o que deseja identificar em nossas vidas e religiosidade, quando nos submetermos, diante dele, a este balanço geral, fazendo uma retrospectiva imparcial. Vejamos. 14
1. Praticar a Justiça: Praticar a justiça significa tratar os outros com eqüidade e em conformidade com a Lei de Deus, segundo Êxodo 23.6, Levítico 19.15 e Deuteronômio 16.19. Eqüidade é apreciação pela pessoa e julgamento justo que dela fazemos. 15
Nas relações sociais, eqüidade é a capacidade de respeitar a igualdade de direito de cada um, independe da legislação, levando em conta os sentimentos, as intenções e as causas que as pessoas consideram justas para suas idéias e ações. 16
Se esperamos ser aprovados por Deus no balanço geral e se desejamos uma retrospectiva positiva de nossa conduta cristã e de nossa igreja, devemos tratar as pessoas com respeito sempre, apesar de suas idéias e ações, aferindo-as somente a partir do padrão de Deus na Bíblia, mas nunca pelo nosso próprio senso de justiça ou de retidão. 17
2. Amar a Misericórdia: Esta ação está vinculada à anterior. No entendimento do profeta, não há como praticar a justiça se o coração é estéril de misericórdia. A opção pelo termo fidelidade em algumas versões é devido a essa conjugação desafiadora. 18
índole amorável e benfazeja. 19 O termo misericórdia aponta para a bondade, para a benevolência, oferecida aos outros. Aqui não se pensa apenas em exigências legais ou sociais, mas principalmente na capacidade de se expressar um caráter santo e benevolente, que se reflita em uma
Se queremos ser aprovados por Deus no balanço geral e se aspiramos uma retrospectiva positiva no testemunho cristão, não podemos depender de direitos humanos ou de ideologias para que demonstremos bondade e amor ao próximo. Ser bom deve ser uma marca do nosso caráter cristão. 20
3. Andar em Humildade diante de Deus: As duas exigências anteriores estão ligadas ao nosso relacionamento com as pessoas. Esta, a terceira, diz respeito ao nosso relacionamento pessoal com Deus. As duas primeiras são sociais, mas esta é estritamente espiritual. 21
A expressão andar humildemente é uma referência a Enoque, em Gênesis 5.24. A idéia é a de que devemos andar com cuidado, buscando ter plena percepção daquilo que Deus faz pelo seu povo, por nós, a cada dia de nossas vidas. 22
Se não temos o devido cuidado com a nossa postura diante de Deus e se não levamos em consideração o que ele faz por nós, jamais conseguiremos desenvolver intimidade com ele, jamais seremos agradecidos e jamais conseguiremos testemunhar as maravilhas de Deus em nossas vidas. 23
Somos responsáveis, individualmente, pela nossa devoção, nossa comunhão e intimidade com Deus, e seremos avaliados, julgados, a partir deste compromisso quando o Senhor fizer o balanço geral e a retrospectiva de nossas vidas e de nossa igreja. 24
Se temos como aspiração espiritual sermos aprovados por Deus neste balanço geral e se desejamos que a retrospectiva de nosso testemunho, de nossas vidas e igreja sejam positivas, não podemos ser negligentes diante do Senhor, assim como também não podemos tratar com descaso ou com desprezo os seus feitos e milagres em nosso favor. 25
Amados, como no tempo do profeta Miquéias Deus está fazendo um balanço geral de nossas vidas e de nossa atuação como igreja local. Será que a nossa retrospectiva é negativa ou positiva? Seremos aprovados ou reprovados, como fora o povo de Deus nos passado? 26
Devemos refletir se... Temos praticado a justiça para com as outras pessoas, sem distinção ou preconceito, apesar das pessoas? Temos amado fielmente a misericórdia, que tem se tornado uma característica do nosso caráter e do nosso testemunho cristão? 27
Temos andado com cuidado e em santidade na presença de Deus, e temos levado à sério, ou seja, agradecido e testemunhado, as maravilhas e os milagres que ele tem operado em nossas vidas e em nossa igreja? 28
No balanço geral de Deus, a nossa retrospectiva pessoal, bem como a retrospectiva de nossa igreja, só serão positivas se todas as respostas, ou seja, a de cada um de nós e a da nossa comunidade eclesial, sem exceção, for um sincero e verdadeiro SIM. 29
Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós. Amém. 30