Imigração e Demografia em Portugal: que relação?

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Imigração e Demografia em Portugal: que relação? 6 de outubro de 2016 V Congresso Português de Demografia Catarina Reis Oliveira & Natália Gomes Observatório das Migrações (OM)

Coleção Imigração em Números Catarina Reis Oliveira (coord.) & Natália Gomes

www.om.acm.gov.pt O Observatório disponibiliza neste espaço um conjunto de compilações estatísticas, a maioria delas trabalhadas na Coleção Imigração em Números

Dimensões de análise Entrada, permanência e saída de estrangeiros (INE, MNE, SEF, OIM) 19 fontes estatísticas Demografia natalidade, mortalidade, nupcialidade e núcleos familiares (INE) Trabalho sectores de atividade, grupos profissionais, habilitações, remunerações, sinistralidade laboral, situação na profissão, desemprego (INE, Quadros de Pessoal, GEP, ACT, IEFP) Segurança Social contribuições, prestações sociais (Instituto de Informática, MTSS) Educação e Qualificações alunos do ensino básico, secundário e superior & reconhecimento de qualificações (Ministério da Educação e Ciência) Aprendizagem da Língua Portuguesa (Ministério da Educação e Ciência - PLNM, PPT) Cidadania Ativa acesso à nacionalidade, recenseamento eleitoral e associativismo imigrante (Conservatória dos Registos Centrais, Administração Eleitoral, GATAI) Habitação regime de ocupação, condição do alojamento (INE) Estrangeiros e o Sistema de Justiça reclusos e criminalidade julgada e condenada (Direção-Geral dos Serviços Prisionais, Direção-Geral da Política da Justiça) Discriminação de base racial e étnica (CICDR ACM) Remessas (Banco de Portugal) Dimensões analíticas consideradas associam-se a fontes de dados estatísticos e administrativos disponíveis (e.g. falta saúde)

Conceitos, fontes e dilemas estatísticos Imigrante Estrangeiro Implica um movimento de fronteira e/ou de entrada e fixação de um cidadão por um período superior a um ano em território português. Um imigrante não é necessariamente um estrangeiro Há imigrantes que podem já ter nacionalidade portuguesa. Indivíduo com nacionalidade de um país estrangeiro que pode nunca ter sido imigrante. Há estrangeiros que já nasceram em Portugal e nunca tiveram uma experiência migratória, mas herdaram a nacionalidade estrangeira dos pais. Fontes de dados estatísticos e administrativos recolhem informação desagregada com base na nacionalidade do indivíduo.

Portugal um país de imigração? Importância relativa da população estrangeira por total de residentes Países % de estrangeiros por total de residentes no país % de cidadãos da União Europeia por total de residentes Fonte: EUROSTAT (http://appsso.eurostat.ec.europa.eu/nui/show.do % de cidadãos não comunitários por total de residentes União Europeia 6,7 2,8 3,9 Luxemburgo 45,3 39,0 6,3 Áustria 12,5 6,1 6,4 Irlanda 11,8 8,1 3,7 Bélgica 11,3 7,4 3,9 Espanha 10,1 4,3 5,8 Alemanha 8,7 3,8 4,9 Itália 8,1 2,4 5,7 Reino Unido 7,9 4,1 3,8 Grécia 7,8 1,8 6,1 Suécia 7,2 3,0 4,2 França 6,3 2,2 4,1 Holanda 4,8 2,4 2,5 Portugal 3,8 1,0 2,9 Em 2014, apenas 4 em cada 100 residentes em Portugal tinha nacionalidade estrangeira. Um valor bastante aquém da média verificada para a globalidade dos países da União Europeia em que a relação era de 7 em cada 100 residentes; Em janeiro de 2014, Portugal ocupava o vigésimo lugar entre os 28 países do espaço europeu em função da importância relativa de estrangeiros no total da população, tendo descido a sua posição face à diminuição da população estrangeira residente nos últimos anos.

Qual o papel da imigração num país envelhecido? Nos últimos anos, Portugal tem agravado a sua situação de envelhecimento demográfico de forma constante. Em 2004 por cada 100 jovens residiam em Portugal 108 idosos, valor que aumentou para 141 em 2014. Segundo projeções do INE, estima-se que em 2060 este número venha a atingir valores ainda mais elevados, passando a residir em Portugal 307 idosos por cada 100 jovens. Portugal é o quinto país da UE28 com maior índice de envelhecimento (só ultrapassados pela Alemanha, Itália, Bulgária e Grécia). O caso português é dos mais surpreendentes no contexto europeu pela rapidez com que o processo de envelhecimento demográfico se concretizou: ainda em 1980 o índice de envelhecimento em Portugal era de apenas 44 idosos por 100 jovens, passando rapidamente para um dos países mais envelhecidos e com um aumento substancial de idosos mais velhos com mais de 80 anos. O envelhecimento demográfico é uma tendência transversal ao conjunto dos países da União Europeia e acarreta importantes consequências ao nível do crescimento populacional dos diversos Estados-membros. As implicações desta asfixia demográfica têm sido amplamente discutidas nas diversas instâncias europeias defendendo-se que a partir de 2015 a capacidade da União Europeia crescer demograficamente decorre em grande medida da existência de saldos migratórios positivos (EUROSTAT, 2013: 137). Num cenário desta natureza, Portugal mostra-se particularmente vulnerável, sobretudo se atendermos que em 2014 apresentava uma taxa de crescimento migratório (-2,9%) abaixo da média da União Europeia (+1,9%) e um índice sintético de fecundidade igualmente inferior (1,23) à média da União (1,58).

Qual o papel da imigração num país envelhecido? Devem considerar-se 3 causas fundamentais para o envelhecimento demográfico verificado em Portugal Retração do número de filhos ou dos nascimentos, com efeitos evidentes na perda da importância relativa dos primeiros grupos etários Diminuição da mortalidade ou o controlo da mortalidade precoce que induz a um aumento da esperança média de vida, conduzindo a um aumento do número de indivíduos com idades mais avançadas. Fluxos migratórios: a saída da população especialmente em determinados grupos etários (e.g. em idade fértil e idade ativa), não compensada pela entrada de imigrantes conduz a um aumento da importância relativa da população envelhecida no país, induzindo também a uma diminuição dos nascimentos.

Alterações na composição etária portuguesa e a sua comparação com a população estrangeira Pirâmide etária da população portuguesa e estrangeira, em 2014 Anos 85 e mais anos 80-84 anos 75-79 anos 70-74 anos 65-69 anos 60-64 anos 55-59 anos 50-54 anos 45-49 anos 40-44 anos 35-39 anos 30-34 anos 25-29 anos 20-24 anos 15-19 anos 10-14 anos 5-9 anos 0-4 anos Homens Mulheres Estrangeiros Portugueses 15 10 5 0 5 10 15 % A entrada de imigrantes permite ao país reforçar os grupos etários mais jovens e em idade ativa, atenuando o envelhecimento demográfico. A população estrangeira mostra uma grande concentração nas idades ativas, entre os 20-49 anos (62,5%), o que não se verifica na população de nacionalidade portuguesa que regista percentagens mais baixas no mesmo intervalo de idades (38,9%). Nota-se também que apenas 6,5% dos estrangeiros tem 65 ou mais anos, enquanto os cidadãos de nacionalidade portuguesa atingem os 20,8% no mesmo intervalo de idades. Fonte: Estatísticas Anuais da População Residente 2014, INE

Taxas de natalidade e fecundidade Taxas de natalidade e de fecundidade das populações de nacionalidade portuguesa e estrangeira, em 2013 e 2014 (em permilagem) Taxa Bruta de Natalidade Masculina %0 Taxa Bruta de Natalidade Feminina %0 Taxa de Fecundidade Geral Feminina %0 2013 2014 Portuguesa Estrangeira Portuguesa Estrangeira 15,8 31,8 15,8 30,9 14,3 36,0 14,3 35,4 33,1 51,0 33,4 51,0 Fonte: INE Estatísticas Demográficas e Estimativas Anuais da População Residente (cálculos das autoras). Entre os Censos 2001 e 2011 a população residente em Portugal cresceu 2% e esse crescimento deve-se essencialmente à imigração (que explica 91% do crescimento verificado). Estudos prospetivos têm igualmente alertado para o facto do crescimento da população portuguesa (e europeia) estar fortemente dependente da entrada de novos imigrantes. Sem esse fluxo de imigração estima-se que Portugal perca em 2060, em relação a 2011, cerca de 1,5 milhões de habitantes. Os estrangeiros têm sido responsáveis pelo incremento dos nascimentos em Portugal. Segundo dados das Estatísticas Demográficas do INE, em 2014 as mulheres de nacionalidade estrangeira foram responsáveis por cerca de 9% do total de nascimentos. No ano de 2014, nota-se que por cada 1000 mulheres verifica-se o dobro da prevalência de nascimentos na população estrangeira (30,9) por comparação ao verificado na população portuguesa (15,8).

Índices de envelhecimento e dependência de idosos Índice de Envelhecimento para portugueses e estrangeiros, entre 2011 e 2014 160 143 138 140 130 133 120 100 80 65 56 60 44 49 40 20 0 2011 2012 2013 2014 Portugueses Estrangeiros Em 2014 o Índice de Envelhecimento da população estrangeira residente era de 65 idosos por cada 100 jovens - valores apenas comparáveis com a realidade portuguesa de finais da década de 1980, quando o índice de envelhecimento da população residente em Portugal se situava nos cerca de 60 idosos por cada 100 jovens. Índice de dependência de idosos para portugueses e estrangeiros, 2011 a 2014 35 30 25 20 15 10 5 0 30 31 5 6 31 32 7 8 2011 2012 2013 2014 Portugueses Estrangeiros É evidente no caso dos residentes portugueses um agravamento na dependência de idosos, aumentando o número de idosos por cada 100 pessoas em idade ativa (+2 em 2014 que em 2011, de 30 para 32 idosos por 100 pessoas em idade ativa). Em 2014 os portugueses apresentam, por comparação aos estrangeiros residentes, +24 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa. Fonte: Estatísticas Anuais da População Residente, INE (cálculos das autoras)

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Saldos migratórios e saldos naturais Em Portugal apenas 4% dos seus residentes são estrangeiros (contrastando, por exemplo, com o Luxemburgo que corresponde ao país europeu com maior percentagem de estrangeiros = 44,5%, entre os quais muitos portugueses) Emergência do fenómeno imigratório na década de 1980 com saldos migratórios positivos em 1980 e a partir de meados da década 1990 A partir de 2010 Portugal combina saldos naturais negativos & saldos migratórios em queda = saldos populacionais totais negativos Contexto demográfico frágil: taxa de fertilidade baixa + saldos migratórios negativos + aumento esperança média de vida reforço envelhecimento demográfico Nº 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0-20.000-40.000-60.000-80.000 Saldo natural Saldo migratório Saldo total Fonte: INE Estatísticas de nados-vivos, óbitos e Estimativas anuais da População

Saldos migratórios e saldos naturais 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 57.920 10.680 10.800 49.200 38.800 26.800 12.700 46.300 29.718 20.357 16.899 32.307 27.575 23.760 19.667 51.958 53.786 43.998 14.606 17.554 49.572 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Emigração Imigração 19.516 Mantendo a tendência dos últimos 3 anos, em 2014 o saldo migratório português foi negativo em cerca de 30 mil indivíduos, ou seja, continuam a sair mais pessoas do país (emigração) que a entrar (imigração). Ainda assim, observam-se ligeiras melhorias face ao ano de 2012 e 2013. Verifica-se em 2014 um ligeiro aumento nas entradas de pessoas e uma diminuição nas saídas de pessoas de Portugal, gerando ainda assim um saldo migratório negativo (-30.056) uma vez que os valores da emigração se mantêm superiores aos da imigração Fonte: Fonte: Eurostat, Database, Population and social conditions, Demography and migration (pop), Immigration, Emigration O ciclo económico adverso em finais da década passada conduziu tanto a um aumento das saídas de população de Portugal movimento de emigração de portugueses e retorno de imigrantes aos seus países de origem como a uma diminuição das entradas de imigrantes no país. Ficou, porém, por perceber se Portugal regressou a partir de 2011 à tendência de saldos migratórios negativos que o país apresentou durante décadas (alterada apenas a partir de 1993), ou se se trata de uma simples adversidade conjuntural. A recuperação das entradas de imigrantes desde 2013 (+20,2% entre 2012 e 2013 e +11,2% entre 2013 e 2014), acompanhada no ano de 2014 com uma diminuição das saídas (taxa de variação entre 2013 e 2014 de -8,5%), parece induzir a que se trate apenas de uma situação conjuntural da qual o país está a recuperar, esperando-se que Portugal volte aos saldos migratórios positivos, assumindo-se como destino de imigração.

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Stock de Estrangeiros em Portugal Nº 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 % 80 70 60 50 40 30 20 10 0-10 Portugal quase duplicou o stock de população estrangeira entre 1999 e 2001, MAS a partir de 2009 os residentes estrangeiros estão a diminuir 0-20 Prorrogação de Vistos de Longa Duração Concessão e Prorrogação de Autorizações de Permanência (AP) Titulares de autorização de residência Crescimento % Fonte: Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

2001 2002 2003 2004 2005 2006 *2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Novos cidadãos em Portugal 60000 50000 40000 30000 20000 10000 Processos de concessão de nacionalidade portuguesa Novo enquadramento legal (reforço de ius solis e ius domicilii) A diminuição da população estrangeira residente em Portugal não deve ser explicada apenas pela diminuição de entradas e aumento de saídas MAS atender também ao grande aumento dos novos cidadãos portugueses com origem imigrante (desde 2007 mais de 400 mil cidadãos adquiriram a nacionalidade portuguesa) 0 Entrados Findos Fonte: SEF & Conservatória dos Registos Centrais

Imigração, Demografia e Mercado de Trabalho Taxas de atividade de estrangeiros e portugueses, em 2001 e 2011 100 % 80 60 40 20 0 89% 48% 61% 47% 2001 2011 Portugueses Estrangeiros Fonte: Censos, INE Estrangeiros nas últimas décadas apresentaram sempre taxas de atividade superiores as dos nacionais (em 2011 tinham +14 pontos percentuais e em 2001 era +41 pontos percentuais). Ano Censitário % de empregadores estrangeiros no total de empregadores do país % de população empregada estrangeira por total de população empregada no país 1981 1,37 0,85 1991 1,63 1,31 2001 4,21 4,04 2011 5,16 4,51 Estrangeiros contribuem para a criação de emprego em Portugal: crescimento na ultima década do nº de empregadores estrangeiros (em contracorrente com os nacionais). Fonte: Censos, INE

Imigração, Demografia e Segurança Social Sendo a imigração ativa e contributiva, ao longo da última década (mesmo nos anos de crise e aumento do desemprego) o saldo financeiro do sistema de segurança social português com os estrangeiros é bastante positivo Nos últimos verificou-se uma diminuição das contribuições dos estrangeiros para a segurança social, o que reflete também a diminuição da população estrangeira no país que gera menos contribuintes estrangeiros para o sistema; Verifica-se nos últimos anos também ao aumento das prestações sociais atribuídas a estrangeiros (nomeadamente associadas ao aumento do desemprego e ao crescimento de necessidades de proteção), como contrapartida de contribuições efetuadas antes; Milhões de euros 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0 403,5 403,3 420,1 423,4 442,7 372,5 433,9 383,2 368,6 380,7 280,4 273,5 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Contribuições (A) Prestações Sociais (B) Saldo (A-B) 309,2 Imigração tem permitido contrabalançar os efeitos do envelhecimento demográfico português no sistema de segurança social Fonte: MSESS- Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social.

Em síntese Portugal encontra-se numa grave situação de fragilidade demográfica: saldos naturais e saldos migratórios negativos desde 2011 Portugal é o 5º país mais envelhecido do contexto da UE28, sendo que estudos do EUROSTAT realçam que a partir de 2015 os países da UE só conseguem crescer a sua população com saldos migratórios positivos Estrangeiros contribuem para atenuar o envelhecimento demográfico que se vive em Portugal, embora de forma preocupante a imigração esteja a diminuir Entre os dois últimos Censos a população residente em Portugal cresceu 2% e esse crescimento devese essencialmente à imigração. Imigração gera um reforço dos grupos etários mais jovens e em idade ativa Os estrangeiros têm sido responsáveis pelo incremento dos nascimentos em Portugal. Os estrangeiros têm sido responsáveis pelo aumento de efetivos em idade ativa. Apresentam taxas de atividade dos estrangeiros superiores às dos nacionais + Estrangeiros contribuem para a criação de emprego em Portugal: crescimento na ultima década do nº de empregadores estrangeiros (em contracorrente com os nacionais) Saldo financeiro da segurança social com estrangeiros é positivo, permitindo a imigração contrabalançar os efeitos do envelhecimento no sistema de segurança social

Mais detalhes em www.om.acm.gov.pt om@acm.gov.pt Obrigada pela atenção catarina.oliveira@acm.gov.pt natalia.gomes@acm.gov.pt