PLANO DA CADEIRA DE DIREITOS REAIS



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UNIVERSIDADE DE MACAU FACULDADE DE DIREITO Curso de Licenciatura em Direito em Língua Portuguesa PLANO DA CADEIRA DE DIREITOS REAIS 4.º ano ANO LECTIVO 2014-2015 Carga horária semanal: 3 aulas teóricas e 1 aula prática. Docente das aulas práticas: Lic. Duarte Santos 1

NOTA JUSTIFICATIVA A cadeira de Direitos Reais inclui-se no 4.º ano da licenciatura em Direito, ministrada em língua portuguesa, da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, universidade pública da Região Administrativa Especial de Macau, e inclui-se na área das ciências jurídico-civilísticas. A docência das aulas teóricas está confiada a um professor convidado, advogado em Macau, que iniciou o ensino da cadeira no ano lectivo de 1996-1997 sob a coordenação científica, pedagógica e programática do saudoso PROFESSOR DOUTOR ORLANDO DE CARVALHO, que foi o primeiro Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Direito de Macau e seu professor orientador nas cadeiras da área civilística até ao ano lectivo de 1998-1999. O ensino da cadeira insere-se nos objectivos da licenciatura, que são os de prosseguir uma sólida formação em Direito, com atenção às notas específicas do ordenamento jurídico de Macau e com vista à conveniente preparação dos futuros operadores do Direito na Região Administrativa Especial de Macau. Os conteúdos programáticos englobados no plano da cadeira seguem de perto o plano de estudos da cadeira congénere da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra enquanto a cargo do PROFESSOR DOUTOR ORLANDO DE CARVALHO. No entanto, ao nível dos direitos reais em especial, existem especificidades no ordenamento de Macau que motivaram as necessárias adaptações no programa da cadeira. Essas especificidades decorrem da publicação dos novos códigos de Macau ao longo de 1999 (Código Civil, de 3 de Agosto de 1999; Código Comercial, de 3 de Agosto de 2000; Código do Registo Predial, de 20 de Setembro de 1999; Código do Notariado, de 25 de Outubro de 1999). Foram também publicados os diplomas que aprovam o regime jurídico da propriedade industrial (13-12-1999) e o regime do direito de autor e direitos conexos (16-8-1999). Existe ainda o Direito de Terras de Macau, com regimes especiais de direitos reais sobre terrenos do Estado na Região Administrativa Especial de Macau resultantes de concessão por aforamento e de concessão por arrendamento. Por outro lado, não existe no elenco dos direitos reais do ordenamento local a figura do direito real de habitação periódica (apesar disso, incluída no programa para estudo opcional). 2

O plano de estudos de Direitos Reais engloba basicamente os seguintes conteúdos programáticos, com o desenvolvimento que deles se faz no plano da cadeira propriamente dito: INTRODUÇÃO: Notas caracterizadoras do Direito das Coisas e evolução dos sistemas dominiais. NOÇÃO DE DIREITOS REAIS: Critério de distinção face a outros tipos de direitos. PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS REAIS: A) Princípios ligados ao lado externo. B) Princípios ligados ao lado interno. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS. AS GRANDES FORMAS DE ORDENAÇÃO DO DOMÍNIO: A) Ordenação dominial definitiva (modalidades de direitos reais). B) Ordenação dominial provisória (a posse). DIREITOS REAIS EM ESPECIAL (ORDENAÇÃO DOMINIAL DEFINITIVA) A propriedade A propriedade em geral As propriedades especiais Comunhão na propriedade Compropriedade Propriedade horizontal Propriedade superficiária Propriedade das construções na concessão por arrendamento de terrenos do domínio privado do Estado em Macau Usufruto Uso e habitação Direito real de habitação periódica Enfiteuse A enfiteuse no Código Civil A enfiteuse no Direito de Terras de Macau Direito de superfície Direito de servidão A POSSE (ORDENAÇÃO DOMINIAL PROVISÓRIA) 3

PLANO DA CADEIRA DIREITOS REAIS DOS DIREITOS REAIS EM GERAL Introdução Notas dos direitos reais como ramo do direito do controlo dos meios de subsistência de uma determinada sociedade: Carácter paradigmático dos direitos reais dentro de todo o sistema jurídico; Carácter menos efémero ou menos episódico dos direitos reais dentro do sistema jurídico global. Evolução dos sistemas dominiais: As três questões essenciais que iluminam a análise dos vários sistemas de domínio: capacidade de domínio objectos de domínio estrutura do domínio Sistema dominial romano Sistema medieval de domínio Sistema capitalista de domínio Sistema socialista de domínio Capítulo I NOÇÃO DE DIREITO REAL 1. º Os direitos reais como direitos patrimoniais: direitos reais e direitos das pessoas (sobre a própria pessoa e sobre a pessoa de outrem) 4

2. º Os direitos reais dentro do direito patrimonial: direitos reais e direitos de crédito. Impossibilidade de os distinguir pelo simples nexo com a pessoa, concretizado na prestação 3.º Necessidade de repor o velho problema da distinção entre direitos reais e direitos de crédito I Doutrina clássica ou teoria realista II Doutrina personalista ou obrigacionista III Doutrina de Demogue. Seu interesse para a reponderação do problema IV A busca de uma superação ou de uma síntese entre realismo e personalismo. Os erros e os acertos das duas doutrinas: A pertinência da crítica personalista (refutação das objecções contra a obrigação passiva universal) 4. º A verdade subsistente da doutrina realista 5.º A tentativa de síntese entre realismo e personalismo: o lado interno e o lado externo dos direitos reais 6. º Insuficiência, porém, de uma distinção que se funde apenas numa perspectiva estrutural: necessidade de completar a visão estrutural com uma perspectiva funcional I Os interesses característicos dos direitos reais: interesse de imediação e interesse de estabilização. II Interesses tendenciais ou habituais dos direitos reais. 7. º Noção de direitos reais 8.º Reflexão metodológica. A teoria desmembracionista do domínio e a sua crítica. O acerto e a insuficiência da perspectiva de HECK Capítulo II PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA CONSTITUIÇÃO DOS DIREITOS REAIS A Princípios ligados ao lado externo 1.º Princípio da coisificação. 5

I O objecto dos direitos reais: coisas em sentido estrito (coisas corpóreas e coisas incorpóreas) e coisas em sentido amplo (direitos sobre direitos). II Coisas incorpóreas objecto da chamada propriedade autoral. III Coisas incorpóreas objecto da propriedade industrial. IV O estabelecimento comercial ou industrial como bem incorpóreo impuro. V Situações económicas vantajosas não autónomas. VI Coisas em sentido amplo: os direitos sobre direitos. VII As coisas objecto dos direitos reais no novo Código Civil de Macau. Crítica do artigo 1302.º do Código Civil português. VII Bens sobre que podem incidir os diferentes direitos reais. 2.º Princípio da actualidade ou da imediação. I Os direitos reais versam sobre coisas presentes (coisas que já existem ou estão na disponibilidade do disponente). II Regime jurídico das coisas não presentes. Coisas futuras (nas disposições onerosas e nas disposições gratuitas) Coisas absolutamente futuras Coisas relativamente futuras Coisas alheias (nas disposições onerosas e nas disposições gratuitas Coisas inexistentes Coisas impossíveis III Excepções ao princípio no caso das aquisições a non domino 1 na tutela de terceiros pelo registo; 2 na tutela de terceiros de boa fé nos casos de nulidade ou de anulabilidade (art. 284.º do CCM; art. 291.º do CCP); 3 na tutela de terceiros de boa fé no caso de nulidade proveniente de simulação (art. 235.º do CCM; art. 243.º do CCP). IV Restrições à nulidade da venda de coisa alheia. 3.º Princípio da especialidade ou da individualização I Só podem existir direitos reais sobre coisas individualizadas II Regime das coisas genéricas, alternativas e indeterminadas. O momento constitutivo da eficácia real III O regime das coisas conexas (partes integrantes, partes componentes e frutos naturais) como objecto autónomo de negócios 6

jurídicos constitutivos de direitos reais; o momento constitutivo da eficácia real. IV Excepções ao princípio 1 quanto à vertente das coisas genéricas: o direito sobre a quota da coisa na compropriedade 2 quanto à vertente das coisas conexas: na acessão; na propriedade horizontal; no direito de superfície; na propriedade de construções em terrenos concedidos por arrendamento segundo o direito de terras de Macau; nas obras para uso de servidão; na propriedade de águas e de pedreiras. 4.º Princípio da compatibilidade ou da exclusão I Sobre uma coisa não pode existir um direito real que seja excluído por um outro direito real preexistente ou prevalente. Incompatibilidade e conflitualidade. II Direitos reais compatíveis sobre o mesmo objecto. A compatibilização na compropriedade e na comunhão. III Concurso e gradução de direitos reais (direitos reais de garantia e direitos reais de aquisição) 5.º Princípio da elasticidade ou da consolidação I Todo o direito sobre as coisas tende a expandir-se (ou a reexpandir-se) até ao máximo das faculdades que abstractamente contém II Direitos passivamente elásticos e direitos activamente elásticos. Direitos activa e passivamente elásticos III O princípio da elasticidade na formação e extinção dos direitos reais limitados 1 aquisição derivada constitutiva 2 aquisição derivada restitutiva 3 formas originárias de constituição e de extinção dos direitos reais sobre coisa alheia IV A elasticidade na formação de direitos sobre direitos B Princípios que se ligam ao lado externo 7

1.º Princípio da tipicidade I Os direitos reais tendem a oferecer-se em tipos característicos, e não em conceitos gerais e abstractos. Função do tipo II Subtipos e tipos mistos III Espécies de tipologias. Tipologia taxativa dos direitos reais 2.º Princípio do numerus clausus ou da taxatividade I Só se podem constituir ou transmitir direitos reais definidos na lei II Modificações e misturas de tipos III Interpretação do art. 1230.º do Código Civil de Macau (art.1306.º do Código Civil português). 1 As "figuras parcelares" do direito de propriedade: a enfiteuse 2 As "restrições" ao direito de propriedade: direitos reais limitados sobre coisa alheia 3 O problema da conversão dos negócios jurídicos que violam o art. 1230.º (art. 1306.º, n.º 1, do CCP) VI Taxatividade dos direitos reais e taxatividade dos contratos reais 3.º Princípio da causalidade I No sistema português, não há produção de efeitos reais sem existência, validade e procedência do título II Sistemas de produção de efeitos reais 1 Sistema do título e do modo 2 Sistema do modo 3 Sistema do título III Sistema português de título IV Requisitos do título: existência, validade e procedência V Restrições ao princípio da causalidade 1 Em matéria de alienação onerosa de coisa alheia 2 Em matéria de protecção de terceiros de boa fé. Noção de terceiros de boa fé a) Casos de aplicação directa do art. 235.º do CCM (art. 243.º do CCP). b) Casos de aplicação directa do art. 284.º do CCM (art. 291.º do CCP). c) Casos de aplicação cumulativa dos art.s 235.º e 284.º do CCM (art.s 243.º e 291.º do CCP). 8

3 Em matéria de protecção de terceiros através do registo. Noção de terceiros para efeitos de registo 4 Tutela da boa fé em combinação com a tutela em geral de terceiros através do registo 4.º Princípio da consensualidade I A produção de efeitos reais depende apenas do título II Consensualidade em matéria de direitos reais e consensualidade em matéria de negócio jurídico III Consensualidade e causalidade IV Excepções à consensualidade em matéria de negócio jurídico 1 Forma da transmissão e constituição de direitos sobre imóveis 2 Forma da transmissão e constituição de direitos sobre móveis sujeitos a registo 3 Forma da transmissão e constituição de direitos sobre outros bens V Excepções à consensualidade em matéria de direitos reais 1 Constituição do penhor 2 Doação de bens móveis 3 Títulos ao portador 4 Constituição de hipoteca 5.º Princípio da publicidade I A necessidade de organizar mecanismos destinados a garantir terceiros em matéria de direitos reais. Sistemas de publicidade II O registo como instrumento da publicidade da situação jurídica dos bens III Objecto do registo IV Função do registo na aquisição dos bens 1 Registo constitutivo 2 Registo declarativo V Terceiros para efeitos de registo. Sede legal do conceito VI Doutrina que restringe o conceito de terceiros para efeitos de registo VII Registos provisórios e definitivos VIII Registos provisórios e facultativos IX Efeitos do registo 1 Efeito imediato ou automático do registo definitivo 9

2 Efeitos laterais do registo 3 Efeito central do registo X Inexistências e nulidades registais Capítulo III CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS REAIS A Característica ligada ao lado externo dos direitos reais Independência dos direitos reais em face das pretensões positivas a que possa dar lugar B Características ligadas ao lado interno dos direitos reais 1.º A característica da sequela I O poder de perseguir a coisa II Meios de exercício do direito de sequela 1 A acção de reivindicação 2 A acção de preferência III Paralisação e inversão da sequela 1 Casos de paralisação da sequela 2 Casos de inversão da sequela 2.º Característica da prevalência I A regra geral da prevalência dos direitos reais sobre os direitos obrigacionais. Excepções II Princípio da precedência cronológica. Excepções e derrogações no instituto do registo, nos direitos reais de garantia e nos direitos reais de aquisição Capítulo IV AS GRANDES FORMAS DE ORDENAÇÃO DO DOMÍNIO. MODALIDADES DE DIREITOS REAIS 1.º Ordenação dominial definitiva e ordenação dominial provisória I Ordenação dominial definitiva: os jura in re reconhecidos pela lei 10

II Ordenação dominial provisória: a posse como situação de facto juridicamente relevante (remissão para o capítulo VI) 2.º Ordenação dominial definitiva: indicação sumária das modalidades de direitos reais I Direitos reais de gozo, direitos reais de garantia e direitos reais de aquisição II Direitos reais finais ou principais e direitos reais instrumentais ou acessórios III Tipos de direitos reais de gozo 1 O direito de propriedade 2 Os direitos reais de gozo limitados IV Tipos de direitos reais de garantia V Tipos de direitos reais de aquisição 1 Direitos potestativos de aquisição 2 Direitos reais de preferência (legais e convencionais) 3 Promessas reais de alienação ou oneração A Direitos reais de gozo 1.º O direito de propriedade Capítulo V OS DIREITOS REAIS EM ESPECIAL (ORDENAÇÃO DOMINIAL DEFINITIVA) I Conteúdo do direito de propriedade II Características do direito de propriedade 1 A indeterminação dos poderes do proprietário 2 A elasticidade 3 A perpetuidade III Objecto do direito de propriedade IV Aquisição do direito de propriedade 1 Títulos de aquisição em geral 2 Títulos específicos de aquisição a) Ocupação b) Acessão aa) Acessão natural 11

bb) Acessão industrial mobiliária cc) Acessão industrial imobiliária dd) Proibição da acessão sobre terrenos do Estado no direito de terras de Macau V Defesa do direito de propriedade. 1 Meios de defesa em geral. 2 Meios extrajudiciais: acção directa e legítima defesa 3 Acção de reivindicação 4 Acção negatória 5 Acção de demarcação VI A propriedade dos imóveis 1 Conteúdo 2 Limitações do direito de propriedade sobre imóveis a ) Restrições de direito público b) Restrições de direito privado VII Formas anómalas de propriedade 1 Propriedade temporária 2 Propriedade resolúvel 2.º Modalidades do direito de propriedade I Comunhão na propriedade. Casos em que se verifica, noção e regime II Compropriedade 1 Noção, natureza jurídica e características 2 Poderes dos comproprietários a) Actos que podem ser praticados isoladamente por cada um dos consortes. Alienação da quota e direito real de preferência b) Actos que exigem uma maioria. Administração da coisa c) Actos que exigem a unanimidade. Alienação ou oneração da coisa ou de parte especificada dela 3 Extinção da compropriedade. A divisão e a indivisibilidade III Propriedade horizontal (estudo conjunto do regime do Código Civil de Macau e do Código Civil Português) 1 Caracterização 2 Objecto a ) Fracções autónomas b) Partes comuns c) Conjuntos de edifícios 12

3 Constituição da propriedade horizontal. Acto instituidor do regime e actos de diversificação do domínio 4 Natureza jurídica complexa 5 Direitos e encargos dos condóminos 6 Administração das partes comuns a) Assembleia de condóminos aa) Constituição e funcionamento bb) Poderes de administração; exclusão de poderes de disposição cc) Impugnação das deliberações b) Administrador e suas funções c) Fundo comum de reserva IV Propriedade superficiária. Regime decorrente da sua incrustação no direito de superfície. Propriedade superficiária perpétua e temporária V Propriedade das construções na concessão de terrenos por arrendamento no direito de terras de Macau. Regime decorrente da sua incrustação na concessão por arrendamento. Propriedade temporária. 3.º O usufruto I Noção e objecto. Usufruto de direitos II Características 1 Temporariedade 2 Gozo pleno do objecto. Conservação da forma e substância da coisa. Usufruto de determinadas categorias de bens III Constituição do usufruto 1 Contrato 2 Testamento 3 Usucapião 4 Disposição da lei. Supressão dos usufrutos legais tradicionais IV Usufruto simultâneo e sucessivo V Direito de acrescer VI Alienação e oneração do usufruto VII Extinção do usufruto 4.º Direito de uso e habitação I Noção II Objecto. 13

III Características. Distinção face ao usufruto 1 Necessidades do titular e da família 2 Inalienabilidade IV Formas de constituição e de extinção V Aplicação do regime do usufruto VI Direito de uso e habitação na casa de morada de família 5.º Direito real de habitação periódica I Noção e características II Objecto. Necessidade da existência de um empreendimento turístico III Constituição. O acto de instituição do regime de direito real de habitação periódica IV Duração V Certificado predial VI Poderes e deveres do titular do direito real de habitação periódica VII Transmissão e oneração VIII Administração do conjunto turístico IX Problemas suscitados pelo direito real de habitacão periódica X Extinção do direito real de habitação periódica 6.º Enfiteuse I A enfiteuse do passado mantida com a regulamentação do Código Civil anteriormente vigente em Macau (Código de 1966). 1 Noção, objecto e natureza jurídica 2 Formas de constituição 3 Características a) Perpetuidade tendencial b) Indivisibilidade do domínio directo e do domínio útil 4 Domínio útil e domínio directo a) Domínio útil; direitos e encargos do enfiteuta b) Domínio directo; direitos do senhorio 5 Extinção II O aforamento no direito de terras de Macau 1 Fontes normativas do seu regime 2 Objecto 3 Formas de constituição a) Contrato de concessão 14

b) Usucapião. Proibição da usucapião sobre terrenos do domínio privado do Estado 4 Características a) Perpetuidade. Proibição da remição do domínio directo b) Indivisibilidade c) Vinculação a uma finalidade, sob pena de devolução. Confronto com o direito de superfície 5 Domínio directo: direitos do senhorio 6 Domínio útil: direitos e encargos do enfiteuta 7 Extinção (causas especiais) a) Extinção da concessão provisória b) Casos especiais de confusão na mesma pessoa dos domínios directo e útil. O direito de devolução por infracção ao aproveitamento e finalidade da concessão 7.º Direito de superfície I Noção. Finalidades II Objecto III Constituição IV Natureza e estrutura O direito de superfície propriamente dito O direito de propriedade sobre a construção ou plantação V Duração: direito se superfície perpétuo e temporário VI Direitos e deveres do superficiário e do proprietaário do solo VII Confronto com a figura da enfiteuse VIII Extinção 8.º Direito de servidão I Noção. 1 O conceito tradicional do Código Civil de 1966. 2 O conceito de servidão sobre prédio próprio do novo Código Civil de Macau; omissão de uma disciplina sobre o seu título constitutivo. II Conteúdo da servidão. As utilidades que o prédio serviente pode prestar ao prédio dominante. III Características 1 Inseparabilidade 2 Indivisibilidade 3 Atipicidade do conteúdo 15

4 Ligação objectiva da servidão. Exclusão das servidões pessoais IV Constituição: contrato; testamento; usucapião (com exclusão das servidões aparentes); destinação do pai de família; sentença judicial; e decisão administrativa (em consequência da concessão de águas públicas) V Modalidades 1 Servidões voluntárias e legais 2 Servidões aparentes e não aparentes 3 Servidões positivas, negativas e desvinculativas VI Exercício VII Extinção: não uso durante vinte anos; usucapio libertatis; renúncia; desnecessidade das servidões constituídas por usucapião e das servidões legais; remição judicial de servidões legais de águas. Exclusão da reunião na mesma pessoa como causa de extinção no regime do Código Civil de Macau. B Direitos reais instrumentais 1.º Direitos reais de garantia I Noção II Tipos de direitos reais de garantia: consignação de rendimentos; penhor; hipoteca; privilégios creditórios (com exclusão dos gerais); e direito de retenção. Tipos com origem legal e tipos com origem convencional. III Objecto. As espécies de bens sobre que podem incidir os diferentes tipos IV Proibição do pacto comissório V Ausência do direito de uso por parte de credor VI Modo de pagamento do credor VII Garantias que incidem sobre direitos VIII Direito de reforço ou de substituição 2.º Direitos reais de aquisição I Noção. Direito de adquirir um direito real de gozo ou um direito real de garantia, ou ainda um direito obrigacional. Distinção de direito real de aquisição face às chamadas faculdades jurídicas gerais II Tipos 1 Promessas reais de alienação ou oneração 16

a) Eficácia real. Os direitos prometidos b) Objecto e forma c) Registo e eficácia das promessas não registadas 2 Direitos reais de preferência a) Preferências legais b) Preferências convencionais 3 Direitos potestativos de aquisição. Caracterização como situações de inviolabilidade ou inelutabilidade. Casos previstos na lei. 1. º A posse e os sistemas possessórios Capítulo VI A POSSE (ORDENAÇÃO DOMINIAL PROVISÓRIA) I Noção de posse II Os grandes problemas da posse III Funções da posse IV Natureza jurídica da posse V Sistemas possessórios VI O sistema português VII Posse e mera detenção VIII Posse causal e posse formal 2.º Direitos em termos dos quais se pode possuir 3.º Bens sobre que pode haver posse 4.º Caracteres da posse I Posse titulada e posse não titulada II Posse de boa fé e posse de má fé III Posse pacífica e posse violenta; a situação da posse sob violência IV Posse pública e posse oculta; a situação da posse sob ocultação 5.º A capacidade para a posse 6.º Formas de aquisição da posse I Formas de aquisição originária 17

1 A ocupação 2 A acessão 3 A usurpação a) Aquisição paulatina b) Inversão do título da posse aa) Por oposição explícita bb) Por oposição implícita cc) Por acto de terceiro c) Esbulho II Formas de aquisição derivada 1 Tradição real a) Tradição real explícita aa) Directa: Entrega de objecto móvel Sistema de perambulação Traditio longa manu bb) Indirecta ou simbólica Por entrega das chaves Por entrega de documentos b) Tradição real implícita aa) Traditio brevi manu bb) Constituto possessório Bilateral Trilateral 2 Tradição ficta Na transmissão mortis causa 3 Imissão na posse. Entrega do estabelecimento comercial ou industrial 7.º Conjunções de posse I Conjunção diacrónica 1 Sucessão na posse 2 Acessão na posse II Conjunção sincrónica 1 Posse simultânea 2 Composses 3 Posse in solidum 8.º Exercício, conservação e perda da posse 18

I Exercício e conservação da posse II Perda da posse. Causas 9.º Efeitos da posse I Valor probatório da posse II Responsabilidade do possuidor pela perda e deterioração da coisa III Direitos do possuidor relativamente aos frutos IV Direitos do possuidor relativamente a benfeitorias 10.º Defesa da posse I Acção de prevenção II Acções de manutenção e de restituição da posse. Notas comuns 1 Acção de manutenção 2 Acção de restituição 3 Acção de restituição em caso de esbulho violento III Embargos de terceiro IV Posse judicial (meio de obtenção da posse) 11.º Usucapião I Direitos susceptíveis de aquisição por usucapião II Requisitos da usucapião. A posse e o tempo 1 Prazos de usucapião de bens móveis não sujeitos a registo 2 Prazos de usucapião de bens móveis sujeitos a registo 3 Prazos de usucapião de bens imóveis 4 Encurtamento do prazo por contagem da acessão 5 Alongamento do prazo na usucapião contra o Estado 6 Causas de suspensão ou de interrupção dos prazos; aplicação das regras da prescrição a) Suspensão (de termo e de curso) e suas causas b) Interrupção e suas causas III Invocação da usucapião IV Problemas específicos da usucapião no ordenamento jurídico de Macau. Proibição da usucapião sobre terrenos do domínio privado do Estado Usucapião de direitos resultantes de concessão em terrenos do domínio privado (casos do domínio útil e da propriedade temporária de construções). 19

********* MATERIAIS DE ESTUDO FACULTADOS AOS ALUNOS: LIÇÕES DE DIREITOS REAIS: Foi facultado aos alunos o texto das lições de direitos reais que o docente das aulas teóricas tem vindo a organizar desde o ano lectivo 1996 1997, actualizadas no ano lectivo de 1999 2000 de acordo com o novo Código Civil de Macau e outras reformas legislativas. BIBLIOGRAFIA (complementar das lições): DIREITO DAS COISAS (parte impressa e parte dactilografada), do Professor Doutor Orlando de Carvalho; INTRODUCÃO À POSSE (estudo na Revista de Legislação e Jurisprudência), do mesmo autor. LIVROS DE REFERÊNCIA: DIREITOS REAIS (lições dactilografadas, 1967-1968), do Professor Doutor Mota Pinto; DIREITOS REAIS (lições dactilografadas, 1966-1967), do Professor Doutor Henrique de Mesquita; OBRIGAÇÕES REAIS E ÓNUS REAIS, do mesmo autor; DIREITO CIVIL - REAIS, do Professor Doutor Oliveira Ascensão; A POSSE: Perspectivas Dogmáticas Actuais, 3.º ed., (Almedina), do Professor Doutor Meneses Cordeiro. CÓDIGO CIVIL ANOTADO, 1.ª edição, (correspondente ao texto que vigorou em Macau), dos Professores Doutores Pires de Lima e Antunes Varela 20