CINÉTICA DE SECAGEM DE CASCAS DE ABACAXI

Documentos relacionados
CINÉTICA DE SECAGEM DE MASSA ALIMENTÍCIA INTEGRAL. Rebeca de L. Dantas 1, Ana Paula T. Rocha 2, Gilmar Trindade 3, Gabriela dos Santos Silva 4

MODELAGEM MATEMÁTICA DA CINÉTICA DE SECAGEM DA CASCA DE JACA (Artocarpus heterophyllus).

CINÉTICA DE SECAGEM DE RESÍDUOS DE Artocarpus heterophyllus Lam

TÍTULO: COMPARAÇÃO DE MODELOS MATEMÁTICOS PARA DESCRIÇÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM DE CASCAS DE CENOURA (DAUCUS CAROTA L.) E BETERRABA (BETA VULGARIS).

Discente do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos Instituto Federal de Educação, Ciência e

CINÉTICA DE SECAGEM DE DIFERENTES FRUTAS COMUNS EM FEIRAS ORGÂNICAS

DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DA FARINHA OBTIDA A PARTIR DAS CASCAS DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

CINÉTICA DE SECAGEM DA BORRA DE CAFÉ EM ESTUFA COM CIRCULAÇÃO DE AR

Pâmella de Carvalho Melo¹, Arlindo Modesto Antunes¹, Paulo Henrique Ribeiro Dias Alves², Jéssica Antônia Andrade Alves³, Ivano Alessandro Devilla 4

CINÉTICA DE SECAGEM DE ABACAXI CV PÉROLA EM FATIAS RESUMO

SECAGEM DA ABÓBORA (CUCRBITA MOSCHATA, L.) EM SECADOR DE LEITO FIXO

DETERMINAÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DE ARROZ AROMÁTICO

Modelagem Matemática da Secagem de Café Natural Beneficiado com Alto Teor de Água

CINÉTICA DE DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DA BANANA PACOVAN EM DIFERENTES TEMPERATURAS RESUMO

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE SECAGEM EM CAMADA DELGADA DE PIMENTA DE CHEIRO (Capsicum chinense) A DIFERENTES TEMPERATURAS

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE SECAGEM EM LEITO FIXO E CAMADA FINA DE BAGAÇO DE LARANJA E SEMENTES DE MAMÃO PAPAIA COM MUCILAGEM

MODELAGEM DA SECAGEM EM CAMADA DELGADA DA FIBRA RESIDUAL DO ABACAXI

OBTENÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA DE CINÉTICA DE SECAGEM DE FÉCULA DE CARÁ (DioscoreaAlata L.)

ANALISE E AJUSTE DE MODELOS MATEMÁTICOS A CINÉTICA DE SECAGEM DE ESPUMA DE JENIPAPO COM ADITIVOS PELO MÉTODO FOAM-MAT.

COMPARAÇÃO DE MODELOS FENOMENOLÓGICOS PARA A HIDRATAÇÃO DE GRÃOS DE SOJA

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA CINÉTICA DE SECAGEM DO MORANGO.

CINÉTICA DE SECAGEM DAS FOLHAS DE MORINGA OLEÍFERA LAM RESUMO

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM DAS CASCAS DE BANANAS DAS VARIEDADES NANICA E PRATA

CINÉTICA DE SECAGEM DA BANANA VERDE PACOVAN (Musa x paradisiacal) KINETIC DRYING BANANA PACOVAN

CINÉTICA DE SECAGEM DA CASCA DE MANGA TOMMY ATKINS

ESTUDO DA TRANSFERÊNCIA DE MASSA DURANTE A DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DE BANANA PACOVAN

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO AR QUENTE

ANÁLISE DA CINÉTICA DE SECAGEM E DO ENCOLHIMENTO DAS CASCAS DE CACAU

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

AVALIAÇÃO SENSORIAL DA FIBRA DO PEDÚNCULO DO CAJÚ (Anacardium occidentale L.) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES COMO RECHEIO EM PASTEIS

MODELAGEM MATEMÁTICA DA CINÉTICA DE SECAGEM DE MANGA TOMMY ATKINS

CINÉTICA DE SECAGEM E MODELAGEM MATEMÁTICA DO FRUTO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

CINÉTICA DE SECAGEM OSMO-CONVECTIVA DE PIMENTÃO VERDE: INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO

Definição de Secagem. Secagem e Armazenagem de Grãos e Sementes. Importância da Secagem. Aula 05

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE A CINÉTICA DE SECAGEM DE MAÇÃ FUJI INFLUENCE OF TEMPERATURE ON FUJI APPLE DRYING KINETICS

COMPORTAMENTO HIGROSCÓPICO DA SEMENTES DE LINHAÇA (Linum usitatissimum L.). G.Z. Campos e J.A.G. Vieira* RESUMO

Modelos matemáticos na secagem intermitente de arroz

lacunifera Ducke). Renata Carvalho Neiva,Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo

ESTUDO DO PROCESSO DE SECAGEM DO RESÍDUO DE MALTE GERADO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA SECAGEM DA BANANA VERDE PRATA EM CAMADA DELGADA

ESTUDO DA CINÉTICA E AJUSTES DE MODELOS MATEMÁTICOS AOS DADOS DE SECAGEM DO BARBATIMÃO (Stryphnodendron adstringens)

CINÉTICA DE SECAGEM EM CAMADA DE ESPUMA DE POLPA DE MARACUJÁ, UTILIZANDO DIFERENTES ADITIVOS.

CINÉTICA E AJUSTES DE MODELOS MATEMÁTICOS DE SECAGEM DO CAROÇO DE AÇAÍ EM TÚNEL SOLAR VERTICAL

AVA LIA ÇÃO D A CIN ÉTICA D E SECAGEM D O TIJO LO CERÂM ICO

ESTUDO CINÉTICO DE DESIDRATAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO BAGAÇO DE MALTE RESÍDUO DA INDÚSTRIA

CINÉTICA DE SECAGEM DAS CASCAS DE ABACAXI E MARACUJÁ

PRODUÇÃO DE BARRAS DE CEREAL A PARTIR DO SUBPRODUTO DE ABACAXI

Modelagem matemática da cinética de secagem da romã

SECAGEM DE CEVADA (Hordeum vulgare): ANÁLISE DA DIFUSIVIDADE EFETIVA

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM E MODELAGEM MATEMÁTICA DE PURÊ DE ABÓBORA (Cucurbita maxima x Cucurbita moschata)

Modelagem e simulação da secagem de grãos de café

CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

CINÉTICA DE SECAGEM DO ESPINAFRE (Tetragonia tetragonoides)

Modelagem matemática da cinética de secagem da casca do abacaxi Mathematical modeling for the description of drying kinetics of pineapple bark

UTILIZAÇÃO DA SECAGEM SOLAR PARA PRODUÇÃO DE FARINHA DE RESÍDUO DA CASCA DA BANANA

Isotermas de dessorção de resíduos de abacaxi

CINÉTICA DE SECAGEM DE MANGA COM E SEM PRÉ- TRATAMENTO ULTRASSÔNICO

SECAGEM DE QUIABO (Abelmoschus esculentus L. Moench) EM ESTUFA

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

SECAGEM CONVECTIVA DA BANANA PACOVAN NO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO VERDE

CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO DA SEMENTE DE GERGELIM BRS SEDA

MODELAGEM MATEMÁTICA DA CINÉTICA DE SECAGEM DA CASCA DE UMBU-CAJÁ Mathematical modeling of drying kinetics of umbu-cajá

Cinética de secagem de vagens de algaroba (Prosopis juliflora SW) Drying kinetics of pods of algaroba (Prosopis juliflora SW)

Analysis and comparison of mathematical models of the residue dried mango Tommy Atkins

CINÉTICA DE SECAGEM DA TORTA DE MAMONA

Propriedades Físicas de Grãos de Feijão Carioca (Phaseolus vulgaris)

PRODUÇÃO DE FARINHA A PARTIR DOS FRUTOS DE MUTAMBA (GUAZUMA ULMIFOLIA LAM.)

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FARINHA DO RESÍDUO DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

Modelagem matemática para a descrição da cinética de secagem do fruto da palma

Respostas Pós-Colheita de Abacaxi Pérola ao Armazenamento sob Diferentes Temperaturas

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E MINERAIS DE FARINHA EXTRUDADA DE CASCAS E ALBEDO DE MARACUJÁ E ARROZ

ISOTERMAS DE DESSORÇÃO DE GRÃOS DE FEIJÃO MACASSAR VERDE (Vigna unguiculata (L.) Walpers), VARIEDADE SEMPRE-VERDE.

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BISCOITO ELABORADO COM RESÍDUO DE POLPA DE AMORA-PRETA (Rubus spp.) 1. INTRODUÇÃO

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PRODUTO REESTRUTURADO (HAMBÚRGUER BOVINO) CONTENDO SUBPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA E INGREDIENTES FUNCIONAIS RESUMO

CINÉTICA DE EXTRAÇÃO DE LIPÍDIOS DE MICROALGA SPIRULINA

MEDEIROS 1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química para contato:

Determinação das Propriedades Físicas de Grãos de Girassol BRS G57.

CINÉTICA DE SECAGEM DE POLPA DE GOIABA EM CAMADA DE ESPUMA

Influência de tratamentos térmicos para redução da rigidez de cascas de laranja desidratada osmoticamente na aceitação da textura e intenção de compra

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DE SEMENTE DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) VARIEDADE EMGOPA OURO

SECAGEM DE GRÃOS DE CEVADA EM CAMADA FINA: CINÉTICA DE SECAGEM RESUMO

DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DO RESÍDUO DE ACEROLA

SECAGEM COMBINADA CONVECTIVO-SOLAR DE RESÍDUO ENRIQUECIDO DE CASCA DE ABACAXI

CINÉTICA DE SECAGEM E CARACTERIZAÇÃO DA BANANA PRATA E GOIABA SURUBIM ORGÂNICAS

SECAGEM DA POLPA DE GRAVIOLA PELO POCESSO FOAM-MAT E AVALIAÇÃO SENSORIAL DO PRODUTO OBTIDO

CINÉTICA DE SECAGEM DE SEMENTES DE FRUTA DO CONDE

Modelagem matemática das curvas de secagem de grãos de feijão carioca cultivar brs pontal RESUMO

CARATERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHA DA ENTRECASCA DE MELANCIA (Citrullus lanatus)

Utilização do sabugo de milho como fonte energética no processo de secagem

ESTUDO DA CINÉTICA DE SECAGEM DO GENGIBRE (Zingiber officinale Roscoe)

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A SECAGEM DE GRÃOS DE GIRASSOL EM LEITO FIXO E EM LEITO DE JORRO

PROJETO DE SEDIMENTADOR CONTÍNUO A PARTIR DE ENSAIOS DE PROVETA COM SUSPENSÃO DE CARBONATO DE CÁLCIO UTILIZANDO O MÉTODO DE TALMADGE E FITCH

SECAGEM DE POLPA DE BARU (Dipteryx alata Vog.) Alunas do Curso de Química Industrial, UnUCET - UEG.

ESTUDO DO PROCESSO DE SECAGEM DA ENTRECASCA DE MELANCIA (Citrullus lanatus) PRODUZINDO A FARINHA UTILIZADA PARA CONFECÇÃO DE NOVOS PRODUTOS

ESTUDO DA ESTABILIDADE DA ESPUMA DA POLPA DO UMBU (SPONDIAS TUBEROSA L.) PARA SECAGEM PELO MÉTODO FOAM-MAT

INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DO VOLUME NA MODELAGEM MATEMÁTICA DA HIDRATAÇÃO DE GRÃOS DE SOJA

AVALIAÇÁO BROMATOLÓGICA DE RESÍDUOS DE MANDIOCA PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

Transcrição:

Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 16 Rafain Palace Hotel & Convention Center- Foz do Iguaçu - PR 9 de agosto a 1 de setembro de 16 CINÉTICA DE SECAGEM DE CASCAS DE ABACAI NÍVIA BARREIRO 1, MÁRCIA ALVES CHAVES ; CAROLINA CASTILHO GARCIA 3 * 1 Formanda em Engenharia de Alimentos, UTFPR, Medianeira-PR, ni.barreiro@hotmail.com Doutoranda em Ciência de Alimentos, UEM, Maringá-PR, marcia_alves_chaves@hotmail.com 3 Dr a. em Engenharia de Alimentos, Prof a. Adjunta da UTFPR, Medianeira-PR, carolinacgarcia@utfpr.edu.br Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 16 9 de agosto a 1 de setembro de 16 Foz do Iguaçu, Brasil RESUMO: Atualmente há a preocupação com a minimização dos resíduos agroindustriais. Os resíduos do beneficiamento do abacaxi correspondem a aproximadamente 65 a 7% do fruto. A casca do abacaxi é um resíduo industrial e apresenta potencial para aplicação como enriquecedor da dieta alimentar, por apresentar proteínas, lipídios e fibras. Assim, objetivo do presente trabalho foi avaliar a cinética de secagem das cascas de abacaxi, visando seu aproveitamento como enriquecedor da dieta alimentar, na forma de farinha, por exemplo. Fatias de casca de abacaxi (6 x x,1 cm) foram, então, secadas a 7 C por 34 min, sendo a secagem acompanhada através de pesagens sucessivas das amostras. Para a modelagem da secagem da casca de abacaxi, os dados experimentais foram ajustados à lei de Fick, permitindo o cálculo do coeficiente de difusão da água durante a secagem, e aos modelos empíricos de Page e Henderson & Pabis. Verificou-se que dentre os modelos propostos, o de Fick foi o que melhor representou a secagem de cascas de abacaxi, uma vez que o coeficiente de determinação foi de,98 e que o erro médio relativo foi o menor dentre os modelos avaliados. O coeficiente de difusão efetivo da água durante a secagem das cascas de abacaxi foi de 3,76 1-1 m² s -1. PALAVRAS-CHAVE: Ananas comosus (L.) Merill; resíduo agroindustrial; cinética de secagem. DRYNG KINETICS OF PINEAPPLE PEELS ABSTRACT: Nowadays, minimizing the agroindustrial waste is a concern. The wastes of pineapple processing are approximately 65 to 7% of the fruit. The pineapple peel is an industrial waste and presents potential to enriching the diet because it presents proteins, lipids and fibers. So, the aim of the present work was to evaluate the drying kinetic of pineapple peel, in order to enriching the diet producing a flour, for example. Then, slices of pineapple peel (6 x x.1 cm) were dried at 7 C for 5 h and min, and the drying were followed through successive weighings of the samples. In order to model the drying of pineapple peel, the experimental data were adjusted to the Fick s Law, allowing determining the diffusion coefficient of water during the drying, and to the empirical models of Page and Henderson & Pabis. It was verified that within the purposed models, Fick was the one that better represented the drying of pineapple peels, since the determination coefficient was.98 and the average mean error was the smaller within the evaluated models. The diffusion coefficient of water during the drying of pineapple peels was 3.76 1-1 m² s -1. KEYWORDS: Ananas comosus (L.) Merill; agroindustrial waste; drying kinetic. INTRODUÇÃO O abacaxi é uma fruta tropical bastante apreciada no país e que apresenta disponibilidade o ano todo. O Brasil é o maior produtor de abacaxi da América do Sul. Entre os principais Estados produtores, estão o Pará (produção de 3.478. frutos), a Paraíba (produção de 85.715. frutos) e Minas Gerais (produção de 39.565. frutos) (IBGE, 13). O processamento de frutas visando a produção de sucos e polpas gerou, em 8, cerca de 4% dos resíduos agroindustriais, compostos de restos de polpas, sementes, caroços, cascas, etc. (Portes, 8). Segundo Lousada Júnior et al. (6), o beneficiamento do abacaxi gera entre 65 e 75% de resíduos.

Por outro lado, Gondim et al. (5) apontam que as cascas das frutas apresentam elevados teores de nutrientes e, portanto, deveriam ser utilizadas na manufatura de alimentos (Carvalho, 8; Paiva, 8; Borges, 4), transformando-os em benefícios financeiros e minimizando impactos ambientais. Segundo Carvalho (8) a casca do abacaxi apresenta 4,5% de proteína,,5% de lipídios, 3,1% de fibra bruta e 4,8% de cinzas. Segundo Matias et al. (5) e Abud e Narain (9), farinhas obtidas de resíduos agroindustriais podem ser utilizadas como ingrediente alimentar para incorporação em alimentos, como substituto parcial à farinha de trigo. Para a obtenção de farinhas de resíduos agroindustriais, a secagem destaca-se dentre as opções tecnológicas. A secagem é uma operação unitária largamente utilizada na indústria de alimentos por reduzir o teor de água livre do alimento, minimizando o desenvolvimento de micro-organismos e a ocorrência de reações químicas e bioquímicas, que resultam em perda de sua qualidade. Além disso, o custo de transporte dos produtos secos é reduzido, em função da redução do seu volume, resultado da remoção da água (Garcia, 1). O estudo da cinética de secagem e sua modelagem são de fundamental importância para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos (Sousa et al., 11; Corrêa et al., 1). Assim, visando a minimização e aproveitamento do resíduo agroindustrial casca de abacaxi, objetivou-se no presente trabalho estudar a cinética de secagem da mesma, a qual apresenta potencial de aplicação em formulações de alimentos, tais como na forma de farinha. MATERIAIS E MÉTODOS Em setembro de 15, foram adquiridos no comércio local da cidade de Medianeira PR abacaxis da variedade Smooth Cayenne (Ananas comosus L. Merril). Os abacaxis foram adequadamente higienizados e descascados cuidadosamente, de maneira que a espessura das cascas resultou em aproximadamente 1 mm. As cascas foram cortadas manualmente em fatias de 6 x cm e armazenadas em câmara de refrigeração a 7 ± C, por não mais que 48 h, até o momento da secagem. A secagem foi realizada em estufa com circulação natural de ar (Q314M, Quimis) à 7 C por 34 minutos sendo efetuadas nesse intervalo pesagens sucessivas das amostras (a cada min nos primeiros 1 min de processo, a cada 3 min até completar 1 min de secagem e a cada 4 min até completar o tempo total de secagem). A umidade de equilíbrio das amostras foi determinada por método dinâmico, realizando a secagem das fatias de casca de abacaxi por 465 min. A modelagem da secagem foi realizada com base na segunda Lei de Fick (Equação 1), utilizando o primeiro termo da solução integrada de Crank (1975) para placa infinita (Equação ). d dt D ef z (1) t eq 8 1 Def t exp n 1 n1 () eq n 1 z Em que: representa o adimensional de umidade; é a umidade (kg de água/kg de sólidos secos), z é a meia espessura da placa (m), t é o tempo (s); D ef é o coeficiente de difusão efetivo da água (m /s) sobre as condições de secagem testadas; sobrescrito eq indica equilíbrio e o. A Equação foi linearizada e ajustada aos dados experimentais com o auxílio do software Excel (Office 1), permitindo o cálculo do coeficiente de difusão efetivo da água (D ef ) das cascas de abacaxi durante o processo de secagem convectiva (Vieira et al., 1). Além da Lei de Fick, aos dados experimentais da secagem das cascas de abacaxi foram ajustados, ainda, dois modelos empíricos/semiempíricos, frequentemente utilizados na representação da secagem (Sousa et al., 11; Corrêa et al., 1), os quais são apresentados na Tabela 1. Para esses ajustes foi utilizado o software Statistica versão 7.. Tabela 1. Modelos matemáticos empíricos/semiempíricos utilizados para representar a secagem das cascas de abacaxi.

Modelos Page Henderson & Pabis () t eq kt (3) eq eq ae t eq kt e n (4) Em que: a e n são coeficientes dos modelos propostos; k é a constante de secagem (s -1 ). O ajuste de cada modelo aos dados experimentais de secagem foi avaliado através da magnitude do coeficiente de determinação (R²) e do erro médio relativo (P), o qual foi calculado através da Equação 5. N calc exp 1 x x P(%) (5) exp N 1 x em que: x exp representa os dados experimentais; x calc representa os dados calculados segundo os modelos propostos (Equações linearizada, 3 e 4); N representa o número de observações experimentais. A umidade das amostras foi determinada em triplicata em estufa a 15 C até peso constante; a atividade de água, em triplicata, em equipamento medidor de atividade de água (Aqualab 4TEV, Decagon Devices, EUA). RESULTADOS E DISCUSSÃO As umidades e as atividades de água iniciais e após a secagem das cascas de abacaxi, bem como sua umidade e atividade de água de equilíbrio com o ar de secagem são apresentadas na Tabela. Tabela. Teores de umidade (%, base úmida) e atividades de água iniciais e após a secagem das cascas de abacaxi e umidade (%, base úmida) e atividade de água de equilíbrio das amostras com o ar de secagem. Antes da secagem Após a secagem No equilíbrio U 81,16 ± 5,7 18,67 ±,3 7,6 ±,7 a w,983 ±,6,5788 ±,885,353 ±,363 *U representa o teor de umidade das amostras, em base úmida. Verificou-se na Tabela que a redução na umidade das amostras, resultou na redução de sua atividade de água, que representa o conteúdo de água livre de um alimento, fato esperado, já que o objetivo da secagem é a redução do teor de água de um produto. Após a secagem das cascas de abacaxi, verificou-se que a atividade foi de,5788, comprovando a eficácia da secagem na redução do teor de água livre das amostras. É fato que o crescimento de micro-organismos é inibido em produtos com atividades de água menores que,6 (Bobbio; Bobbio, 1). Logo, se adequadamente armazenada, a farinha obtida a partir das cascas secas será segura para consumo em relação ao critério microbiológico. A Tabela 3 apresenta os parâmetros dos modelos matemáticos propostos para descrever a secagem das cascas de abacaxi (Equações linearizada, 3 e 4), juntamente com os parâmetros estatísticos utilizados para avaliar seu ajuste aos dados experimentais: o coeficiente de determinação (R ) e o erro médio relativo (P). Tabela 3. Parâmetros dos modelos matemáticos utilizados para descrever a secagem da casca do abacaxi e parâmetros estatísticos de ajuste dos modelos. Modelo D ef k A n R P Fick 3,6 ±,9 - - -,981 1,6 Page -,16 ±,3 -,876 ±,36,994 91,66

(admensional) Henderson & Pabis -,8 ±,1,951 ±, -,993 9,7 D ef representa o coeficiente de difusão da água durante a secagem das cascas de abacaxi multiplicado por 1 1, em m /s; k é a constante de secagem, em min -1 ; a e n são constantes dos modelos empíricos/semiempíricos; R representa o coeficiente de determinação; P é o erro relativo médio em %. A difusividade da água durante a secagem das cascas de abacaxi foram da ordem de 1-1. Menezes et al. (13) e Castiglioni et al. (13) avaliaram a cinética de secagem convectiva dos resíduos agroindustriais bagaço do maracujá amarelo e massa fibrosa de mandioca, respectivamente, e encontraram difusividades mais elevadas (da ordem de 1-8 1-9 ) que as verificadas no presente trabalho. Porém, deve-se considerar que o equipamento utilizado no presente estudo utiliza a convecção natural para as transferências de calor e massa e não a convecção forçada. Dessa maneira, reduz-se os valores da difusividade da água durante a secagem devido à redução nas velocidades de transporte. É possível verificar na Tabela 3 que a Lei de Fick foi o modelo que apresentou o melhor ajuste aos dados experimentais, por apresentar R maior que,98 e o menor valor de P. Os valores de P indicam o desvio dos valores observados em relação à curva estimada pelo modelo e é desejado que seus valores sejam inferiores a 1% para que o modelo apresente um bom ajuste aos dados experimentais. Porém, valores maiores de 1% são verificados em trabalhos de secagem para valores experimentais de umidade em torno de 5%, uma vez que os desvios são aumentados quando o teor de água (valor experimental) é muito baixo (Molina et al., 11), justificando os valores de P encontrados no presente trabalho. Uma vez que a Lei de Fick apresentou o melhor ajuste aos dados experimentais, a Figura 1 compara os adimensionais de umidade () experimentais da secagem das cascas de abacaxi e os valores preditos pelo modelo de Fick (Equação 1). Figura 1. Comparação entre os adimensionais de umidade () experimentais (linha cheia) da secagem das cascas de abacaxi e os valores preditos (linha tracejada) pela Lei de Fick (Equação 1). 1,,8,6,4 Exp. Calc.,, 1 3 4 t (min) Verificou-se, como esperado, decréscimo contínuo da umidade das cascas de abacaxi no decorrer da secagem. Ainda, é possível confirmar na Figura 1 que o modelo de Fick (linha tracejada) representou adequadamente os dados experimentais (linha cheia) de secagem, como verificado na Tabela 3. CONCLUSÃO A secagem das cascas de abacaxi por 34 min a 7 C foi suficiente para garantir a seguridade microbiológica do produto seco obtido, o qual apresenta potencialidade de aplicação em formulações de alimentos, pelo seu alto valor nutritivo.

Dados de secagem são de interesse para a indústria, uma vez que possibilitam projetos e aperfeiçoamentos de equipamentos. REFERÊNCIAS Abud, A.K.S., Narain, N. Incorporação de farinha de resíduo do processamento de polpa de fruta em biscoitos: uma alternativa de combate ao desperdício. Brazilian Journal of Food Technology. v. 1, n. 4, p. 57-65, 9. Bobbio, P.A.; Bobbio, F.O. Química do Processamento de Alimentos. 3ª ed. São Paulo: Editora Varela. 1. 143p. Borges, C.D.; Chim J.F.; Leitão, A.M.; Pereira, E.; Luvielmo, M.M. Produção de suco de abacaxi obtido a partir dos resíduos da indústria conserveira. Boletim do Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos. v., n.1, p. 5-34, 4. Carvalho, M.G. Barras de cereais com amêndoas de chichá, sapucaia e castanha-do-gurguéia, complementadas com casca de abacaxi. 93f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 8. Castiglioni, G.L.; Silva, F.A.; Caliari, M.; Júnior, M.S.S. Modelagem matemática do processo de secagem da massa fibrosa de mandioca. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v. 17, n. 9, p. 987-994, 13. Corrêa, P.C.; Oliveira, G.H.H.; Botelho, F.M.; Goneli, A.L.D.; Carvalho, F.M. Modelagem matemática e determinação das propriedades termodinâmicas do café (Coffea arabica L.) durante o processo de secagem. Revista Ceres. v. 57, n.5, p. 595-61, set/out, 1. Crank, J. The Mathematics of Diffusion. a ed. Trowbridge, Witshire: Redwood Books. 1975. 414p. Garcia, C.C. Avaliação da Desidratação de Mamão Utilizando Métodos Combinados. p. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). São José do Rio Preto, 1. Gondim, J.A.; Moura, M.F.; Dantas, A.; Medeiros, L.S. Composição centesimal e de minerais em cascas de frutas. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 5, n. 4, p. 85-87, out/dez, 5. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Agrícola Municipal. Culturas Temporárias e Permanentes 13. v. 4. Rio de Janeiro, IBGE, 13. Lousada Júnior, J.E.; Costa, J.M.C.; Neiva, J.N.M.; Rodriguez, N.M.R. Caracterização físico-química de subprodutos obtidos do processamento de frutas tropicais visando a seu aproveitamento na alimentação animal. Revista Ciência Agronômica. v.37, n.1, p.7-76, 6. Matias, M.F.O.; Oliveira, E.L.; Margalhães, M.M.A.; Gerturdes, E. Use of fibers obtained from the cashew (Anacardium ocidentale L) and guava (Psidium guayava) fruits for enrichment of food products. Brazilian Archives of Biology and Technology. v. 48, p. 143-15, 5. Menezes, M.L.; Stroher, A.P.; Pereira, N.C.; Barros, S.T.D. Análise cinética e ajustes de modelos matemáticos aos dados de secagem do bagaço do maracujá-amarelo. Engevista. v. 15, n., p. 176-186, ago/13. Molina Filho, L.; Gonçalves, A.K.R.; Mauro, M.A.; Frascareli, E.C. Moisture sorption isotherms of fresh and blanched pumpkin (Cucurbita moschata). Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 31, n. 3, p. 714-7, jul.-set, 11. Paiva, A.P; Barcelos, M.F.P. Estudos tecnológico, químico, físico-químico e sensorial de barras alimentícias elaboradas com subprodutos e resíduos agroindustriais. 143f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos). Universidade Federal de Lavras. Lavras, 8. Portes, L. Pela qualidade das polpas. Frutas e Derivados. ano 3, ed. 9, p. 6-9, mar., 8. Vieira, A.P.; Nicoleti, J.F.; Telis, V.R.N. Liofilização de fatias de abacaxi: avaliação da cinética de secagem e da qualidade do produto. Brazilian Journal of Food Technology. v. 15, n. 1, p. 5-58, 1.