Segurança dos produtos

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Transcrição:

Segurança dos produtos Os produtos postos em circulação têm de obedecer a determinadas regras de segurança. Os produtos postos em circulação para consumo dos consumidores têm de obedecer a determinadas regras de segurança, definidas pela União Europeia e pela legislação portuguesa. As regras a seguir expostas não se aplicam aos produtos usados, fornecidos como antiguidades ou como produtos que necessitam de reparação ou recuperação antes de poderem ser utilizados, desde que o fornecedor informe claramente a pessoa a quem fornece o produto acerca daquelas características. Considera-se produto seguro qualquer bem que, em condições de utilização normais ou razoavelmente previsíveis, incluindo a duração, se aplicável a instalação ou entrada em serviço e a necessidade de conservação, não apresente quaisquer riscos ou apresente apenas riscos reduzidos compatíveis com a sua utilização e considerados conciliáveis com um elevado nível de protecção da saúde e segurança dos consumidores, tendo em conta, nomeadamente: as características do produto, designadamente a sua composição; a apresentação, a embalagem, a rotulagem e as instruções de montagem, de utilização, de conservação e de eliminação, bem como eventuais advertências ou outra indicação de informação relativa ao produto; os efeitos sobre outros produtos quando seja previsível a sua utilização conjunta; as categorias de consumidores que se encontrarem em condições de maior risco ao utilizar o produto, especialmente crianças e os idosos. Considera-se que os produtos são seguros quando estão conformes com as normas legais e regulamentares que fixem os requisitos em matéria de protecção de saúde e segurança, a que devem obedecer para poderem ser comercializados. Na falta destas normas ou regulamentos, a conformidade de um produto é avaliada atendendo, sempre que existam: às normas portuguesas que transpõem normas europeias cujas referências tenham sido publicadas no Jornal Oficial das Comunidades Europeias, bem como as normas nacionais que transpõem normas comunitárias pertinentes; às normas em vigor no Estado-membro em que o produto é fornecido ou disponibilizado; às recomendações da Comissão Europeia que contêm orientações em matéria de avaliação de segurança dos produtos; aos códigos de boa conduta em matéria de segurança dos produtos em vigor para o sector em causa; ao estado actual dos conhecimentos e da técnica; 1

ao nível de segurança razoavelmente esperado pelos consumidores. A conformidade de um produto com as normas legais ou regulamentares ou com os critérios mencionados, não impede a adopção de medidas que se mostrem necessárias para restringir a sua comercialização ou ordenar a sua recolha ou retirada do mercado se, ainda assim, o produto se revelar perigoso para a saúde e segurança dos consumidores. Obrigações do produtor Têm de cumprir esta obrigação geral de segurança todas as entidades que a lei considera como sendo produtores, ou seja: o fabricante do produto que se encontre estabelecido na União Europeia (UE) ou qualquer pessoa que se apresente como tal ao apor o seu nome, marca ou outro sinal distintivo no produto ou que proceda à sua recuperação; o representante do fabricante, quando este não se encontre estabelecido na UE ou, na sua falta, o importador do produto na UE, se não houver representante do fabricante; ou, ainda, outros profissionais da cadeia de comercialização, na medida em que as respectivas actividades possam afectar as características de segurança do produto colocado no mercado; O produtor está ainda obrigado: a fornecer aos consumidores as informações relevantes que lhes permitam avaliar os riscos inerentes a um produto durante a sua vida útil normal ou razoavelmente previsível e precaver-se contra esses mesmos riscos, sempre que eles não sejam imediatamente perceptíveis sem a devida advertência; a tomar medidas apropriadas, em função das características do produto fornecido, à informação sobre os riscos que o produto possa apresentar e ao desencadeamento das acções que se revelarem adequadas, incluindo a retirada do mercado, o aviso aos consumidores em termos adequados e eficazes ou a recolha do produto junto destes, nomeadamente; a indicação, no produto ou na respectiva embalagem, da identidade e do endereço físico completo do produtor e do responsável pela colocação do produto no mercado, bem como das respectivas instruções de uso, das referências do produto, incluindo o nome, o modelo e o tipo, ou do lote de produtos a que pertence; nos casos em que seja adequado, a realização de ensaios por amostragem dos produtos ou do lote de produtos comercializados, bem 2

como a informação aos distribuidores sobre o controlo desses produtos e seus resultados. a informar as entidades competentes das medidas que, por sua iniciativa, decida tomar quando coloque no mercado produtos que apresentem riscos para o consumidor; a analisar e manter actualizado um registo das reclamações que lhe são apresentadas. De destacar que a emissão de avisos não isenta o produtor do cumprimento de outras obrigações previstas na lei. A acção de recolha do produto junto dos consumidores deve ser desencadeada: quando as restantes acções não forem suficientes para prevenir os riscos; na sequência de uma medida ordenada pelas entidades responsáveis pelo controlo de mercado; nos casos em que o produtor considere necessário. Obrigações especiais de comunicação e de cooperação Quando o produtor ou o distribuidor, com base nas informações de que dispõe enquanto profissional, tenha ou deva ter conhecimento de que um produto que colocou no mercado apresenta riscos para o consumidor incompatíveis com a obrigação geral de segurança, tem de comunicar esse facto imediatamente ao Instituto do Consumidor. Essa comunicação deve conter as menções seguintes: identificação precisa do produto ou do lote de produtos em causa; descrição completa do risco que esse produto comporte; informação completa e relevante para rastrear o produto; descrição das medidas adoptadas para prevenir esses riscos. O produtor e o distribuidor estão ainda obrigados a colaborar com as entidades competentes nas acções de prevenção de riscos inerentes aos produtos colocados no mercado. Para tal devem fornecer, no prazo máximo de cinco dias, todas as informações pertinentes, inclusive as cobertas pelo segredo profissional. Nos casos considerados urgentes, poderá ser fixado um prazo inferior. 3

Obrigações do distribuidor O distribuidor, ou seja, o operador profissional da cadeia de comercialização, cuja actividade não afecte as características de segurança do produto, está obrigado a agir com diligência, nomeadamente, durante o armazenamento, transporte e exposição dos produtos, por forma a contribuir para o cumprimento das obrigações de segurança aplicáveis. No cumprimento desta obrigação, o distribuidor deve, de acordo com os limites decorrentes do exercício da sua actividade: abster-se de fornecer produtos que saiba ou deva saber, com base nas informações de que dispõe e enquanto profissional, que não satisfazem os requisitos de segurança obrigatórios; participar no controlo da segurança dos produtos colocados no mercado, designadamente mediante a transmissão de informações sobre os riscos dos produtos às entidades competentes; manter durante o período de vida útil do produto a documentação necessária para rastrear a origem dos produtos e fornecê-la quando solicitado pelas entidades competentes; desencadear as acções que se revelem adequadas para a eliminação dos riscos, nomeadamente a retirada do produto do mercado e a recolha junto dos consumidores; colaborar, de forma eficaz, em quaisquer acções desenvolvidas tendentes a evitar os riscos. Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo A Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo (CSSBC) é um órgão que funciona na dependência do membro do Governo responsável pela área da defesa dos consumidores, e que tem como principais funções: deliberar sobre os produtos e serviços colocados no mercado cujo risco não é compatível com o elevado nível de protecção da saúde e segurança dos consumidores; promover, junto das entidades responsáveis pelo controlo de mercado, o cumprimento da obrigação geral de segurança, nomeadamente através de programas de vigilância que devem ser periodicamente realizados; comunicar à entidade competente para instrução dos respectivos processos de contra-ordenação os casos de colocação no mercado de produtos perigosos de que tenha conhecimento. 4

Neste âmbito, a CSSBC pode exigir, em relação a produtos e serviços susceptíveis de apresentar riscos em determinadas condições ou para determinadas pessoas: que o mesmo seja acompanhado de aviso adequado, redigido de forma clara e compreensível, sobre o risco que possa apresentar; que a sua colocação no mercado obedeça a condições prévias destinadas a garantir a segurança desse produto ou serviço; que as pessoas para quem o produto ou serviço pode apresentar riscos sejam alertadas correcta e oportunamente desse facto através de publicação ou de alerta especial. Pode também, proibir, em relação a qualquer produto perigoso ou susceptível de ser perigoso, respectivamente: a sua colocação no mercado e definir as medidas de acompanhamento necessárias para garantir a observância dessa proibição; o fornecimento, a proposta de fornecimento ou a exposição do produto durante o período necessário para se proceder aos diferentes controlos, verificações ou avaliações de segurança; Se o produto perigoso já estiver colocado no mercado, esta mesma entidade também pode ordenar: a sua retirada efectiva e imediata e ou alerta junto dos consumidores quanto aos riscos que o mesmo produto comporta; se necessário, a sua recolha junto dos consumidores e a respectiva destruição. Estas acções de retirada ou de recolha do produto junto dos consumidores devem ser desencadeadas quando as medidas adoptadas pelo produtor e pelo distribuidor se revelem insuficientes ou na sequência de decisão da Comissão Europeia. As deliberações da CSSBC que imponham a adopção de quaisquer daquelas medidas devem ser comunicadas ao Instituto do Consumidor, bem como às autoridades responsáveis pelo controlo de mercado e pelo licenciamento das actividades em causa. Em qualquer momento do processo de controlo da segurança dos produtos, esta Comissão pode, formular recomendações a todo e qualquer interveniente da cadeia económica, com o fim de este suprimir o risco em causa. Estas recomendações podem, quando se entenda conveniente, ser tornadas públicas. Pode também, sempre que a gravidade das circunstâncias o exija, emitir e divulgar aviso público contendo uma descrição tão precisa quanto possível do produto em causa, a identificação do risco que pode resultar da sua utilização e quaisquer outros elementos que considere necessários. 5

Sistema europeu de troca de informações e de alerta Para efeitos de funcionamento do sistema comunitário de troca rápida de informações o RAPEX -, o Instituto do Consumidor é considerado o ponto de contacto nacional, desde que não se trate de produtos alimentares. Assim: notifica à Comissão Europeia as medidas que sejam adoptadas pelas autoridades responsáveis pelo controlo do mercado ou pelos produtores e ou distribuidores relativamente aos produtos colocados no mercado; recebe as notificações enviadas pela Comissão Europeia e transmite-as, de imediato, às autoridades responsáveis pelo controlo do mercado, de forma a permitir a sua actuação; informa a Comissão Europeia sobre as medidas tomadas ou que venham a ser tomadas pelas autoridades responsáveis pelo controlo do mercado, na sequência de uma notificação recebida; recebe dos produtores e dos distribuidores as informações relativas à adopção das medidas adoptadas em cumprimento das obrigações especiais de comunicação e de cooperação; presta esclarecimentos complementares à Comissão Europeia relativamente aos formulários de notificação. Produtos fabricados em Portugal Quando o produto notificado for fabricado em Portugal, o Instituto do Consumidor, com base em informações fornecidas pela entidade de controlo de mercado, informa a Comissão Europeia, no prazo máximo de 15 dias, sobre a identificação e morada do produtor, bem como dos contactos dos distribuidores e retalhistas do produto noutros Estados-membros e, ainda, sobre as medidas adoptadas pela entidade de controlo de mercado para prevenir os riscos. Produtos provenientes de países terceiros Quando um produto ou lote de produtos apresente características que levantem suspeitas relativamente ao cumprimento da obrigação geral de segurança e não exista notificação ou deliberação da CSSBC, a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC) suspende a autorização da sua entrada e informa imediatamente desse facto a entidade de controlo de mercado competente. Esta regra aplica-se também quando o produto ou lote de produtos apresenta características semelhantes às de produtos que já foram objecto de notificação no âmbito do RAPEX ou de deliberação da CSSBC. A entidade de controlo de mercado competente deve, no prazo de três dias a contar da suspensão mencionada, comunicar à DGAIEC o seu parecer sobre o produto ou lote de produtos e das medidas que, no caso, devam ser tomadas. 6

Levantamento da suspensão de autorização de entrada Independentemente das regras aplicáveis a produtos provenientes de países terceiros, o levantamento da suspensão de autorização de entrada tem lugar quando: a entidade de controlo de mercado competente comunicar à DGAIEC, no prazo de três dias a contar da suspensão de autorização de entrada, que o produto ou lote de produtos não apresenta um risco grave para a saúde e segurança dos consumidores; a entidade de controlo de mercado competente não fizer essa comunicação à DGAIEC dentro do prazo mencionado, por não dispor de toda a informação que lhe permita confirmar se o produto ou lote de produtos não cumpre a legislação aplicável ou viola o presente diploma. A colocação do produto ou lote de produtos em livre prática deve ser comunicada à entidade de controlo de mercado competente e à CSSBC, fornecendo-lhes os dados, nomeadamente o nome e endereço do agente económico detentor do produto, que possibilitem uma posterior intervenção. No caso de levantamento da suspensão de autorização de entrada de produtos, verificando-se, após a realização de diligências que no caso tiverem lugar, que as suspeitas se mantêm no tocante ao cumprimento da obrigação geral de segurança, a entidade de controlo de mercado competente solicita à CSSBC que delibere sobre o produto ou lote de produtos em causa. Essa deliberação será comunicada à entidade de controlo de mercado competente, bem como à DGAIEC, de forma a garantir uma actuação de acordo com as respectivas competências. A deliberação que considera o produto ou lote de produtos perigoso, por apresentar um risco grave para a saúde e segurança dos consumidores, é imediatamente comunicada ao Instituto do Consumidor, para que este possa adoptar as medidas necessárias relativas à notificação à Comissão Europeia. Recomendações e avisos públicos Em qualquer momento do processo de controlo da segurança dos produtos, a Comissão pode formular recomendações a todo e qualquer interveniente da cadeia económica, com o fim de este suprimir o risco em causa. Estas recomendações podem, quando se entenda conveniente, ser tornadas públicas. Pode também, sempre que a gravidade das circunstâncias o exija, emitir e divulgar aviso público contendo uma descrição tão precisa quanto possível do produto em causa, a identificação do risco que pode resultar da sua utilização e quaisquer outros elementos que considere necessários. 7

Sanções Constitui contra-ordenação o não fornecimento das informações relevantes que possibilitem aos consumidores avaliar os riscos inerentes a um produto sempre que esses riscos não sejam imediatamente perceptíveis sem a devida advertência. Este comportamento é punível com coima de 2.490 até 3.490 euros, ou de 12.470 até 44.890 euros, consoante o infractor seja pessoa singular ou pessoa colectiva. Por outro lado, são puníveis com coima de 2.490 até 3.490 euros, ou de 7.480 até 24.940 euros, consoante o infractor seja pessoa singular ou pessoa colectiva, os seguintes comportamentos: a falta de indicação, no produto ou na respectiva embalagem, da identidade e do endereço do produtor, bem como do responsável pela colocação do produto no mercado e respectivas instruções de uso; a inexistência de um registo organizado de reclamações apresentadas; a não realização por parte do produtor e nos casos em que tal seja adequado de ensaios por amostragem, bem como a falta de informação ao distribuidor sobre o controlo efectuado; São ainda puníveis com coima de 2.490 até 3.490 euros, ou de 24.940 até 44.890 euros, consoante o infractor seja pessoa singular ou colectiva, as seguintes contraordenações: o fornecimento de produtos relativamente aos quais os produtores e ou os distribuidores saibam ou devam saber, de acordo com as informações de que dispõem, que não cumprem a obrigação geral de segurança; a não comunicação às entidades competentes de que o produto colocado no mercado apresenta riscos incompatíveis com a obrigação geral de segurança, quando o produtor ou o distribuidor tenha ou deva ter conhecimento desse facto; a omissão ou recusa da prestação das informações que sejam solicitadas pelas entidades competentes no âmbito da obrigação de cooperação prevista no presente diploma; o não cumprimento de medidas ordenadas pelas entidades competentes, nomeadamente as que imponham a retirada do mercado ou a recolha do produto junto dos consumidores. Para além destas coimas, podem ainda ser aplicáveis as seguintes sanções acessórias: publicidade da punição por qualquer contra-ordenação referida, a expensas do agente; perda de objectos pertencentes ao agente; interdição do exercício de profissões ou actividades, cujo exercício depende de título público ou de autorização ou homologação de autoridade pública; 8

privação do direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços públicos; privação do direito de participar em feiras ou mercados; privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos que tenham por objecto a empreitada ou a concessão de obras públicas, o fornecimento de bens ou serviços, a concessão de serviços públicos e a atribuição de licenças ou alvarás; encerramento de estabelecimento cujo funcionamento esteja sujeito a autorização ou licença de autoridade administrativa; suspensão de autorizações, licenças e alvarás. Os produtos que possam ser considerados perigosos podem ainda ser apreendidos e retirados do mercado. Fiscalização e instrução dos processos Compete à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) fiscalizar o cumprimento do disposto neste regime, bem como instruir os respectivos processos de contra-ordenação. A Comissão de Aplicação de Coimas em Matéria Económica e de Publicidade é a entidade competente para aplicar as coimas e as sanções acessórias mencionadas. Encargos com a recolha, retirada ou destruição de produtos Os produtores e os distribuidores, na medida das suas responsabilidades, suportam os encargos relativos às operações de recolha, retirada ou destruição dos produtos. Informação reservada As informações relativas à aplicação deste regime que, pela sua natureza, estejam abrangidas pelo segredo profissional são consideradas reservadas. No entanto, exceptuam-se desta reserva as características de determinado produto ou serviço cuja divulgação se imponha para garantia da protecção da saúde e segurança das pessoas. Informações sobre produtos e serviços de origem estrangeira Devem ser facultadas em língua portuguesa as informações sobre a natureza, características e garantias de bens ou serviços oferecidos ao público no mercado nacional, designadamente: 9

constantes de rótulos, embalagens, prospectos, catálogos, livros de instruções para utilização ou outros meios informativos facultadas nos locais de venda ou divulgadas por qualquer meio publicitário. É obrigatória a tradução integral em português, se as informações sobre o produto ou serviço estiverem redigidas em língua estrangeira aquando da venda de bens ou serviços no mercado nacional. O texto traduzido deve ser aposto nos rótulos ou embalagens ou aditado aos meios informativos já referidos. Deverão ser redigidos em português os contratos que tenham por objecto a venda de bens ou a prestação de serviços no mercado interno, bem como a emissão de facturas ou recibos, independentemente de existir uma versão em língua ou línguas estrangeiras. Coimas O incumprimento destas normas, mesmo por negligência, pode dar origem ao pagamento de coima até 2.493,99 euros. Quem aplica esta coima é o Director do Instituto de Qualidade. Estas obrigações têm de ser cumpridas: pelo fabricante pelo embalador pelo prestador de serviços por todos os outros agentes que desenvolvam actividades de comércio por grosso ou a retalho. Referências Decreto-Lei nº 69/2005, de 17 de Março Decreto Regulamentar n.º 57/2007, de 27 de Abril Decreto-Lei nº 238/86, de 19 de Agosto Decreto-Lei nº n.º 28/84, de 20 de Janeiro 10