IMPACTO DO AGRONEGÓCIO SOBRE O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (IDS) DO ESTADO DA BAHIA.



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Transcrição:

VIII SOBER Nordeste Novembro de 2013 Parnaíba- PI - Brasil IMPACTO DO AGRONEGÓCIO SOBRE O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (IDS) DO ESTADO DA BAHIA. Artur Freitas Spíndola (UFPE) - afs1989@hotmail.com Estudante de mestrado em economia

VIII SOBER Nordeste Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural Parnaíba PI Impacto do agronegócio sobre o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do estado da Bahia Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento rural e meio ambiente RESUMO A Bahia possui, atualmente, o maior PIB agropecuário do Nordeste, que é um dos setores mais importantes para a economia brasileira. Entretanto, assim como todo processo que depende de recursos provenientes da natureza, sua prática e desenvolvimento pode levar a degradação do meio ambiente. O objetivo deste trabalho é analisar o impacto do agronegócio sobre o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) da Bahia, utilizando o Método do Painel de Sustentabilidade. O Painel de Sustentabilidade (Dashboard of Sustainability) é um indicar que utiliza de diversos instrumentos do desenvolvimento sustentável local, levando em conta quatro dimensões: natureza, social, econômica e institucional. Os resultados comprovam que os indicadores agropecuários prejudicam o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Estado da Bahia, evidenciando não apenas a necessidade de políticas que atuem para melhorar os índices dessas variáveis, mas apontam para outro grande problema, o do alto índice de desigualdade da região. Palavras chaves: Agronegócio. Bahia. Painel de sustentabilidade. 1. Introdução A agropecuária é uma atividade econômica que envolve tanto a agricultura quanto a pecuária, que sempre representou um papel determinante para o desenvolvimento do país. As mudanças ocorridas nesse setor foram muitas e o Brasil saiu da condição de colônia primárioexportadora para de um país em desenvolvimento, com um mercado interno industrializado, onde através de um contínuo aumento do uso de máquinas agrícolas e de insumos nos campos, resultou em um considerável aumento da produtividade desse setor (CLEMENTE E GOMES, 2011). O aumento da produtividade possui ligação direta com as melhorias tanto dos índices agrícolas, como o de desenvolvimento sustentável, sendo esse último que depende

principalmente de transformações econômicas e tecnológicas que reduzam o impacto do crescimento no meio ambiente (MAROUELLI, 2003). Existem diversas definições para o termo desenvolvimento sustentável. De acordo com a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, publicado em 1987: O desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras, vindo a partir daí diversos outros conceitos sobre o tema. Para Barbieri (1997), o desenvolvimento sustentável é uma forma de encontrar soluções para os problemas globais, não ligados apenas as questões ecológicas, mas diversas outros aspectos envolvendo as dimensões social, política, cultural, entre outras. A escolha do estado da Bahia deve-se a seu PIB agropecuário que foi, em 2009, de acordo com dados do IPEADATA, de 4.527.099,77 (R$ de 2000 mil), representando 33,83% do PIB agropecuário do Nordeste, sendo o maior da região, e aproximadamente 6% do Brasil. Além disso, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2011), a região denominada de MATOPIBA (que inclui o estado da Bahia) tem tido um crescimento maior do que a média brasileira. Diante disso, o trabalho tem por objetivo analisar o impacto do agronegócio sobre o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) da Bahia através do Método do Painel de Sustentabilidade. Os dados são referentes ao último relatório sobre Desenvolvimento Sustentável, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2012. O trabalho segue as mesmas suposições de Clemente e Gomes (2011), onde as variáveis relacionadas à produção agropecuária impactam inversamente o valor do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) quando se utiliza o método do Painel de Sustentabilidade. O presente artigo está dividido em seis seções, contando com esta introdução. Na segunda seção será apresentada a evolução recente do agronegócio, bem como algumas particularidades do estado da Bahia. A terceira seção será dedicada a apresentação do conceito de desenvolvimento sustentável e as diversas formas de mensuração do mesmo. A quarta seção será mostrada a metodologia utilizada, bem como a base de dados. A quinta seção trará os resultados encontrados e a última seção será a conclusão. 2. Evolução do agronegócio e o estado da Bahia Um dos setores mais importantes para a economia brasileira é o agronegócio, representando 26,46% do PIB brasileiro e renda equivalente a R$ 746,6 bilhões (Cepea,

2009). Porém, o setor perdeu sua participação na renda nacional, consequência da forte crise de liquidez que atingiu o agronegócio em 2005, quando a safra de grãos sofreu uma queda de 18% e consequência perda de receita de R$ 16,6 bilhões para produtores rurais. Recentemente ainda teve o impacto da crise financeira de 2009 (CRUZ et al 2010). No caso da Bahia, o agronegócio tem mostrado um desempenho significativo nos últimos anos. Depois de quedas sofridas desde 2005, o PIB agropecuário baiano vem se estabilizando. A tabela abaixo mostra esse resultado: Tabela 1 PIB agropecuário dos estados do Nordeste. Estados 2005 2006 2007 2008 2009 Al 687.934,15 677.850,37 611.239,32 712.317,34 690.684,89 BA 4.238.487,42 3.853.721,98 4.610.127,90 4.653.323,54 4.527.099,77 CE 1.373.157,84 1.749.379,89 1.534.015,12 1.926.299,93 1.430.003,08 MA 2.561.918,74 2.539.173,33 2.955.642,93 3.975.932,46 2.889.032,69 PB 675.648,44 763.536,22 627.051,61 729.422,89 712.081,62 PE 1.387.129,13 1.468.799,08 1.426.255,64 1.674.081,59 1.567.427,12 PI 715.756,32 642.450,92 580.574,20 843.796,07 834.050,24 RN 556.737,95 681.117,78 575.849,66 528.393,96 630.248,87 SE 335.862,64 390.907,60 392.580,89 470.516,42 504.825,24 Fonte: Elaboração própria, IPEADATA. Como pode ser visto, apesar da pequena queda entre os anos de 2008 e 2009, o estado baiano representa o maior PIB do Nordeste. A Bahia foi o primeiro produtor nacional de cacau, sinal, mamona, coco, feijão e mandioca, sendo os dois últimos mais voltados para subsistência do que para a comercialização. Sua pecuária bovina ocupa o sexto lugar nacional, enquanto a caprina registra os maiores números do setor em todo Brasil. Em 2009, foi o segundo maior produtor (6,4 milhões de toneladas) e exportador (US$ 156,3 milhões) de frutas secas (Jornal da mídia, 2009). Com a ruptura do padrão colonial de monocultura, o Brasil foi favorecido com a implantação de práticas modernas, aliadas a um contínuo aumento de uso de máquinas agrícolas e de insumos nos campo (SILVA, 1998). Assim, o uso de certas tecnologias pode levar à degradação de ambientes ecológicos e naturais, tornando fundamental conhecer e medir o quanto a agropecuária do Estado da Bahia está inserida no contexto do

desenvolvimento sustentável, tendo em vista sua importância e dimensão para o Nordeste brasileiro. 3. Conceito de desenvolvimento sustentável e indicadores de mensuração de sustentabilidade O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a parti da ideia de ecodesenvolvimento, proposto durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estolcomo, na Suécia, em 1972. De acordo com essa comissão, desenvolvimento sustentável é aquele capaz de nutrir as necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta para atender as futuras gerações, ou seja, desenvolvimento que não esgota os recursos, tornando-os perenemente disponíveis, se possível (DECININO, 2008). Se no início da revolução industrial os recursos naturais disponíveis eram abundantes, esse cenário mudou com o tempo. Hoje, o uso irracional da terra coloca em perigo a qualidade de vida de muitas pessoas, transformando-se em uma situação ambiental grave e irreversível no longo prazo, caso não seja feito nada agora (LIMA, 1997). Compartilhando essa preocupação, muitos autores passaram a pesquisar formas de quantificar essa sustentabilidade. Silva e Mendes (2005) sugeriram modelos ou indicadores mentais mesclados, com o objetivo de otimizar as avaliações do processo de desenvolvimento sustentável de um local, levando em consideração diversas dimensões (social, ambiental, econômica, espacial e cultural), mas interdependentes. De acordo com Hammond et al. (1995) apud Clemente e Gomes (2011), um indicador pode ter como objetivos: a) Definir ou monitorar a sustentabilidade de uma realidade. b) Facilitar o processo de tomada de decisão. c) Mostrar, de forma rápida, alterações significativas em um dado sistema. d) Determinar uma realidade, possibilitando a regulação de sistemas integrados. e) Avaliar o progresso em direção à sustentabilidade. A finalidade é auxiliar na busca da percepção social sobre a condição real do lugar, a fim de apresentar instrumentos que possam auxiliar decisões para um diagnóstico constante

durante o processo de desenvolvimento. O Painel de Sustentabilidade (Dashboard of Sustainability) é um indicador que esta associado ao conjunto de métodos e controles sob o para-brisas de um veículo ou de uma aeronave (HARDI E SEMPLE, 2000). De acordo com Hardi e Jesinguaus (2002), esse indicador engloba as seguintes dimensões: Dimensão social: saúde, segurança, educação, habitação e população. Dimensão econômica: estrutura e padrões de consumo e produção. Dimensão Ambiental: solo, ar, água e biodiversidade. Conforme esses mesmo autores, o Painel de Sustentabilidade é uma ferramenta disponibilizada online, cuja fidelidade à realidade permite atrair a atenção do público-alvo. O Painel de Sustentabilidade é formado por um painel visual com quatro indicadores, sendo cada um representando uma dimensão da sustentabilidade, mensurando o bem-estar da nação, o ambiente, o padrão institucional e a economia, aproveitando das seguintes designações: qualidade ambiental, saúde social, desempenho econômico e desempenho institucional (HARDI E SEMPLE, 2000). A figura abaixo mostra o funcionamento do Painel de Sustentabilidade: Figura 1 Gráfico de IISD representando o Painel de Sustetabilidade. Fonte: UNCSD (DIVISION FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, 2001.

O valor atual do desempenho do sistema é representado por cada indicador através de um ponteiro. Cada indicador possui, abaixo, uma luz de alerta, que é disparada quando os níveis limites são extrapolados, ou quando uma alteração ocorre rapidamente. O estado geral do sistema é expresso por um indicador de status, posicionado de forma separada, identificado como Sustentabilidade Geral ou Índice de Desenvolvimento Sustentável (HARDI E SEMPLE, 2000). A cada indicador, medidas de estados, do fluxo e dos processos relacionados devem ser incluídas. Os estoques ambientais podem ser medidos pela capacidade ambiental, que incluí estoques de recursos naturais, diferenciados através de tipos de ecossistemas por área e qualidade. A área plantada e o uso de fertilizantes e agrotóxicos podem ser utilizados para verificar o impacto do agronegócio sobre o Índice de desenvolvimento Sustentável (IDS) da região, nesse caso, a Bahia. O capital social ou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pode ser escolhido para medir o indicador social, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) pode medir o indicador econômico (INTERNATIONAL INSTITUTE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT, 1999). Esse método já foi utilizado em diversos países com objetivos similares, ligados a avaliar o IDS em Âmbito nacional e local. A Província de Milão (Itália) empregou o método para ajudar no planejamento territorial, enquanto as Províncias de Manitoba (Canadá) e Hannover (Alemanha) utilizaram para ajudar nas políticas de gestão de água. No Brasil, Bennetti (2006) utilizou essa metodologia para avaliar o Índice de Desenvolvimento Sustentável do município de Lages, SC e Clemente e Gomes (2011) mediram o impacto do agronegócio sobre esse mesmo índice para o Estado de Minas Gerais. 4. Metodologia A metodologia do Painel de Sustentabilidade é uma das ferramentas mais utilizadas internacionalmente para verificar o Índice de Desenvolvimento Sustentável. O método utilizado, bem como a escolha das variáveis, será baseado naquelas utilizadas por Clemente e Gomes (2011) no trabalho Impacto do agronegócio sobre o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do estado de Minas Gerais, que propõem o mesmo objetivo, o de medir o impacto do agronegócio sobre esses índices, que no presente trabalho se aplica ao estado da Bahia.

Além de esse método fazer sua avaliação baseado nas quatros dimensões questionadas natureza, social, econômica e institucional -, possui fácil entendimento e apresentar os indicadores de forma concisa. A aplicação é feita através de um software obtido pela internet na página http://esl.jrc.it/envind/ddk.htm. Esse software, quando utilizado no computador, cria uma pasta chamada DB_CIRCS, que contém informações e os arquivos necessários para usar o programa. Ele utiliza o programa Excel para tabulação de dados, onde após inseridos, aplica o modelo e obtém os resultados, permitindo ao usuário escolher indicadores de acordo com o objetivo desejado. Os indicadores são mostrados em gráficos do tipo pizza, baseando-se em certos princípios: a) o tamanho de cada fatia da pizza (segmento) reflete a importância relativa do assunto descrito pelo indicador; b) a performance vai depender da cor que ele assumir, sendo o verde considerado uma boa performance e o vermelho significando uma performance ruim; e c) a seta maior no painel reflete o Índice Geral de Desenvolvimento Sustentável (IDS) (BENETTI, 2006). Em relação aos critérios adotados para escolha dos indicadores, foram considerados as seguintes proposições: a) ser significante em relação à sustentabilidade do sistema; b) traduzir fiel e sinteticamente a preocupação; e c) ser de fácil interpretação pelo cidadão (CLEMENTE E GOMES, 2011). Dessa forma os indicadores escolhidos foram: Dimensão natureza: Área plantada, agrotóxicos, fertilizantes, participação das terras em uso na superfície territorial, terras em uso em relação à área dos estabelecimentos, queimadas em unidades de conservação federal, queimadas unidades de conservação estadual, unidades de conservação, reservas particulares, número de municípios com alguma ocorrência de invasão de animais, rede coletora de esgoto, lixo coletado, lixo jogados em terrenos, lixo jogados no rio, quantidade de lixo coletado. Dimensão social: Taxa de fecundidade, índice de Gini, esperança de vida ao nascer, serviços de saúde, doenças por saneamento inadequado, taxa de frequência escolar, taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais, domicílios adequados para moradia, mortalidade por homicídios, mortalidade por acidentes de transporte. Dimensão econômica: PIB per capita, saldo comercial da balança, serviço de coleta seletiva do lixo.

Dimensão institucional: Conselho de meio ambiente, densidade telefônica, acesso a internet. Os indicadores, que mostram o impacto do agronegócio sobre o cálculo do índice, na dimensão natureza foram: área plantada, agrotóxicos, fertilizantes, participação das terras em uso na superfície territorial, terras em uso em relação à área dos estabelecimentos, queimadas em unidades de conservação federal, queimadas unidades de conservação estadual e número de municípios com alguma ocorrência de invasão de animais. Todos impactam inversamente o índice de desenvolvimento sustentável calculado pelo software. Ainda seguindo Clemente e Gomes (2011), será adotada uma escala de nove cores para determinar o desempenho de cada indicador dentro de casa dimensão, definida da seguinte forma: verde-escura excelente ; verde-médio-clara bom ; verde-clara razoável ; amarela médio ; vermelho-clara ruim ; vermelho-médio-clara muito ruim ; vermelho-médio-escura atenção severa ; e vermelho-escura estado crítico. Essas cores são determinadas para cada indicador através de uma regressão linear simples dos dados entre dois valores extremos: o valor maior recebe 1.000 (mil) pontos e o valor menor tem pontuação 0 (zero). A fórmula utilizada para a avaliação de cada indicador é a seguinte: Onde X representa o local avaliado, pior é o menor valor constante e melhor o maior valor. Dessa forma os indicadores da Bahia devem ser comparados com outros dois valores, sendo um funcionando de valor máximo (que receberá pontuação de 1000) e outro servindo de valor mínimo (recebendo pontuação 0). O estado utilizado como teto máximo será o Estado de São Paulo, que possui os maiores níveis de sustentabilidade. Já o utilizado como teto mínimo será os indicadores do Estado do Amapá, que possui os menores níveis de sustentabilidade do Brasil (CLEMENTE E GOMES, 2011). Os dados foram retirados do último Relatório de Sustentabilidade do Índice Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do ano de 2012 (IBGE, 2012). Quanto ao ano de referência, não foi delimitado data ou período específico, pois os dados do IBGE variam entre 2006 e 2011, dependendo da variável analisada. Porém isso não compromete a veracidade e robustez dos resultados, tendo em vista que o método não exige delimitação temporal. Vale lembrar que todos os indicadores retirados do IBGE são inspirados em movimento internacional

liderado pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CDS), das nações unidas, que pôs adiante um programa de trabalho para concretizar as disposições da Agenda 21, que tratam da relação com o meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e de informações para a tomada de decisões (IBGE, 2010). 5. Resultados e discussões Foram obtidos, no geral, 31 indicadores para o estado da Bahia. As tabelas 2, 3, 4 e 5, a seguir, mostram os dados de acordo como foram utilizados no Método do Painel de Sustentabilidade, mostrando os valores dos indicadores. Tabela 2 Indicadores e suas unidades para a dimensão ambiental. Indicador Unidade Valor Área plantada Há 4.691.980 Fertilizantes kg/há 129.4 Distribuição percentual em relação ao total da superfície territorial % 32.9 Distribuição percentual do 62.7 uso das terras em relação à área dos estabelecimentos % agropecuários Queimadas Unidades de unid. 181 Conservação federal Queimadas Unidades de unid. 53 Conservação estadual Unidades de conservação % 0.1 Reservas particulares unid. 0.27 Número de municípios com % 100 alguma ocorrência Rede coletora de esgoto % 58.9 Lixo coletado % 23.7 Lixo jogado em terrenos % 13.3 Lixo jogado em rios % 0.1

Quantidade de lixo coletado % 37 Agrotóxicos Kg/há 2.4 Fonte: Elaboração própria Tabela 3 Indicadores e suas unidades para a dimensão social. Indicador Unidade Valor Taxa de fecundidade total % 2.03 Índice de Gini % 0.533 Esperança de vida ao nascer % 72.6 Serviços de saúde /100 mil hab 0.6 Doenças por saneamento inadequado /100 mil hab 548.8 Taxas de frequência escolar bruta das pessoas de 15 a 17 anos de idade % 85.7 Taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade % 83.3 Domicílios adequados para moradia % 44.4 Mortalidade por homicídios /100 mil hab 37 Mortalidade por acidentes de transporte /100 mil hab 13 Fonte: Elaboração própria Tabela 4 Indicadores e suas unidades para a dimensão institucional. Indicador Unidade Valor Conselho de Meio ambiente % 54.7 Densidade telefônica /1000 hab 1043 Acesso a internet % 17.1 Fonte: Elaboração própria Tabela 5 Indicadores e suas unidades para a dimensão econômica. Indicador Unidade Valor PIB per capita R$ 9342 Saldo comercial da balança de pagamentos R$ 3248374 Serviço de coleta seletiva de lixo % 11.3 Fonte: Elaboração própria

5.1 Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) da Bahia Abaixo será apresentado o resultado do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Estado da Bahia, de acordo com o Método do Painel de Sustentabilidade (figura 2). A tabela 6 mostra o desempenho da Bahia, em relação a dimensão natureza. É apresentado na tabela os indicadores com suas respectivas pontuações, assim como a classificação da sua performance. Figura 2 Índice de Desenvolvimento Sustentável da Bahia. Fonte: Índice de Desenvolvimento Sustentável da Bahia. É possível observar, de acordo com as informações da tabela, para dimensão natureza, os indicadores do Estado da Bahia aparecem da seguinte forma: 2 excelente (lixos jogados em rios e agrotóxicos); 2 razoável (rede coletora de esgoto, quantidade de lixo coletado); 2 médio (queimadas unidades de conservação estadual, distribuição percentual em relação ao total da superfície territorial); 2 ruim (distribuição percentual do uso das terras em relação à área dos estabelecimentos agropecuários, área plantada); e 7 estado crítico (fertilizantes, queimadas Unidades de Conservação federal, unidades de conservação, reservas particulares, número de municípios com alguma ocorrência, lixo coletado, lixo jogado em terrenos). São, no total, 6 indicadores em condições sustentáveis, contra 9 em condições pouco sustentável. A performance da dimensão foi ruim.

Tabela 6 Pontuação e classificação dos indicadores na dimensão natureza. Indicador Pontuação Performance Área plantada 399 Ruim Fertilizantes 0 Estado crítico Distribuição percentual em 546 Médio relação ao total da superfície territorial Distribuição percentual do 392 Ruim uso das terras em relação à área dos estabelecimentos agropecuários Queimadas Unidades de 0 Estado crítico Conservação federal Queimadas Unidades de 527 Médio Conservação estadual Unidades de conservação 0 Estado crítico Reservas particulares 0 Estado crítico Número de municípios com 0 Estado crítico alguma ocorrência Rede coletora de esgoto 642 Razoável Lixo coletado 0 Estado crítico Lixo jogado em terrenos 0 Estado crítico Lixo jogado em rios 958 Excelente Quantidade de lixo coletado 676 Razoável Agrotóxicos 1000 Excelente Fonte: Elaboração própria Os indicadores associados ao agronegócio do Estado da Bahia foram, em parte, responsáveis para a classificação baixa. A área plantada e distribuição em relação à área dos estabelecimentos sugerem que o Estado precisa de muita terra para produção agrícola. Isto pode está ligado ao fato de muitos estabelecimentos rurais não possuírem tecnologias avançadas que aumente a produtividade, levando a agricultura a utilizar de áreas ocupadas com floresta e áreas naturais. A baixa utilização de fertilizantes prejudica o meio ambiente, na medida em que diminui a produtividade da terra, criando a necessidade de procurar outras para novas plantações. As queimadas em unidades foram outro ponto negativo, que tiveram

resultados ruins, principalmente de conservação federal, o que pode indicar que o uso de fogo para preparo de novas áreas para atividades agropecuárias pode estar sendo de forma descontrolada ou não autorizada por órgãos ambientais. A forma que o lixo é coletado e tratado é outro ponto negativo do Estado e cujo dano ao meio ambiente pode ser irreversível no longo prazo. Um ponto positivo foi em relação ao uso de agrotóxicos, associados á agravos à saúde, contaminação de alimentos e degradação do meio ambiente, que foi considerada excelente para o Estado da Bahia. A tabela 7 mostra a pontuação obtida, na dimensão social, pelos indicadores da Bahia. É apresentado na tabela os indicadores com suas respectivas pontuações, assim como a classificação da sua performance. Tabela 7 Pontuação e classificação dos indicadores na dimensão social. Indicador Pontuação Performance Taxa de fecundidade total 387 Ruim Índice de Gini 0 Estado crítico Esperança de vida ao nascer 421 Ruim Serviços de saúde 1000 Excelente Doenças por saneamento inadequado 0 Estado crítico Taxas de frequência escolar bruta das pessoas de 15 a 17 anos de idade 0 Estado crítico Taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade 0 Estado crítico Domicílios adequados para moradia 341 Ruim Mortalidade por homicídios 0 Estado crítico Mortalidade por acidentes de transporte 1000 Excelente Fonte: Elaboração própria A análise da tabela mostra que os indicadores da dimensão social se comportam as seguinte forma: 2 excelente (serviços de saúde, mortalidade por acidentes de transporte); 3 ruim (taxa de fecundidade total, esperança de vida ao nascer, domicílios adequados para moradia); e 5 estado crítico (índice de Gini, doenças por saneamento inadequado, taxas de frequência escolar bruta das pessoas de 15 a 17 anos de idade, taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade, mortalidade por homicídios). A dimensão obteve performance muito ruim.

Os baixos índices da dimensão social estão, principalmente, ligados as altas taxas de desigualdade (evidenciado pelo índice de Gini) e de homicídios do Nordeste, que possui as piores taxas do Brasil, de acordo com o IPEADATA. A tabela 8 evidencia a pontuação adquirida pelos indicadores da Bahia a respeito da dimensão institucional. Tabela 8 Pontuação e classificação dos indicadores na dimensão institucional. Indicador Pontuação Performance Conselho de Meio ambiente 0 Estado crítico Densidade telefônica 0 Estado crítico Acesso a internet 164 Atenção severa Fonte: Elaboração própria Foi obtido 1 atenção severa (acesso a internet) e 2 estado crítico (conselho de Meio ambiente e densidade telefônica). A dimensão obteve performance estado crítico. Mas uma vez se pode atrelar o resultado a grande desigualdade do Nordeste, onde boa parte da população ainda não tem acesso a internet. O número de linhas telefônicas também obteve resultado decepcionante e segundo o IBGE (2010), à medida que crescem os serviços relacionados a este setor, diminui-se a dependência de transporte, impactando em efeitos positivos ao meio ambiente. Da mesma forma, o favorecimento da ampliação de internet permitiria a formação de redes digitais ou virtuais para troca de conhecimentos (CLEMENTE et al, 2011). A tabela 9 retrata a pontuação obtida pela Bahia quanto à dimensão econômica, apresentando os indicadores, bem como a classificação da performance. Tabela 9 Pontuação e classificação dos indicadores na dimensão econômica. Indicador Pontuação Performance PIB per capita 0 Ruim Saldo comercial da balança de pagamentos 1000 Excelente Serviço de coleta seletiva de lixo 310 Muito ruim Fonte: Elaboração própria De acordo com a tabela, os indicadores mostram que: 1 excelente (Saldo comercial da balança de pagamentos), 1 ruim (PIB per capita) e 1 muito ruim (serviços de coleta seletiva de lixo). A performance da dimensão foi ruim. Entretanto, a falta de indicadores

para esta dimensão compromete a interpretação do desempenho, pois exclui variáveis que poderiam ser relevantes para aumentar o valor da dimensão. A tabela 10 mostra a pontuação e a performance obtida em cada dimensão. Tabela 10 Pontuação e classificação de todas as dimensões. Dimensão Pontuação Classificação Natureza 343 Ruim Social 315 Muito ruim Econômica 437 Ruim Institucional 55 Estado crítico IDS 287,5 Muito ruim Fonte: Elaboração própria Como pode ser observado, todas as dimensões da Bahia foram negativas, mostrando que o estado precisa urgentemente de políticas apropriadas para o desenvolvimento em níveis sustentáveis. No caso da Bahia, a grande desigualdade presente na região pode ser apontada como um dos principais motivos para o resultado do IDS ser baixo, pois muitos indicadores que contribuíram para esses números estão ligados a ela. Em relação ao agronegócio, é preciso desenvolver políticas voltadas para o aperfeiçoamento dessa atividade na região, através de facilitação de crédito para obtenção de máquinas que possam aumentar a produtividade, além de pesquisas que visem diminuir a poluição, contribuindo para o desaceleramento da degradação ambiental. Também recomenda-se a elaboração de cursos a fim de orientar produtores em relação a forma correta de utilizar as queimadas de novas áreas, além de uma melhor fiscalização da mesma. 6. Considerações finais O presente trabalho procurou avaliar o impacto do agronegócio sobre Índice de Desenvolvimento Sustentável para o estado da Bahia, a fim de mostrar a situação do estado, do ponto de vista sustentável, fornecendo informações relevantes para o planejamento de políticas que visem o melhoramento desses indicadores. Utilizou-se do Método do Painel de Sustentabilidade (Dashboard of Sustainability), que além de inovador, é pertinente ao objetivo do trabalho, justamente por integrar diferentes dimensões em sua análise.

Os resultados mostraram que os indicadores relacionados as atividades agrícolas do estado estão baixos, sendo necessário medidas de urgência, a fim de elevar o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) da Bahia. Foi possível com esse estudo identificar os principais problemas que causam esse resultado, sendo preciso a prática de políticas eficazes e direcionadas a esses baixos indicadores, como os indicadores agrícolas. Dessa forma concluise que o agronegócio impacta inversamente o Índice de Desenvolvimento Sustentável do Estado da Bahia quando se utiliza o Método do Painel de Sustentabilidade. É importante frisar que a Bahia possui um problema maior, que está relacionado as grandes disparidades da Região Nordeste, influenciando de forma direta no resultado negativo dos seus índices. Referências BENETTI, L. B. Avaliação do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do município de Lages/SC através do método do Painel de Sustentabilidade. 2006. BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21. 1997. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (2009). Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/ Acesso em 01/09/2013. CRUZ, A. C.; TEIXEIRA, E. C.; CASTRO, E. R. A importância do agronegócio no estado de Minas Gerais: uma análise insumo-produto. (2010). CLEMENTE, F.; GOMES, S. T. Impacto do Agronegócio sobre o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Estado de Minas Gerais. Dez, 2011. DECICINO, R. Desenvolvimento sustentável: Como surgiu esse conceito. Fev, 2008. HARDI, P.; JESINGHAUS, J. Dashboard of sustainability: indicator guidance ti the 21ST century. Paper prepared for the World Summit on Sustainable Development, 2002. HARDI, P.; SEMPLE, P. The dashboard os sustainability: from a metphor to na operational set of índices. Paper presented at the fifth Internacional Conference on Social Science Methodology, May, 2000. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de desenvolvimento sustentável. 2012. INTERNATIONAL INSTITUTE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT. The dashboard of sustainability. Winnipeg, 1999.

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