1 FÓRUM NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO (FNPJ) 11º ENCONTRO NACIONAL DE PROFESSORES DE JORNALISMO MODALIDADE DO TRABALHO: RELATO GRUPODE TRABALHO: PRODUÇÃO LABORATORIAL ELETRÔNICOS O Rádio, o esporte e a convergência digital Autores: Antônio Francisco Magnoni 1 Daniel Gomes do Nascimento de Araújo 2 William Douglas de Almeida 3 Palavras-chave: esportes, web-rádio, Jogos Pan-Americanos O velho rádio não consegue mais escapar das tecnologias e linguagens do ciberespaço. Todo dia há mais usuários de dispositivos informáticos fixos e portáteis, com conexão à internet. A rede mundial de computadores absorve os conteúdos, as linguagens (e também o público) do rádio, da televisão e dos meios escritos. Hoje, a internet desponta como um veículo com vasto potencial para a divulgação esportiva. O desafio é trabalhar qualquer modalidade de jornalismo com o uso dos recursos do ciberespaço, o que exige dos profissionais um outro aprendizado, que os cursos e os meios convencionais de comunicação ainda não estão prontos para ensinar. Este trabalho apresenta a cobertura da XV edição dos Jogos Pan- Americanos de 2007, realizada pela dupla de formandos do Curso de Jornalismo da FAAC-UNESP-Bauru, Daniel Gomes do Nascimento de Araújo e William Douglas de Almeida. O veículo utilizado foi a Web-Rádio UNESP Virtual, laboratório de ensino, pesquisa e extensão, que permitiu transmitir as 1 Antônio Francisco Magnoni: jornalista, doutor em Educação e professor de Jornalismo Radiofônico do DCS da FAAC-UNESP/Bauru. Orientou em 2007 o projeto de conclusão de curso: DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF-TUBE NA UNESP VIRTUAL. E-mail: afmagnoni@faac.unesp.br 2 Daniel Gomes do Nascimento de Araújo é jornalista formado pela FAAC/Unesp e desenvolveu o projeto experimental de conclusão de curso: DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF- TUBE NA UNESP VIRTUAL. E-mail: danunesp@hotmail.com 3 William Douglas de Almeida é jornalista formado pela FAAC/Unesp e desenvolveu o projeto experimental de conclusão de curso: DOWNLOAD DE EMOÇÃO: O PAN OFF-TUBE NA UNESP VIRTUAL. E-mail: jornalismo_william@yahoo.com.br
2 competições esportivas ao vivo, boletins de resultados e os panoramas do PAN, com dados históricos e informações sobre cada modalidade. Web-rádio:um laboratório de linguagem Para a realização da cobertura, foi preciso estudar a linguagem das transmissões esportivas em rádio e criar um modelo equivalente para Web- Rádio. Uma das dificuldades para a narração radiofônica de um evento poliesportivo, é que nem todas as modalidades são conhecidas do público ou tem forte apelo narrativo. Alguns esportes são visuais. No Brasil, as transmissões de futebol e Fórmula 1 são as mais comuns em rádio e televisão. Narrar pelo rádio às competições de tênis, vôlei, natação, atletismo, tênis de mesa, ginástica e artes marciais é um árduo desafio profissional. A opção encontrada pela equipe durante a cobertura, foi criar analogias entre o que acontecia nas arenas esportivas e outros fatos e modalidades conhecidos dos ouvintes. Os dois repórteres explicaram termos técnicos durante as disputas e buscaram uma linguagem capaz de estimular a imaginação do público. Um diferencial foi o canal de interatividade: esteve sempre aberto e os ouvintes foram estimulados a interagir de maneira ativa. Os resultados das experiências de linguagem e os modelos enunciativos do radiojornalismo convencional são aplicáveis para as transmissões de eventos poliesportivos, em web-rádios. Para cada modalidade, é possível transpor algumas das práticas de linguagem esportiva utilizada pelas emissoras, mas vale a ressalva que a transmissão do PAN foi realizada em meio à intensa cobertura das emissoras de tevê. Num contexto de ampla divulgação, o ouvinauta possuía referenciais mínimos sobre as modalidades e sobre os espaços em que eram praticadas. Isso facilitou a compreensão da narração dos dois repórteres. No rádio, e por extensão nas web-rádios, a representação que o receptor da mensagem constrói da realidade depende do conhecimento prévio do ouvinte sobre esta realidade (por tê-la visto antes) e da limitada capacidade da mente para imaginar uma situação, a partir de informações recebidas exclusivamente pelo ouvido (MEDITSCH, 2001, p.170).
3 Transmitir os Jogos Pan-Americanos era uma intenção dos alunos, desde 2005. A intenção era deslocar uma equipe até o Rio de Janeiro e cobrir o evento ao vivo. No entanto, o Comitê Organizador dos Jogos (Co-Rio) não concedeu credenciamento para a emissora. A opção foi cobrir os jogos off-tube, ou seja, acompanhar as competições pela tevê e pela internet e retransmitir as informações. Para viabilizar a transmissão foi aberto um segundo canal de recepção no site da rádio www.radiovirtual.unesp.br. Antes dos Jogos, a equipe preparou-se para a cobertura estudando as regras e aspectos históricos e sociais das modalidades em disputa, com subsídio dos estudos desenvolvidos pelo Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol (GECEF), da FAAC-Unesp de Bauru. A cobertura começou durante a abertura dos Jogos. Rotina de cobertura do PAN Durante os 17 dias de competição os estudantes adotaram uma rotina de trabalho fixa e disciplinada. Acordaram entre sete e meia e oito horas da manhã, e durante o café planejaram as modalidades que seriam transmitidas. A agenda foi montada com o objetivo de transmitir o máximo de modalidades ao vivo. Entre oito e meia e nove horas da manhã as transmissões eram abertas com a apresentação da programação do dia. As disputas a serem transmitidas ao vivo iniciavam, geralmente, entre nove e meia e dez horas da manhã. Provas de natação, partidas de futebol de salão, jogos de vôlei na areia e lutas marcaram o período da manhã da cobertura. Os dois repórteres se alternaram na condução da transmissão de uma modalidade principal, e do plantão esportivo. Quem ficava no plantão era responsável pela atualização dos resultados de outras modalidades. Teve que buscar as novas informações sobre os Jogos e interagiu com os ouvintes da Web-Rádio pelo comunicador instantâneo MSN Messenger. As transmissões ao vivo seguiam até o meio-dia. Durante o horário de almoço foram exibidos perfis de atletas que disputavam os Jogos pelo Brasil. Tais conteúdos foram gravados previamente, para manter a programação da
4 rádio voltada para a cobertura do PAN e permitir períodos de descanso para os dois repórteres. Entre uma e meia e duas horas da tarde as transmissões ao vivo eram retomadas, com o anúncio de modalidades ao vivo e a apresentação de informações históricas sobre as modalidades. Essas informações trouxeram, em muitos casos, dados sobre as regras e a criação dos esportes, além de informar quem eram representantes do Brasil no evento. Nos intervalos entre as competições também foram descritas curiosidades dos Jogos Pan-Americanos, tais como a história das mascotes e a trajetória da tocha Pan-Americana. A transmissão no período da tarde seguiu geralmente até as sete da noite. Em alguns dias, a transmissão da tarde foi prolongada até as oito da noite, conforme a duração das competições. Após o jantar, as transmissões ao vivo eram retomadas com a cobertura das partidas de vôlei de praia, vôlei e basquete, que aconteciam naquele período. Ao fim das competições do dia, a transmissão continuava com a apresentação do Web-jornal do Pan, um informativo com os resultados das disputas e com comentários dos dois repórteres-apresentadores. Entre meianoite e uma da madrugada as transmissões ao vivo eram encerradas e entrava em exibição as gravações dos perfis Pan-Americanos, que durava até às oito e meia da manhã, quando a cobertura era retomada. O uso das possibilidades da Web nas transmissões esportivas Apesar de contar com apenas duas pessoas na transmissão dos Jogos, a cobertura da Web-Rádio Unesp Virtual sugere algumas das possibilidades das jornadas esportivas via internet. Através do software MSN Messenger foi possível manter contato com os ouvintes, que enviavam comentários, elogios, críticas e sugestões de temas a serem abordados. Essa ferramenta é uma forma de aproximação dos ouvintes com a Web-Rádio. Outra característica da web explorada pela transmissão da Unesp Virtual foi a instantaneidade da informação. Com dados obtidos nos portais de internet que faziam a cobertura in loco e informações das emissoras de tevê,
5 conseguimos manter os ouvintes informados em tempo real sobre os acontecimentos nas arenas esportivas do Rio de Janeiro. Considerações Após 17 dias de cobertura dos Jogos Pan Americanos, podemos concluir que a transmissão de um evento poliesportivo por web-rádio é viável, desde que não se resuma à transmissão de modalidades ao vivo. É preciso haver um trabalho de pesquisa, resgate histórico e domínio das ferramentas da internet. Como instrumento de ensino-aprendizagem, a transmissão dos Jogos Pan-Americanos foi eficiente, pois estimulou os alunos executores à pesquisa, e criou um ambiente análogo ao encontrado no cotidiano dos jornalistas que trabalham em eventos desse porte. A experiência de transmissão comprova as múltiplas potencialidades do jornalismo esportivo e a adaptação dos repertórios e vocabulários ao ambiente multimediático da internet. A rotina e a linguagem adotada constituem princípios básicos para realizar uma cobertura de evento poliesportivo, mas não esgotam as possibilidades a serem testadas. É fundamental que haja muitas outras experiências que contem com mais pessoas envolvidas, reportagens com os atletas e o som ambiente dos locais de disputas. Além disso, devemos destacar que a montagem e a manutenção de uma web-rádio não envolvem grandes custos. Com os recursos tecnológicos disponíveis no mercado, está cada vez mais fácil criar estruturas digitais para que professores e alunos experimentem técnicas, linguagens e estratégias de cobertura ao vivo, para meios convergentes e multimediáticos. Referências: MEDITSCH, Eduardo. O rádio na era da informação: teoria e técnica do novo radiojornalismo. Florianópolis: Insular, Editora da UFSC, 2001. SARAIVA JR., Sílvio. Atenas 2004 na internet: uma análise da cobertura jornalística das olimpíadas pelos sites brasileiros. Dissertação (Mestrado em Comunicação) Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação, UNESP, Bauru, 2005.