INTERAÇÕES ENTRE HIPOGLICEMIANTES ORAIS E NUTRIENTES: UM ESTUDO COM IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

Documentos relacionados
ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

Autor(es) MILENE FRANCISCHINELLI. Orientador(es) FÁTIMA CRISTIANE LOPES GOULARTE FARHAT. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1.

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

PERFIL DA UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA FARMÁCIA NA CIDADE DE CAJAZEIRAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais, e

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.172, DE

GLICEMIA DE JEJUM NA AVALIAÇÃO DO METABOLISMO GLICÍDICO

O CONHECIMENTO DO PACIENTE DIABETICO SOBRE A SUA DOENÇA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMILIA DO BAIRRO CAZELLA DO MUNICIPIO DE GUARANIAÇU/PR.

SITUAÇÃO CADASTRAL DE IDOSOS DO RIO GRANDE DO NORTE NO SIS/HIPERDIA

ARTIGO ORIGINAL INTRODUÇÃO. O diabetes mellitus (DM) é um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia, resultante de defeitos na

ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS, PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 ATENDIDOS EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE, ÁGUA BRANCA/PB

PREVALENCIA DA INCONTINÊNCIA COMBINADA AUTO-RELATADA EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

AVALIAÇÃO DO USO DE INSULINA GLARGINA EM ATENDIDOS PELA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE VIÇOSA-MG¹

TALITA GANDOLFI PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE-RS

DATA HORÁRIO TITULO. A MAPA e seu valor de preditividade para doença hipertensiva gestacional em adolescentes primíparas.

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Medicações usadas no tratamento do Diabetes Mellitus. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

PERFIL NUTRICIONAL E DE SAÚDE DE IDOSOS DIABÉTICOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Acompanhamento farmacoterapêutico do paciente portador de Diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina. Georgiane de Castro Oliveira

PREVENÇÃO E COMPLICAÇÕES DA DIABETES ATRAVES DE UM PROJETO DE EXTENSAO

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros

Curso de Formação Avançada em Diabetes

PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO ENTRE IDOSOS DE UM GRUPO DE VIVÊNCIA

Stefanie Louise Candioto Vivianne Reis de Castilho Stival Profº. Msc. Fulvio Clemo Santos Thomazelli, Orientador, FURB

PALAVRAS-CHAVE Hipertensão arterial. Diabetes mellitus. Glicemia capilar. Medicamentos.

ACARBOSE. Hipoglicemiante

AÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL MINAS GERAIS

DIA MUNDIAL DA SAÚDE: DETERMINAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR EM SERVIDORES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

PREVALÊNCIA DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS AUTÔNOMOS DE UMA UNIDADE BÁSICA EM CAMPINA GRANDE - PB

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.172/2017

PERFIL DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDES DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB INTRODUÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA HEMOGLOBINA GLICADA NO CONTROLE DO DIABETES MELLITUS E NA AVALIAÇÃO DE RISCO DE COMPLICAÇÕES CRÔNICAS FUTURAS

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

PERFIL CLÍNICO E NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HUPAA/UFAL)

ENDORECIFE 2018 PROGRAMA PRELIMINAR

PERFIL DE IDOSOS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO E ENDOCRINOLOGIA DA PARAÍBA

GLINIDAS E INIBIDORES DA ALFA GLICOSIDASE

5) Hiperglicemia hospitalar

PERFIL SOCIO DEMOGRAFICO E ARRANJO DOMICILIAR DE IDOSOS CADASTRADOS NO HIPERDIA

INSULINOTERAPIA NO TRATAMENTO DO DM TIPO 2

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS COM DIABETES MELLITUS

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE GLICOSE EM INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS E CREATININA E UREIA EM INDIVÍDUOS NEFROPATAS.

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E HÁBITOS ALIMENTARES 1

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ENTRE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA.

JEJUM PRÉ-ANESTÉSICO E OPERATÓRIO. Localizador: Data: Vigência: Revisão: Página: HND.ANT.POP /5

COMO CONTROLAR HIPERTENSÃO ARTERIAL?

AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO E CONTROLE DO DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES HIPERTENSOS E HIPERTENSO/DIABÉTICOS

CUIDADO FARMACÊUTICO A IDOSOS HIPERTENSOS DA UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE (UAMA)

DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM POPULAÇÃO ATENDIDA DURANTE ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

INVESTIGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM UNIVERSITÁRIOS

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO CLÍNICO E EDUCACIONAL EM HORIZONTE CE

PREVALÊNCIA DA HIPERTENÇÃO ARTERIAL SISTEMICA EM IDOSOS PERTENCENTES AO GRUPO DE CONVÍVIO DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SECA-PB.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA HIPERDIA EM HIPERTENSOS NO DISTRITO DE ITAIACOCA

PREVALÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES DIABETICOS EM UM LABORATORIO CLÍNICO EM CAMPINA GRANDE

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

Apresentação Resultados 2ITR2018

Avaliação da leucocitose como fator de risco para amputação menor e maior e na taxa de mortalidade dos pacientes com pé diabético

PERCEPÇÃO DE PACIENTES DIABÉTICOS QUE FREQUENTAM UMA FAMÁCIA COMERCIAL EM FORTALEZA SOBRE DIABETES MELLITUS TIPO 2

Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências Farmacêuticas FBF Fundamentos de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica

PROVA DE CONHECIMENTO EM METODOLOGIA CIENTÍFICA E INTERPRETAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO NÍVEL DOUTORADO

FATORES DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM PACIENTES HIPERTENSOS E DIABETICOS ATENDIDOS EM UM CENTRO DE TRATAMENTO EM RIO VERDE/GO.

DIABETES: IMPORTANTE FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR

Ações de prevenção e controle da doença renal crônica no Estado de Mato Grosso

PERFIL DE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

ÍNDICE. Introdução 4. O que é diabetes 5. Os diferentes tipos de diabetes 5. Fatores de risco do diabetes tipo 1 e tipo 2 6. Sintomas 7.

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS

SUMÁRIO. Sobre o curso Pág. 3. Etapas do Processo Seletivo Pág. 5. Cronograma de Aulas. Coordenação Programa e metodologia; Investimento.

CNC-CENTRO DE NEFROLOGIA DE CANINDÉ

6º Simposio de Ensino de Graduação PERFIL DE POPULAÇÃO HIPERTENSA ATENDIDA EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, TIETÊ-SP, 2008.

17º Congresso de Iniciação Científica SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL ACOMPANHADOS EM ATENÇÃO FARMACÊUTICA

( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA

Recomendações do NUCDEM para diagnóstico e acompanhamento do diabetes mellitus

Protocolo para controle glicêmico de paciente não crítico com diagnóstico prévio ou não de diabetes mellitus

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS DE UM BAIRRO DE CAPINA GRANDE - PB

PERFIL DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CORRELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE IDOSOS EM UMA CIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO

(83)

DIABETES: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR (NOV 2016) - PORTO

Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil

PERFIL CLÍNICO E BIOQUÍMICO DOS HIPERTENSOS DE MACEIÓ (AL) de Nutrição em Cardiologia (Ufal/Fanut/NUTRICARDIO )

INSERÇÃO DE ACADÊMICOS NA ATENÇÃO MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO 2

Transcrição:

INTERAÇÕES ENTRE HIPOGLICEMIANTES ORAIS E NUTRIENTES: UM ESTUDO COM IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 Laianny Krízia Maia Pereira; Elisana ferreira Gomes; Anne Karelyne De Faria Furtunato; Michelly Alves Barros; Maria das Graças da Silva. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) laiannykmp@hotmail.com ; Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCMPB) elisana.fg@hotmail.com ; Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) anne_furtunato@hotmail.com ; Faculdades Integradas de Patos (FIP) michelly_alves2013@hotmail.com ; Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba (FCMPB ) silvagraca@bol.com.br INTRODUÇÃO O crescimento da população idosa, no Brasil, tem ocorrido de forma acelerada. As estimativas mais conservadoras indicam que, em 2020, o país será o sexto do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas 1. O envelhecimento expõe as pessoas a um maior número de doenças crônicas, portanto, o Diabetes Mellitus (DM) é uma das principais síndromes de evolução crônica que atingem a população, principalmente os idosos. Entre as diferentes classificações do diabetes, o DM tipo 2 é o de maior incidência, compreende até 90% a 95% de todos os casos diagnosticados de diabetes e é uma doença progressiva que, em muitos casos, está presente muito antes de ser diagnosticada 2. O diabetes mellitus (DM) trata-se de uma doença metabólica caracterizada pela hiperglicemia, resultante do defeito da secreção e/ou ação insulínica. Sua prevalência e incidência têm aumentado consideravelmente no mundo, principalmente entre os idosos 3. Os cuidados com a saúde do paciente diabético envolvem um equipe multidisciplinar que participa da educação do paciente e da família, com objetivo de

restaurar os distúrbios metabólicos e prevenir ou retardar o aparecimento de neuropatia periférica, doenças cardiovasculares, renais e oftalmológica, associadas ao descontrole glicêmico 4. O tratamento necessita principalmente de modificações no estilo de vida do paciente, as quais incluem abstenção do fumo, aumento da atividade física e reorganização da dieta, e ainda uso de medicamentos hipoglicemiantes 5. Embora os medicamentos devam representar uma terapia auxiliar no controle do diabetes, muitas vezes é a principal ou única forma de tratamento adotada, segura e eficaz. Diante disso, as interações entre os medicamentos, e entre estes e os alimentos, devem ser consideradas. Ainda que as interações entre os medicamentos sejam mais exploradas, os alimentos também podem alterar a ação dos medicamentos por modificar sua absorção, via alterações no esvaziamento e enchimento gástrico, absorção do fármaco, mudanças do fluxo sanguíneo esplênico e da liberação de bile. Sendo assim, é de extrema relevância a produção de estudos nesse seguimento, uma vez que é possível aumentar a eficácia clínica do tratamento, tornando-o também mais seguro. Diante da problemática apresentada e visto que os hipoglicemiantes orais representam a forma mais adotada de tratamento de um grupo de diabéticos, o presente trabalho propõe levantar os hipoglicemiantes utilizados pelos idosos e avaliar o conhecimento destes, sobre a interação droga-nutriente. METODOLOGIA O presente estudo foi realizado no NASF- (núcleo de apoio á saúde da família) de uma Unidade de Saúde da Família do município de Água Branca no estado da Paraíba, localizada na microrregião da Serra de Teixeira. O período de coleta dos dados foi de todo o mês de julho de 2014. O estudo seguiu um delineamento descritivo com abordagem qualitativa A coleta de dados foi baseada no referencial teórico do estudo; sendo realizado um inquérito clínico, para obter o maior número possível de informações

dos participantes, por meio de entrevista, na residência do próprio idoso, com aplicação de questionário abordando questões temáticas da pesquisa. Fizeram parte da pesquisa, 30 idosos que aceitaram participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido e que compreenderam os seguintes critérios de inclusão: ser portador de diabetes mellitus tipo 2; com idade igual ou superior a 60 anos e faziam uso de hipoglicemiantes orais. Os dados coletados foram analisados de forma descritiva pelo programa computacional Excel por Windows a partir de frequência e média simples, e os resultados foram apresentados na forma de gráficos e de tabelas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba, sob o protocolo nº 014/2014 de acordo com a resolução 466/12. É parte de um estudo de monografia intitulado AVALIAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E DO CONHECIMENTO DOS IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2 EM RELAÇÃO À INTERAÇÃO DROGA NUTRIENTE, o qual está vinculado ao Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba FCMPB. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram da pesquisa 30 idosos portadores de diabetes mellitus tipo 2, sendo 4 (13,3%) são do gênero masculino e 26 (86,7%) foram do gênero feminino Verificou que uso dos hipoglicemiantes metformina + glibenclamida (46,7%), foi mais predominante que o uso dos medicamentos utilizados separadamente. Dentre os medicamentos individuais o glibenclamida (30%) foi um dos mais utilizados. A glibenclamida é bem absorvida no trato gastrintestinal, apesar de ter sua absorção diminuída se administrada juntamente com alimentos e em estados de hiperglicemia (estados hiperglicêmicos inibem a motilidade gástrica e intestinal, podendo retardar a absorção de muitas drogas) 6. Em outro estudo semelhante, 64,3% usavam glibenclamida (sulfoniluréia), que se constitui de primeira escolha dos hipoglicemiantes nos indivíduos com

diabetes mellitus tipo 2 não obesos 7. A metformina é o medicamento de escolha na fase inicial do diabetes mellitus tipo 2 caracterizado por discreta hiperglicemia, obesidade e insulinoresistência 8. Tabela 1. Distribuição dos hipoglicemiantes utilizados pelos idosos no controle da diabetes mellitus tipo 2. Fonte: Dados da pesquisa Observa-se no quadro 1, que 40% dos idosos não teve cuidado nos horários de administração dos medicamentos, isto pode influenciar na absorção do fármaco. Estas interações podem acontecer também em virtude de possíveis alterações que acontecem nos órgãos ou meios comuns a ambos, o nutriente e o fármaco, interferindo na absorção. Quadro 1. Distribuição do medicamento x Alimentos Fonte: Dados da pesquisa Em estudo realizado por Gimenes e texeira9, em relação ao horário de administração dos antidiabéticos orais, verificou que 16 (51,6%) tomavam os medicamentos em horário incorreto. Em relação ao conhecimento dos idosos a respeito da interação droga nutriente, observou-se que (100%) dos idosos não obtiveram nenhum conhecimento em relação à interação do medicamento com nutrientes. Assim compete aos

profissionais de saúde, unir esforços para aperfeiçoarem as formas de tratamento e autocuidado, considerando os aspectos culturais e individuais dos idosos. CONCLUSÕES Tendo em vista os medicamentos utilizados pelos participantes da pesquisa, pode-se chegar até os micronutrientes que têm sua absorção diminuída. Essa absorção é modificada pelo processo ou caminhos que ambos seguem (nutriente X fármaco ou vice-versa). Na maioria dos casos não se teve um cuidado nos horários de administração dos medicamentos, isto pode influenciar na absorção do fármaco. Estas interações podem acontecer também em virtude de possíveis alterações que acontecem nos órgãos ou meios comuns a ambos, o nutriente e o fármaco, interferindo na absorção. Acredita-se que o conhecimento do paciente diabético no processo do autocuidado é uma ferramenta importante para prevenção do desenvolvimento de agravos, desse modo, a equipe multidisciplinar deve empreender esforços no sentido de identificar e compreender os fatores que estão agindo negativamente na adesão do paciente diabético ao tratamento medicamentoso prescrito, e buscar estratégias efetivas para a resolução de tais dificuldades. A informação clara e precisa fornecida pelos profissionais de saúde aos pacientes pode motivá-los para o autocuidado e à adesão ao tratamento medicamentoso para o diabetes mellitus, processo que pode ser aperfeiçoado com o fornecimento de informações escritas, sustentadas por avisos verbais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Tannure MC, Marília A, Roseni RS, Tânia CMC. Perfil epidemiológico da população idosa de Belo Horizonte, MG, Brasil. Rev Bras Enf. 2010; 63(5):817-22.

2. Organização Mundial da Saúde [homepage na internet]. The cost of diabetes. Geneva, 2002 [acesso em 20 mai 2014]. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs236/en/>. 3. American Diabetes Association. Standards of medical care in diabetes. Diabetes Care. 2005; 28(Suppl 1):S4-S36. 4. Gomez R, Venturiin CD. Interação entre alimentos e medicamentos -Porto Alegre: Suliani Letra & Vida, 2009. 5. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso brasileiro sobre diabetes 2002: Diagnóstico e classificação do diabetes Mellitus e tratamento do diabetes Mellitus do tipo 2. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2003. 6. Silva JC, Taborda W, Becker F, Aquim G, Viese J, Bertini AM. Resultados preliminares do uso de anti-hiperglicemiantes orais no diabete mellitus gestacional. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2005; 27(8):461-466. 7. Kühn MC, Araújo BV. Caracterização de pacientes diabéticas atendidas no programa Hiperdia do município de Girua/RS. Rev. Bras. Farm. 2008; 89(2):91-94. 8. Sociedade Brasileira de Diabetes [homepage na internet]. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2009. Tratamento e acompanhamento do Diabetes mellitus. [acesso em 20 jun 2014] Disponível em: http://www.diabetes.org.br/politicas/diretrizesonline. Php. 9. Gimenes HT, Zanetti ML, Otero LM, Teixeira CRS. O conhecimento do paciente diabético tipo 2 acerca dos antidiabéticos orais. Ciênc. Cui. Saúde. 2016; 5(3):317-325.