Exmo. Senhor Ministro da Economia e do Emprego, Professor Doutor Álvaro Santos Pereira; Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Eng.º Carlos Matias Ramos; Exmo. Senhor Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Professor Doutor António Rendas; Exmo. Senhor Professor Doutor Viriato Soromenho Marques, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Minhas Senhoras e Meus Senhores: Agradeço o convite formulado pelo Sr. Bastonário da Ordem dos Engenheiros para participar neste Congresso e pela oportunidade de participar nesta reflexão sobre o papel da Engenharia na sociedade portuguesa contemporânea, no âmbito das celebrações dos 75 anos da Ordem dos Engenheiros. Foram 75 anos de grande criatividade e dinamismo, pautados pela expansão contínua do core 1
business da Engenharia, cada vez mais uma ciência aplicada a todos os domínios da vida social. Cumprido um primeiro ciclo da história da profissão, em que a Engenharia das fortificações e da construção do território foi crescendo à medida do Império ultramarino, sempre na dependência da instância militar, inicia-se o duplo processo de implantação do Engenheiro Português - título célebre de Manuel Azevedo Fortes, de 1729 - na sociedade civil e, com a era da técnica, da sua diferenciação face à arquitetura. Ao ciclo oitocentista dominado pela infraestruturação ferroviária e portuária do País, seguiu-se o primeiro século XX, das indústrias basilares - química, siderúrgica, metalomecânica -, servidas por redes de transportes eficazes e por uma fonte de energia abundante, barata e nacional a hidroeléctrica. As novas indústrias constituíram então outros tantos campos para o exercício da profissão: levarão os engenheiros formados pela 1ª República aos quatro cantos do 2
país e, chegados ao meio do século XX, de regresso a antigos territórios coloniais. As novas áreas de atuação da Engenharia consolidam a vocação universalista da formação do engenheiro, a validade da sua aproximação à realidade, a consistência do seu método. Neste processo, o estatuto do engenheiro viria a superar largamente o tecnicismo matricial e a ascender ao de pensador lógico essencial ao sistema económico e à estrutura produtiva com competência para uma intervenção transversal na valorização e gestão dos recursos técnicos, materiais e humanos da sociedade portuguesa. A competência técnico-científica e o otimismo inato, inscritos no seu código genético constituem uma mais-valia indispensável no tempo difícil e incerto em que vivemos. A transição para o século XXI colocou novos desafios à engenharia, designadamente com a emergência - e a urgência 3
- da agenda ambiental, indissociável das problemáticas do território. O território e a cidade entendidos como oikos, a casa partilhada pelo homem e pelas outras formas de vida, tornaram-se transversais às práticas governativas contemporâneas, enquanto garantes da solidariedade intergeracional e promessa de futuro. À escala de um município como o de Lisboa, o ambiente e a sustentabilidade constituíram, desde a origem, temas assumidamente centrais do novo Plano Diretor Municipal, já em vigor. Neste instrumento de ordenamento territorial, inscrevem-se as políticas urbanas sectoriais, da Urbanística à Mobilidade e ao Espaço Público, da Habitação à Higiene Urbana e aos Espaços Verdes, do Património Cultural às Obras Municipais. Todas apelam ao concurso da Engenharia e do seu larguíssimo espectro de especialidades, que seria pouco útil e fastidioso enumerar. Antes o empenho do Município em valorizar o contributo da Engenharia Portuguesa para a construção de um futuro urbano sustentável e qualificado. 4
O Prémio Manuel da Maia de Engenharia instituído pela Câmara de Lisboa e pela Ordem dos Engenheiros cruza justamente um momento-chave da história da Engenharia Portuguesa e da história de Lisboa, ao eleger por patrono a figura de um dos fundadores da urbanística moderna: Manuel da Maia, engenheiro-mor do reino e representante da competentíssima instância técnica que suportou a reconstrução da Cidade na sequência do terramoto de 1755. O prémio Manuel da Maia conhecerá a sua 1ª edição em 2013, consagrando boas práticas e soluções inovadoras no âmbito da Engenharia da Cidade e contribuindo para o desígnio partilhado de uma vida urbana qualificada e responsável, sustentável. No âmbito também desta colaboração entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Ordem dos Engenheiros, estão a ser promovidos estágios que visam apoiar a transição entre o ensino e o mercado de trabalho, contribuindo para melhorar, completar e aperfeiçoar as competências anteriormente 5
adquiridas, através de formação e experiência prática, e ajudar a inserção de jovens em contexto laboral. (Nota: de um conjunto de 12 vagas, 2 reportam a engenheiro civil). Quero terminar saudando de novo os engenheiros portugueses e sublinhar que a construção do futuro desta cidade não dispensa o seu indispensável contributo. E formulando votos para os trabalhos deste congresso corram da melhor forma possível, aproveitando inspiração que Lisboa não vos deixará de trazer. 6