ESTABELECIMENTO DE CÉLULAS EMBRIOGÊNICAS PARA REGENERAÇÃO DO ALGODOEIRO *

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Transcrição:

ESTABELECIMENTO DE CÉLULAS EMBRIOGÊNICAS PARA REGENERAÇÃO DO ALGODOEIRO * Julita Maria Frota Chagas Carvalho (Embrapa Algodão / julita@cnpa.embrapa.br ), Maria Jaislanny Lacerda e Medeiros (Universidade Estadual da Paraíba), Marina Medeiros de Araújo Silva (Universidade Estadual da Paraíba), Dione Márcia de Souza (Embrapa Algodão), Roseane Cavalcanti dos Santos (Embrapa Algodão) RESUMO - Embriogênese somática é o processo pelo qual células originam uma planta sem que ocorra a fusão de gametas. É empregado principalmente no melhoramento e na engenharia genética. Objetivou-se, com este trabalho, a obtenção de embriões somáticos da cultivar de algodão (Gossypium hirsutum L.) BRS Verde. O trabalho foi realizado no laboratório de Cultivo de Tecidos da Embrapa Algodão. Segmentos de hipocótilo foram cultivados em placas de Petri com diferentes meios nutritivos, variando a concentração e a combinação dos fitorreguladores usados na indução e proliferação dos calos; posteriormente, separou-se os calos do explante inicial, transferindo-os para os meios de indução da embriogênese somática, na ausência de fitorreguladores e suplementados com algumas substâncias. Verificou-se alta percentagem de calos verdes e friáveis, mais propícios ao surgimento dos embrióides; entretanto, não foram obtidos embriões somáticos; assim, a utilização destes protocolos para a cultivar BRS Verde não são eficientes na formação dos embrióides, tornando-se necessário maior estudo desse processo, tendo em vista a sua grande importância na propagação massal clonal de genótipos superiores e na obtenção de plantas transgênicas. Palavras-chave: cultivo de tecidos, embriogênese somática e Gossypium hirsutum. INTRODUÇÃO A propagação in vitro é o nome dado ao conjunto de técnicas de cultura de tecidos usadas para multiplicação de plantas a partir de pequenos explantes; esta técnica permite a obtenção de um grande número de plantas em um espaço físico e temporal pequeno, cujos indivíduos são geneticamente idênticos à planta doadora dos explantes (SANTOS, 2003). Na cultura de tecidos, a propagação in vitro é a modalidade que mais se tem difundido e encontrado aplicações práticas comprovadas (ERIG e SCHUCH, 2005); ela constitui um modo de se manter, sempre disponíveis, explantes sadios e livres de contaminação (CABRAL et al., 2003). De acordo com Carvalho (1996), o cultivo de tecidos permite o crescimento e a multiplicação de células, tecidos, órgãos ou partes de órgãos de uma planta, sobre um meio nutritivo e em condições assépticas e ambientais (iluminação e temperatura) controladas. Esta técnica se baseia principalmente no aproveitamento da totipotência das células vegetais, ou seja, na capacidade de produzir órgãos (organogênese) ou embriões que darão lugar a uma planta inteira (embriogênese somática) em um meio de cultivo favorável. Embriogênese somática é o processo pelo qual células se desenvolvem através de diferentes estádios embriogênicos, dando origem a uma planta sem que ocorra fusão de gametas (WILLIAMS e * PIBIC/ CNPq/ EMBRAPA ALGODÃO

MAHESWARAN, 1986 apud GUERRA et al., 1999); este processo é uma ferramenta importante nos programas de melhoramento de algumas culturas, mediante a utilização das técnicas de cultivo de tecido. Segundo Gyves (1994), essas técnicas são fundamentais para se resolver, a curto e médio prazos, os múltiplos problemas referentes ao melhoramento genético do algodão, muito embora não objetivem substituir as convencionais mas, sim, complementá-las. A embriogênese é empregada sobretudo na propagação massal clonal de genótipos superiores e é importante na obtenção de plantas geneticamente transformadas. Com este trabalho, se objetivou a obtenção de embriões somáticos da cultivar de algodão (Gossypium hirsutum L.) BRS Verde, para assim colocar essas técnicas à disposição do melhoramento e da biotecnologia. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no laboratório de Cultivo de Tecidos da Embrapa Algodão. Após sete dias da germinação in vitro em meio MS básico Murashige e Skoog (1962), segmentos de hipocótilo da cultivar BRS Verde foram cultivados durante quatro semanas, em placas de Petri, com diferentes meios de indução de calo. Utilizaram-se cinco tipos de meios de indução, todos contendo sais do meio MS + 10 ml.l -1 de MgCl2 + 30 g.l -1 de maltose + 0,1 mg. L -1 de tiamina + 2,5g. L -1 de gelrite, variando os fitorreguladores e suas concentrações: ICP2: 0,1 mg.l -1 de 2,4D (ácido diclorofenoxiacético) + 0,5 mg.l -1 de KIN (cinetina); ICP3: 0,1 mg.l -1 de 2,4D + 0,5 mg.l -1 de 2iP(6-(γ-γ-dimetilalymino) purina); ICP4: 0,1 mg.l -1 de 2,4D + 0,3 mg.l -1 PRC (Picloran); ICP5: 0,1 mg.l -1 de ANA (ácido naftaleno acético) + 0,5 mg.l -1 de 2iP; ICP6: 0,3 mg.l -1 PRC + 0,1 mg.l -1 de KIN. Passado esse período, os calos foram transferidos para os meios de proliferação compostos de sais do meio MS + 5 ml.l -1 de MgCl2 + 30 g.l -1 de glucose + 0,1 mg. L -1 de tiamina + 2,5 g.l -1 de gelrite + diferentes concentrações de reguladores de crescimento: PCP2: 0,1 mg.l -1 de 2,4D + 0,5 mg.l -1 de KIN; PCP3: 0,1 mg.l -1 de 2,4D + 5 mg.l -1 de 2iP; PCP4: 0,1 mg.l -1 de 2,4D + 2 mg.l -1 PRC; PCP5: 0,1 mg.l -1 de ANA + 5 mg.l -1 de 2iP: PCP6: 2 mg.l -1 PRC + 0,1 mg.l -1 de KIN. Os calos permaneceram durante três semanas nesses meios. Após as quatro semanas de indução e as três da proliferação, os calos foram submetidos a uma avaliação, observando-se a coloração, textura e contaminação; posteriormente, fez-se uma raspagem dos calos transferindo-os para quatro diferentes meios de indução da embriogênese somática, todos com sais do meio MS acrescido com vitaminas do meio B5 Gamborg et al. (1968), 5mg.L 1 MgCl2, glutamina, asparigina, 2,5g. L -1 de gelrite e sem reguladores de crescimento: MIEG1 (30 g.l -1 de glucose), MIEG2 (20 g.l -1 de glucose), MIEG3 (30 g.l -1 de sacarose + KNO3) e MIEG4 (20 g.l -1 de sacarose + KNO3); enfim todos foram subcultivados e avaliados a cada quatro semanas, observando-se a formação de embrióides. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os tratamentos foram eficientes na formação de calos e os resultados da avaliação, após a indução, estão demonstrados na Tabela 1, na qual se observaram algumas diferenças, de acordo com o meio. Nesta tabela, o cálculo da percentagem dos calos se baseou em um total de 180 explantes distribuídos em 20 Placas de Petri.

Tabela 1. Percentagem de calos na cultivar BRS Verde nos diferentes tratamentos da indução TIPOS DE CALO TRATAMENTOS (%) ICP2 ICP3 ICP4 ICP5 ICP6 Verde e friável 86,1 63,9 46,7 4,4 Verde, friável e com antocianina 26,2 Verde e duro 69,4 Marrom e friável 10,6 7,8 44,4 34,4 Marrom e duro 7,8 8,9 60,6 Branco e friável 3,3 20,5 Contaminados 5,0 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Verifica-se, de acordo com a Tabela 1, que o tratamento ICP2 (Fig. 1) apresentou maior desenvolvimento de calos friáveis e de coloração esverdeada, destacando-se dos demais tratamentos, pois são esses calos os mais propícios ao surgimento de embriões somáticos. Após as três semanas no meio de proliferação se fez nova avaliação dos calos, observada na Tabela 2. Tabela 2. Percentagem de calos na cultivar BRS Verde nos diferentes tratamentos da proliferação TIPOS DE CALO TRATAMENTOS (%) PCP2 PCP3 PCP4 PCP5 PCP6 Verde e friável 76,3 79,3 10,4 Verde e duro 56,3 Marrom e friável 60,0 13,3 Marrom e duro 23,7 20,7 20,0 40,0 Contaminados 20,0 33,3 46,7 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Pode-se averiguar, através da Tabela 2, que o meio PCP3 (Fig. 5) apresentou a maior percentagem de calos de coloração esverdeada e textura friável; constatou-se também, o aparecimento de contaminações fúngicas e/ ou bacterianas nos tratamentos ICP4 e ICP5 e um acentuado aumento da contaminação no meio ICP6. Figura 1. Indução de calo no meio ICP2. Foto: Maria J.L. e Medeiros. Figura 2. Proliferação de calo no meio PCP3. Foto: Maria J.L. e Medeiros. Figura 3. Calos em meio de rediferenciação. Foto: Maria J.L. e Medeiros.

Após a proliferação, os calos foram separados do explante inicial e transferidos para os meios MIEG1, MIEG2, MIEG3 e MIEG4, que são os meios de indução da embriogênese somática ou meios de rediferenciação (Fig. 3); eles permaneceram nesses meios durante quatro subcultivos, realizados a cada quatro semanas. Realizaram-se, durante esses subcultivos, avaliações para verificar o surgimento de embrióides, porém até o quarto subcultivo realizado os mesmos não foram originados. Diferentemente deste estudo, Carvalho et al. (1998), obtiveram embrióides quando os calos embriogênicos foram transferidos aos meios com e sem glutamina, embora as cultivares usadas tenham sido CNPA Precoce 2 e Coker 312. Vôo et al. (1991), também observaram a embriogênese somática na cultivar Coker 312; através de calos induzidos em meio MS mais vitaminas do meio B5 e ácido 3-indolacético e kinetina. Firoozabady e DeBoer (1993) constataram que os calos da cultivar Coker produziram embriões ao serem transferidos a um meio sem fitorreguladores, assim como Davidonis e Hamilton (1983), que conseguiram o aumento de proembrióides em Gossypium hirsutum depois que os calos foram transferidos para meios sem reguladores de crescimento. A produção do algodoeiro por meio da biotecnologia está limitada pela especificidade da cultivar, tendo a mesma que ser embriogênica para que se possa regenerar uma planta (CARVALHO, 1999). A indução da embriogênese somática é muito difícil, senão impossível no caso de muitas espécies vegetais; e a Coker é a cultivar de algodão que mais tem se mostrado embriogênica. CONCLUSÕES Todos os meios foram eficientes na formação dos calos; Na indução, o meio em que se utilizou os reguladores de crescimento 2,4D e KIN, apresentou o maior índice de calos friáveis e verdes; Na proliferação, o meio com 2,4D e 2iP se sobressaiu na formação de calos friáveis e verdes. Os calos formados quando passados para os meios de rediferenciação, não foram eficientes na origem dos embrióides. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO As técnicas de cultivo in vitro são fundamentais para se resolver os vários problemas referentes ao melhoramento genético do algodão; e a embriogênese somática é um processo imprescindível para a propagação massal clonal de genótipos superiores em curto período de tempo e com espaço mínimo; é importante para a engenharia genética visto que, por meio das técnicas de transformação, as plantas podem ser regeneradas com características de interesse devido à utilização, por exemplo, do co-cultivo de bactérias nos proembrióides formados a partir deste processo; assim, pode-se cultivar plantas geneticamente melhoradas provenientes da embriogênese somática. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRAL, G.B.; PIRES, M.V.V.; LACERDA, A.L.; CARNEIRO, V.T. de C. Introdução in vitro, micropropagação e conservação de plantas de Brachiaria sp. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2003. 4p. (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Comunicado Técnico, 101).

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