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Transcrição:

Acúmulo de macronutrientes pela cultura da beterraba em sistema de plantio direto Thiago Leandro Factor 1 ; Luís Felipe V. Purquerio 2 ; Jane Maria de C. Silveira 1 ; Alex Humberto Calori 2 ; Richelle da Silva M. Ronchi 3 ; Sebastião de Lima Júnior 1 1 APTA Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, Pólo Nordeste Paulista. Av. Presidente Castelo Branco, s/n, C. Postal 58, 13730-970, Mococa-SP. factor@apta.sp.gov.br, jane@apta.sp.gov.br, slimajr@apta.sp.gov.br; 2 APTA/ IAC Centro Horticultura. C. Postal 28, 13012-970 Campinas SP. felipe@iac.sp.gov.br, ahcalori@gmail.com; ³FATEC Faculdade de Tecnologia de Mococa. Av. João Baptista de Lima Figueiredo, s/n, 13730-000, Mococa-SP. richellemarcilli@ig.com.br RESUMO A expressão do potencial produtivo da cultura da beterraba depende de uma adequado programa de nutrição e adubação. Assim, os nutrientes devem ser aplicados de acordo com as exigências da cultura, nas quantidades e épocas corretas, em função do sistema de cultivo adotado. A utilização de curvas de acúmulo de nutrientes, como um parâmetro para a recomendação de adubação, pode ser considerada como uma boa indicação da demanda em cada etapa do desenvolvimento da planta. Assim, o objetivo do trabalho foi determinar o acúmulo e exportação de nutrientes pelo híbrido de beterraba Rubius em condições de plantio direto. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com três repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas épocas de coleta de plantas, realizada a cada 15 dias, totalizando 7 avaliações. O acúmulo e exportação total de nutrientes pelo híbrido de beterraba Rubius em condições de plantio direto, em ordem decrescente valores, foi de: 600,7 > 371,3 > 82,5 > 63,9 > 41,6 > 29,2 mg planta -1 e 225,3 > 139,2 > 30,9 > 24,0 > 15,6 > 10,9 kg ha -1 para K, N, Ca, Mg, P e S,. Foi calculado o acúmulo por hectare, multiplicando-se o número de plantas por hectare respectivamente. Palavras-chave: Beta vulgaris L., marcha de absorção, nutrição mineral, tomate, sustentabilidade. ABSTRACT Accumulation of nutrients by the table beet crop in no-tillage system The expression of the productive potential of beet depends on an adequate program of nutrition and fertilization. Thus, nutrients have to be applied according to the requirements of culture in the correct quantities and times depending on the crop system. The use of nutrient accumulation curves as a parameter for the fertilizer recommendation can be considered as a good indication of demand at each stage of plant development. Thus, the objective of this work was to determine the accumulation and export of nutrients by the hybrid table beet (Rubius) in no-tillage system. The experimental design was a randomized blocks with three repetitions. The treatments were the times of sampling, conducted every 15 days, a total of 7 evaluations. The accumulation and total export of nutrients by the hybrid table beet (Rubius) in no-tillage system, in order of decreasing values, was: 600.7> 371.3> 82.5> 63.9> 41.6> 29.2 mg plant -1 and 225.3> 139.2> 30.9> 24.0> 15.6> 10.9 kg ha -1 for K, N, Ca, Mg, P and S. Keywords: Beta vulgaris L., nutrient uptake, mineral nutrition, table beet, sustainability. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3360

A beterraba é uma das hortaliças propagadas por sementes mais importantes no Brasil, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas ABCSEM. Os produtores de beterraba movimentam 256,5 milhões de reais por ano. No varejo, o valor da cadeia produtiva desta hortaliça atingiu 841,2 milhões de reais em 2010 (Tivelli et al., 2011). Os cinco principais Estados produtores em 2006 totalizavam mais de 75% da quantidade produzida do país. Esses Estados são: Paraná que concentra a maior produção (20,0%), São Paulo (17,0%), Minas Gerais (15,5%), Rio Grande do Sul (15,0%) e Bahia (8,0%) segundo IBGE (2009). A expressão do potencial produtivo da cultura da beterraba como de outras hortaliças depende de uma adequado programa de nutrição e adubação. Assim, os nutrientes devem ser aplicados de acordo com as exigências da cultura, nas quantidades e épocas corretas. Uma das ferramentas utilizadas no balanceamento das adubações é a marcha de absorção de nutrientes, expressa sob a forma de curvas em função da idade da planta (Nunes et al.,1981). A utilização de curvas de acúmulo de nutrientes para as diversas cultivares de hortaliças, como um parâmetro para a recomendação de adubação, é uma boa indicação da demanda em cada etapa do desenvolvimento da planta. A relação entre as quantidades acumuladas de nutrientes e de matéria seca auxilia, assim, no estabelecimento de um programa de fertilização do solo para a cultura (Roberts & Dole, 1985). Deve-se ressaltar, contudo, que estas curvas refletem o que a planta necessita, e não o que deve ser aplicado, uma vez que se tem que considerar a eficiência de aproveitamento dos nutrientes, que é variável segundo as condições climáticas, o tipo de solo, o sistema de irrigação, o manejo cultural, entre outros fatores. De modo mais efetivo, essas curvas auxiliam no programa de adubação, principalmente na quantidade dos diferentes nutrientes que devem ser aplicados nos distintos estágios fisiológicos da cultura (Villas-Boas, 2001). Informações quanto ao acúmulo de nutrientes em beterraba são escassos na literatura e referem-se a culturas estabelecidas em canteiros (Granjero et al, 2007) e a partir de cultivares tradicionais de polinização aberta (Gondim et al., 2011). No entanto, existem grandes diferenças entre o plantio direto sob a palha e o plantio convencional em canteiros, Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3361

as quais afetam o desenvolvimento e a demanda por nutrientes pelas plantas de beterraba. Em conseqüência, altera-se a demanda por nutrientes ao longo do ciclo que, segundo Menguel & Kirkby (1987), é reflexo direto do acúmulo de matéria seca. Outro fator que pode interferir no acúmulo é a densidade populacional, que geralmente é maior para híbridos e no sistema de plantio direto. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo determinar o acúmulo e exportação de nutrientes pelo híbrido de beterraba Rubius em condições de plantio direto. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Fundação de Pesquisa e Difusão de Tecnologia Agrícola Luciano Ribeiro da Silva, localizada em São José do Rio Pardo/SP (21º37 16 S; 43º53 15 O; 750 m de altitude). O solo da área experimental foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo (Embrapa, 2006) e o clima, segundo a classificação de Köppen, Cwa. A análise física classificou o solo como franco-argiloarenoso, com composição de argila, silte, areia grossa e fina em g kg -1 de 294, 272, 339 e 95, respectivamente. A análise química revelou as seguintes características e concentração de nutrientes: ph (CaCl2) = 5,1; M.O. = 16 g dm -3 ; P (resina) = 90 mg dm -3 ; K = 5,7 mmolc dm -3 ; Ca = 33 mmolc dm -3 ; Mg = 7 mmolc dm -3 ; H + Al = 30 mmolc dm -3 ; SB = 41,9 mmolc dm -3 ; CTC = 71,0 mmolc dm -3 e V = 59%. A partir da análise do solo e recomendação de adubação padrão para a cultura da beterraba na região, de acordo e adaptado de Trani et al. (1997), foram aplicados por ocasião do plantio 52 Kg ha -1 de N, 182 Kg ha -1 de P 2 O 5 e 104 Kg ha -1 de K 2 O através da fórmula 04-14-08. Em cobertura, 120 kg ha -1 de N e 120 kg ha -1 de K por meio da fórmula 20-00-20 dividido em três aplicações, aos 30, 50 e 70 dias após o plantio (DAP). Cerca de 30 dias antes da semeadura da beterraba foi aplicado em área total 960 g ha -1 do herbicida Glifosato para dessecar o milheto (Pennisetum americanum) e de maneira a formar a palhada, medida por ocasião da semeadura em 8 t ha -1 de massa seca. Não foi realizada calagem antes do plantio do milheto. Foi aplicado, no entanto, 50 kg ha -1 de N na forma de sulfato de amônio e em cobertura, aos 30 dias após a semeadura. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3362

A semeadura, híbrido Rubius (Agristar do Brasil Ltda), foi realizada em 02 de junho de 2011 com semeadora autopropelida SFIL, modelo Sembra 2000. O desbaste de mudas foi realizado quando estas estavam com cerca de 5 cm de altura, estabelecendo-se 15 plantas por metro línea, num total de 375.000 plantas ha -1. A irrigação foi realizada por pivô central, aplicando-se uma lâmina total de aproximadamente 260 mm durante o ciclo da cultura. O controle de plantas daninhas, assim como o controle de pragas e doenças foi realizado conforme a necessidade da cultura e de acordo com o preconizado na região. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com três repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas épocas de coleta de plantas. Dentro de cada parcela foram avaliadas cinco plantas em média a cada 15 dias, totalizando 7 avaliações. A unidade experimental foi composta por cinco linhas espaçadas de 0,40 m totalizando 2,0 m de largura por 10 m de comprimento e 20 m 2 de área. As coletas de plantas foram realizadas em períodos pré-estabelecidos, na parte da manhã, para evitar que as plantas murchassem até chegar ao laboratório. As plantas selecionadas em cada coleta deveriam ser competitivas, ou seja, apresentavam as mesmas condições de crescimento das demais, obedecendo ao espaçamento pré-definido e com bom aspecto visual (isentas de pragas e/ou doenças). Em seguida, as plantas eram levadas ao Laboratório, onde foram fracionadas em parte aérea e raízes, lavadas e colocadas separadamente, em saco de papel e levadas para secagem em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 65-70 ºC, até atingir massa constante. Em função da massa seca das amostras, foi determinado o acúmulo de massa seca da parte aérea e raiz em cada época de coleta, sendo os resultados expressos em g planta -1. Em seguida, as amostras foram processadas em moinho tipo Willey (peneira de 2 mm) e acondicionadas em recipientes e encaminhados ao laboratório de Análise de Solo e Planta do IAC/APTA para determinação dos teores e acúmulo de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) na parte aérea e raízes, expressos em mg planta -1. A quantidade de nutrientes exportados por hectare foi obtido multiplicando-se o valor acumulado por planta pelo número de plantas por hectare, apesar da parte aérea das plantas de beterraba, por ocasião da colheita, permaneceram na área. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3363

Os dados obtidos foram submetidas à análise de variância utilizando-se o software R, sendo utilizado o modelo de regressão sigmoidal com tres parâmetros por apresentar melhor ajuste (variância explicada e R 2 ) e melhor representação do fenômeno biológico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 podem ser verificadas as médias de acúmulo de macronutrientes na parte aérea e nas raízes de beterraba, híbrido Rubius, em função dos dias após a semeadura, assim como as equações de regressão que melhor ajustaram ao acúmulo do nutriente analisado. As quantidades acumuladas foram crescentes ao longo do ciclo de produção. No final do mesmo, o acumulo na parte vegetativa em ordem decrescente foram: 248,2>157,4>57,2>35,5>14,4>12,2 mg planta -1, respectivamente para K, N, Ca, Mg, S e P. A quantidade de nutrientes contidos nas raízes foram distintas das encontradas na planta: 352,6>213,8>29,5>28,5>25,3>14,9 mg planta -1, respectivamente para K, N, P, Mg, Ca e S. O acúmulo máximo total de nitrogênio foi de 371,25 mg planta -1 (139,22 kg ha -1, sendo que a parte aérea foi responsável por 42,4% e as raízes com 57,6%. Esses resultados foram superiores ao encontrados por Haag & Minami (1987) que para uma população de 330.000 plantas ha -1 obtiveram um acúmulo de 30 kg ha -1 de nitrogênio, próximos aos obtidos (150 kg ha -1 ) por Trani et al. (1992), citados por Souza et al. (2003) e inferiores aos verificados por Grangeiro et al. (2007) (186,1 kg ha -1 ), porém com a variedade Early Wonder em plantio convencional (Tabela 2). O fósforo foi o segundo macronutriente de menor acúmulo pela beterraba, com o máximo de 41,58 mg planta -1 (15,59 kg ha -1 ). As raízes contribuíram com a maior parte (70,85%) em relação à parte aérea (29,15%). Os valores acumulados de fósforo ficaram próximos daquele obtidos por Haag & Minami (1987). De uma forma geral, a beterraba não é considerada uma hortaliça exigente em fósforo, encontrando-se na literatura recomendações de adubação variando de 60 até 400 kg ha -1 de P 2 O 5 (Trani et al., 2003). O potássio foi o nutriente mais acumulado pelo híbrido de beterraba Rubius, com acúmulo máximo de 600,76 mg/planta (225,28 kg ha -1 ). As participações da parte aérea e raízes foram respectivamente de 41,3% e 58,7%. Esses resultados corroboram os obtidos por Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3364

Haag & Minami (1987) e por Kemmler (1988), citados por Trani et al. (1993), que o obtiveram o potássio como o nutriente de maior acúmulo. Porém, diferente dos encontrados por Granjeito et al. (2007) que tiveram no potássio o segundo nutriente mais acumulado seguido do nitrogênio, com valores da ordem de 538 mg planta -1 (179,3 kg ha -1 ). O acúmulo máximo de cálcio foi de 82,48 mg planta -1 (30,93 kg ha -1 ). A participação da parte aérea foi de 69,3% e das raízes 30,7%. O acúmulo de cálcio foi bem maior na parte aérea quando comparado aos outros macronutrientes, evidenciando que o cálcio que é absorvido pela raiz é translocado para parte aérea, porém não se distribui no interior da planta, devido a sua baixa mobilidade. O acúmulo total de cálcio obtido no presente trabalho foi semelhante aos verificados por Granjero et al. (2007) (36,8 kg ha -1 ) e Fersini (1976), citado por Trani et al. (1993) de 36 kg ha -1, porém bem superior aos encontrados por Haag & Minami (1987), de 2,0 kg ha -1 com a cultivar Early Wonder. O total acumulado de Mg na planta foi de 63,93 mg planta -1 (23,98 kg ha -1 ). As participações da parte aérea e raízes foram respectivamente de 55 e 45%. O magnésio acumula-se preferencialmente na parte aérea. Uma das prováveis causa, para essa maior acumulação do Mg na parte aérea é que o mesmo faz parte da molécula de clorofila (Grangero et al., 2007). De acordo com Marschner (1995), dependendo do status de Mg na planta, entre 6 a 25% do magnésio total está ligado à molécula de clorofila, outros 5 a 10% estão firmemente ligados a pectatos, na parede celular, ou como sal solúvel, no vacúolo. Não obstante, o enxofre foi nutriente de menor acúmulo pela beterraba híbrido Rubius, com o máximo de 29,23 mg planta -1 (10,96 kg ha -1 ). A partição do acúmulo entre parte aérea e raízes foi bastante semelhante, com valores da ordem de 49% e 51%, respectivamente. O acúmulo e exportação total de nutrientes pelo híbrido de beterraba Rubius em condições de plantio direto, em ordem decrescente valores, foi de: 600,7>371,3>82,5>63,9>41,6>29,2 mg planta -1 e 225,3>139,2>30,9>24,0>15,6>10,9 kg ha -1 para K, N, Ca, Mg, P e S. AGRADECIMENTOS À Fundação de Pesquisa e Difusão de Tecnologia Agrícola Luciano Ribeiro da Silva pela concessão de bolsa de iniciação científica e apoio financeiro na realização desta pesquisa. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3365

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Tabela 2. Exportação total de N, P, K, Ca, Mg e S por planta de beterraba híbrido Rubius e por hectare. São José do Rio Pardo SP.(Total exports of N, P, K, Ca, Mg and S in plant hybrid Rubius table beets per hectare). APTA, São José do Rio Pardo, SP, 2011. Nutriente Exportação Total mg planta -1 kg ha -1 N 371,25 139,22 P 41,58 15,59 K 600,76 225,28 Ca 82,48 30,93 Mg 63,93 23,98 S 29,23 10,96 Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 3368