De olho em fundo de R$ 2 bi, mercado se mexe para atender Lei da TV Paga



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Transcrição:

De olho em fundo de R$ 2 bi, mercado se mexe para atender Lei da TV Paga Carlos Minuano Do UOL, em São Paulo - 08/10/201306h05 Produções nacionais engrossam a programação dos canais pagos Bastidores de "Destino: Rio de Janeiro", série produzida pela O2 que estreia em breve na HBO Sony, Warner, Fox, Cartoon Network, Discovery Channel... Desde a chegada da TV por assinatura no Brasil, canais e produções estrangeiras dominam boa parte da grade de programação oferecida ao público brasileiro. Quem andou zapeando pelos canais pagos ultimamente, no entanto, já começou a notar algumas mudanças. É que, desde setembro deste ano, por força de lei, todos os canais fechados de entretenimento devem exibir, obrigatoriamente, três horas e meia por semana de produções nacionais em horário nobre. Aprovada em agosto de 2011, a Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) - também conhecida como Lei 12.485/11 ou simplesmente Lei da TV Paga - criou novas regras para o setor, que se abriu para a entrada das empresas de telefonia. Além de ampliar progressivamente o espaço nas grades - em 2011 era uma hora e meia de programação nacional; em 2012 passou para duas horas e meia e, em 2013, chegou finalmente ao mínimo de três horas e meia -, a nova lei define que metade desses conteúdos deve ser produzida por empresa brasileira e ainda destina recursos arrecadados junto às teles para um fundo de financiamento a produções nacionais. Os primeiros resultados já começam a aparecer nas telas. Um dos mais "internacionais" do leque de canais por assinatura, o Warner Channel, que exibe mensalmente cerca de 120 filmes -- desses, apenas quatro são brasileiros --, acrescentou recentemente dois títulos novos à sua grade semanal: "Vida de Estagiário", adaptação das tirinhas de Alan Sieber, e "Documentários Cultura Pop", que já retrataram os universos do cinema, artes e moda brasileira. Segundo sua assessoria de imprensa, o Megapix promoveu um aumento de 30% no número de produções nacionais em sua programação para atender à Lei da TV Paga. Até mesmo a rede Telecine, que desde 2006 também dedica-se a coproduções de filmes brasileiros, diz estar atenta às novas regras. "Entre dois filmes que fizeram a mesma bilheteria, um nacional e um estrangeiro, o nacional dá mais audiência na rede", informou o canal por meio de sua assessoria. "Há filmes suficiente para cumprir a cota, só estamos tomando um cuidado com o número de horas por semana como determina a lei e a concentração no horário nobre".

Impacto na produção audiovisual Se, para os assinantes, as mudanças têm sido apresentadas a conta-gotas, no setor de produção audiovisual o impacto da Lei 12.485/11 já é bem visível. Antes da lei, a O2 Filmes produziu em duas décadas cinco séries e suas temporadas. Depois da lei, em um ano, 13 séries estão saindo do forno. "É uma diferença brutal", afirma Andrea Barata Ribeiro, sócia da produtora ao lado do diretor e cineasta Fernando Meirelles. Para atender à demanda, Ribeiro conta que foi necessário aumentar a equipe. "Contratamos uma produtora executiva que cuida só da área de TV e, além dela e sua pequena equipe, um jovem roteirista que nos ajuda a trabalhar as ideias quando ainda estão na incubadora." A dona da O2 dá uma canja do que vem por aí. Um dos destaques do cardápio de novidades, segundo ela, é o "Destino: Rio de Janeiro", que estreia em breve na HBO. "É uma segunda temporada de 'Destino: São Paulo', exibida entre 2012 e 2013, só com atores não profissionais", conta. Ribeiro observa que algumas novidades já estrearam, entre elas "Contos de Edgar" e "A Verdade de Cada Um" para a FOX e NatGeo, além de "Beleza S/A" para a GNT. "Estamos em desenvolvimento e em preparação de várias outras", acrescenta. A produção segue a todo vapor também em outras produtoras. "Antes, produzíamos em média duas séries por ano, agora estamos com quatro séries anuais e com perspectiva de fecharmos mais duas", conta Paula Barreto, diretora da LC Barreto. Tal como na O2, ela diz que foi necessário aumentar o time pra dar conta do recado. "Contratamos duas pessoas para cuidar só do núcleo de TV." Além dos vários projetos em fase de negociação, Barreto conta que está produzindo uma série de dez capítulos, de 60 minutos cada um, sobre os cem anos da seleção brasileira de futebol com estreia prevista para março de 2014. Outras produções que estão aceleradas são a terceira temporada da série "Oncotô", para a TV Brasil e a segunda de "Mais Vezes Favela" para o Multishow. A produtora também confirmou três longas que devem ser rodados em 2014. A cinebiografia "João", do maestro João Carlos Martins, com Marcelo Serrado, e duas comédias, "Super Poderes", da diretora estreante Anne Pinheiro Guimarães, com Alessandra Negrini, Debora Block e Wagner Moura; e "Cinco Contra Um", de Bruno Barreto, inspirado em livro homônimo do casseta Beto Silva, no elenco, Leandro Hassum e Daniele Winitz. Para o diretor José Eduardo Belmonte ("Billi Pig") a lei é importante por criar um mercado até então dominado pela indústria estrangeira. "Agora sim vamos começar a ter conteúdo de fato", aposta. Ele conta que está dirigindo um seriado que vem ao mundo graças à nova lei, mas não revela detalhes. Fundo chega a R$ 2 bi, mas segue bloqueado A nova Lei de TV Paga também estima injetar cerca de R$ 800 milhões por ano na produção brasileira de audiovisual segundo a Ancine. É quase seis vezes o valor com o qual o mercado vinha trabalhando antes da lei, via incentivos fiscais, que variava em torno de R$170 milhões. Desde que a lei foi aprovada, o chamado Fundo Setorial do Audiovisual já acumula quase R$ 2 bi. Destinado a investimentos em produção e distribuição de obras para cinema e TV, o montante bilionário corresponde à arrecadação da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) paga pelas teles desde 2012, um ano após a aprovação da Lei 12.485. O imposto também é pago por produtoras, exibidoras, distribuidoras e programadoras. A demora na regulamentação da lei pela Ancine, prevista para o início deste ano, tem impossibilitado a utilização dos recursos. "Esse valor está acumulando", avalia o produtor Marcus Ligocki, coordenador do seminário Estratégias para o Desenvolvimento das Pequenas Empresas do Audiovisual Brasileiro, que ocorreu dentro da programação do último Festival de Brasília, no último mês. "Há um receio de que entupa o cano", diz.

"Falta regulamentar a lei e informar ao mercado quais serão os tipos de produção que poderão se beneficiar dos recursos para que os projetos possam ser inscritos", explica Ligocki., que admite que não se trata de uma tarefa simples. "É um trabalho de extrema complexidade: como distribuir esse dinheiro de forma responsável?". A Ancine rebate as críticas "Os gargalos estão sendo enfrentados em permanente diálogo com produtores, distribuidores e agentes financeiros do Fundo". Para a agência reguladora, as dificuldades mais urgentes vão além da produção e incluem carências de formação profissional. Para enfrentar a demanda, informou que o Governo Federal prepara para breve o lançamento do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Indústria Audiovisual (Prodav) com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual, visando à "capacitação de profissionais e agentes do mercado, com apoio a cursos de formação, intercâmbio e pesquisa". "Precisamos de mão de obra técnica, artística e capaz de desenvolver negócios. Precisamos produzir mais conteúdos e obras", reforça o diretor da Ancine, Manoel Rangel. Embora o dinheiro ainda não esteja disponível, a criação de novos canais, como o Arte 1, Prime Brasil e Curta são sinais evidentes das mudanças em curso. O grupo Bandeirantes, por exemplo, divulgou recentemente a intenção de lançar ainda este ano mais dois canais. "Televisão é um mercado bilionário", reforça Christian de Castro, consultor de empresas da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital). "A criação de cotas nesse segmento gera uma enorme demanda". Ele aposta no formato de séries criadas aqui com potencial de exportação, para circulação internacional. "Podem se tornar um formato em mercados maduros", completa. Estudo divulgado em setembro pela Ancine aponta que o segmento de TV por assinaturas vive seu momento de maior expansão no Brasil. Em 2012, foram 16 milhões de assinaturas e a previsão é de que esse número chegue a 30 milhões até 2016. O mesmo levantamento, no entanto, mostra que o preço do serviço ainda restringe o mercado e coloca o país em 12 lugar no ranking mundial, atrás de países como Argentina e Venezuela. Disponível em http://televisao.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/08/de- olho- em- fundo- de- r- 2- bi- mercado- se- aquece- para- atender- lei- da- tv- paga.htm >> acessado 20/02/2014 A nova Lei da TV paga Por: Faculdade Cásper Líbero Formado em RTV pela Faculdade Cásper Líbero, Felipe Ferrari explica a influência da nova lei no mercado de trabalho e dá dicas para quem está ingressando no mundo do audiovisual Felipe trabalha como produtor na FOX Brasil

A lei 12.485, mais conhecida como nova Lei da TV paga, entrou em vigor em setembro de 2011 e propõe uma nova dinâmica para a produção e difusão de conteúdos audiovisuais produzidos no Brasil. A lei torna obrigatória a exibição de, no mínimo, 3h30 de conteúdos brasileiros por semana no horário nobre dos canais de espaço qualificado, e a presença de canais brasileiros dentro de cada pacote ofertado ao assinante. Além disso, a abertura para a entrada de empresas de telecomunicação no negócio (como a Claro e a Embratel) ampliou a oferta de operadoras, diminuindo o preço final a ser pago pelo assinante. Segundo a Instrução Normativa 100 da ANCINE que regulamentou a lei 12.485, espaço qualificado é o espaço do canal em que não são veiculados conteúdos religiosos, políticos, esportivos e jornalísticos, concursos, publicidade, televendas, informeciais, jogos eletrônicos, propaganda política obrigatória, horário eleitoral e programas de auditório. Portanto, canais de espaço qualificado são aqueles que no horário nobre veiculam obras audiovisuais de espaço qualificado, por exemplo, séries, filmes e documentários. Felipe Ferrari, ex-aluno do curso de rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero, trabalha como produtor na FOX Brasil e fez um panorama sobre a influência da lei no mercado de trabalho e no cenário da produção audiovisual nacional. De acordo com Felipe, as melhores condições de preços da TV por assinatura levaram ao aumento do número de assinantes e à mudança de perfil desses assinantes. Esse novo público de assinantes é formado principalmente pela classe C, que hoje já soma 35% dos assinantes. As horas obrigatórias de programação nacional podem parecer pouca coisa, mas Felipe afirma que é um número considerável que conseguiu movimentar o mercado de forma inédita. Com dois anos da promulgação da lei, é possível ver inciativas muito interessantes, como a série Se Eu Fosse Você, da FOX (com recordes de audiência no gênero), a versão nacional de Tabu, do National Geografic Channel, que teve êxito até fora do país, O Negócio (HBO), Sessão de Terapia (GNT), Águias da Cidade (Discovery Channel), Vai que Cola (Multishow). Produção Nacional A lei é benéfica principalmente por causa da descentralização das produções. No entanto, Felipe admite que ainda estamos longe de ter uma indústria do audiovisual bem definida e autossuficiente, pois ainda dependemos muito de fomento governamental e a cultura da produção nacional ainda sofre com resistência de mercado e de público. A lei forçou um ciclo que pode ser benéfico para a produção nacional: as produções são mais regulares e de melhor qualidade, o que atrai mais telespectadores e consequentemente mais dinheiro para o mercado. Felipe acredita que a TV aberta não é afetada negativamente com a nova lei. Pelo contrário, algumas emissoras estão até se aproveitando da oportunidade de expandir os negócios. A Globosat, por exemplo, detém diversos canais na TV por assinatura, como o Multishow e o Viva e o Grupo Bandeirantes possui o canal Arte 1. Esses espaços são usados como laboratórios para experimentação e testes de formatos e elenco. Com relação ao público, Felipe explica que a TV aberta se tornou um hábito entre os espectadores e não há expectativas de que esse hábito mude. Apesar disso, o aumento do número de assinantes é um fato e uma das estratégias para tornar a transição do telespectador da TV aberta para a TV paga mais sutil é o uso de rostos conhecidos na programação, como a Palmirinha, Alexandre Rossi, o trio de cientistas Daniel, Gerson e Wilson, entre outros. A TV aberta continua funcionando como uma grande escola para a TV por assinatura, servindo de laboratório e modelo de programação e de formatos. Mercado Aquecido A velocidade em que o mercado audiovisual vem crescendo é difícil de acompanhar, vide a ANCINE (Agência Nacional de Cinema) que noticiou no dia 10 de janeiro a contratação de mais 69 pessoas, elevando para 333 o número de seu quadro de funcionários. Além disso, foi anunciada a criação de uma estrutura interna específica dedicada à TV, para dar mais agilidade à emissão de CRT (Certificado de Registro

de Títulos), necessários para exibição de séries, filmes e documentários. No primeiro semestre do ano passado a emissão desses certificados foi quatro vezes maior do que a do mesmo período em 2012. Os canais de TV paga ainda estão aprendendo a lidar com o aumento da demanda e com o novo público. Felipe exemplifica citando o National Geographic Channel, que costumava ser um canal de documentários elaborados e hoje adaptou sua programação para um conteúdo de entretenimento e uma linguagem científica mais leve. O meio acadêmico também não consegue acompanhar esse ritmo frenético de crescimento do mercado, as mudanças geradas pela lei e sua influência no mercado de trabalho não costumam ser citadas em sala de aula. A abordagem da lei em sala seria muito importante para a formação dos alunos, já que o momento atual do mercado [...] aponta para dois meios muito promissores e importantes: o PayTV e a internet, justifica Felipe. Passados dois anos da promulgação da lei o mercado continua absorvendo mais profissionais, mas agora de uma forma mais organizada do que no início. Ainda vemos a famosa panelinha, as equipes são enxutas e os salários não são lá os mais vistosos. Mas essa é a dinâmica do nosso mundo, que tende a ser cada vez mais promissor, diz Felipe. Não podemos esquecer que o mercado de TV não é formado apenas por emissoras e produtoras, mas também por várias empresas que representam boas opções de emprego, como casas de dublagem, agências de publicidade, roteiristas autônomos, finalizadoras de áudio, de vídeo, estúdios de computação gráfica. Segundo Felipe, a aceitação da lei pelas empresas e todas as partes envolvidas no processo (programadoras, governos, canais, operadoras, produtoras, telespectadores ) passou por três momentos distintos: Embate vide a campanha promovida pela ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) contra a criação das cotas. Adaptação após a promulgação da lei, quando todos tiveram que se adequar à nova situação. Apesar de muitos erros e alguns acertos, essa fase foi essencial para o entendimento desse novo panorama. Estruturação Após a fase de adaptação, os profissionais passaram a entender melhor as regras do novo jogo, tornando as programadoras mais criteriosas e certeiras em relação aos projetos. As produtoras se adequaram a produzir em um meio bem diferente da publicidade e do cinema, que estavam acostumadas, com prazos, processos e linguagens bem específicas. Felipe dá dicas para quem está começando no mercado de audiovisual e para quem pretende ingressar na profissão: Ame o que faz Acho que grande parte das pessoas que pensam em ingressar no mercado audiovisual, ou em estudar RTV, são ao menos fascinadas pelo assunto. E essa paixão tem que persistir mesmo após quatros horas revisando cronogramas ou refazendo algum projeto que um cliente não gostou. Nós dedicamos quase metade de nosso dia ao trabalho, portanto, tem que ser no mínimo legal. Ouça os mais velhos Encare a faculdade como um test drive para o mercado. Seja amigo de seus veteranos de faculdade, eles sabem os caminhos mais seguros da academia e no futuro vão precisar de estagiários. Converse com seus professores não só na sala de aula, os maiores segredos são ditos nos corredores, na lanchonete, na biblioteca. Respeite e aprenda com os técnicos e outros funcionários da faculdade, eles tem experiência de sobra e muita vontade de ajudar. Eles serão os facilitadores da sua vida acadêmica. Não tenha medo do novo Sabe aquela ideia nonsense que seu amigo teve como tema do trabalho? Não a desconsidere totalmente. Aproveite a faculdade para experimentar, é nesse ambiente controlado que os erros são perdoados e as maiores estripulias são vistas com bons olhos. Crie seu portfólio desde os primeiros trabalhos na faculdade, eles te ajudarão a conseguir seus primeiros empregos e fazer seu currículo ter mais de meia página. Converse com pessoas novas, tente formatos diferentes, leia e

assista tudo que aparecer, saia da sua zona de conforto. É testando seus limites que você construirá seu perfil profissional, seu estilo. Disponível em: http://casperlibero.edu.br/a-nova-lei-da-tv-paga/#sthash.qz4sf2ya.dpuf > acessado 20/02/2014