PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS

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Transcrição:

PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 1999-2009 ANÁLISE DE 11 ANOS DE ACTIVIDADE ABRIL DE 2010 Direcção Nacional de Defesa da Floresta Direcção de Unidade de Defesa da Floresta Programa de Sapadores Florestais

Título: Programa de Sapadores Florestais 1999-2009 Edição: Autoridade Florestal Nacional Autor: Direcção Nacional de Defesa da Floresta - Direcção de Unidade de Defesa da Floresta Programa de Sapadores Florestais Ivete Strecht, Inês Lopes, Fernando Lopes, Nuno Lavrador Lisboa, Abril de 2010

ÍNDICE ÍNDICE 1 O PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS... 3 2 AS FUNÇÕES DOS SAPADORES FLORESTAIS... 6 3 A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS... 8 3.1 CONSTITUIÇÃO, EXTINÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DE EQUIPAS... 8 4 AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS... 14 4.1 ANÁLISE SWOT... 14 PRINCIPAIS PONTOS FRACOS... 14 4.2 OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS... 16 5 ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS... 18 5.1 SERVIÇO PÚBLICO... 18 5.2 FUNCIONAMENTO GLOBAL DAS EQUIPAS DE SAPADORES FLORESTAIS... 26 5.3 CONTRATAÇÃO DOS SAPADORES FLORESTAIS... 27 5.4 PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DE NOVAS EQUIPAS DE SAPADORES FLORESTAIS EM 2009... 30 5.5 LEGISLAÇÃO EM VIGOR... 33 6 AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS FACE AO RISCO ESTRUTURAL DE INCÊNDIO FLORESTAL E AOS OBJECTIVOS DO PNDFCI... 36 6.1 METAS PARA A CRIAÇÃO DE ESF... 39 7 ANÁLISE PROSPECTIVA DOS APOIOS DO ESTADO AO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS... 43 7.1 O DESENVOLVIMENTO DO APOIO FINANCEIRO... 43 7.2 APOIO AO EQUIPAMENTO... 45 7.3 FORMAÇÃO... 49 8 PROPOSTAS DE MELHORIA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 50 8.1 LEGISLAÇÃO... 50 8.2 APOIOS DO ESTADO... 51 8.3 COORDENAÇÃO... 55 8.4 FORMAÇÃO PROFISSIONAL... 56 8.5 ACOMPANHAMENTO DA AFN... 58 8.6 SERVIÇO PÚBLICO... 58 8.7 COMUNICAÇÃO E IMAGEM... 59 8.8 ACÇÕES PRIORITÁRIAS... 59 2

2. AS FUNÇÕES DOS SA PADORES FLORESTAIS 1 O PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Uma das medidas de carácter prioritário estabelecidas na Lei de Bases da Política Florestal Lei n.º 33/96, de 17 de Agosto - é a criação de estruturas dotadas de capacidade e conhecimentos específicos adequados que, ao longo do ano, desenvolvessem, com carácter permanente e de forma sistemática e eficiente, acções de silvicultura preventiva e simultaneamente acções de vigilância e de apoio ao combate de incêndios florestais. Surge assim em 1999 o Programa de Sapadores Florestais (PSF), como instrumento da política florestal, visando contribuir para a diminuição do risco de incêndio e a valorização do património florestal através da criação de equipas especializadas, reforçando as estruturas de prevenção e de combate já existentes, numa acção conjugada de esforços das diferentes entidades empenhadas na defesa da floresta contra os incêndios, concretizado com a publicação do Decreto-Lei n.º 179/99, de 21 de Maio. A referida legislação define as regras e os procedimentos a observar na criação e reconhecimento de equipas de sapadores florestais (esf) e na regulamentação dos apoios à sua actividade. Numa primeira fase, a constituição de esf teve especial incidência nos espaços florestais privados e nas áreas baldias, de forma a privilegiar a gestão associativa, detentora da maioria do património florestal nacional, mas visando, também, os organismos da administração pública central e local. Após quatro anos de vigência da publicação do citado Decreto-lei, evidenciaram-se deficiências e fragilidades que era necessário corrigir face à experiência entretanto adquirida. Neste propósito foram introduzidas alterações pelo Decreto-Lei n.º 94/2004, de 22 de Abril, nomeadamente no que respeita a: a) Alargamento da constituição de esf a empresas de capitais públicos proprietárias, gestoras ou detentoras de áreas florestais ou de infraestruturas florestais; b) Garantia da continuidade das esf existentes e criação de mais esf com a revisão do sistema de apoios no que respeita às despesas elegíveis e aos sistemas de majoração, tendo subjacente um sistema de regressão progressiva dos subsídios do Estado, no pressuposto de uma crescente autosuficiência financeira da entidade para o funcionamento da equipa; 3

2. AS FUNÇÕES DOS SA PADORES FLORESTAIS c) Estabelecimento de critérios de prioridade para a selecção das candidaturas já anteriormente introduzidos pela Portaria n.º 668/2001, de 4 de Julho, no sentido de adequar a distribuição das esf às zonas de maior risco de incêndio e do património florestal existente; d) Possibilidade de constituição de brigadas de sapadores florestais, dotadas de equipamento complementar, para maior operacionalidade e eficácia das acções de prevenção. Contudo, estas alterações vieram a revelar-se factor de instabilidade financeira para as entidades, especialmente as organizações de produtores florestais criando dificuldades ao funcionamento das esf, havendo também necessidade de clarificação de definição de competências e responsabilidades na relação entre o Estado e as entidades detentoras das equipas. Assim, efectuou-se uma profunda alteração legislativa de que resultou a republicação do Decreto-Lei n.º 179/99, de 21 de Maio na versão do Decreto-Lei n.º 38/2006, de 20 de Fevereiro que surge com: a) O objectivo fundamental de atribuir um subsídio anual permanente a fundo perdido, num montante anual não superior a 35.000, criando a figura de serviço público a prestar em áreas públicas do Estado, como contrapartida do referido subsídio; b) O alargamento da constituição de esf a entidades gestoras de Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), e quaisquer entidades privadas proprietárias, detentoras ou gestoras de espaços florestais; c) A figura de requisição das esf no apoio ao combate aos incêndios florestais, no rescaldo e vigilância pós-incêndio, sob ordens do comando operacional do teatro de operações. Esta legislação proporcionou alguma estabilidade ao PSF, contudo com o objectivo de intensificar a execução do disposto no Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFCI), publicado na Resolução de Conselho de Ministros n.º 65/2006, de 26 de Maio, que define a expansão do corpo especializado de sapadores florestais com a criação anual de 20 esf até 2012, a previsão da existência de 500 esf em 2020 anunciada na Estratégia Nacional para as Florestas, publicada na Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2006, de 15 de Setembro, o Governo decidiu antecipar os objectivos estabelecidos anteriormente, 4

2. AS FUNÇÕES DOS SA PADORES FLORESTAIS definindo a meta das 500 esf para 2012, tendo como consequência um esforço financeiro acrescido, acompanhamento e enquadramento técnico significativo. Para tal e no sentido de agilizar os procedimentos inerentes à constituição das esf, à reorganização processual dos concursos, à redefinição das funções fundamentais dos sapadores florestais e ao enquadramento das esf no Dispositivo Integrado de Prevenção Estrutural (DIPE) D. L. n.º 35/2009, de 16 de Janeiro - foi publicado o D. L. n.º 109/2009, de 15 de Maio, que trouxe novas regras ao PSF, revogando a legislação anterior, nomeadamente: a) Na selecção e aprovação das ESF, que passou a ser da competência do membro do governo que tutela o sector florestal; b) Na concessão de um subsídio às entidades para aquisição de equipamento; c) No reequipamento das ESF, que passou a ser da responsabilidade das Entidades; d) Nas funções mais alargadas para a actividade dos sapadores florestais; e) Na temática do curso de formação associada ao exercício das funções de sapador florestal. Estas alterações estruturais trouxeram sérios constrangimentos à constituição de ESF, especialmente no que respeita a: a) Selecção de candidatos a sapador florestal com utilização de trabalhadores desempregados dos Centros de Emprego, a maior parte deles não vocacionados para a profissão; b) Contratação morosa de sapadores florestais pelas entidades públicas à luz da legislação actual; c) Aquisição de equipamento pelas próprias entidades. A conjugação destas alterações está a ter como consequência uma delonga na operacionalização das esf de 2009, em que a maior parte das entidades vai ultrapassar 1 ano na tramitação, pelo que urge alterar a legislação no sentido de a tornar mais exequível. 5

2. AS FUNÇÕES DOS SA PADORES FLORESTAIS 2 AS FUNÇÕES DOS SAPADORES FLORESTAIS Ao longo destes anos, as esf foram evidenciando a sua importância no âmbito das funções de gestão florestal e defesa da floresta, através de acções de silvicultura, de gestão de combustíveis, de acompanhamento da realização de acções de fogo controlado, da realização de queimas, da manutenção e beneficiação da rede divisional e de faixas e mosaicos de gestão de combustíveis, da manutenção e beneficiação de outras infra-estruturas e de acções de controlo e eliminação de agentes bióticos. Os sapadores florestais são trabalhadores especializados, com perfil e formação específicas, adequados ao exercício das seguintes funções: a) Prevenção de incêndios florestais, através de acções silvícolas, de gestão de combustíveis, de apoio à realização de fogo controlado, de realização de queimadas, de manutenção e beneficiação da rede divisional, de linhas corta-fogo e de outras infra-estruturas; b) Sensibilização do público para as normas de conduta, em matéria de prevenção, do uso do fogo e da gestão de combustíveis nos espaços florestais e em matéria de natureza fitossanitária; c) Vigilância e primeira intervenção das áreas a que se encontra adstrito, quando tal seja reconhecido pela Guarda Nacional Republicana; d) Apoio ao combate aos incêndios florestais e às subsequentes operações de rescaldo e vigilância pós-incêndio, desde que enquadrados no teatro de operações; e) Protecção a pessoas e bens. O trabalho das esf é constituído por dois tipos: a) Serviço normal, que corresponde aos trabalhos coordenados pela entidade patronal; b) Serviço público, que corresponde aos trabalhos coordenados pela Autoridade Florestal Nacional (AFN). 6

2. AS FUNÇÕES DOS SA PADORES FLORESTAIS A equipa de sapadores florestais constituída, no mínimo, por cinco elementos, é chefiada por um deles, dispõe de equipamento de protecção individual e colectivo, indispensável ao exercício das suas funções. Esta equipa só poderá ser desdobrada em determinadas situações autorizadas pela AFN, nomeadamente em acções de sensibilização. Detém uma área territorial de intervenção onde exerce a sua actividade de prevenção e defesa da floresta em serviço normal. A qualificação de sapador florestal é atribuída após frequência e aprovação em curso de formação profissional específico, que incide sobre técnicas e operações silvícolas para prevenção de incêndios, técnicas de sensibilização do público, de vigilância e de primeira intervenção e de combate, de rescaldo e vigilância pósincêndio, utilização e manutenção de viaturas todo-o-terreno e noções de socorrismo. A carga horária do curso de formação profissional, inicialmente de 110 horas, ministradas pela AFN, passou para 875 horas, na sequência da integração em Março de 2008 do perfil profissional de sapador florestal no Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ) da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), tendo sido assegurada em 2009 pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). O Catálogo Nacional de Qualificações inclui o referencial de formação do sapador florestal na área de formação: Silvicultura e Caça, capítulo: Protecção Florestal, conferindo o nível de formação 2 (equivalente ao 9º ano de escolaridade). 7

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 3 A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 3.1 Constituição, extinção e operacionalização de equipas No quadro 1 apresentam-se as esf operacionais até 31 de Dezembro de 2009, com base no histórico das constituições e extinções anuais. Foi no ano de 2004 que se registou o maior número de constituição de esf (18%), sendo que no ano de 2009 o valor se aproximou do verificado em 2004, e a tendência será para que o número de esf a constituir por ano seja superior ao de 2004, de forma a atingir as metas estipuladas no PNDFCI. Quadro 1. Número de equipas constituídas, extintas e operacionais por ano de constituição Ano Constituição esf constituídas esf constituídas (cumulativo) esf extintas esf extintas (cumulativo) esf operacionais (cumulativo) 1999 33 33 0 0 33 2000 30 63 3 3 60 2001 39 102 4 7 95 2002 17 119 5 12 107 2003 18 137 5 17 120 2004 62 199 3 20 179 2005 0 199 7 27 172 2006 20 219 6 33 186 2007 20 239 3 36 203 2008 39 278 2 38 240 2009* 60 338 3 41 242 * Das 60 esf constituídas apenas estão operacionais 5, pelo que aparecem como operacionais em 2009 242 em vez de 297. No quadro 2 apresentam-se as esf constituídas, extintas e operacionais ao nível do distrito. 8

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Quadro 2. Distribuição das esf constituídas, extintas e operacionais por distrito. Distrito Constituídas Em operacionalização Extintas Operacionais % de esf operacionais/distrito Aveiro 10 3 1 6 2% Beja 6 5 0 1 0% Braga 17 3 1 13 5% Bragança 13 4 0 9 4% Castelo Branco 30 1 6 23 10% Coimbra 31 4 1 26 11% Évora 3 1 0 2 1% Faro 11 5 1 5 2% Guarda 33 2 3 28 12% Leiria 16 2 0 14 6% Lisboa 10 3 0 7 3% Portalegre 14 7 1 6 2% Porto 16 2 0 14 6% Santarém 19 4 2 13 5% Setúbal 4 0 3 1 0% Viana do Castelo 25 2 2 21 9% Vila Real 44 2 14 28 12% Viseu 36 5 6 25 10% Totais 338 55 41 242* 100% % 100% 16% 12% 72% Verifica-se que os distritos que apresentam maior número de constituição de esf são Vila Real, Viseu e Guarda. Das esf constituídas anualmente foram-se extinguindo várias ao longo do tempo, verificando-se que o distrito de Vila Real é o que apresenta maior número de extinções, nomeadamente de órgãos de assembleia de baldios (OAB). De um modo geral as extinções das esf são motivadas por: a) Insustentabilidade financeira da entidade; b) A elevada rotatividade dos elementos, com o consequente abandono da equipa, devido a baixa remuneração. O maior número de esf operacionais encontra-se nos distritos da Guarda e de Vila Real (28 esf). 9

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Para melhor visualização apresenta-se a figura 1 com a distribuição de esf operacionais a nível distrital. Figura 1. Distribuição das esf operacionais por Distrito. Pela observação da figura 2, verificamos que mais de 50 % das esf operacionais apenas trabalham há 5 ou menos anos, e que 59 esf já trabalharam 5 anos. No que respeita ao ano de constituição, 2004 é o que mantém o maior número de esf operacionais (59), apenas 3 foram extintas. Figura 2. Relação entre as esf operacionais e o número de anos de actividade. 10

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Pela observação da figura 3, verifica-se que mais de 50 % das esf extintas trabalharam 4 anos ou menos. O maior número de extinções verifica-se no primeiro ano de actividade das esf, devendo-se provavelmente à dificuldade de estabilização da esf, sendo ainda de referir que os quarto e quinto anos de funcionamento também apresentam valores de extinção de esf elevados, possivelmente devido ao agudizar de dificuldades financeiras. Figura 3. Relação entre as esf extintas e o número de anos de actividade. Figura 3. Relação entre as esf extintas e o número de anos de actividade. As esf distribuem-se por várias entidades públicas e privadas, proprietárias, detentoras ou gestoras de espaços florestais. Na figura 4 apresenta-se um gráfico com a distribuição das esf por tipologia de entidade, que permite constatar que a maior fatia de esf operacionais é detida por OPF, sendo que nos últimos três anos verificou-se um acréscimo de esf constituídas por autarquias locais. 11

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 4. Distribuição das esf constituídas por tipologia de entidade patronal (OPF - Organizações de Produtores Florestais (inclui cooperativas com secção florestal; OAB - Órgãos de Assembleias de Baldios; JF - Juntas de Freguesia; CM - Câmaras Municipais e CIPRL - Cooperativa de interesse público de responsabilidade limitada) Apresenta-se a seguir a cobertura espacial das áreas de intervenção das esf operacionais (figura 5). Pode observar-se uma maior implementação do PSF nas regiões a Norte do Tejo, com excepção da terra fria transmontana. Refira-se igualmente o número significativo de esf existentes na região serrana do Algarve. 12

3. A EVOLUÇÃO DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 5. Cobertura espacial das áreas de intervenção das esf operacionais. 13

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 4 AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 4.1 Análise SWOT A análise estratégica realizada para avaliação global do Programa de Sapadores Florestais baseou-se na metodologia de análise FOFA forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (do termo inglês SWOT- strengths, weaknesses, opportunities and threats). Foram, assim, identificados e enumerados os principais factores que constituem os pontos fortes e pontos fracos do Programa de Sapadores Florestais. Principais Pontos Fortes a) Conhecimento do território e presença permanente no terreno por parte das esf; b) Tempo de resposta curto na 1ª intervenção de incêndios florestais; c) Elevada taxa de sucesso na 1ª intervenção de incêndios florestais; d) Trabalhadores especializados no desenvolvimento de actividades de prevenção no domínio silvícola e de apoio ao combate a incêndios florestais; e) Capacidade de criar emprego em zonas do país mais carenciadas e com maior tendência para o despovoamento; f) Única estrutura de âmbito nacional dotada de um conjunto de funções específicas na prevenção estrutural; g) Programa com 11 anos de existência; h) Reconhecimento da existência das esf pela população rural. Principais pontos fracos a) Falta de clarificação da fonte de financiamento do programa; b) Inexistência da carreira de sapador florestal; c) A demora e qualidade da formação; d) Baixo salário para a exigência física e responsabilidade do trabalho; e) A existência de poucos formadores especializados nas vertentes de silvicultura e incêndios florestais, designadamente nas componentes práticas da formação do sapador florestal; f) Elevada rotatividade dos elementos das esf; 14

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS g) Número elevado de equipamentos com o tempo de vida útil ultrapassado (viaturas, equipamentos colectivos e equipamento de protecção individual); h) Relutância no uso do equipamento de protecção individual nas acções de silvicultura; i) A contratação de elementos pelas câmaras municipais face à legislação dos contratos de trabalho em funções públicas; j) Falta de formação dos novos elementos de equipas já constituídas e reciclagem periódica dos elementos mais antigos. Principais oportunidades a) Elevado número de candidaturas à constituição de esf; b) Metas definidas e calendarizadas para a constituição de esf e desenvolvimento do programa de sapadores florestais, no âmbito dos instrumentos de planeamento sectorial; c) Capacidade de iniciativa e adaptação a situações imprevistas dos elementos das equipas; d) Grande dispersão pelo território nacional; e) Multiplicidade de entidades envolvidas num mesmo programa e com objectivos comuns; f) Desenvolvimento e implementação do SISF - Sistema de Informação do Programa de Sapadores Florestais (interface web), que possibilita uma gestão permanente de dados; g) Existência de métodos de avaliação do desempenho das esf; h) Possibilidade de existir um maior acompanhamento das esf por parte dos técnicos regionais, conduzindo ao estabelecimento de rotinas de funcionamento; i) Processo de acreditação da AFN como entidade formadora; j) Estabelecimento de uma Directiva Operacional de Prevenção Estrutural. Principais ameaças a) Dificuldades de disponibilização atempada e regular dos apoios à constituição, funcionamento, equipamento e reequipamento das esf; b) Dificuldade de implementação de procedimentos estabelecidos; 15

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS c) Falta de rotinas na manutenção do equipamento, manual, motomanual e outro colectivo; d) Falta de formação/prática na actuação no teatro de operações (passagem de comando e comunicações); e) Dificuldades na utilização de novas ferramentas/tecnologias; f) Falta de acompanhamento técnico permanente das esf por parte das entidades patronais; g) Falta de iniciativa por parte das entidades patronais na procura e estabelecimento de mercados de trabalho na área da silvicultura preventiva; h) O crescente número de extinções dada a falta de sustentabilidade financeira das Entidades patronais; i) Falta de recursos humanos na gestão do programa de sapadores florestais, face aos recursos humanos e financeiros envolvidos. 4.2 Objectivos Estratégicos Com base nos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças foram definidos objectivos estratégicos que se pretendem atingir. Objectivos para aproveitar as potencialidades (pontos fortes X oportunidades) 1. Estabelecer a nível nacional um calendário de avaliação das equipas; 2. Estabilizar o número de equipas a constituir anualmente; 3. Credibilização das ESF com a criação de um corpo forte de abrangência nacional; 4. Criar rotinas de gestão de informação no âmbito do programa de sapadores florestais de modo a aumentar a gestão e controle da actividade e constituição das esf e garantir a transferência do conhecimento por partilha de informação; 5. Reconhecimento de responsabilidades na 1ª intervenção; 6. Melhoria da interacção entre a coordenação do Programa de Sapadores Florestais e as entidades detentoras de equipas sapadores florestais; 7. Integrar as normas de funcionamento dos sapadores florestais na Directiva Operacional de Prevenção Estrutural da AFN. 16

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Objectivos para lidar com os constrangimentos (pontos fortes X ameaças) 1. Regularização do processo de apoio financeiro de modo a potenciar a estabilidade das equipas existentes e a predisposição á criação de novas equipas; 2. Criar um programa de divulgação da actividade dos sapadores florestais no âmbito da silvicultura preventiva; 3. Implementar a prática dos incentivos a equipas com produtividades mais elevadas. Objectivos para lidar com as vulnerabilidades (pontos fracos X oportunidades) 1. Finalizar o processo de acreditação da AFN como entidade formadora; 2. Fomentar a formação de formadores especializados na componente prática nas actividades de silvicultura e incêndios florestais; 3. Estabelecimento da carreira do sapador florestal, tendo em conta o referencial de formação da ANQ. Objectivos para fazer face aos problemas (pontos fracos X ameaças) 1. Definição de um Plano de Acção plurianual no que respeita a formação, funcionamento, equipamento e reequipamento, com respectivo orçamento previsional com estabelecimento dos protocolos no ano anterior ao investimento; 2. Estabelecer a nível nacional um calendário de avaliação das equipas; 3. Aumento dos recursos humanos do Programa de Sapadores Florestais; 4. Fomentar e desenvolver a formação prática com o objectivo de melhorar a qualidade da formação; 5. Assegurar a promoção de acções de formação para técnicos de acompanhamento das esf e de chefes de equipa de forma a uniformizar a integração das acções em teatro de operações, a utilização de comunicações e equipamentos, a utilização de novas tecnologias e a correcta utilização do equipamento de protecção individual; 6. Definir a carreira do sapador florestal; 7. Fomentar o empenhamento das entidades patronais no programa dos sapadores florestais; 8. Estabelecer um plano de comunicação e imagem potenciando a divulgação pública dos trabalhos das ESF. 17

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 5 ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 5.1 Serviço público Entende-se como serviço público, o tempo equivalente a 50% dos dias úteis de trabalho anual. Este trabalho, coordenado pela AFN, desenvolve-se segundo três modalidades: a) O tempo durante o qual as equipas se mantêm em regime de disponibilidade para o exercício de acções de vigilância, primeira intervenção, apoio ao ataque ampliado, rescaldo e vigilância pós-incêndio; b) O tempo dispendido na participação em actividades de valorização profissional, pessoal e de compensação física; c) O tempo utilizado na execução de acções de silvicultura, que pode ser reconvertido em área a trabalhar calculada de acordo com a produtividade esperada das equipas, e em acções de sensibilização. O apoio atribuído pelo Estado às entidades detentoras de esf é contrapartida de um serviço público prestado pelas mesmas. Este serviço contribui para o bem comum, salvaguardando manchas florestais em áreas públicas ou privadas, no âmbito da gestão estratégica de combustíveis. O trabalho, a desenvolver fora do período crítico, incide sobretudo em zonas de alto risco de incêndio, referenciadas pelos técnicos da AFN. De salientar ainda que as esf quando chamadas a prestar o serviço público têm a possibilidade de trabalhar em formato de brigada beneficiando dessa experiência, altamente valorizante do ponto de vista técnico e operacional. As equipas têm oportunidade de trabalhar no seio de uma brigada florestal, podendo aferir procedimentos, melhorar performances e estabelecer relações profícuas muito importantes em situação de emergência. A vantagem deste tipo de iniciativa vai pois muito além do resultado imediato de protecção florestal de determinada zona. 18

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 5.1.1 Coordenação/programação AFN O serviço público é definido anualmente no Plano de Actividades da ESF, sendo estipulado 50% dos dias de trabalho anual para serviço público e os outros 50% para trabalho normal. Os dias de trabalho anual são, assim, distribuídos pelas várias actividades que a equipa prevê desenvolver ao longo do ano. Esta distribuição é feita pelo técnico de acompanhamento, validada pelo coordenador de prevenção estrutural (CPE), que por sua vez irá coordenar as tarefas respeitantes às acções de prevenção em áreas públicas. Inserem-se no serviço público as seguintes acções: a) Sensibilização da população; b) Gestão de combustíveis no âmbito das redes primária, secundária e terciária de faixas de gestão de combustíveis, definidas nos respectivos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios (PMDFCI); c) Manutenção de infra-estruturas de defesa da floresta contra incêndios (DFCI), nomeadamente rede viária florestal e rede de pontos de água; d) Vigilância, detecção, 1ª intervenção, apoio ao combate, rescaldo e vigilância pós-rescaldo, definidas anualmente nos respectivos planos operacionais municipais (POM); e) Apoio a acções de fogo controlado; f) Participação em eventos integrados no dispositivo de prevenção estrutural (DIPE); g) Acções de carácter formativo do DIPE e do dispositivo especializado contra incêndios florestais (DECIF), e outros afins. No final do ano é feito um relatório anual de toda a actividade desenvolvida durante o ano, acompanhada da respectiva cartografia. A título elucidativo apresenta-se um mapa (figura 6), com as áreas cartografadas no âmbito das acções de silvicultura preventiva. 19

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 6. Trabalho desenvolvido por uma esf entre 2008 e 2009. Silvicultura Preventiva As acções de silvicultura preventiva a efectuar no âmbito do serviço público são delineadas pelo CPE, de acordo com as necessidades locais, em áreas sob gestão pública (Matas Nacionais e Perímetros Florestais) ou de interesse público ou comunitário tendo subjacente a redução da propagação de incêndios, de acordo com a cartografia de risco de incêndio. 20

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 7. Fluxo da informação referente ao Serviço Público, em acções de silvicultura. CPE/UGF Definem o SP a executar pelas esf do seu Distrito, tendo sempre em conta áreas de interesse prioritário DFCI Com conhecimento CEM Célula operacional central do PSF: Compila/trata os dados das diferentes frentes de trabalho Com conhecimento CEM Coordenador do PSF DUDEF DNDF Incêndios Florestais O serviço público referente às intervenções em incêndios florestais das esf é reportado aos CPE através do preenchimento de fichas de ocorrência, sendo o fluxograma da informação idêntico ao apresentado na figura 7. As fichas de ocorrência permitem retirar a tipologia de intervenção (primeira intervenção, apoio ao combate, rescaldo e vigilância pôs-rescaldo), bem como a respectiva duração. 5.1.2 Execução Uma vez que ao longo do tempo de vida do PSF foi havendo uma melhoria contínua na recolha de informação, a qual implicou em alguns casos a alteração da metodologia de recolha da informação, nos quadros que se apresentam a seguir, os dados contabilizados reportam o triénio (2007-2009), pelo facto de terem a mesma metodologia de recolha. 21

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Silvicultura preventiva Dado existir um acréscimo de esf entre 2007 e 2009, optou-se por apresentar a média dos 3 anos no número de esf por distrito, nos quadros 3 e 4. Nos mesmos quadros, os valores apresentados para diferentes operações correspondem ao somatório do triénio. Quadro 3. Execução de acções de silvicultura preventiva no âmbito do serviço público, incluindo o apoio ao fogo controlado, no triénio 2007 a 2009. 2007-2009 SILVICULTURA/INFRA-ESTRUTURAS APOIO AO FOGO CONTROLADO Distrito nº esf/distrito (média 07-09) Gestão de combustíveis (ha) Número de pontos de água beneficiados Manutenção de Rede Viária Florestal (km) Povoamentos Matos Gestão de Combustíveis total (Pov+Mat) Aveiro 6 162,7 0 6,0 13,1 2,3 15,3 Beja 1 6,0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 Braga 13 116,6 17 8,1 0,0 1178,6 1178,6 Bragança 9 18,7 5 6,0 0,0 110,7 110,7 Castelo Branco 24 198,0 0 3,5 0,0 221,5 221,5 Coimbra 25 487,0 1 1,0 0,0 337,4 337,4 Évora 2 1,5 0 0,0 0,0 0,0 0,0 Faro 5 141,3 4 1,1 0,0 0,0 0,0 Guarda 28 1527,9 29 274,8 0,0 342,0 342,0 Leiria 14 127,2 0 6,5 42,5 53,6 96,1 Lisboa 6 10,0 0 0,0 0,0 10,0 10,0 Portalegre 4 16,0 4 22,0 0,0 0,0 0,0 Porto 14 73,0 1 0,0 0,0 352,0 352,0 Santarém 13 87,0 0 0,0 1,0 1,0 2,0 Setúbal 2 2,0 0 0,0 5,0 0,0 5,0 Viana do Castelo 19 166,7 0 4,8 184,0 431,1 615,1 Vila Real 25 204,2 21 12,9 9,1 439,1 448,2 Viseu 23 808,5 39 40,2 73,5 231,6 305,1 Total 233 4154,2 121 386,9 328,2 3710,9 4039,1 Incêndios florestais No quadro 4 apresentam-se os valores totais e por distrito, das intervenções das esf no âmbito do combate a incêndios, incluindo 1ª intervenção, apoio ao ataque alargado, rescaldo e vigilância pós-incêndio, notando-se um crescimento evidente do número total de intervenções, espelhando o crescimento do PSF. Esta realidade pode igualmente visualizar-se nas figuras 8 a 10. 22

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Quadro 4. Resultados operacionais do número de intervenções das esf (1ª intervenção, apoio ao ataque alargado, rescaldo e vigilância pós-incêndio), no decorrer do período de activação do DECIF entre 2007 e 2009. Distrito intervenção Número esf/distrito (média 07-09) 2007 2008 2009 Totais % Aveiro 6 34 3 79 116 2% Beja 1 0 7 12 19 0% Braga 13 159 48 367 574 9% Bragança 9 14 14 74 102 2% Castelo Branco 24 215 278 376 869 14% Coimbra 25 72 130 205 407 7% Évora 2 10 10 10 30 0% Faro 5 26 7 49 82 1% Guarda 28 172 230 402 804 13% Leiria 14 21 54 65 140 2% Lisboa 6 25 109 110 244 4% Portalegre 4 23 37 38 98 2% Porto 14 121 108 437 666 11% Santarém 13 124 77 96 297 5% Setúbal 2 43 4 47 1% Viana do Castelo 19 209 146 226 581 9% Vila Real 25 89 199 341 629 10% Viseu 23 78 91 298 467 8% Totais 233 1392 1591 3189 6172 100% % 23% 26% 52% 100% Apresenta-se no quadro 5 os resultados operacionais por tipologia de intervenção na fase CHARLIE (Julho a Setembro). Quadro 5. Resultados operacionais por tipologia de intervenção na fase CHARLIE, entre 2007 e 2009. Fase Tipologia de intervenção 2007 2008 2009 Totais % 1ª intervenção 251 344 733 1328 32% CHARLIE Apoio ao ataque alargado 174 372 956 1502 36% Rescaldo 253 304 741 1298 31% Totais 678 1020 2430 4128 100% % 16% 25% 59% 100% 23

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 8. Distribuição das 1ª intervenções por fase e por ano. Figura 9. Distribuição do número de acções de apoio ao combate por fase e por ano. 24

4. AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Figura 10. Distribuição do número de acções de rescaldo por fase e por ano 25

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 5.2 Funcionamento global das equipas de sapadores florestais Quadro 6. Resultados operacionaisda actividade das esf em serviço normal ou em serviço público, no triénio 2007 2009. 2007-2009 SILVICULTURA/INFRA-ESTRUTURAS VALORES TOTAIS (Público + Normal) SILVICULTURA/INFRA-ESTRUTURAS SERVIÇO PÚBLICO SILVICULTURA/INFRA-ESTRUTURAS SERVIÇO NORMAL FOGO CONTROLADO SERVIÇO PÚBLICO Distrito nº esf/distrito (média 07-09) Gestão de combustíveis (ha) Número de pontos de água beneficiados Manutenção de Rede Viária Florestal (km) Gestão de combustíveis (ha) Número de pontos de água beneficiados Manutenção de Rede Viária Florestal (km) Gestão de combustíveis (ha) Número de pontos de água beneficiados Manutenção de Rede Viária Florestal (km) Povoamentos Matos Gestão de Combustíveis total (Pov+Mat) Aveiro 6 878,4 26 104,0 162,7 0 6,0 715,7 26 98,0 13,1 2,3 15,3 Beja 1 56,0 0 0,0 6,0 0 0,0 50,0 0 0,0 0,0 0,0 0,0 Braga 13 648,8 46 233,8 116,6 17 8,1 532,2 29 225,7 0,0 1178,6 1178,6 Bragança 9 156,6 5 43,4 18,7 5 6,0 137,9 0 37,4 0,0 110,7 110,7 Castelo Branco 24 5367,1 59 583,0 198,0 0 3,5 5169,1 59 579,5 0,0 221,5 221,5 Coimbra 25 3133,7 18 311,8 487,0 1 1,0 2646,7 17 310,8 0,0 337,4 337,4 Évora 2 93,7 7 35,0 1,5 0 0,0 92,2 7 35,0 0,0 0,0 0,0 Faro 5 817,1 16 101,0 141,3 4 1,1 675,9 12 99,9 0,0 0,0 0,0 guarda 28 5744,2 39 744,9 1527,9 29 274,8 4216,4 10 470,2 0,0 342,0 342,0 Leiria 14 1911,2 81 238,2 127,2 0 6,5 1784,1 81 231,7 42,5 53,6 96,1 Lisboa 6 54,0 0 1,0 10,0 0 0,0 44,0 0 1,0 0,0 10,0 10,0 Portalegre 4 382,0 5 88,0 16,0 4 22,0 366,0 1 66,0 0,0 0,0 0,0 Porto 14 1130,0 28 134,7 73,0 1 0,0 1057,0 27 134,7 0,0 352,0 352,0 Santarém 13 3513,5 32 473,4 87,0 0 0,0 3426,5 32 473,4 1,0 1,0 2,0 Setúbal 2 266,0 0 0,0 2,0 0 0,0 264,0 0 0,0 5,0 0,0 5,0 Viana do Castelo 19 1474,2 47 301,7 166,7 0 4,8 1307,5 47 296,9 184,0 431,1 615,1 Vila Real 25 1374,8 78 953,3 204,2 21 12,9 1170,7 57 940,5 9,1 439,1 448,2 Viseu 23 4179,2 156 644,2 808,5 39 40,2 3370,7 117 604,0 73,5 231,6 305,1 Total 233 31180,5 643 4991,5 4154,2 121 386,9 27026,4 522 4604,6 328,2 3710,9 4039,1 26

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS 5.2.1 Sistema de Informação do Programa de Sapadores Florestais (SISF) No segundo semestre de 2009 deu-se início ao desenvolvimento e implementação de uma aplicação informática para a gestão da informação do PSF, que vai possibilitar uma gestão permanente de dados. Com este sistema pretende-se agilizar os procedimentos em termos de comunicação com a consequente redução das perdas de tempo, de forma a libertar recursos humanos afectos a essas tramitações. Em termos futuros esta aplicação irá constituir a base de dados de toda a actividade das esf, as quais, através do seu técnico de acompanhamento serão intervenientes directos no preenchimento de alguns campos de dados, nomeadamente: primeiras intervenções, áreas de gestão de combustíveis, extensões de infra-estruturas, actualização de contactos, substituição de elementos, formação, acidentes de trabalho e de viaturas, apresentação de planos e relatórios de Actividade e respectiva cartografia, informação da validade dos seguros dos sapadores e das viaturas, informação da segurança social e das obrigações tributárias e respectivos pagamentos do apoio ao funcionamento, com a consequente responsabilização da intervenção de cada entidade no processo. O acesso à informação é feito através de username e password próprios, estando definidos diferentes níveis de acesso consoante o tipo de utilizador. A aplicação informática vai permitir a emissão de relatórios específicos por tipo de assunto. 5.3 Contratação dos sapadores florestais A contratação dos sapadores florestais tem sido sempre uma questão que conduz a algum constrangimento no PSF, na medida em que há que conciliar o Código do Trabalho (Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro) para as entidades privadas e, a Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro, para as entidades públicas, com um mínimo de 5 anos de vigência das esf. O estatuto do trabalhador altera-se ao fim de 3 anos e, ou ingressa no mapa de pessoal da entidade, ou é substituído para evitar aquele ingresso, tendo como consequência a perda de investimento na formação e a experiência entretanto adquirida pelo trabalhador. A AFN está a fazer uma consulta geral pelas entidades no sentido de actualizarem a informação relativa aos contratos de trabalho e verificam-se situações de descuido 27

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS deste assunto, conducentes a situações de ilicitude, facto que levou muitas entidades a reverem estes processos e a renovarem os contratos. De um modo geral, as organizações de produtores florestais (OPF) e os OAB têm mais facilidade na contratação de trabalhadores, havendo as situações mais díspares: contratos a termo resolutivo incerto, contratos a termo resolutivo certo que podem ser renovados e contratos sem termo. A situação das entidades públicas é mais gravosa, porquanto actualmente, para efectuarem contratos de trabalho, previamente há necessidade de incluir 5 assistentes operacionais (por não haver a designação de sapador florestal) nos mapas de pessoal para o ano seguinte, e só nesse ano é que podem proceder a abertura de concurso e realizar toda a tramitação inerente aos mesmos. Nos termos da Lei n.º 12-A/2008, de27 de Fevereiro, são passíveis de serem feitos dois tipos de contratos: a) Contrato de trabalho por tempo indeterminado, que corresponde a um vínculo permanente com a entidade; b) Contrato de trabalho a termo resolutivo certo ou incerto, que não atribui vínculo permanente, e é por tempo determinado ou enquanto durar o projecto. Nos termos da legislação vigente, e mesmo nas predecessoras, as entidades públicas cujos sapadores florestais têm contratos por tempo indeterminado (os chamados funcionários públicos) não beneficiam do apoio ao funcionamento. Já os casos de contratos por tempo determinado (sem vínculo) são passíveis de usufruir do subsídio para o funcionamento da esf. Esta situação conduz a um estado de desagrado por parte das entidades públicas, sendo um assunto que deve ser analisado, com o objectivo de clarificar as situações, e tendo em conta as questões ligadas à precarização do emprego dos sapadores florestais neste caso. Seria desejável que os contratos de trabalho pudessem ser realizados de acordo com o tempo de existência das esf. O salário do sapador florestal, nos primeiros anos, teve por base o salário mínimo nacional. Com a publicação do Decreto-Lei n.º 94/2004, de 22 de Abril, foi estipulado que a remuneração não poderia ser inferior ao salário mínimo nacional acrescido de 20%. 28

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Contudo, verifica-se que a maior parte dos sapadores florestais auferem valores próximos do salário mínimo, o que acrescido aos contratos precários conduz a uma elevada rotatividade, relacionada com a procura de situações mais estáveis e mais bem remuneradas. Assim, baseada na substituição de elementos, apresenta-se o quadro 7 com o nível de rotatividade por tipologia de entidade patronal, e para melhor visualização apresenta-se a figura 11. Quadro 7. Rotatividade de sapadores florestais por entidade patronal. Tipologia de Entidades detentoras esf nº esf operacional por Tipologia nº SF operacionais por Tipologia nº SF substituídos Taxa de substituição por Tipologia OPF 160 800 684 86% OAB 47 235 158 67% JF 9 45 23 51% CM 25 125 21 17% CIPRL 1 5 10 200% TOTAIS 242 1210 896 74% O quadro 7 estabelece a relação entre o número de sapadores florestais operacionais e o número de elementos substituídos. Verifica-se que são as esf das OPF que apresentam maior taxa de substituição, com um valor de 86%. O valor apresentado para a tipologia de entidade CIPRL não permite tirar grandes ilações uma vez que tem por base os dados de uma única esf. Figura 11. Percentagem de elementos substituídos, em relação ao total de elementos substituídos, por tipologia de entidade patronal. 29

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Quadro 8. Rotatividade de sapadores florestais por entidade patronal e ano de constituição das esf. Ano constituição das esf OPF OAB JF CM CIPRL Total Geral % de substituição 1999 79 26 105 12% 2000 47 20 10 77 9% 2001 143 12 155 17% 2002 84 21 105 12% 2003 71 2 73 8% 2004 168 65 12 2 248 28% 2006 17 8 4 29 3% 2007 56 1 10 12 79 9% 2008 19 3 1 3 26 3% Total Geral 684 158 23 21 10 896 100% A análise do quadro 8 e da figura 11 permite concluir que do total de elementos substituídos, as equipas que apresentam uma maior rotatividade de elementos são as afectas a OPF, seguidas das afectas aos OAB. Os anos com maiores percentagens de substituição de elementos das esf são as constituídas em 2001 e 2004, sendo o valor mais elevado o de 2004, que corresponde a esf com 6 anos de operacionalidade. Nos anos de 1999 a 2003 não há rotatividade de elementos nas esf das autarquias locais pelo facto de nesses anos ter-se dado preferência à constituição de esf no sector privado. 5.4 Processo de constituição de novas equipas de sapadores florestais em 2009 Vários constrangimentos ocorreram no processo de constituição das esf em 2009, em função de alterações no processo de constituição das mesmas, sem que a alteração da legislação de suporte estivesse publicada. 5.4.1 Análise e decisão de candidaturas Após publicação de concurso em dois jornais diários (em anexo uma das publicações), e uma vez que as entidades tinham já entregue as candidaturas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 179/99, de 21 de Maio, na redacção dada pelo Decreto- Lei n.º 38/2006, de 20 de Fevereiro, durante os anos anteriores e prevendo que pudessem não tomar conhecimento dos anúncios publicados, foi necessário 30

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS contactar com as referidas entidades, no sentido de dar a conhecer a publicação dos concursos e o início do processo, agora com prazos curtos. Findo o prazo de entrega das candidaturas, e apesar do curto prazo para análise das mesmas, a AFN elaborou uma primeira lista priorizada e fundamentada com as 205 candidaturas apresentadas, de acordo com os critérios estabelecidos no Decreto-lei n.º 38/2006, de 20 de Fevereiro, ainda em vigor. Posteriormente, tendo subjacentes os critérios apresentados no concurso, acrescendo os critérios que foram sendo estabelecidos pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas ao longo da análise, elaborou-se nova lista. As 60 candidaturas seleccionadas para constituição em 2009 foram apresentadas através do Despacho n.º 9/2009, de 6 de Abril. Foi celebrado um protocolo tripartido entre o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P./Entidade patronal/afn para o compromisso de assegurar o apoio financeiro do IFAP/FFP directamente às entidades para aquisição do equipamento, e no mesmo protocolo, para apoio ao funcionamento das esf, a conceder pelo Estado através da AFN. 5.4.2 Formação Profissional Face à impossibilidade da AFN ministrar a formação das esf por motivos de ordem financeira, foi estabelecido um acordo com o IEFP, no sentido daquele organismo dar a formação aos candidatos a sapadores florestais, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações, da ANQ. A AFN escolheu 4 unidades de formação de curta duração (UFCD) num total de 200 horas, do referencial de formação do sapador florestal, consideradas fundamentais, que dão conhecimentos suficientes aos candidatos para realizarem as funções de sapador florestal e que correspondem à formação anteriormente ministrada pela AFN. O IEFP estabeleceu como condição que os formandos fossem trabalhadores desempregados inscritos nos centros de emprego, atribuindo-lhes um subsídio de alimentação e de transporte. Esta condição trouxe algumas dificuldades na selecção de candidatos e na constituição das novas esf devido aos seguintes aspectos: 31

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS a) A maior parte dos candidatos inscritos nos centros de emprego não têm aptidão para a função de sapador florestal, facto que trouxe algum constrangimento às entidades patronais; b) Quando se apercebem do que é ser sapador florestal, abandonam a formação logo nos primeiros dias; c) Quando surge outra oportunidade de emprego, abandonam a esf, criando dificuldades de difícil resolução à entidade patronal. As dificuldades acima referidas resultam do baixo nível salarial dos sapadores florestais e do nível de exigência física e de responsabilidade do trabalho a executar. A formação foi realizada nos centros de formação profissional (CFP) do IEFP a nível distrital, tendo sido detectadas algumas deficiências, nomeadamente: a) A falta de uniformidade da formação; b) Cada direcção regional do IEFP fez a sua própria formação, de acordo com as condições que tinha; c) Os formadores nem sempre seriam os mais aptos para as matérias em causa, apesar da AFN ter disponibilizado uma lista de formadores; d) A distribuição de horas teóricas e horas práticas nem sempre foi respeitada, em alguns CFP praticamente não houve aulas práticas por falta de equipamento, de que resultou muitas horas desperdiçadas e lacunas na formação dos sapadores florestais. Com o objectivo de avaliar a formação, a AFN vai proceder a um inquérito de satisfação das entidades através dos técnicos de acompanhamento e dos sapadores florestais, de forma independente, para perceber se os formadores conseguiram transmitir toda a temática e se houve absorção, por parte dos sapadores, das matérias mais críticas. 5.4.3 Aquisição de equipamento As entidades sofreram um impacto por serem elas próprias a adquirir equipamento, por não estarem devidamente preparadas para o efeito, apesar de se terem disponibilizado manuais do equipamento das esf. 32

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Verificam-se atrasos por parte das entidades, por um lado, nas adjudicações aos fornecedores, por outro lado, há atrasos na entrega de equipamento às entidades por parte destes. Constata-se também que as entidades aguardam a formação e a contratação dos elementos para adquirirem o equipamento de protecção individual de acordo com os tamanhos. Uma vez que ainda não foram efectuadas a maior parte das validações do equipamento, ainda não é possível ter a percepção das aquisições realizadas, do cumprimento das normas europeias de segurança e da qualidade e uniformidade do equipamento. A AFN tem vindo a pressionar as entidades no sentido das esf se operacionalizarem até 15 de Maio de 2010, data em que se inicia a fase BRAVO, do DECIF 2010. No entanto, estima-se que cerca de 30 esf irão ultrapassar, seguramente, esta data. Estas esf estarão operacionalizadas em Julho/Agosto. Apresentamos o ponto de situação das 55 esf de 2009 a 27 de Abril no anexo 4. Refira-se que o ponto de situação referido tem actualização numa base quase diária. 5.5 Legislação em vigor No sentido de agilizar procedimentos inerentes à constituição de esf, à organização processual dos concursos, à redefinição das funções fundamentais dos sapadores florestais e ao enquadramento das esf no DIPE, foi publicado o Decreto-Lei n.º 109/2009, de 15 de Maio, que trouxe novas regras ao PSF, revogando a legislação anterior. Apresenta-se no quadro seguinte as alterações mais relevantes. 33

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Quadro 9. Quadro resumo das alterações legislativas operadas pelo decreto-lei nº 109/2009, de 15 de Maio. Tema DL 179/99 e actualizações DL 109/2009 Definições e objecto Artigos 1º e 1ºA Artigo 1º e 2º Funções do sapador florestal Artigo 2º Artigo 3º Constituição de ESF Artigo 3º Artigo 7º Retira a definição de Brigada de sapadores florestais e a definição de Requisição. Aumenta as funções de sapador florestal, nomeadamente com a inclusão da Protecção a pessoas e bens prevista em directiva operacional aprovada pela Comissão Nacional de Protecção Civil. Altera as entidades as entidades que podem constituir ESF, retirando as autarquias locais e incluindo em sua substituição as câmaras municipais e os agrupamentos de juntas de freguesia gestoras de baldios. Critérios de selecção e formação dos sapadores florestais Artigo 5º Artigo 4º Transfere a competência para aprovação dos critérios de selecção e dos programas dos cursos de formação dos sapadores florestais do Director Geral dos Recursos Florestais, através de despacho, para o membro do Governo responsável pela área das florestas, através de portaria. Critérios de prioridade na selecção das candidaturas Artigo 5º-B Artigo 10º Altera os critérios de prioridade, introduzindo a noção de adequação aos critérios que presidiram à elaboração dos PDDFCI e à Correspondência com espaços territoriais coincidentes com os municípios, com excepção das entidades gestoras de baldios. Retira as referências expressas ao Risco de incêndio espacial e à Área florestal e a sua composição, área ardida e número de ocorrências nos últimos cinco anos. Área de intervenção das ESF Artigo 6º Artigo 12º Programa de prevenção Artigo 7º Artigo 13º Apoios do estado Artigo 8º Artigo 14º Apoios ao equipamento Artigo 10º Artigo 16º Aprovação de candidaturas Artigo 12º Artigo 11º Altera a área mínima, que passa de 1000ha para 2500ha. Cria uma excepção à limitação de não se poder exceder a área do município, para as ZIF. Altera a designação para Programa de acção, alterando igualmente o carácter de plurianual para anual. Manteve a mesma tipologia de apoios: formação, equipamento e funcionamento. Termina com o regime de cedência do equipamento às entidades detentoras de ESF em regime de comodato, passando este a ser adquirido directamente por estas, com recurso a verbas disponibilizadas para o efeito. Transfere a competência para aprovação das candidaturas do Director de Circunscrição Florestal, após parecer do Núcleo Florestal, para o membro do Governo responsável pela área das florestas, sob proposta do presidente da AFN. Primeira intervenção, apoio ao combate e rescaldo Artigos 13º e 13º- A Artigos 18º e 19º 34

5. ANÁLISE DETALHADA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS Introduz pequenas alterações de procedimentos e atribui ao Coordenador de Prevenção Estrutural, funções de coordenação das ESF nos teatros de operações Plano de actividades, relatório anual e auditorias Artigo 14º Artigo 20º Introduz pequenas alterações de procedimentos. Sanções por incumprimento Artigo 14º-A Artigo 21º Extinção das equipas Artigo 15º Artigo 22º Mantém o articulado anterior Introduz a possibilidade de extinção de equipas de sapadores florestais por proposta fundamentada das comissões distritais ou municipais de defesa da floresta ou na sequência de incumprimento dos requisitos previstos para a constituição de equipas. 35

6. ANÁLISE ESTRATÉGICA DO PROGRAMA SAPADORES FLORESTAIS 6 AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROGRAMA DE SAPADORES FLORESTAIS FACE AO RISCO ESTRUTURAL DE INCÊNDIO FLORESTAL E AOS OBJECTIVOS DO PNDFCI A Estratégia Nacional para as Florestas apresenta-se assim como um documento de reflexão do sector, pretendendo-se que seja o elemento de referência das orientações e planos de acção públicos e privados para o desenvolvimento do sector nas próximas décadas. De acordo com este documento, na componente/acção de minimização dos riscos de incêndios e agentes bióticos e objectivo/sub-acção de defesa da floresta contra incêndios (DFCI) e de acordo com os cinco objectivos estabelecidos no PNDFCI, existem duas metas a atingir, designadamente a redução da área ardida para valores médios inferiores a 100 mil hectares, em 2012 e a redução da área de povoamentos florestais ardidos para menos de 0,8% da área florestal, em 2018. Em termos de responsabilidades, no PNDFCI são definidas as entidades responsáveis por cada uma das acções a desenvolver relativamente aos cinco objectivos/eixos de actuação: (1) aumento da resiliência do território as incêndios florestais, responsável AFN; (2) redução da incidência dos incêndios, responsável GNR; (3) melhoria da eficácia do ataque e da gestão dos incêndios, responsável ANPC; (4) recuperar e reabilitar os ecossistemas, responsável AFN. Em termos de indicadores são da responsabilidade da AFN, os seguintes: a) a criação anual de 20 esf até 2012 e a previsão da existência de 500 esf até 2020, mais recentemente a antecipação para a existência de 500 esf em 2012; b) A formação de 80% das equipas na utilização do fogo controlado; c) A formação de 40 brigadas de sapadores florestais. O mapa da figura 12, apresenta a relação entre a perigosidade de incêndio florestal e a localização das esf (operacionais e constituídas em 2009). A análise do mapa permite concluir que existe uma adequação entre a localização das esf e os níveis de perigosidade mais elevados, reflectindo o critério risco de incêndio espacial, que foi utilizado até 2008. A mesma adequação não é totalmente evidente na distribuição das esf constituídas em 2009. 36

6. ANÁLISE ESTRATÉGICA DO PROGRAMA SAPADORES FLORESTAIS Figura 12. Relação entre a perigosidade de incêndio florestal e a localização das esf Por outro lado através da visualização da figura 13, obtemos a relação entre as classes de perigosidade média, elevada e muito elevada, com as áreas não intervencionadas por esf. 37