Análise dos Benefícios Sócio-ambientais com a Substituição de uma Caldeira de Recuperação Química em uma Indústria de Celulose e Papel

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Transcrição:

REVISTA CIÊNCIAS EXATAS UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ (UNITAU) BRASIL VOL. 2, N. 1, 2008 Análise dos Benefícios Sócio-ambientais com a Substituição de uma Caldeira de Recuperação Química em uma Indústria de Celulose e Papel Fábio Henrique Lucas da Costa fhcosta1@bol.com.br José Rui Camargo rui@unitau.br Universidade de Taubaté, Departamento de Mecânica Resumo. Este trabalho apresenta os resultados alcançados pela substituição de uma caldeira de recuperação química de soda (NaOH) ocorrida em uma indústria de celulose e papel. A incorporação dos conceitos de desenvolvimento sustentável e de conservação ambiental no dia-a-dia de uma empresa requer uma mudança de cultura em todos seus níveis funcionais e leva a que a indústria reaja ao desperdício, contribuindo efetivamente para a melhoria da qualidade do meio ambiente. Neste caso, os benefícios alcançados foram a redução das emissões dos óxidos de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOX), monóxido de carbono (CO) e materiais particulados, graças aos progressos alcançados no projeto de instalações de filtragem e de tratamento de gases, e a redução dos custos de produção ou a minimização do uso de matérias-primas e insumos em razão da maior eficiência do processo. Isto levou também a menor geração de resíduos tornando, efetivamente, todo o processo eco-eficiente. Palavras - Chave: caldeira de recuperação química, celulose e papel, eco-eficiência. Analysis of the Social-Environmental Benefits with the Substitution of a Chemical Recovery Boiler in a Pulp and Paper Industry Abstract. This work presents the results reached with the substitution of a soda (NaOH) chemical recovery boiler, in a pulp and paper industry. Incorporation of the concepts of sustainable development and environment conservation in the day by day in a company requires a cultural change in all of its functional levels, and it takes the industry to act against the waste, contributing effectively to the environmental quality improvement. In that case, benefits reached included reductions of the sulfur oxides (SO2), nitrogen oxides (NOx), carbon monoxide (CO) and particulate materials emitions, due to the progresses reached with the filtration and gases treatment installation design, and production costs reduction or use minimization of raw materials and inputs due to the better process efficiency. This also took to a smaller residues generation rate, becoming, effectively, all the process eco-efficient. Keywords: chemical recovery boiler, pulp and paper, eco-efficiency.

REVISTA CIÊNCIAS EXATAS UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ (UNITAU) BRASIL VOL. 2, N. 1, 2008 1. Introdução O processo de recuperação química nas indústrias de celulose e papel constitui uma parte essencial do sistema (POLOWSKI, KREPPS e SCHREIBER, 2000). A caldeira de recuperação é um dos equipamentos fundamentais do processo de produção de celulose, devido aos objetivos múltiplos, tais como a produção de vapor vivo, produção de inorgânicos fundidos (retorno dos reagentes ao digestor com o mínimo de perda) e incineração (eliminação) de efluentes com potencial poluidor. Para atender à nova carga de queima de sólidos secos em virtude do aumento de produção ao longo dos anos e atender às legislações ambientais vigentes, um aumento considerável da capacidade da caldeira de recuperação antiga, instalar um precipitador eletrostático fazia-se necessário. Tendo em vista que a caldeira de recuperação com capacidade para 140 tss/d estava trabalhando com o dobro da capacidade, ou seja, queimando diariamente 280 tss/d, optou-se, em 2005, pela substituição da antiga caldeira de recuperação instalada em 1981 por uma nova caldeira com capacidade de 400 tss/d (Tabela 1). A caldeira existente não possuía precipitador eletrostático e a concentração final do licor preto era feita com evaporadores de contato direto, do tipo ciclone. A nova caldeira deveria substituir a existente, deveriam ser instalados novos concentradores para queima a 75% de sólidos, atender aos parâmetros mais modernos de controle ambiental com a instalação do precipitador eletrostático e ter a possibilidade de aumentar sua capacidade, gerando mais energia elétrica própria. Tabela 1. Dados técnicos das caldeiras de recuperação Dados Caldeira de recuperação A Caldeira de recuperação B (Antiga) (Nova) Fabricante Gotaverken CBC Ano de Fabricação 1981 2005 Capacidade de queima 140 tss/d 400 tss/d virgem Concentração licor preto 62 % 75 % Geração de vapor 25 t/h 74 t/h Pressão de trabalho 2 MPa 4,2 MPa Tipo de vapor: Saturado Superaquecido Temperatura do vapor 190 ºC 400 ºC Economizador: Não Sim Precipitador Eletrostático Não Sim Lavador de gases Não Sim Drenagem rápida de emergência Não Sim

2. Teste de Desempenho Para verificar a eficiência do Precipitador Eletrostático, foi realizado o teste de desempenho em 10 de outubro de 2006, das 13h30 às 18h00 horas, com a caldeira na carga nominal e sendo mantida constante durante todo o teste. A amostragem em chaminés (ou dutos) é um procedimento experimental que se utiliza para avaliar as características dos fluxos gasosos e determinar qualitativa e quantitativamente os poluentes gerados nos processos e atividades industriais (Tabelas 2 a 4). A emissão de um poluente (VALLE, 2000) é principalmente função das condições de operação da fonte e do sistema de controle do referido poluente. Consequentemente, os resultados obtidos nas amostragens são válidos apenas para as condições em que a fonte e o sistema de controle estiverem operando durante o período em que as mesmas forem executadas. O objetivo principal do teste foi fornecer dados para a avaliação das emissões gasosas oriundas da caldeira de recuperação B. Tabela 2. Principais gases emitidos FONTES: Monóxido de Carbono CO (mg/nm 3 ) CO (mg/nm 3 ) Entrada do Precipitador CR-B 10000,0 6958,7 Saída da Chaminé CR-B 10416,7 7817,8 FONTES: Material Particulado Vazão (Nm 3 /h) Entrada do Precipitador CR-B 15716,7 10940,2 71264,4 1121,1 Saída da Chaminé CR-B 75,9 56,9 93569,5 7,1 FONTES: TRS Saída da Chaminé CR-B ALQM ALQM ALQM ALQM FONTES: SO2 Saída da Chaminé CR-B ALQM ALQM ALQM ALQM FONTES: H2SO4 Saída da Chaminé CR-B ALQM ALQM ALQM ALQM FONTES: NOX Saída da Chaminé CR-B 122,5 91,8 59,6 11,5 TRS: Enxofre total reduzido; SO2: Dióxido de enxofre; H2SO4: Ácido sulfúrico; NOX: Óxidos de nitrogênio. Tabela 3. Resultados obtidos Dados Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Média Aritmética Data Coleta 10.10.2006 10.10.2006 10.10.2006 - Início (h) 13h30min 15h30min 17h25min - Final (h) 14h42min 16h45min 18h32min - Temperatura (ºC) 156,5 155,2 154 155,2 Umidade (% v/v) 28,5 29,1 29 28,9 O2 (% v/v) 3,2 3,8 4 3,7 CO2 (% v/v) 13,4 12,1 13,2 12,9 CO (mg/nm 3 ) 10000 10000 10000 10000

CO (mg/nm 3 ) 7303,37 8502,91 7647,06 7817,78 Velocidade (m/s) 19,0225 19,4216 187335 19,0592 Vazão (m 3 /h)* 215133,1 219646,6 211864,7 215548,1 Vazão (Nm 3 /h)** 93572,8 95042,2 92093,6 93569,5 MP ** 80,24 76,02 71,43 75,9 MP TE (g/s) 2,0856 2,007 1,8273 1,9733 CSO2 (mg/nm 3 ) ALQM ALQM ALQM ALQM CSO2 (ppm) ALQM ALQM ALQM ALQM TESO2 (kg/h) ALQM ALQM ALQM ALQM CH2SO4 (mg/nm 3 ) ALQM ALQM ALQM ALQM TEH2SO4 (kg/h) ALQM ALQM ALQM ALQM CTRS (mg/nm 3 ) ALQM ALQM ALQM ALQM CTRS (mg/nm 3 ) ** ALQM ALQM ALQM ALQM CTRS (ppm) ALQM ALQM ALQM ALQM TETRS (kg/h) ALQM ALQM ALQM ALQM TETRS (g/s) ALQM ALQM ALQM ALQM Isocinética % 98,2 100,1 101,5 99,9 (*) Nas condições da chaminé. (**) Nas condições normais de temperatura e pressão (base seca). CO: Monóxido de carbono; CO2: Dióxido de Carbono; MP: Material Particulado. Tabela 4. Resumo dos resultados obtidos DADOS AMOSTRA 1 AMOSTRA 2 AMOSTRA 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Início (h) 13:30 13:45 14:00 15:30 15:45 16:00 17:25 17:40 18:00 CNOX (mg/nm 3 )* 130,28 133,62 119,31 122,05 129,52 109,96 112,08 131,25 114,09 CNOX (mg/nm 3 )* 95,15 97,59 87,14 92,25 97,89 83,11 85,71 100,37 87,24 CNOX (ppm)* 63,44 65,07 58,10 59,43 63,07 53,55 54,58 63,91 55,55 TENOX (kg/h) 12,19 12,50 11,16 11,6 12,30 10,45 10,32 12,08 10,50 TEnox (g/s) 3,38 3,47 3,10 3,22 3,41 2,90 2,86 3,35 2,91 (*) Nas condições normais de temperatura e pressão (base seca). 3. Otimização do Processo Pós-caldeira de Recuperação B (Nova)

Com a instalação da nova caldeira, houve um aumento de produção de papel e de geração de energia própria e uma redução significativa no consumo de alguns insumos, conforme mostram as Figuras 1 a 4. 17.000 Produção Papel (t) - 2006/2007 16.000 15.000 14.000 13.000 12.000 11.000 Toneladas/mês 10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 MESES Figura 1. Produção de papel (t/mês) 2006/2007 98,0% Soda Recuperada (%) - 2006/2007 96,0% 94,0% 92,0% 90,0% 88,0% 86,0% 84,0% 82,0% 80,0% %Recuperada 78,0% 76,0% 74,0% 72,0% 70,0% 68,0% 66,0% 64,0% 62,0% 60,0% 58,0% 56,0% 54,0% 52,0% 50,0% MESES Figura 2. Soda Recuperada (t/mês) 2006/2007 12.000 Energia Interna Produzida (MW) - 2006/2007 11.000 10.000 9.000 8.000 MW/mês 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 Meses 0

Figura 3. Energia própria (MW/mês) 2006/2007 3.500 Energia Contratada - Elektro (MW) - 2006/2007 3.000 2.500 MW/mês 2.000 1.500 1.000 500 MESES 0 Figura 4. Energia comprada (MW/mês) 2006/2007 4. Resultados e Discussão Observando-se os resultados das Tabelas 2 a 4, vê-se que: - a eficiência do Precipitador Eletrostático da CR-B é de 99,5%; - os resultados obtidos são referentes às condições do processo estabelecidas no dia e período das medições (qualquer alteração pode mudar significativamente os resultados); - os resultados obtidos devem ser observados à luz dos padrões e critérios estabelecidos pelos órgãos de controle ambiental. Observando-se as Figuras 1 a 4, percebe-se um aumento da geração de energia própria e a redução da energia comprada da concessionária, além do aumento de produção e da redução de insumos essenciais do processo. Na Tabela 5, podemos ver alguns comparativos entre as operações das caldeiras. Tabela 5. Comparativo da operação das caldeiras de recuperação Dados Caldeira de recuperação A Caldeira de recuperação B (Antiga) (Nova) 1 - Geração específica de vapor. 2,48 t vapor / tss. 4,36 t vapor / tss. 2 - Eficiência de recuperação de 78,0%. 92,0%. soda. 3 - Reposição de soda cáustica. 625 t NaOH/mês. 240 t NaOH/mês. 4 - Reposição de enxofre. 148 t S/mês. 40 t S/mês. 5 - Dependência de energia 29%. 5%. elétrica da Concessionária. 6 - Dependência de "energia" 38%. 24%. externa (biomassa para as caldeira s + item 5). 5. Conclusões Os resultados obtidos com a instalação de uma nova caldeira de recuperação permitem as seguintes conclusões: a eliminação da ineficiência e a otimização da produtividade com prevenção de poluição explicam, sem dúvida, os resultados no aumento de lucros e a redução das emissões de TRS, SO2. Além disso, há melhoria no aspecto visual da pluma da chaminé e ganhos ergonômicos no caso da limpeza das vigias de ar. Reduzir os

desperdícios leva uma empresa a despojar-se de muitos tipos de ineficiência. Quando sobras, substâncias tóxicas ou formas de energia são despejadas no meio ambiente como poluição, isto significa que os recursos não foram utilizados totalmente, efetivamente ou com eficiência. O objetivo geral deste trabalho foi demonstrar os benefícios da instalação de uma nova caldeira de recuperação em uma indústria de celulose e papel. 6. Referências POLOWSKI, S. A.; KREPPS, W.; SCHREIBER, G. Instalação e partida de uma caldeira de recuperação e concentradores com regime EPC. In; SEMINÁRIO DE RECUPERAÇÃO E UTILIDADES, 9., 2000. São Paulo. Anais... São Paulo, 2000. ROMM, J. J. Empresas ecoeficientes. São Paulo: Ed. Signus, 2004. VALLE, C. E. Como se preparar para as normas ISO 14000. Qualidade Ambiental: o desafio de ser competitivo protegendo o meio ambiente, 3 ed. São Paulo: Editora Pioneira, 2000.